CINCO TRATAMENTOS DIFERENTES PARA A DESINFECÇÃO DE BARRICAS DE CARVALHO

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Transcrição:

AGUILAR ET AL., SANITATION OF WINE COOPERAGE USING FIVE DIFFERENT TREATMENT METHODS, PAG. 1 CINCO TRATAMENTOS DIFERENTES PARA A DESINFECÇÃO DE BARRICAS DE CARVALHO María de Lourdes Alejandra AGUILAR, Solís, Chris GERLING and Randy WOROBO Department of Food Science, New York State Agricultural Experiment Station, Cornell University, Geneva, NY As barricas de carvalho representam um dos pontos mais críticos do processo de desinfeção das adegas. Existem muitos métodos de desinfeção, no entanto, é necessário compará-los passo a passo de forma rigorosa para conhecer quais são os tratamentos mais eficazes. Um estudo recente comparou cinco desinfetantes diferentes: anidrido sulfuroso, ácido peracético ou peroxiacético (PAA), vapor, dióxido de cloro e ozono com diferentes concentrações e tempos de contacto. O anidrido sulfuroso, o vapor, o ozono e o PAA em elevadas concentrações demostraram serem desinfetantes eficazes, no entanto o PAA e o dióxido de cloro em concentrações mais baixas não reduziram significativamente o número de microrganismos contaminantes. Como para todos os tratamentos de desinfeção, é importante efetuar uma fase prévia de limpeza para remoção da sujidade e resíduos. CONCEITOS CHAVE A limpeza consiste em eliminar sujidade e resíduos, ao passo que a desinfeção consiste em reduzir 99,9% dos microrganismos. A limpeza é o primeiro passo fundamental antes de qualquer tipo de desinfeção. Os desinfetantes têm características diferentes e atuam de diversas formas. Para garantir a sua eficácia é importante controlar, com rigor, as concentrações e os tempos de contacto. Na utilização de qualquer tipo de desinfetante deve ser usado equipamento de proteção e cumprir as condições de ventilação adequadas. INTRODUÇÃO As barricas de carvalho representam um custo elevado e exigem um trabalho importante nas adegas. Além de onerosas no momento da compra e de difícil manutenção, a sua desinfeção é também muito difícil. Em primeiro lugar é impossível "desinfetar" uma barrica, pelo menos da mesma forma que um depósito de aço inoxidável. Quando uma barrica entra na adega esta já apresenta um grande número de microrganismos que estarão presentes no momento da sua utilização. A madeira de carvalho faz parte dos organismos vivos, material naturalmente poroso e constituído por camadas. Existem pontos e ranhuras que não podem ser alcançados sem destruição da madeira e onde os resíduos são aprisionados pelos agentes de limpeza. As consequências são bastante graves e as barricas que atinjam determinados limites serão forçosamente rejeitadas.

AGUILAR ET AL., SANITATION OF WINE COOPERAGE USING FIVE DIFFERENT TREATMENT METHODS, PAG. 2 As barricas de madeira são onerosas, porosas e constituídas por diversas camadas, albergando inevitavelmente microrganismos. A sua desinfeção pode representar um desafio. LIMPEZA E DESINFECÇÃO Quando se define o processo de higienização das barricas é importante lembrar a diferença entre limpeza e desinfeção. Limpeza consiste na eliminação de sujidade e resíduos, enquanto desinfeção consiste na redução do número de microrganismos. A limpeza é um processo físico que consiste por exemplo na lavagem com uma escova ou no enxaguamento com uma mangueira, enquanto desinfeção implica a utilização de um agente desinfetante que elimine bactérias, leveduras e fungos. É importante lembrar que sem uma limpeza em profundidade, nenhuma desinfeção poderá ser eficaz (Figura 1). Figura 1: Visualização do interior de uma barrica. Nota-se uma acumulação evidente de tartaratos, indicando uma limpeza insuficiente.

