PROFESSORA: SÔNIA BARROSO BRANDÃO SOARES CARGA HORÁRIA: 60 H



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Transcrição:

1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CAMPUS MACAÉ DISCIPLINA: DIREITOS REAIS I - OBRIGATÓRIA PROFESSORA: SÔNIA BARROSO BRANDÃO SOARES CARGA HORÁRIA: 60 H OBJETIVOS DA DISCIPLINA: Tem por objetivo apresentar os conteúdos do Direito Civil relacionados à posse e à propriedade nas suas diversas formas de aquisição com vistas a levar o aluno a compreender e poder futuramente atuar na solução de conflitos que envolvam a regularização fundiária do espaço. METODOLOGIA DE TRABALHO: Aulas expositivas ministradas pela docente. Avaliação em prova no final do semestre, composta de questões de múltipla escolha, dissertativas e de análise e solução de casos concretos. Consulta somente à legislação não comentada. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA: GOMES, Orlando. Direito das Coisas. Atual. Rio de Janeiro: Forense. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Direito das coisas.são Paulo: Saraiva. V. V. MELLO, Marco Aurélio Bezerra de. Direito das Coisas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de direito civil. Direitos Reais. Rio de Janeiro: Forense. V. IV. RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Forense. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. Direito das coisas. São Paulo: Atlas. V. 5. PLANO DE AULAS: Aula 1 Direito das coisas. Conceito. Classificação. Natureza jurídica. Direitos Reais x Direitos obrigacionais. Obrigações propter rem. Ônus. Domínio. Objeto dos direitos reais. Características. Constituição de direitos reais. Aula 2 Posse. Conceito. Teorias justificativas. Natureza jurídica. Objeto da posse. Detenção.Atos de mera permissão e tolerância. Posse originiária e derivada. Direta e indireta. Justa e injusta. Vícios e obstáculos à posse. Posse de boa e de má-fe. Jus possessionis e jus possidendi. Composse. Aquisição e perda da posse. Caráter da posse. Legitimação e capacidade. Constituto possessório e traditio brevi manu. Efeitos da posse e defesa da posse. Ações possessórias e interditos. Aula 3 Usucapião. Aula 4 Propriedade. Conceito. Aquisição. Características. Classificação. Propriedade resolúvel. Inalienabilidade. Propriedade fiduciária. Aula 5 Modos de aquisição e perda da propriedade. Ocupação e tradição. Acessão (x benfeitoria) Abandono. Aula 6 Transmissão da propriedade. Registro. Defesa da propriedade. Ação reivindicatória. Embargos de terceiro. Aula 7 Direito de Vizinhança.

2 Aula 8 Condomínio em geral. Aula 9 Condomínio edilício. Assembléias de condomínio. Aula 10 Propriedade resolúvel e fiduciária. Aula 1: Noções Introdutórias 1.1Conceito de Direito Real - res = coisa # patrimônio Direito que vem das coisas (bens) 1.2 Classificação dos bens e implicações no estudo dos Direitos Reais: - móvel e imóvel > propriedade/posse, titularidade, RGI - material e imaterial > propriedade intelectual (royalties) - singular e coletivo > condomínio/composse - privado e público > possibilidade ou não do usucapião 1.3 Direito das coisas x Direitos obrigacionais Direitos Reais (das coisas) Direitos Obrigacionais iura in re > dominação sobre a coisa atribuída faculdade de exigir de sujeito passivo ao sujeito (titular) e oponível erga omnes determinado uma prestação relação de subordinação da coisa ao sujeito, relação bilateral ou plurilateral (obrigacional) sem intermediários > absolutos entre o(s) credor (es) e o(s) devedor(es) > relativos Teoria personalista > no direitos das coisas há No direito de crédito há um sujeito passivo um titular do direito que pode opô-lo erga contra quem o titular (credor) pode opor a omnes facultas agendi oponível erga omnes oponível a sujeito passivo determinado ou determinável exige a existência atual da coisa > objeto o objeto pode ser determinável determinado é exclusivo > o titular é um só (atributivo) comporta pluralidade de sujeitos com iguais direitos > cooperativo concede o gozo ou fruição de bens concede o direito a uma ou mais prestações adquire-se por usucapião ou transmissão adquire-se por transmissão ou cessão não se extingue pela inércia, a não ser que extingue-se pela inércia do titular (prescrição) favoreça a outrem (usucapião) é direito permanente é direito transitório admite o direito de seqüela > direito de o titular está sujeito ao concurso de credores reivindicar a coisa nas mãos de quem injustamente a possua atribui privilégio na execução e na falência > não há privilégios (pars conditio creditorum) preferência (do credor pignoratício) o titular que não mais o deseja pode abandonálo a não admite o abandono, mas sim a renúncia ou remissão

3 liga-se à estática patrimonial admite a posse são limitados e taxativos > numerus clausus> as normas atinentes são de ordem pública liga-se à dinâmica patrimonial > trânsito jurídico não admitem a posse são ilimitados e são definidos pelo contrato > as normas atinentes são predominantemente de ordem privada 1.4 Objeto dos Direitos Reais (das Coisas) - relação de senhorio, de poder ou domínio que a pessoa exerce sobre a coisa (bem) 1.4.1 Titularidade - direito subjetivo que liga a pessoa às coisas. 1.4.2 Propriedade (bens corpóreos) x Domínio (bens corpóreos e incorpóreos) 1.4.3 Ônus = gravame = restrição ao livre exercício de um direito real (Ex.: por cláusula de alienação fiduciária, por penhora, etc.) 1.5 Classificação dos Direitos das Coisas: 1.5.1 sobre coisa própria - Ex.: propriedade > São ilimitados, mas devem atender à função social (art. 5º, XXII e XXIII CF/88) 1.5.2 sobre coisa alheia - de fruição ou gozo e de garantia - Ex.: usufruto, hipoteca > São limitados. 1.5.3 principais (autônomos) e acessórios (relacionados a outro direito real) 1.5.4 de aquisição - Ex.: promessa irretratável de compra e venda 1.6 Constituição dos direitos das coisas: posse - pelo exercício propriedade - posse + domínio de fruição/gozo ou garantia - pelo registro de aquisição - pelo registro ou posse prolongada Obs.: Todos eles podem ser usucapidos - por meio de ação de usucapião 1.7 Obrigações propter rem 1.8 Visão geral dos Direitos das Coisas no Novo Código Civil - arts. 1.196 a 1.510 Aula 2: Da Posse 2.1 Introdução: Defesa de um estado de aparência juridicamente relevante - A posse é situação fática (aparência ou visualização de domínio) se tomada de boa-fé e de justa adequação social. Ex.: outras situações fáticas protegidas pela lei: credor putativo (art. 309), presunção de autorização para receber pagamento de quem é portador da quitação (art. 311), etc. Em nome da acomodação social, cabe ao Direito prever meios de proteção jurídica àquele que é aparentemente titular do direito, para tanto prevê a autotutela e desforço imediato (art. 1.210 1º) e as ações possessórias (arts. 920 a 940 CPC). Pode também ser o estado de aparência o substrato jurídico para a aquisição da propriedade (posse prolongada - usucapião - arts. 941 a 946 CPC). A contrário senso, a posse nova (menos de ano e dia) já permite ao proprietário a obtenção de liminar initio litis na ação de reintegração de posse (art. 924 CPC) 2.2 Conceitos e Natureza jurídica da Posse:

