DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: FORMAÇÃO CONTINUADA, SABERES E PRÁTICAS. Palavras-chave: Educação superior. Formação continuada. Saberes docentes.

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Transcrição:

DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: FORMAÇÃO CONTINUADA, SABERES E PRÁTICAS Zilmene Santana Souza 1 Nádia Flausino Vieira Borges 2 Luciana Pereira de Sousa 3 Carmem Lucia Artioli Rolim 4 Eixo 1: Educação Superior e Formação de Professores Resumo O presente trabalho propõe analisar a relevância da formação continuada na construção dos saberes docentes, busca também, refletir sobre o perfil do professor para as exigências atuais, considerando aspectos históricos e culturais que envolvem o fazer docente. O estudo se desenvolve a partir de uma abordagem qualitativa, pautado na pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa encontra-se em andamento, porém é possível perceber a existência de lacunas que se referem tanto à formação pedagógica, como ao processo de profissionalização e valorização do professor, fato que acaba por influenciar a aproximação entre o conhecimento teórico e o prático. As transformações ocorridas no mundo educacional evidenciam a necessidade de uma educação superior, voltada para ações que ultrapassem a transmissão do conhecimento de forma fragmentada, muitas vezes descontextualizada, um caminhar, de significados, construído no cenário de contradições sociais. As conclusões parciais permitem afirmar que investir na formação continuada e no desenvolvimento da profissionalização do professor, em ação intensa e contínua de estudo, oportuniza a reflexão sobre a prática educativa, na perspectiva da construção de saberes no exercício da docência. Palavras-chave: Educação superior. Formação continuada. Saberes docentes. 1 Graduada em Pedagogia, Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins/PPGE. Palmas-TO, Brasil. zilmenesantana@hotmail.com 2 Graduada em Pedagogia, Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins/PPGE. Palmas-TO, Brasil. nanaflausino@hotmail.com 3 Graduada em Pedagogia, Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins/PPGE. Palmas-TO, Brasil. lucianaworm@gmail.com 4 Doutora em Educação, Professora da Universidade Federal do Tocantins/PPGE UFT. Palmas-TO, Brasil. carmem.rolim@uft.edu.br -1-

INTRODUÇÃO Os processos educativos são complexos e necessitam de reflexões acerca dos desafios oriundos da sociedade contemporânea. A estruturação da prática tem seu formato relacionado a múltiplos determinantes e justificam-se em parâmetros institucionais organizativos, tradições metodológicas, possibilidades reais dos professores dos meios e condições físicas existentes (ZABALA, 1998). A docência no ensino superior traz a responsabilidade de colaborar com a formação do sujeito crítico, ativo e criativo que acompanha as transformações do mundo, como o domínio de novas tecnologias, o ensino através da pesquisa, através da sua ação social, dando ao aluno condições de observar as mudanças e agir sobre elas, para a melhoria da sociedade em que vive. Atualmente, exige- se do professor universitário o conhecimento da sua área específica, bem como às titulações de mestre ou doutor, no entanto, a formação didático-pedagógica nem sempre merece destaque. Hoje, observa-se a expansão e democratização do ensino superior no Brasil e com isso surge à necessidade do aperfeiçoamento docente através de formações continuadas no intuito de promover um processo de ensino aprendizagem para uma educação de contribuições para com a sociedade. A escolha do método para o presente estudo foi à pesquisa bibliográfica e documental no intuito de analisar a relevância da formação continuada na construção dos saberes docentes, bem como refletir sobre o perfil do professor para as exigências atuais considerando aspectos históricos e culturais que envolvem o fazer docente. 2 METODOLOGIA Para Lakatos (2001, p. 155) pesquisa é um procedimento formal, com método de pensamento que exige reflexão, requer tratamento científico e se constitui no processo para -2-

conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Lakatos e Marconi (2001, p. 53) destaca a relevância da pesquisa bibliográfica e documental: A pesquisa bibliográfica traz muitas vantagens ao pesquisador porque permite selecionar os problemas conhecidos antecipadamente, assim como explorar novos questionamentos de forma a descobrir onde os problemas se fixaram a fim de buscar uma solução eficiente. Ainda permite ao pesquisador ou cientista estabelecer paralelos das fontes consultadas de modo a garantir mais presteza dos dados obtidos. Com esse olhar, o estudo se desenvolve a partir de uma abordagem qualitativa, propondo a análise da formação continuada na construção dos saberes docentes, trazemos: Tardif (2012), Nóvoa (1992), Freire (1996) e Pimenta (2012), autores que possibilitam refletir sobre a formação continuada como ação fundamental para o exercício profissional no ensino superior, considerando práticas autônomas e emancipatórias, visando atender aos desafios que surgem na sociedade contemporânea. 3 DESENVOLVIMENTO Pensamos o desenvolvimento em dois eixos: Saberes e práticas docentes, refletindo sobre a atuação docente e os saberes que constituem a sua prática diante dos desafios no ensino superior. O perfil do Professor Universitário na constituição da profissionalidade docente, no atendimento as demandas da sociedade contemporânea. 3.1 Saberes e práticas docentes O desenvolvimento dos saberes docentes provenientes do processo de formação continuada frente às exigências atuais fortalece as experiências já adquiridas pelos professores durante sua trajetória educativa tendo em vista os enfrentamentos das instituições de ensino no repensar a função da educação na universidade: seu foco, sua finalidade, seus valores e também o papel do professor. Neste sentido Tardif (2012, p.14) relata que: o saber dos -3-