AGUILAR ET AL., SANITATION OF WINE COOPERAGE USING FIVE DIFFERENT TREATMENT METHODS, PAG. 3 A EPA define desinfeção como a redução de 99,9% do número de microrganismos. A lavagem e desinfeção das barricas representam um desafio importante devido ao tamanho do orifício de entrada da barrica, da sua superfície porosa e do risco de danificar a madeira. Os tartaratos representam a matéria orgânica presente em maior quantidade pelo que estes devem ser completamente removidos antes da desinfeção. As leveduras do género Brettanomyces/Dekkera ("Brett") são os organismos contaminantes mais prejudiciais para as barricas. As leveduras Brett beneficiam dos valores de ph elevados e dos baixos níveis de SO 2 de muitos vinhos tintos, bem como de alguns produtos produzidos durante a tosta das barricas. O carvalho oferece o ambiente perfeito às Brett devido à porosidade da superfície e à impossibilidade de utilização de detergentes fortes ou desinfetantes químicos. Os vinhos contaminados por Brett são descritos como vinhos que apresentam um odor a fumo, cravinho, Band-Aid TM, estrebaria, etc. Eliminar os organismos do vinho (por filtração ou outros meios) não resolve o problema de odores provocados por este tipo de contaminação, é portanto fundamental prevenir, ou seja, evitar a formação de populações viáveis destes microrganismos. Figura 2: Equipamento para o tratamento com vapor utilizado neste estudo. ESTUDO DA DESINFECÇÃO DAS BARRICAS O estudo in vivo dos organismos contaminantes das barricas foi realizado em colaboração com três adegas localizadas em Napa Valley, Califórnia. O estudo utilizou 100 barricas naturalmente contaminadas procedentes de diferentes adegas. Nestas barricas compararam-se cinco tipos de tratamento: o anidrido sulfuroso, o ácido peracético, o vapor, o ozono e o dióxido de cloro. Os tratamentos foram aplicados usando diferentes concentrações (ácido peracético, dióxido de cloro) ou através da variação da duração do tempo de contacto (anidrido sulfuroso, vapor, ozono). Todas as barricas foram analisadas antes e após o tratamento, foi realizada a comparação da população total de leveduras, levedura Zygosaccharomyces bailii (risco de refermentação) e levedura Brettanomyces (ver acima). Também foram colhidas amostras da madeira antes e após o tratamento para contagem das leveduras encontradas abaixo da superfície.

AGUILAR ET AL., SANITATION OF WINE COOPERAGE USING FIVE DIFFERENT TREATMENT METHODS, PAG. 4 Figura 3: Brettanomyces ambientais isoladas de barricas naturalmente contaminadas. O anidrido sulfuroso (SO 2 ) é o aditivo mais utilizado no sector enológico, devido à sua capacidade antioxidante e antimicrobiana. As pastilhas de enxofre são queimadas nas barricas vazias, secas e limpas, libertando SO 2 gasoso que impede o crescimento de microrganismos durante um longo período de tempo. No presente estudo, as barricas foram analisadas após três e seis semanas. Foi observado que o tratamento mais longo foi estatisticamente tão eficaz como o mais curto (Tabela 1), indicando que uma desinfeção eficaz mantem a ausência de contaminações por longos períodos de tempo, desde que não ocorra uma nova contaminação. O ácido peracético (PAA) é uma mistura de ácido peracético e peróxido de hidrogénio cuja ação desinfetante é muito eficaz sobre uma ampla gama de temperaturas e valores de ph, atua a baixas concentrações e oxida rapidamente formando substâncias inócuas (ácido acético e água), por conseguinte, os resíduos não são motivo de preocupação. Neste caso, foram estudadas duas concentrações de PAA, 120 mg/l e 200 mg/l, foi observado que a concentração mais elevada foi eficaz, ao contrário da concentração mais baixa. O PAA não permitiu o controlo de Zygosaccharomyces, como aliás aconteceu com outros desinfetantes utilizados neste estudo. O vapor inativa/elimina todos os microrganismos contaminantes graças à agua em ebulição que se encontra sob a forma de gás. O desafio está em assegurar que todas as partes a desinfetar atinjam uma temperatura suficientemente elevada durante um período de tempo suficiente (temperaturas próximas de 82ºC). Os dois tratamentos estudados, 5 e 10 minutos de vapor, foram eficazes e eliminaram todas as leveduras contaminantes, no entanto foram detetados baixos níveis de leveduras não contaminantes. O dióxido de cloro (ClO 2 ) é um oxidante semelhante ao hipoclorito (lixívia).este é conhecido por ser tão eficaz como outros agentes de limpeza à base de cloro, contudo a relação entre o dióxido de cloro e o TCA (gosto a rolha) ainda não foi claramente definida, como já foi verificado para outros desinfetantes clorados. No presente estudo nenhuma das concentrações, 5 e 10 mg/ L, foi eficaz ao nível das populações de leveduras. Esta observação poderá ser explicada considerando que os desinfetantes clorados podem associar-se à matéria orgânica e a barrica é matéria orgânica.

