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Transcrição:

Página 1 de 5 Este procedimento foi elaborado com base nas Leis nºs 10.406/2002; 9.249/1995; 10.637/2002; 10.833/2003; 11.941/2009; Lei Complementar nº 123/2006; e Resolução CGSN nº 94/2011 IRPJ/CSL/Cofins/PIS-Pasep/Simples Nacional - Efeito tributário das doações de mercadorias Resumo: Este procedimento trata sobre a demonstração do tratamento contábil e tributário, mais especificamente em relação ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), à Contribuição Social sobre o Lucro (CSL), à Cofins, à contribuição para o PIS-Pasep e ao Simples Nacional nas doações de mercadorias. Sumário 1. INTRODUÇÃO 2. CONCEITOS 2.1 Doação 2.2 Bonificação 3. TRATAMENTO CONTÁBIL 4. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO NA DOAÇÃO 4.1 IRPJ e CSL 4.2 Cofins e PIS-Pasep 4.3 Simples Nacional 5. EXEMPLO 5.1 Bonificação 5.2 Doação 1. INTRODUÇÃO O recebimento ou envio de mercadorias a título de doação comumente suscita dúvidas sobre o seu efetivo enquadramento, tratamento fiscal e contábil, e não raro essas doações confundem-se com as operações de bonificação em mercadorias. Nesse sentido, faremos uma breve explanação sobre a distinção entre tais institutos para, finalmente, demonstrar o tratamento contábil e tributário, mais especificamente em relação ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), à Contribuição Social sobre o Lucro (CSL), à Cofins, à contribuição para o PIS-Pasep e ao Simples Nacional. 2. CONCEITOS 2.1 Doação Conforme prescreve o art. 548 do Código Civil (Lei nº 10.406/2002 ), considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 2.2 Bonificação Conceitua-se bonificação de mercadorias como desconto comercial dado dentro do documento fiscal por meio de entrega de quantidade maior de mercadorias pelo mesmo preço (chamada dúzia de 13 ou quilo de 1.200 kg). Nessa hipótese, o custo da mercadoria será rateado pelo total recebido, inclusive as bonificadas, pelo valor unitário pago de cada mercadoria. Não há lançamento contábil a ser feito em conta de receita operacional. Caso as bonificações não constem do mesmo documento fiscal de compra das mercadorias, mas em nota fiscal separada com a mesma data, indicando no corpo desta o número da nota fiscal de compra, somente poderá ser enquadrada como bonificação se for comprovado que ela está atrelada à aquisição das mercadorias e não depende de nenhum evento futuro para a sua realização. Portanto, a concessão de bonificação em mercadorias desvinculada de uma operação de venda constitui doação (Solução de Consulta Disit nº 136/2012 da 10ª Região Fiscal - Rio Grande do Sul). 3. TRATAMENTO CONTÁBIL