4 2.2.1 Clássico - relação de fato entre a pessoa e a coisa. 2.2.2 Moderno - É estado de fato ou aparência juridicamente relevante para o direito que vincula a pessoa à coisa apropriável. 2.3 Posse x detenção - arts. 1.197 e 1.198 - fâmulo da posse - se acionado - nomeação à autoria (art. 62 CPC) 2.4 Principais efeitos da posse: proteção possessória (juízo possessório, caráter defensivo da posse) e a possibilidade de gerar usucapião (juízo petitório, caráter ofensivo, busca da propriedade). 2.5 Origem do termo posse: de possidere (por + sedere) = poder físico de alguém sobre a coisa. Uma segunda corrente, deriva o termo de potis (senhor, amo). 2.6 Teorias que explicam a posse: 2.6.1 Teoria Objetiva - Von Jhering - a posse é o fato que permite e possibilita o exercício do direito de propriedade. Nesta teoria os elementos animus e corpus estão integrados na destinação econômica do bem. O ordenamento jurídico faria, discricionariamente, a distinção entre posse (situação fática protegida) e detenção (situação fática não protegida). 2.6.1 Teoria Subjetiva - Savigny - a posse é a relação fática existente entre a coisa e a pessoa (titular do bem), é a faculdade jurídica de possuir, que possui dois elementos (o corpus - possibilidade de ter contato físico com a coisa - e o animus - intenção de possuir a coisa como sua) - Principal crítica: não explica as posses anômalas (Ex. do credor pignoratício, do usufrutuário e do enfiteuta) 2.7 Elementos da posse: corpus (elemento objetivo - relação material do homem com a coisa ou a exterioridade da propriedade) e animus (elemento subjetivo - é a intenção de proceder com a coisa como faz normalmente o proprietário). 2.8 Ius possidendi (é o direito de posse fundado em título ou direito real; é a faculdade jurídica de possuir) x ius possessionis (direito fundado no fato da posse) - art. 1.196 - conceito de possuidor - tem proposta de alteração pelo PL 6.960/2002. 2.9 Posse (sem título ou com justo título, este caracterizado pela falta do regirstro ou de qualquer outra soenidade a ele inerente) x propriedade (há título de propriedade) 2.10 Quem é o possuidor? Art. 1.196 c/c 1.198 - aquele que tem alguns dos poderes inerentes à propriedade: usar, fruir, dispor e reivindicar. 2.11 Posse de direitos - Ex.: direito real de uso de linha telefônica - Súmula 193 do STJ - e posse de estado Ex.: do estado de filho, do estado de casados... 2.12 Posse de boa e de má-fé - posse justa, posse precária (Ex.: posse do comodatário, do locatário e do depositário), posse clandestina e posse violenta - arts. 1.200 a 1.202 (momento em que cessa a boa-fé) - Efeitos da posse injusta: art. 1.214 2.13 Justo título - art. 1.201 - estado de aparência que permite concluir estar o sujeito gozando de boa posse. A posse com justo título é posse de boa-fé presumida.

5 2.14 Posse direta e posse indireta - art. 1.197 2.15 Composse - quando duas ou mais pessoas possuem a mesma coisa, com vontade comum e ao mesmo tempo. Classifica-se em simples (os composseiros possuem a coisa independente um dos outros) ou de mão comum (nenhum dos sujeitos tem poder fático independente dos demais). Composse de companheira. 2.16 Princípio da continuidade do caráter da posse - arts. 1.203 e 1.207 2.17 Posse ad interdicta (toda posse suscetível de ser defendida por ação possessória) e posse ad usucapionem (aquela que for hábil a conferir, no decurso do tempo, a propriedade), 2.18 Posse nova x posse velha - a nova, a de menos de ano e dia, permite a concessão pelo juiz de medida liminar initio litis de manutenção ou reintegração de posse se houver ameaça ou esbulho possessório. 2.19 Evolução histórica: direito romano, direito natural, direito canônico e direito germânico. 2.20 Aquisição da posse: para Savigny - depende de um ato físico ou material (corpus), junto com um ato de vontade (animus); para Jhering, somente importa o dado objetivo da posse, ou seja, o fato de ser aparência de domínio e de ter o bem possuído destinação econômica. Logo, a posse pode ser adquirida: por apreensão, por exercício de direito, pelo fato de dispor da coisa ou do direito sobre ela ou por qualquer dos modos de aquisição (art. 1.204) > Pode ser originária e derivada(transmissão de um sujeito a outro - causa mortis - Ex.: princípio da saisine - transmissão da posse por força de lei, quando da morte do titular anterior, ou inter vivos - negócio jurídico bilateral Ex.: compra e venda ou cessão de direitos, ou ainda pela tradição) 2.20.1 Traditio brevi manu - quem possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio - Ex.: o locatário que adquire o imóvel 2.20.2 Constituto possessorio - o possuidor em nome próprio altera o animus e passa a possuir em nome de outrem - Não pode ser presumida, só se constituindo por contrato escrito.(não presente no NCC) Ex.: o proprietário que aliena a coisa mas fica com a posse como locatário ou arrendatário 2.21 - Res nullius - coisa sem dono x res derelicta - coisa abandonada - ambas podem legitimar o domínio do possuidor no futuro (usucapião) 2.22 - Quem pode adquirir a posse? - Art. 1.205 - O menor pode adquirir a posse? 2.23 - Transmissão da posse: a título universal (mortis causa - herança) e a título singular (inter vivos - um bem singular pelo negócio jurídico bilateral) - Arts. 1.206 e 1.296 2.24 - Conservação e perda da posse: Perde-se a posse quando não mais se exerce ou se pode exercê-la - Arts. 1.223 e 1.224; Formas: pelo esbulho - perda violenta ou não dos poderes inerentes à posse; pelo abandono - aplica-se tanto à posse direta quanto à indireta; pela tradição da coisa; pela destruição ou pela inalienabilidade (coisa fora do comércio); pela perda ou pelo furto da coisa; pelo constituto possessorio; pelo usucapião. 2.24 - Efeitos da posse:

6 2.24 1. Introdução Divergência doutrinária: IHERING/ORLANDO GOMES EFEITO ÚNICO: PRESUNÇÃO IURIS TANTUM DE PROPRIEDADE (propriedade putativa); SAVIGNY/ CAIO MARIO EFEITO DÚPLICE: INVOCAÇÃO DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS E DOS INTERDITOS PARA A SUA DEFESA E POSSIBILIDADE DE VALER-SE DA USUCAPIÁO; LAFAYETTE RODRIGUES PEREIRA E SERPA LOPES EFEITO TRÍPLICE: PRESUNÇÃO DE PROPRIEDADE, DIREITO ÀS AÇÕES POSSESSÓRIAS E AOS INTERDITOS E DIREITO À USUCAPIÃO (presunção aquisitiva); CLÓVIS BEVILÁQUA, ARANALDO RIZZARDO, MARIA HELENA DINIZ, MIRANDA ROSA, NELSON ROSENVALD, CARLOS ROBERTO GONÇALVES, SÍLVIO VENOSA E OUTROS: MÚLTIPLOS SÁO OS EFEITOS DA POSSE QUE PODEM ASSIM SER DISCRIMINADOS: 2.24 2 Efeitos: a) presunção do direito de propriedade art. 1.196 CC c/c Súmula 487 STF; b)direito de uso dos interditos possessórios (ações de defesa da posse e autodefesa - arts. 1.210 a 1.222); c) percepção dos frutos (para a posse de boa-fé, que não é clandestina - art. 1.224 CC); d)direito de ressarcimento e de retenção por benfeitorias (posse de boa-fé - as necessárias, as úteis e as voluptuárias (podem ser levantadas sem deterioração do principal) - arts. 96 e 1.219 CC c/c art. 922 CPC; indenização pelo valor de custo atualizado ou pelo valor atual) e de má-fé - só as necessárias, em nome do não enriquecimento sem causa do possuidor indireto ou proprietário, mas sem direito de retenção - v. arts. 1.219 a 1.221 CC, pelo valor atual); d) irresponsabilidade do possuidor de boa-fé por perda ou deterioração da coisa a que não deu causa (a prova da culpa incumbe a quem alega o prejuízo) e do de má-fé durante o período em que foi possuidor nesta condição, salvo se provar culpa de terceiro ou do próprio proprietárioinversão do ônus probatório (Arts. 1.212, 1.217 e 1.218 - tem natureza de responsabilidade civil subjetiva); e) direito de promover a usucapião (art. 1.238 e ss.); f) direito à utilização de desforço próprio ou autodefesa por meios aptos e proporcionais - 1º. do art. 1.210 CC; g) direito a promover as ações possessórias (manutenção em caso de turbação na posse e reintegração na hipótese de esbulho) e os interditos proibitórios (hipótese de ameaça ao pleno e manso exercício da posse) arts. 1.210 CC e 920 a 940 CPC); h) direito à indenização pela turbação ou esbulho arts. 1.212 CC c/c 922 CPC; i) inversão do efeito da instrução probatória para quem contesta a posse art. 922 CPC ; j) ser posição favorável em atenção à propriedade em ação possessória art. 1.210 2º c/ c 923 CPC. 2.25 Defesa da Posse: Ações possessórias - Arts. 920 a 925 CPC - disposições gerais: Conceito. Princípio da fungibilidade das ações possessórias (art. 920 CPC). Natureza dúplice Arts. 921 e 929 CPC; Ação de força nova (posse nova (menos de ano e dia) procedimento especial e Ação de força velha (posse velha acima de ano e dia Procedimento Comum Ordinário) - art. 924 CPC) Arts. 926 a 931 manutenção (turbação) e reintegração da posse (esbulho); Concessão de liminar inaudita altera partem (art. 928 CPC). Servidões e proteção possessória (só as aparentes); Ação de reintegração (iuris possessionis ação possessória) x ação reivindicatória (iuris possidendi ação petitória- direito de seqüela do proprietário de reaver o bem das mãos de quem injustamente o possua) Interditos proibitórios: ameaça no exercício da posse arts. 932 e 933 CPC; Nunciação de obra nova Arts. 934 a 940 CPC. Conceito. Embargos extrajudiciais Art. 935 CPC Cominação de multa diária pela realização da obra embargada ou nunciada. Art. 936 II CPC.

7 Embargos de terceiro (arts. 1.046 a 1.049 CPC). Ação de Dano Infecto - direitos de vizinhança - arts. 1.277 e 1.281 CC Imissão na posse. (x Adjudicação compulsória- Art. 1.418 CC) 2.26 EXERCÍCIO: Assinale a alternativa correta: 1- Assinale a alternativa incorreta : a) O possuidor tem direito de ser mantido na posse em caso de turbação. b) Considera-se possuidor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções. c) O Código Civil reconhece como injusta a posse que for violenta, clandestina ou precária. d) A posse poderá ser desmembrada em direta e indireta. 2- A proteção preventiva da posse ante a ameaça de turbação ou esbulho, opera-se mediante a) ação de força nova espoliativa b) ação de dano infecto c) embargos de terceiro senhor e possuidor d) ação de imissão de posse e) ação de manutenção da posse com possibilidade de liminar initio litis. 3 O possuidor de má-fé: a) não tem direito à indenização independentemente do tipo de benfeitoria que tenha realizado no imóvel. b) tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e das úteis, mas só pode reter o imóvel em razão das necessárias. c) tem direito à indenização só das benfeitorias necessárias, mas não tem direito de retenção do imóvel. d) tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e das úteis sem direito de retenção do imóvel. e) tem direito à indenização só das benfeitorias necessárias com direito de retenção do imóvel. 4 - No que diz respeito à posse é correto afirmar: a) Para que haja composse é necessário que todos os compossuidores tenham ciência da posse dos demais. b) O possuidor direto pode exercitar a repulsa legítima à invasão de sua esfera possessória por parte do possuidor indireto, ainda que não mais vigente o título jurígeno autorizador do desdobramento da posse. c) Não se caracteriza a posse violenta quando alguém se apossa de propriedade onde não encontrou ninguém e depois tão-somente impede o dono de nela reentrar. d) A posse poderá ser adquirida por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 5 Entende-se por cláusula constituti ou constituto possessório: a) Uma fórmula obrigatória em todos os atos dos tabeliães, consagrada pelo uso. b) É uma modalidade de tradição ficta da posse em que se opera a transferência da posse sem exercício de fato por quem adquire a propriedade (possuidor indireto). c) Só deve ser utilizada na escritura definitiva. d) Trata-se de antiga expressão de significado idêntico à evicção de direito.