professores não é um conjunto de conteúdos cognitivos definidos de uma vez por todas, mas um processo em construção ao longo de uma carreira profissional na qual o professor aprende progressivamente a dominar seu ambiente de trabalho. Com esse olhar, evidencia-se a necessidade de formações continuadas que possibilitem, aos professores, discussões sobre os saberes e práticas construídos na docência. Segundo Nóvoa (1992), a formação continuada deve estar articulada visando ao desenvolvimento e a produção do professor como pessoa e como profissional, e também, como objeto de busca ao desenvolvimento e a produção da universidade como instituição educativa responsável por grande parte das questões relacionadas à educação. O perfil do docente do ensino superior geralmente é composto por especialistas com experiências voltadas para sua área de atuação. A grande maioria não encara a profissão de docente como prioridade e a vêem como uma forma de complementação salarial, pois segundo Pimenta e Anastasiou (2002) o título de professor, sozinho, sugere uma identidade menor, pois socialmente, parece referir-se aos professores de séries iniciais. É preciso buscar uma forma para que o professor exerça cada vez melhor a sua prática, deixando-o ciente da responsabilidade que carrega, dando ao aluno a oportunidade de fazer suas próprias descobertas. Em perspectiva histórica Pimenta (2012, p. 37) relata: [...] diferentes universidades que em convênio com sistemas públicos passaram a formar, nos cursos de pedagogia, professores habilitados para as séries iniciais, inclusive se propondo e, eventualmente, realizando pesquisa como parte do processo formativo. Esses cursos passaram a assumir um caráter de formação inicial e contínua, ao mesmo tempo, na medida em que se destinavam a professores que já atuavam, mas sem a formação em nível superior. O professor não é apenas um transmissor de conhecimento, mas, sobretudo, aquele que subsidia o aluno no processo de construção do saber. Para tanto, é imprescindível ser um profissional que domina não apenas o conteúdo da sua área especifica, mas também a metodologia e a didática. Nas palavras de Freire (1991, p. 58) ninguém nasce educador ou marcado para ser educador; a gente se faz educador, a gente se forma como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática. Pensar o contexto da sala de aula, onde o professor necessita dominar o fazer envolvendo prática e planejamento elaborado, é acompanhar o desafio da formação do professor, diante da demanda educacional em uma sociedade contemporânea. -4-

A prática docente no ensino superior deve estar voltada para a aprendizagem efetiva, relacionando o currículo do curso com o contexto no qual este conhecimento será aplicado, a valorização dos saberes experienciais do educando e o domínio das tecnologias educacionais. Nesta perspectiva, o educador precisa dispor da oportunidade para mudar, disciplinar, criar, reconstruir, enriquecer a vida dos seus educandos, para isso, é necessário que ultrapasse a concepção de detentor do conhecimento. Para Freire (1996, p. 94) para ser educador é preciso pensar sua própria humanidade, na consciência de que me movo como educador, porque primeiro me movo como gente. Situação que revela a relevância da formação docente. 3.2 O perfil do Professor Universitário A formação para docência universitária é vista historicamente como atividade sem expressão, qualquer um que soubesse realizar bem algum ofício poderia desempenhar a função. Característica expressiva na história da profissão docente, Penin (2008) ressalta que até o início dos anos 70, os professores que atendiam os seguimentos mais ricos do país, não tinham sua competência questionada, havendo apenas uma valorização social expressiva da profissão. Em um segundo momento, o professor universitário concentrou-se na preparação para condução de pesquisas, dessa forma, o pedagógico continuou em segundo plano, como se as atividades realizadas com os alunos de graduação não caracterizasse uma produção de conhecimentos. Nas palavras de Masetto (1998, p. 11) quem soubesse fazer, saberia automaticamente ensinar, não havendo preocupações mais específicas com a necessidade do preparo pedagógico do professor. A profissionalização e a construção dos saberes e competências do professor devem ir além da dimensão técnica da prática pedagógica, buscando assim a sua constituição, o desenvolvimento da sua identidade profissional assumindo os desafios do ensino superior e o seu papel social na formação do educando. Sobre a profissionalização Penin (2008, p. 650) coloca que: -5- O termo profissionalização indica o processo de formação de um sujeito numa profissão, que se inicia com a formação inicial e atravessa todos os momentos de formação continuada. Impossível esse processo ocorrer sem a transformação do próprio sujeito, que por sua vez dialoga com a transformação da realidade. Formação inicial e continuada são parte portanto, de um mesmo processo de formação profissional.