Página 2 de 5 No caso da ausência de comprovação de que essas bonificações estejam relacionadas com a aquisição das mercadorias, essa operação será caracterizada como doação, devendo o registro contábil ser efetuado da seguinte forma: a) pelo donatário: D- Estoques (Ativo Circulante) C- Outras Receitas Operacionais (Conta de Resultado) b) pelo doador: D- Doações (Conta de Resultado) C- Estoques (Ativo Circulante) Nota Deve ainda ser observada a incidência de ICMS na operação, e os tributos devem ser normalmente reconhecidos. Já a pessoa jurídica que recebeu mercadorias em bonificação constante no documento fiscal de compra das mercadorias efetuará o seguinte registro contábil: D - Estoques (Ativo Circulante) D - ICMS a Recuperar (Ativo Circulante) D - PIS-Pasep a Recuperar (Ativo Circulante) D - Cofins a Recuperar (Ativo Circulante) C - Fornecedores (Passivo Circulante) Nesse caso, o custo da mercadoria será rateado pelo total recebido, inclusive as bonificadas pelo valor unitário pago por mercadoria. No caso de a mercadoria ser destinada ao Ativo Imobilizado (Ativo Não Circulante, antigo Ativo Permanente), no registro contábil, será substituída a conta Estoque pela conta do Ativo Imobilizado. Atente-se que, na hipótese de bonificação constante em documento fiscal, não há lançamento em conta de receita operacional. 4. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO NA DOAÇÃO 4.1 IRPJ e CSL A doação será considerada como: a) receita a ser registrada na conta "Outras receitas operacionais", conforme mencionado no tópico 3 e, nessa hipótese, o donatário está sujeito à tributação pelo Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro (CSL), conforme for à opção, pelo lucro real ou presumido. No caso de opção pelo lucro presumido, o valor da doação será acrescido à base de cálculo do IRPJ e CSL; b) no caso do doador, essas doações (despesas) são indedutíveis na determinação do lucro real e da base de calculo da CSL, exceto aquelas destinadas às entidades sem fins lucrativos, nos termos do art. 13, 2º, da Lei nº 9.249/1995. 4.2 Cofins e PIS-Pasep Com relação aos valores decorrentes da doação: a) para o donatário, deverá ser incluída essa receita na base de cálculo da contribuição para o PIS-Pasep e da Cofins no regime não cumulativo (Lei nº 10.637/2002, art. 1º, e Lei nº 10.833/2003, art. 1º ). No entanto, a receita de doação não integra a base de cálculo da contribuição para o PIS-Pasep e da Cofins, para efeito da apuração no regime cumulativo, por força do disposto no art. 79, XII, da Lei nº 11.941/2009, que revogou parcialmente o art. 3º da Lei nº 9.718/1998 ; nessa hipótese, a base de cálculo limita-se ao faturamento da pessoa jurídica; b) para o doador, a concessão de bonificação em mercadorias desvinculada de uma operação de venda constitui doação, não estando incluída entre as hipóteses de incidência da contribuição para o PIS-Pasep e da Cofins por não configurar receita (Solução de Consulta Disit nº 136/2012 da 10ª Região Fiscal - Rio Grande do Sul). Em regra geral, no regime não cumulativo, a pessoa jurídica faz jus ao crédito da contribuição para o PIS-Pasep e da Cofins às alíquotas de 1,65% e de 7,6%, respectivamente e, ainda, nas situações elencadas na Lei nº 10.637/2002, art. 3º, e na Lei nº 10.833/2003, art. 3º. Contudo, no caso de bens recebidos em doação:

Página 3 de 5 a) em relação ao doador: não há crédito a ser apropriado das referidas contribuições na aquisição de bens para serem doados (Solução de Consulta Disit nº 208/2011 da 9ª Região Fiscal - Paraná e Santa Catarina), porquanto o direito ao crédito, teria cabimento se tais bens adquiridos fossem destinados à revenda ou utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; b) em relação ao donatário: não dará direito ao crédito, a aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das mencionadas contribuições, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. 4.3 Simples Nacional Para efeito da microempresa (ME) e da empresa de pequeno porte (EPP) optante pelo Simples Nacional, o valor devido mensalmente, por pessoa jurídica comercial, será determinado mediante aplicação das alíquotas constantes da tabela do Anexo I à Lei Complementar nº 123/2006 sobre a receita bruta auferida no mês. Considera-se receita bruta, para fins do Simples Nacional, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. Portanto, a receita decorrente de bens recebidos em doação também não sofre a incidência da tributação no Simples Nacional por ausência de previsão legal, conforme o teor da decisão da Solução de Consulta nº 58/2012 da 4ª Região Fiscal (Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte) transcrita a seguir: As remessas de mercadorias a título de bonificação, doação (art. 538 do Código Civil) ou brinde não são tributadas pelo Simples Nacional, visto que não constituem receita bruta da empresa. Todavia, ressalte-se que tal bonificação deve corresponder a um desconto incondicional, constante da mesma nota fiscal que acompanha as mercadorias que deram origem ao prêmio, ou haja um contrato formal que preveja as condições negociais sobre a venda e concessão de bonificações, e não dependa de evento posterior à emissão do documento fiscal. A seu turno, os brindes devem destinar-se a promover a empresa, e não necessariamente seus produtos, distinguindo-se, portanto, das amostras, podendo, no entanto, a estas ser assemelhados, desde que representados, exclusivamente, por objetos distribuídos, de forma gratuita, a clientes ou não, com a finalidade de promoção, de diminuto ou nenhum valor comercial, e apresentem índice moderado em relação à receita bruta da empresa. (Lei Complementar nº 123/2006, art. 18, 1º a 3º; Resolução CGSN nº 94/2011, arts. 2º, II, 16 e 17) Notas (1) O processo de consulta segue o rito do Decreto nº 70.235/1972, arts. 46 a 58, e suas decisões produzem efeitos somente àquele que a formulou, não se aproveitando aos demais contribuintes. (2) O processo de consulta sobre a aplicação da legislação relativa ao Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) - Simples Nacional tem sua regulamentação baseada na Lei Complementar nº 123/2006, art. 40, no Decreto nº 7.574/2011, arts. 93 e 95, e na Resolução CGSN nº 94/2011, arts. 111 a 115. 5. EXEMPLO 5.1 Bonificação A Empresa ABC Ltda. vendeu 40 kg de pregos ao custo de R$ 30,00, dos quais 5 kg foram entregues em bonificação: a) custo inicial: R$ 30,00 40 kg = R$ 0,75 por quilo b) custo com a bonificação: R$ 30,00 45 kg (40 kg + 5 kg de bonificação) = R$ 0,67 por quilo Portanto, verifica-se que o custo inicial era de R$ 0,75 por quilo e, considerando-se a bonificação, o custo passou a R$ 0,67 por quilo. A baixa do estoque será efetuada considerando-se a venda de 45 kg de pregos pelo seu valor contábil registrado. Contabilmente, a receita deve ser apropriada pelo valor da venda, assim considerada a inclusão da bonificação constante do mesmo documento fiscal. Para efeitos fiscais, sobre essa receita incidirão o IRPJ, a CSL, a contribuição para o PIS-Pasep e a Cofins. Caso as bonificações entregues não constarem do mesmo documento fiscal de venda das mercadorias, mas em nota fiscal separada com a mesma data, indicando no corpo desta o número da nota fiscal de venda, somente poderá ser enquadrada como bonificação se for comprovado que ela