8 Analise o caso a seguir e responda ao que se pede: 6 - Pedro, caseiro de Maria Luísa, reside no local de trabalho, uma fazenda no interior, em Itaperuna, há doze anos. Certo dia, cansada das crises de alcoolismo do empregado, Maria Luísa resolve pôr fim à relação empregatícia, por justa causa (encontrou o empregado completamente bêbado e com uma prostituta no interior da casa principal, fazendo uso da bebida do bar particular do marido de Maria Luísa). Pedro trabalha há 15 anos para o casal, mas somente há seis anos teve sua carteira assinada. Embora notificado para desocupar a casa utilizada por ele como moradia, Pedro se recusa a deixar o imóvel alegando que somente sairia se lhe fossem restituídas as benfeitorias feitas (conserto do telhado e ampliação da cozinha). Pergunta-se: Procedem as alegações de Pedro? Haveria o dever de indenizar? Pedro é possuidor? 7. É possível falar em legítima defesa da posse por terceiro? 8. Sérgio adquiriu um automóvel em uma revendedora, sem ter conhecimento de que o carro era produto de furto. Em posse da documentação de transferência do veículo, Sérgio não teve maiores dificuldades para regularizar sua compra, já que o chassis e os documentos tinham sido adulterados junto ao órgão competente. Com o automóvel em seu nome, devidamente vistoriado, Sérgio permaneceu utilizando-o normalmente durante três anos e quatro meses, ocasião em que foi vítima de uma colisão, tendo o veículo sido vistoriado por agentes policiais que constataram a adulteração. Apreendido o carro e apresentado a Antônio, pessoa indicada como vítima do furto e como verdadeiro proprietário do bem, é correto afirmar que: a)sérgio pode alegar que passou a ser proprietário do carro em virtude de posse mansa, pacífica e pública; b)sérgio não pode ser possuidor de boa-fé por ter tido o veículo apreendido e identificado como produto de furto; c)sérgio pode pedir ressarcimento de quem lhe vendeu o veículo por ser possuidor de boa-fé; d)sérgio não pode alegar usucapião porque a previsão legal não inclui veículos; e)sérgio passou a ser proprietário, não em decorrência de usucapião, mas sim em virtude da compra e venda, desde o momento que conseguiu regularizar o veículo, que, inclusive, foi vistoriado. 9. Adriano alugou para Cláudio um computador e uma impressora de propriedade de Lívia, que se encontravam em seu poder em decorrência de um contrato de comodato. Ao término do prazo pactuado para a locação, Adriano notificou Cláudio para que restituísse os aparelhos, tendo Cláudio se recusado a devolver sob o argumento de que Adriano não era o proprietário do bem. Pode-se afirmar que: a)assiste razão a Cláudio, pois os bens somente devem ser restituídos à proprietária; b)adriano somente poderá reaver os bens se estiver em companhia de Lívia; c)cláudio está descumprindo sem justificativa a obrigação contratual de restituir o bem locado; d)adriano tem o direito de, sozinho, reaver o bem através da força física pois é possuidor direto; e)adriano tem o direito de, na companhia de Lívia, possuidora indireta, reaver o bem através da autotutela. 10. O poder que o caseiro exerce sobre o bem que se encontra sob seus cuidados constitui: a)posse direta;

9 b)posse indireta; c)mera detenção; d)posse justa; e)ato de mera permissão. Aula 3: Usucapião 3.1 Introdução: o novo pressuposto da propriedade - deverá atingir a sua função social; originariamente era uma ação (a usucapião) que, historicamente seria a junção de dois institutos( a usucapio - capere=tomar e a longi temporis praescriptio - modalidade de defesa, de exceção - era utilizada tanto pelos cidadãos romanos quanto pelos estrangeiros - a prescrição era de 10 anos contra presentes - residentes na mesma cidade - e de 20 anos entre ausentes - residentes em cidades diversas). A Lei das XII Tábuas instituiu que quem (apenas cidadão romano) possuísse por dois anos um bem imóvel ou por um ano um bem móvel tornarse-ia proprietário. Mais tarde, já no período do Direito Romano pós-clássico, surgiu a longissimi temporis praescriptio, que os juristas modernos consideram a origem do usucapião extraordinário (20 anos e, agora, 15 anos). 3.2 Conceito de usucapião: modo de aquisição da propriedade mediante a posse suficientemente prolongada sob determinadas condições. É sinônima a expressão prescrição aquisitiva. À usucapião também se aplicam as regras de suspensão em interrupção da prescrição. (art. 1.244 CC): Ex.: Não corre o prazo de usucapião contra proprietário incapaz (art. 198, I NCC) 3.3 Requisitos de concessão do usucapião: res habilis (coisa hábil a ser usucapida), iusta causa (justa causa), bona fides (boa-fé), possessio (posse prolongada) e tempus (o correr do tempo sem haver demanda por parte do nu-proprietário para reaver o bem). 3.4 Fundamentos do usucapião: a utilização do bem, a função social da propriedade, a segurança das relações jurídicas e o fato de ser modo de aquisição originária do bem. 3.5 Elementos: posse prolongada, contínua e incontestada, boa-fé, ânimo de dono e passagem do tempo (decurso do prazo para que o proprietário entre com a Ação Possessória). 3.6 Aplicação do usucapião: bens móveis, imóveis, semoventes, domínio, enfiteuse, habitação, servidões, usufruto, uso, etc. 3.7 Modalidades de usucapião: 3.7.1 Extraordinário - art. 1.238 - prazo de 15 anos - independe de título e boa-fé art. 1.238 p. único - prazo cai para 10 anos - também independe de título de boa-fé - se houver fixação da moradia ou realização de obras de caráter produtivo (em ambos os casos prevalece o corpus) 3.7.2 Ordinário - art. 1.242 - prazo de 10 anos, mas com justo título e boa-fé 3.7.3 Ordinário - art. 1.242 p. único - com registro anterior da aquisição onerosa que foi cancelado e com fixação da moradia ou construção (utilidade da coisa)- cai o prazo para 5 anos 3.7.4 Especial - urbano - art. 183 CF/88 e art. 1.240 CC e art. 9º da Lei 10.257/01 - Estatuto da Cidade- usucapião especial pro misero - imóvel com área até 250 m² - por prazo de 5

