Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa

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Transcrição:

LISBOA PORTO FUNCHAL SÃO PAULO LUANDA MAPUTO PRAIA MACAU DILI SÃO TOMÉ Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa Reflectir sobre a Arbitragem e a Transacção em Matéria Tributária: Experiência Portuguesa, Possibilidade Brasileira (Mesa Redonda) * Arbitragem e Transacção em matéria tributária a visão da advocacia por Rogério M. Fernandes Ferreira (Advogado) 19 de Abril de 2017

Sumário 1. Regime jurídico da Arbitragem Tributária 2. Prazos 3. Cumulação de Pedidos 4. Referências jurisprudenciais 5. Conclusões 6. Sinopse 2

1. Regime Jurídico da Arbitragem em Matéria Tributária (RJAT) L 3-B/2010, 28/04 (OE 2011 - AL) DL 10/2011, 20/01 (RJAT) P 112-A/2011, 22/03 (vinculação AT) L 64-B/2011, 30/12 (alterações) L 20/2012, 14/05 (alterações) L 66-B/2012, 31/12 (últimas alterações) 3

2. Prazos A arbitragem tributária enquanto meio alternativo da impugnação judicial: liquidação autoliquidação, retenção na fonte e pagamento por conta, precedidos de via administrativa fixação de valores patrimoniais 4

Prazos diferentes dos da impugnação judicial 90 dias, e não 3 meses, a contar: do termo do prazo para pagamento voluntário da citação do responsável subsidiário em execução fiscal da presunção de indeferimento tácito (4 meses) do indeferimento da reclamação graciosa ou do pedido de revisão oficiosa da notificação da decisão ou do termo do prazo legal de decisão (60 dias) do recurso hierárquico 5

Excepção 1: 90 dias (e não 30) em caso de pagamento por conta e sempre precedido de via administrativa Excepção 2: 30 dias (e não 90) em caso de fixação de valores patrimoniais 6

Contagem dos prazos, no RJAT: CPA no procedimento arbitral e CPC no processo arbitral Contagem dos prazos, no CPPT e LGT: CC no procedimento (administrativo) tributário e para impugnação judicial e CPC no processo judicial (tributário) Constituição do Tribunal arbitral como início do processo arbitral: 10 dias após a notificação da designação dos árbitros 7

Prazos de constituição do Tribunal arbitral suspensos sábados, domingos e feriados (CPA) Aceitação pelo presidente do CAAD como início do procedimento arbitral Prazo de 30 dias para revogar, ratificar, reformar ou converter acto contestado, ou para praticar acto substitutivo, conta-se nos termos CPA ou CPC Limite temporal para a decisão arbitral de 6 meses, ainda que prorrogável por (3) períodos de 2 meses, com limite de + 6 meses Férias judiciais remissão para CPC: suspensão em férias judiciais dos prazos processuais 6 meses 8

3. Cumulação de Pedidos No CPPT, possibilidade de cumulação de pedidos desde que exista tripla identidade: identidade (de natureza, na impugnação judicial) do(s) tributo(s) (v.g. não IRC e IVA?) identidade dos fundamentos invocados, de facto e de direito identidade do (órgão ou) tribunal competente para a decisão E (no procedimento administrativo tributário), desde que o órgão instrutor entenda não haver prejuízo para a celeridade da decisão 9

No RJAT, possibilidade de cumulação de pedidos de pronúncia arbitral: mesmo em relação a diferentes actos/tributos (v.g. IRC e IVA e outros impostos) desde que se trate essencialmente das mesmas circunstâncias de facto e da interpretação e aplicação de mesmos princípios ou regras de direito 10

Ainda no RJAT, possibilidade de cumulação de impugnação judicial e pedido arbitral: em relação ao mesmo acto mas desde que com factos e fundamentos diversos 11

Também no RJAT, preclusão do direito de reclamação (graciosa), impugnação (judicial), revisão oficiosa e revisão da matéria colectável, se for apresentado pedido arbitral com os mesmos fundamentos: mas não, portanto, com fundamentos diferentes (de facto ou de direito) e com os mesmos factos (aqui só fundamentos e não também factos)? Incongruência do legislador? 12