A partir do pensamento de Freire (2002), a formação é concebida como processo contínuo e permanente de desenvolvimento profissional do professor, onde a formação inicial e a continuada são concebidas de forma interarticuladas, em que a primeira corresponde ao período de aprendizado nas instituições formadoras e a segunda diz respeito à aprendizagem dos professores que estejam no exercício da profissão, mediante ação dentro e fora das escolas. Imbernón (2001, p. 48-49) relata que: A formação terá como base uma reflexão dos sujeitos sobre sua prática docente, de modo a permitir que examinem suas teorias implícitas, seus esquemas de funcionamento, suas atitudes etc., realizando um processo constante de auto-avaliação que oriente seu trabalho. A orientação para esse processo de reflexão exige uma proposta crítica da intervenção educativa, uma análise da pratica do ponto de vista dos pressupostos ideológicos e comportamentais subjacentes. Pensar a formação continuada do professor universitário no atendimento as demandas da sociedade contemporânea, o domínio da tecnologia, a busca da articulação do conhecimento mediante as funções do ensino, pesquisa e extensão e o equilíbrio entre teoria e prática, requer das instituições formadoras um olhar sobre o contexto social de atuação do professor, bem como o mapeamento das suas reais necessidades. Levando-se em conta que a formação continuada é necessário oportunizar ao professor a busca do desenvolvimento de habilidades sobre o seu saber, e, seu saber fazer; construindo espaços para a troca de experiências no incentivo a visão crítica. Libâneo (2012, p. 85) acrescenta o movimento do ensino do pensar ao processo da reflexão dialético crítico: Pensar é mais do que explicar e, para isso, as instituições precisam formar sujeitos pensantes, capazes de um pensar epistêmico, ou seja, sujeitos que desenvolvam capacidades básicas em instrumentação conceitual que lhes permitam, mais do que saber coisas, mais do que receber uma informação, colocar-se frente à realidade, apropriar-se do momento histórico de modo a pensar historicamente essa realidade e reagir a ela. Refletir criticamente no exercício da docência superior é importante perante os desafios de interação com novo em intrigado contexto político e sociocultural, sendo fundamental a compreensão do professor sobre a prática educativa e a construção de significados, na busca da autonomia, emancipação intelectual e social, com o objetivo macro de proporcionar aos -6-

educandos uma ação educativa na compreensão e transformação da sociedade e a busca de melhorias no ensino. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os desafios frente às transformações sociais que permeiam a atuação docente e a função do ensino superior de capacitar e inserir o educando no mercado de trabalho com competências satisfatórias atribui ao professor à necessidade de ressignificação de suas práticas cotidianas. Os avanços da ciência, da tecnologia, da globalização e dos processos de produção estão, cada vez mais, evidenciando a relevância do conhecimento. Fato que requer do professor uma formação constante e conscientização da profissionalidade docente. Supõe-se que a busca pela profissionalidade docente é essencial para a qualidade da educação na consolidação de bases sólidas e o atendimento as reais necessidades da sociedade contemporânea e a articulação entre o saber e a prática de ensino. A qualidade na formação inicial e continuada garantirá a transformação e a satisfação do professor na execução dos seus objetivos educativos e a relação teoria e prática. As formações continuadas devem contribuir na atuação do professor de forma contínua, sendo vista como ponto de partida para a resolução dos problemas no cotidiano universitário, integrando ensino, pesquisa e extensão, em um processo que privilegia a reflexão sobre a prática, representando à inversão na maneira tradicional de se pensar a educação, em que as implicações são estabelecidas previamente a partir de construções teóricas. As considerações parciais permitem afirmar que investir na formação continuada e no desenvolvimento da profissionalização do professor, em ação intensa e contínua de estudo, oportuniza a reflexão sobre a prática educativa, a perspectiva da construção de saberes no exercício da docência. -7-

REFERÊNCIAS FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org.) et al. Formação continuada e gestão da educação. 2 ed. São Paulo, SP: Cortez, 2006. FRANCO, Maria Amélia do Rosário Santoro. Pedagogia e prática docente. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2012. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo. Virtudes do educador. São Paulo: Vereda, s/d. 1991. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. IMBERNÓN, Francisco. A educação no século XXl: os desafios do futuro imediato. Porto Alegre: Artmed, 1999. IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2001. LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientifica: 5.ed. São Paulo: Atlas, 2001. LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia cientifica..4. ed.são Paulo: Atlas, 2001. MASETTO, Marcos (Org.). Docência na universidade. Campinas, SP: Papirus, 1998. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 22ª edição. Petrópolis: Vozes, 1994. NÓVOA, Antônio et al. Os professores e a sua formação. Lisboa, Portugal: Dom Quixote, 1992. PENIN, Sonia Teresinha de Sousa. Profissionalidade: o embate entre o concebido e o vivido. In: EGGERT, Edla et al. Trajetórias e processos de ensinar e aprender: didática e formação de professores. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. p. 646-662. LIBÂNEO, José Carlos. REFLEXIVIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: outra oscilação do pensamento pedagógico brasileiro? In: PIMENTA, Selma Garrido, GHEDIN, Evandro (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil gênese e crítica de um conceito. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2012. PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2002. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 13. ed. Petrópolis, RJ : Vozes, 2012. -8-

ZABALA, Antoni. A Prática educativa: como ensinar. Tradução de Ernani F. Rosa. Porto Alegre: ArtMed, 1998. -9-