10 anos, sem interrupção e sem ação do proprietário, e desde que não seja proprietário de outro imóvel. 3.7.5 Especial - rural ou pro labore- art. 191 CF/88 e art. 1.239 CC - prazo de 5 anos - imóvel para residência e cultivo de até 50 hectares aproximadamente 5.000 m² 3.7.6 Usucapião coletivo - art. 1.228 4º e 5º CC e arts. 10 a 14 da Lei 10.257/01 - área urbana com mais de 250 m² ocupada por população de baixa renda para moradia - prazo de 5 anos ininterruptos e sem oposição podem ser usucapidas coletivamente, desde que os usucapientes não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural; mesmo que sejam demandados por ação reivindicatória. Hipótese que se aproxima da desapropriação pois o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário (expropriação judicial). Pago o preço, a sentença valerá como título a ser registrado no RGI. A posse que se iniciou antes da vigência do CC será acrescida de dois anos (art. 2.030 NCC) JÁ SUPERADO. É necessária a participação do Ministério Público e será assegurada a assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório do RGI (EXCETO NO RJ- LIMINAR PROCESSO ADMINISTRATIVO ANOREG Programa Minha Casa Minha Vida- Março/2010). O rito deste usucapião será sumário. 3.8 Processo - a ação de usucapião Procedimento Especial de Jurisdição Contenciosa- arts. 941 a 945 CPC e 1.241 CC - foro competente é o da situação do imóvel (art. 95 CPC - competência absoluta em razão da matéria) - se a União demonstrar interesse, desloca-se a competência para a seção da Justiça Federal responsável pela área. Ação tramita em vara cível. Citação dos proprietários e confrontantes é obrigatória.(litisconsórcio passivo necessário e unitário) Intimação obrigatória da Fazenda Pública dos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios). Intervenção obrigatória do Min. Público que pode recorrer, ainda que a parte ré não recorra (Súmula 99 STJ e art. 12 1º. da Lei 10.257/01 Estatuto da Cidade). Sentença é título hábil a ser transcrito no RGI. EXERCÍCIOS: Assinale a alternativa correta: Quanto ao registro do direito real imobiliário: a) Não está consagrado no direito brasileiro o princípio da correspondência entre a unitariedade da matrícula e a unidade do imóvel, relacionado com o da especialidade. b) O registro de imóveis é imutável. c) A presunção iuris et de jure de domínio é o efeito primordial do registro imobiliário comum. d) A especialidade consiste no fato de o registro assentar uma perfeita e minuciosa identificação do imóvel registrando, com o escopo de impedir que sua transmissão seja feita irregularmente. e) É ato registrável a cessão de direitos hereditários sem haver inventário proposto. Caso para análise: Após doze anos residindo em um imóvel alugado a Sra. Ilka Josefa de Castro, no Jardim Guanabara, Ilha do Governador, Pedro não mais recebe as boletas de cobrança dos aluguéis do contrato de locação já prorrogado indefinidamente, e, passados dois meses sem nada receber, procura a administradora do imóvel. Lá descobre que fora cancelado pelo advogado da antiga proprietária o contrato com a referida empresa para a cobrança dos encargos da locação há 2 anos e que a cobrança foi feita pelo banco sem autorização. Pedro procura, então, o advogado da proprietária do imóvel e descobre que o mesmo também falecera há um ano, sem transmissão de

11 clientela a outrem. Também é informado que a proprietária do referido imóvel falecera em 2001, vítima de acidente, sem haver herdeiros conhecidos. Sem saber o que fazer, Pedro procura a Defensoria Pública para saber se teria algum direito em relação ao imóvel que habita. Coloquese no lugar do(a) defensor(a) e, levando também em conta os aspectos processuais, instrua Pedro quanto às providências a serem tomadas, a hipótese legal em que se insere e seus direitos (se existirem) e possíveis soluções. Não se esqueça de fundamentar na legislação vigente. Aula 4: Propriedade 4.1 Introdução: posse(situação de fato) x propriedade(direito real - art. 1.225, I CC Princípios: taxatividade, legalidade, publicidade e elasticidade) Histórico: surge a propriedade provavelmente com a Lei das XII Tábuas: o indivíduo recebia uma porção de terra para cultivar, mas finda a colheita voltava a terra a ser coletiva; com o passar dos anos, a terra é apropriada e o pater familias nela se instala para viver com sua família e tornando a terra propriedade individual e perpétua. O domínio sobre a terra é, então, absoluto. No Direito Romano Clássico (o Digesto) já se reconhece limites à propriedade absoluta por meio de alguns direitos de vizinhança. A influência grega torna a propriedade romana vinculada à família e à religião. O romano passa a associar a sua propriedade e a sua descendência ao culto dos deuses Lares (os deuses antepassados). A religião passa, então, a garantir a propriedade. Na Idade Média, por influência das invasões bárbaras, as terras voltam a ser coletivas, mas, com o fortalecimento das monarquias nacionais, a propriedade passa a ser associada ao conceito de soberania nacional. O Direito Canônico faz associar a aquisição da propriedade à aquisição da liberdade individual. Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino ensinam que a propriedade é inerente ao homem, mas que o mesmo deve fazer bom uso dela (função da propriedade). A partir do século XVIII, a escola de direito natural reclama leis que definam a propriedade. A Revolução Francesa defende a propriedade aos moldes romanos e o Código Napoleão dá sua feição individualista (a propriedade é sinônimo de liberadade). Com o advento do século XIX e a Revolução Industrial, além das doutrinas socialistas (Marx), a propriedade passa a reclamar uma função social. 4.2 Propriedade: Conceito: direito real sobre bem móvel ou imóvel que implica em titularidade (domínio) sobre o referido bem - arts. 1.226 e ss. CC 4.3 Função social da propriedade - A propriedade é um direito natural, mas que deve ser exercido não só em benefício de seu titular mas também no interesse da coletividade. O Estado, portanto, além de garantir o livre exercício do direito ao seu titular, tem também que assegurar que o mesmo o faça segundo a supremacia do interesse público (da coletividade). São, portanto, cabíveis medidas (normas) que possibilitem o controle do uso da propriedade emanadas do Estado (Ex.: IPTU progressivo para terrenos baldios em centros urbanos, parcelamento, edificação e utilização compulsórios, desapropriação para fins de reforma agrária de latifúndios improdutivos, expropriação coletiva, etc.) 4.4 Base Jurídica do direito de propriedade: Constituição Federal de 1988, arts. 5º, XXII e XXIII, 170, II e III, 182 1º e 186; Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) e Novo Código Civil, arts. 1.227 a 1.369 CC; também as Leis 8.174/91 e 8.629/93 (tratam da terra, solo rural e reforma agrária). São assuntos inerentes à propriedade: sua aquisição (usucapião), suas limitações, condomínio, etc. 4.5 Natureza jurídica do direito de propriedade: é um direito real (emana da coisa).teoria da ocupação (propriedade primitiva - o solo seria de todos) e da natureza coletiva (comunismo e socialismo). Teoria do Estado soberano (propriedade individual). Teoria do consumidor (a