4. Referências jurisprudenciais Acórdão CAAD 335/2016-T, de 02/12/2016: Racionalidade de meios, celeridade da decisão e evitar decisões contraditórias Princípio pro actione, corolário do direito à tutela judicial efectiva (Acs. CAAD 3/2015-T e STA 0327/12) Não obsta à cumulação o facto de as liquidações de IUC respeitarem a veículos diferentes, datas e fundamentos de transmissão diferentes, pois que as circunstâncias de facto são essencialmente idênticas, prendendo-se com a transmissão da propriedade de veículos sem a correspondente inscrição no registo automóvel 13

Acórdão CAAD 720/2014-T, de 23/03/2015: Deve ser viabilizada a cumulação sempre que razões de economia se verifiquem Quando está em causa a apreciação dos mesmos factos, justificar-se-á, em regra, a cumulação, desde que as questões de direito colocadas, que em regra serão distintas a nível de tributos diferentes, não sejam o principal objecto de controvérsia É esse o alcance do art. 3º, nº 1 RJAT, ao não exigir uma absoluta identidade de questões de facto e de direito mas apenas uma identidade quanto ao que é essencial 14

Acórdão CAAD 757/2015-T, de 15/07/2016: Apesar de podermos estar perante as mesmas circunstâncias de facto ou semelhantes para ambos os pedidos, o certo, é que aos mesmos não são aplicáveis os mesmos princípios ou regras de direito, no caso do IVA, são aplicáveis as normas do CIVA e no caso do IRC as o CIRC Entende o tribunal não se verificarem cumulativamente as condições exigidas pelo normativo em análise, e consequentemente, não ser admissível a cumulação dos pedidos 15

Acórdão CAAD 712/2015-T, de 01/08/2016: Por mesmas circunstâncias de facto não deve entender-se os mesmos factos O que releva não são quaisquer características dos factos alegados no pedido, mas apenas as características que têm conexão com a causa de pedir Existirá identidade das circunstâncias de facto quando as circunstâncias factuais sejam tão similares que a fundamentação de facto seja idêntica para todos os pedidos, de modo que a apreciação que o julgador tenha que fazer sobre a matéria de facto seja idêntica em todos eles 16

Acórdão CAAD 224/2016-T, de 02/12/2016: Comproprietários de um mesmo prédio solicitam a anulação de liquidações de IMT Estamos perante o mesmo imóvel, as mesmas circunstâncias de aquisição e, em todos os casos, discute-se se a transmissão do imóvel deverá ser passível de isenção fiscal, à luz do art. 270º CIRE, pelo que, à luz do art. 3º, nº 1 RJAT, estão reunidas as condições para a coligação de pedidos 17

Acórdão STA 036/17, de 22/03/2017: Identidade da natureza do tributo remete para a classificação dos tributos, atente a sua diversa natureza, estabelecida na LGT 18

5. Conclusões Prazos discrepantes na arbitragem tributária com o meio (impugnação judicial) de que é alternativa Contagem diversa nos prazos do procedimento (tributário) arbitral (suspensão) e do procedimento (administrativo) tributário (seguidos) Contagem idêntica de prazos no processo arbitral e no processo judicial Identidade no regime dos prazos em férias judiciais (suspensão) no processo arbitral e no processo judicial 19

6. Sinopse 3 meses impugnação judicial Cumulação Cumulação Acto (v.g. liquidação) 90 pedido arbitral 120 reclamação graciosa 4 anos/a todo o tempo revisão oficiosa Cumulação 3 meses impugnação judicial 90 pedido arbitral 30 recurso hierárquico 3 meses impugnação judicial 90 pedido arbitral Cumulação Cumulação Cumulação Cumulação Cumulação 20

Obrigado! rogeriofernandesferreira@rffadvogados.pt Lisboa Praça do Marquês de Pombal, n.º 16 5.º(recepção) & 6.ºandar 1250-163 Lisboa Portugal Porto Rua Eng.º Ferreira Dias n.º 924 4100-241 Porto Portugal T. + 351 21 591 52 20 F. + 351 21 591 52 44 contacto@rffladvogados.pt rff.advogados GPS N 38 43 30 // W 9 08 56 O conteúdo desta informação não constitui aconselhamento jurídico específico. específico. Por favor contactecontacte-nos no sentido de obter informação adicional. adicional.