AGUILAR ET AL., SANITATION OF WINE COOPERAGE USING FIVE DIFFERENT TREATMENT METHODS, PAG. 5 O ozono é um oxidante que se gera eletricamente na adega. Este não apresenta problemas de resistência, nem de limites de temperatura ou de ph, não provoca problemas de resíduos ou corrosão de metais. No entanto, tem uma vida média muito curta e tem de ser produzido em contínuo. No presente estudo uma aplicação de ozono na dose de 1 mg/l durante 5 a 10 minutos foi eficaz contra as populações de leveduras na maior parte das barricas, mas não em todas, possivelmente devido à população inicial de leveduras ou à ineficaz limpeza antes do tratamento com o ozono. Este estudo mostrou algumas diferenças na atuação dos desinfetantes mais comuns ao nível das Brettanomyces em barricas. Cada tipo de tratamento de desinfeção tem vantagens e desvantagens que foram resumidas na Tabela 2. Tabela 1. Resultados dos tratamentos de desinfeção das barricas. Tratamento Concentração Duração Eficácia Notas Pastilhas de anidrido sulfuroso 3 semanas Nenhuma diferença entre 3 e 6 semanas Pastilhas de anidrido sulfuroso 6 semanas Nenhuma diferença entre 3 e 6 semanas Ácido peracético 120 mg/l Baixa Ácido peracético 200 mg/l Vapor 5 Minutos Reduz o nº de levaduras não contaminantes detetadas Vapor 10 Minutos Reduz o nº de levaduras não contaminantes detetadas Ozono 1 mg/l 5 Minutos Pouco eficaz em algumas barricas, possivelmente devido a uma limpeza insuficiente Ozono 1 mg/l 10 Minutos Pouco eficaz em algumas barricas, possivelmente devido a uma limpeza insuficiente Dióxido de cloro 5 mg/l Baixa Dióxido de cloro 10 mg/l Baixa

AGUILAR ET AL., SANITATION OF WINE COOPERAGE USING FIVE DIFFERENT TREATMENT METHODS, PAG. 6 Tabela 2. Vantagens e desvantagens dos desinfetantes. Tratamento Vantagens Desvantagens Anidrido sulfuroso Efetivo contra microrganismos contaminantes do vinho Baixo custo A eficácia depende do ph (mais eficaz a ph baixo,) Algumas espécies de levaduras são relativamente tolerantes Ácido peracético Eficaz a baixas concentrações, elimina os esporos Degrada-se produzindo substâncias não tóxicas Corrosivo se: tempos de contacto longos Relativamente instável Vapor Efetivo contra todos os microrganismos do mosto e do vinho Substâncias não tóxicas Elevado consumo de energia Pode danificar instalações e juntas Ozono Eficaz contra todos os microrganismos, decompõe os biofilmes nas primeiras fases de desenvolvimento Degrada-se em substâncias não tóxicas Degradação muito rápida/inativa-se facilmente Pode danificar torneiras, juntas e alguns metais Dióxido de cloro Eficaz a baixas concentrações Pode ser produzido in situ Os subprodutos são tóxicos A matéria orgânica pode ligar-se ao cloro NOTA: Todos os desinfetantes requerem um equipamento de proteção e/ou um sistema de ventilação adequado e devem ser utilizados de acordo com as especificações do produtor. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Constellation Brands y Francis Ford Coppola Winery a cedência do espaço e barricas, bem como a colaboração no trabalho e assistência de laboratório. REFERÊNCIAS G. Wirtanen & S. Salo. 2003. Disinfection in food processing efficacy testing of disinfectants. Reviews in Environmental Science and Biotechnology Volume 2, Issue 2-4, pp 293-306.