12 propriedade recebe a influência da massificação dos contratos e dos grandes conglomerados industriais - o contrato passa a ser a forma mais usada de aquisição de propriedade). Importância histórica das teorias. 4.6 Objeto do direito de propriedade - art. 1.228 NCC Propriedades:ius utendi, fruendi, abutendi - usar, gozar/fruir e dispor x direito ao solo/subsolo - art. 1.229 CC (x arts. 176 e 177 CF/88 e art. 1.230 CC). 4.7 Características do exercício do direito de propriedade: é pleno e exclusivo (art. 1.231 CC) e perpétuo (não se extingue pelo não uso, mas prescreve o exercício do direito subjetivo público de ação para a sua defesa - daí o porquê do usucapião). O direito de propriedade também é elástico, isto é, se retirados os limitadores ao seu pleno exercício (ônus reais: hipoteca, usufruto, etc.), ele volta a ser exercido plenamente. Engloba tanto os bens corpóreos quanto os incorpóreos, os móveis e os imóveis. Também é constituído das pertenças (frutos e produtos) da coisa (art. 1.232 CC) 4.8 Restrições ao pleno exercício do direito de propriedade: leis que desvinculam a propriedade do solo da do subsolo; leis de afetação e tombamento para o patrimônio histórico, cultural e ambiental (APAs e APARUs), leis que limitam o gabarito de construção (Plano Lúcio Costa), leis de vizinhança (distância do muro das construções, vedação a que se abram janelas sobre o muro alheio, etc.), leis de ordem militar (áreas restritas à Marinha, à Aeronáutica e ao Exército), requisição de bens em caso de urgência, de calamidade pública ou para uso eleitoral, desapropriação e, finalmente, pelo próprio proprietário ao impor cláusulas de inalinabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade em doações ou testamentos. 4.9 Patrimônio: conjunto de direitos reais e obrigacionais, ativos e passivos, pertencentes a uma pessoa (universalidade). Aula 5 - Formas de aquisição da propriedade em geral: a) da propriedade imóvel: arts. 1.238 e ss. CC - compra, doação, usucapião (arts. 1.238 a 1.244 CC), registro de título (art. 1.245 a 1.247 CC) e acessão (arts. 1.248 a 1.259 CC); exigem escrituração - atos solenes e formais; (RES MANCIPI - associada à idéia de soberania e poder) Obs.: O contrato e a promessa de C/V por si só não trazem a aquisição da propriedade, mas sim a transcrição do título aquisitivo no cartório da circunscrição do imóvel - RGI a que se refere (bem imóvel - arts. 1.245 e 1.246 CC c/c 108 e 215 CC) e a tradição da coisa (bem móvel se for veículo vistoria de mudança de titularidade no DETRAN com o DUT/TRANSFERËNCIA assinado pelo vendedor e com firma de vista reconhecida). b) da propriedade móvel: arts. 1.260 e ss. CC - compra, doação, usucapião, ocupação (caça e pesca), achado de tesouro, especificação, confusão, comistão e adjunção - não exigem escrituação (exceto para veículos - DETRAN). (RES NEC MANCIPI) 5.1 Aquisição originária e derivada: é originária quando desvinculada de qualquer relação com o titular anterior (incluem-se as por usucapião e acessão natural); derivada, quando há relação jurídica com o antecessor, existindo transmissão de um titular a outro (inter vivos ou causa mortis), chega ao segundo proprietário com os vícios que já tinham com o primeiro. Ex.: alienação de bem hipotecado ou onerado com servidão, aquisição por direito hereditário, etc. 5.2 Aquisição a título singular (um só bem - Ex.: legado) e a título universal (universalidade de bens, direitos e obrigações - Ex.: transferência de estabelecimento comercial).