Página 4 de 5 está atrelada à saída das mercadorias e não depende de nenhum evento futuro para a sua realização. 5.2 Doação Considerando-se: a) os dados do subtópico 5.1; b) não sendo comprovado que as bonificações estejam relacionadas com a venda das mercadorias, serão caracterizadas como doações, devendo ser registradas contabilmente na forma demonstrada no tópico 3, letras "a" e "b"; c) a pessoa jurídica seja tributada pelo lucro presumido, tenha auferido receita de vendas no valor de R$ 150.000,000, além da doação; d) não há retenções ou deduções. No caso do donatário: a) em relação à doação, deverá ser efetuado o seguinte registro contábil: D- Estoque (Ativo Circulante) C- Outras Receitas Operacionais (Conta de Resultado) R$ 30,00 b) determinação da base de cálculo dos tributos: b.1) IRPJ: 8% sobre R$ 150.000,00 R$ 12.000,00 Outras receitas operacionais R$ 30,00 Base de cálculo R$ 12.030,00 (x) Alíquota normal do IR 15% 15% IRPJ devido R$ 1.804,50 b.2) CSL: 12% sobre R$ 150.000,00 R$ 18.000,00 Outras receitas operacionais R$ 30,00 Base de cálculo R$ 18.030,00 (x) Alíquota aplicável 9% CSL devida R$ 1.622,70 b.3) Cofins e PIS-Pasep: não há. Em relação ao doador: a) pela doação, deverá ser efetuado o seguinte registro contábil: D - Doações (Conta de Resultado) C - Estoques (Ativo Circulante) R$ 30,00 b) na determinação da base de cálculo dos tributos: b.1) IRPJ e CSL: as despesas com doações são indedutíveis na determinação do lucro real e da base de calculo da CSL; b.2) Cofins e PIS-Pasep: por não configurar receita e, sim, despesa, não haverá a tributação das referidas contribuições. Legislação Referenciada

Página 5 de 5 Decreto nº 70.235/1972 Decreto nº 7.574/2011 Lei Complementar nº 123/2006 Lei nº 10.406/2002 Lei nº 10.637/2002 Lei nº 10.833/2003 Lei nº 11.941/2009 Lei nº 9.249/1995 Lei nº 9.718/1998 Resolução CGSN nº 94/2011 Solução de Consulta nº 58/2012