13 5.3 Registro da Propriedade Imóvel - Lei 6.015/73 (LRP), arts. 167 e ss. - princípios: publicidade, veracidade, presunção relativa, conservação e responsabilidade dos oficiais do registro; requisito da continuidade do registro (uma só matrícula original (art. 228 da LRP) identifica o bem de raiz, os atos de transferência são registrados ou averbados em seqüência e sem interrupção). Faculta-se aos imóveis rurais o chamado Registro Torrens - visa conferir presunção absoluta de propriedade a quem tenha o registro certificado (arts. 277 a 288 da LRP) 5.4 Acessão - em sentido amplo significa o aumento da coisa objeto de propriedade. É forma originária de aquisição da propriedade. Também significa acessório. Pela acessão, passa a pertencer ao dono da coisa principal o que se adere a ela. Aplica-se também aos frutos das árvores. Importância da acessão: quando a parte acrescida a coisa pertencia a proprietário diverso. Base legal: A matéria também vem tratada no Decreto 26.643/34 - Código de Águas - arts. 9º ao 27) Modalidades: a) de imóvel a imóvel - terra ou porção de prédio que se junta a outro solo ou imóvel (Ex.: formação de ilhas (art. 1.249 NCC), aluvião (art. 1.250 NCC), avulsão ( art. 1.251 NCC), álveo abandonado (art. 1.252 NCC); b) de móvel a imóvel - construções e plantações que decorrem da conduta humana - acessão x benfeitoria - na primeira, quem constrói sabe que não o faz com animus de dono. (arts. 1.253 a 1.257 NCC) - geram direito de retenção e indenização se feitas de boa-fé; c) construções em imóvel alheio - gera indenização (boa-fé) ou multa e dever de restituir (máfé) - arts. 1.258 a 1.259; d) de animais perdidos - serão apropriados por quem os encontrar ou passam a ser acessórios da propriedade em que forem habitar (art. 596 do CCB/16). 5.5 Aquisição pelo direito hereditário - art. 1.784 NCC - princípio da saisine - com a morte a herança (posse e propriedade) transmite-se desde logo para os herdeiros legítimos e testamentários. Na primeira hipótese segue-se a ordem da vocação hereditária: descendentes em condomínio com o cônjuge supérstite (se o casamento não tiver o regime da separação obrigatória ou o da comunhão universal de bens e se for ascendente comum), os ascendentes, o cônjuge (nas demais hipóteses) e os colaterais (irmãos, tios e sobrinhos) e, finalmente, o Estado se não houver qualquer deles (arts. 1.829 e 1.830 NCC) 5.6 Da Descoberta: Base legal: arts. 1.233 a 1.237 NCCB - É tipo de aquisição imprópria da posse = encontrar algo; dever de restituir sob pena de responsabilidade civil; restituição implica em direito à recompensa de 5% do valor da coisa; se não encontrado o dono em 60 dias, a coisa será vendida em hasta pública. Se de pequeno valor, será abandonada pelo Município a quem a encontrou (art. 1.237 p. ún.) transmuta de posse para propriedade. Aula 6 Aquisição da propriedade móvel. Registro. Defesa da propriedade. Ação reivindicatória. Embargos de terceiro. 6.1 Modalidades: a) usucapião bens móveis. Prazos: 3 anos de posse mansa, pacífica, contínua e com justo título e boa-fé, ou 5 anos de posse mansa, pacífica e contínua - arts. 1.260 e 1.261 CC; Aplicação da regra de perpetuação da posse dos antecedentes com a mesma qualidade arts. 1.243 e 1.244 c/c 1.262 CC; os bens móveis dominiais não podem ser usucapidos- Súmula 340 STF;

14 b) ocupação - arts. 1.263 CC c) achado de tesouro - arts. 1.264 a 1.266 CC (distribuição entre o descobridor e o enfiteuta, no caso de imóvel aforado) c/c Lei 3.924/1961 p. ún. 1267 descobertas fortuitas- arts. 17 a 19. d) tradição - arts. 1.267 e 1.268 CC (constituto possessório hipótese do contrato de lease back traditio brevi manu); nulidade do negócio original torna nula também a tradição; e) especificação - arts. 1.269 a 1.271 CC direito do melhorista Exs. pintura em relação à tela; escultura em relação ao metal; f) confusão, comistão e adjunção - arts. 1.272 a 1.274 CC- Se de boa-fé: mantêm-se na titularidade do dono anterior se puderem ser separadas sem deterioração e se não tiver ele dado o consentimento para a mistura; se for impossível a separação, vale a regra do valor do quinhão que se agregou; se de má-fé: cabe ao dono original a escolha entre receber o todo e indenizar os outros, com exclusão da própria indenização ou renunciar a sua parte e receber indenização Obs.: O CC fala equivocadamente em comissão e não comistão. 6.2. Perda da propriedade: arts. 1.275 e 1.276 NCCB - por alienação, por renúncia, por abandono, por perecimento da coisa e por desapropriação. 6.3. Ações de defesa da propriedade: juízo possessório (ações possessórias) x juízo petitório (ações de defesa de direitos reais/propriedade) - Exs.: mandado de segurança (p/ proteger a propriedade em face de autoridade pública); ação reivindicatória - art. 1.228 parte final NCCB - é ação petitória para o exercício do direito de seqüela: buscar a coisa onde se encontre e em poder de quem se encontre; ação declaratória - art. 4º, I CPC - mesmo que não desapossado, pode o proprietário pedir ação declaratória do seu direito de propriedade para assegurá-lo, que não sofre prescrição uma vez que é corolário do direito real de propriedade, e a sentença não é passível de registro; ação negatória - tem por finalidade dizer que o direito de propriedade é pleno e não sofre nenhum tipo de limitação tipo usufruto, servidão, uso ou habitação (direitos reais de terceiros) - art. 1.231 NCCB; ação confessória - reconhecimento ou o restabelecimento de servidão; retificação do registro imobiliário - arts. 212 e 213 da Lei 6.015/73 - Lei de Registros Públicos; ação de divisão da coisa comum e ação demarcatória - art. 569 CPC EXERCÍCIOS sobre PROPRIEDADE: 1. (PA-/02) Acerca do instituto da função social da propriedade rural, julgue os itens abaixo com relação à legislação em vigor, assinalando C (certo) ou E (errado): a) Para cumprir a função social da propriedade rural, não é suficiente que o proprietário aproveite racional e adequadamente a terra. ( ) b) Considera-se inadequada a utilização, em floresta tropical, de terra em que são feitos o desmatamento e queima da vegetação para uso pecuário. ( ) c) Considera-se preservação do meio ambiente a manutenção das características próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais por meio da qual se mantêm adequadamente o enquilíbrio ecológico da propriedade, bem como a saúde e a qualidade de vida das comunidades vizinhas. ( ) d) A atitude do patrão-fazendeiro que não paga em dia os salários de seus trabalhadores rurais ocasiona o não-cumprimento da função social da propriedade. ( ) e) A propriedade rural que não cumprir a função social é passível de desapropriação por necessidade pública. ( ) 2. (MP/MA 2002) A prova da propriedade imobiliária dá-se:

15 a) por escritura pública do ato translativo, escritos particulares autorizados por lei, e cartas de sentença formais de partilha e certidões de processos; b) por escritura pública de alienação do imóvel, sentença de usucapião e de ação reivindicatória e formais de partilha; c) através de qualquer documento público; d) através do registro do ato translativo no Registro de Imóveis; e) todas as alernativas estão corretas; 3. Com referência à continuidade, que é um dos princípios fundamentais do registro imobiliário, assinale a opção incorreta: a) O princípio da continuidade determina o imprescindível encadeamento entre assentos pertinentes a um dado imóvel. b) Constitui corolário desse princípio a norma da Lei 6.015/73, a qual estabelece que, se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do outrogante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o regisro do título anterior, qualquer que seja a sua natureza. c) Consoante a Lei 6.015/73, deve o notário, ao lavrar a escritura, fazer referência à matrícula ou ao seu registro anteriro. d) Constitui conseqüência do referido princípio a previsão normativa da Lei de Registros Públicos no sentido de que os tabeliães, escrivães e juízes farão que, nas escrituas e nos autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os característicos, as confrontações e as localizações dos imóveis. e) Constitui irregularidade do título, por desrespeito à continuidade, aquela existente em título no qual a caracterização do imóvel não coincida com o registro existente. 4. (ESAF/AFTN/98) A aquisição da propiedade imóvel pelo acréscimo formado em razão do afastamento das águas que descobrem parte do álveo do rio deu-se por: a) abandono de álveo b) aluvião imprópria c) aluvião própria d) avulsão e) fomação de ilha 5. (ESAF/AGU/98) Quando houver acréscimo paultino de terras às margens de um rio em razão do afastamento das águas, que descobrem parte do álveo, ter-se-á o (a): a) abandono de álveo b) aluvião própria c) avulsão d) acessão artificial e) aluvião imprópria 6. (ESAF/AGU/98) Assinale a opção falsa. a) O sistema comum de registro imobiliário, ao entender que a todo imóvel perfeitamente individuado corresponde uma matrícula, veio consagrar o princípio da correspondência entre a unitariedade da matrícula e a unidade físico-jurídica do imóvel, relacionado com o da especialidade, visto reclamar exata caracterização e individuação do imóvel.

16 b) O sitema comum de registo de imóveis produz o efeito de presunção juris et de jure da existência da propriedade e dos direitos reais sobre o imóvel, ressalvados os direitos de terceiro, que adquire o bem de raiz por confiar na veracidade do registro. c) O registro imobiliário terá eficávia conservatória de documento. d) O registro Torrens, por ser facultativo e excepcional, é um sistema registrário especial, podendo ser requerido apenas para imóveis rurais. e) O registro stricto sensu é o ato subseqüênte à matrícula do imóvel. 7. (ESAF/PFN/98) Quando coisas sólidas ou secas pertencentes a pessoas diversas se mesclarem de tal forma que seria impossível separá-las, ter-se-á: a) adjunção b) especificação c) confusão d) tradição e) comistão 8. Se houver a necessidade de requisição de imóvel para a Prefeitura durante enchente, caracterizada está: a) a desapropriação. b) a autorização de uso sem remuneração. c) a servidão administrativa, sem indenização. d) a servidão administratia temporária, com indenização. e) a requisição pública por expropriação por utilidade pública. 9. Assinale a opção que prevê uma forma de aquisição da propriedade de bem imóvel: a) Conclusão de inventário. b) O registro do formal de partilha nos Cartórios do Registro de Imóveis competentes. c) Com o trânsito em julgado da sentença que homologa a partilha. d) Com a abertura da sucessão, pelo direito hereditário (princípio da saisine). e) Com a tradição. 10. Marineuza locou um imóvel em ruínas e obteve de João, o proprietário, autorização para demoli-lo e construir uma casa de dois andares no local da antiga construção. Vencido o contrato, João entrou com pedido de retomada na justiça (despejo), fundamentando a desnecessidade de indenizar Marineuza, uma vez que o contrato de locação vedava o direito de retenção por benfeitorias. Marineuza não se conformando o procura com o advogado, recebendo da sua parte a seguinte orientação: a) Marineuza é possuidora de má-fé pois tinha ciência de que as benfeitorias não seriam indenizadas. b) Marineuza terá direito à indenização, uma vez que não se trata de simples benfeitoria e sim de verdadeira acessão, edificada com autorização do proprietário. c) Diante do estabelecido no contrato e pelo princípio do pacta sunt servanda, Marineuza não tem direito a qualquer indenização. d) Marineuza somente tem direito de permanecer no imóvel compensando-se em aluguéis os gastos que efetuou com o imóvel.

17 11. Ismael residia com sua irma Berenice em imóvel da propriedade da Companhia Territorial do Brasil, em Vaz Lobo, Rio de Janeiro, há 8 anos, quando foram intimados por carta registrada a desocupar o imóvel. A intimação partiu do Dr. Júlio de Castilhos, advogado do Espólio de Ana Berenice Dias. Tanto o IPTU quanto as taxas de luz e água estão pagos por Ismael e sua irmã. Desesperados, os mesmos procuram a Defensoria Pública local para pedir aconselhamento. Coloque-se no lugar do advogado(a) e oriente seus clientes em seus direitos/obrigações e na melhor forma de defendê-los. 12. João adquiriu por compra ad corpus uma fazenda em Vargem Pequena, de propriedade de Altamiro Bento, grande latifundiário local. Imediatamente iniciou a construção dos tanques para a criação de carpas, seu negócio habitual. Seis meses após o término da construção, João recebe uma carta, com aviso de recebimento, notificando-o de que o mesmo invadira com a construção a propriedade vizinha, pertencente ao Sr. Benício Gama. A notificação vem asinada pelo Dr. Barbosa Siqueira, advogado do Sr. Benício. Realizada a medição, João descobre que, de fato, os limites informados pelo vendedor de sua propriedade, o Sr. Altamiro, estavam realmente incorretos, sendo 25% superiores ao seu direito. João procura, então, um advogado para saber que providências pode tomar. Coloque-se no lugar de advogado(a) e informe o direito material e processual envolvido nas tais providências a serem tomadas. Justifique. 13. Juvêncio vendeu a Mariovaldo um terreno de sua propriedade, mas que há cinco anos é ocupado por Josefina, que ali instalou sua residênia, julgando-o abandonado. No corpo da escritura pública de compra e venda o alienante transfiriu ao adquirente o domínio, posse, direito e ação, em virtude da cláusula constitui, ali expressamente referida. De que ação dispõe Mariovaldo, e em face de quem deve propô-la? Justifique sua resposta. Aula 7. Dos direitos de vizinhança: arts. 1.277 a 1.313 NCCB - evitar-se o uso nocivo da propriedade é o objeto desses direitos (art. 1.277). São direitos que respaldam a convivência sadia ou interferência entre prédios. Aplicam-se não só aos proprietários mas também a possuidores, usuários e quem detém ou utiliza a coisa de modo geral. Duas são as possibilidades de solução de conflitos: se o dano já ocorreu (ação indenizatória) e em se tratando de situação presente ou continuativa de prejuízo à segurança, sossego e saúde do vizinho (ação de vizinhança - ação de obrigação de fazer ou não fazer com cominação de multa diária - ação de efeito cominatório (arts. 632 a 645 CPC), cumulável ao final com perdas e danos); independe de intenção ou ato volitivo do causador do dano (art. 1.280). A prevalência do interesse público pode gerar o dever de tolerar o incômodo (art. 1.278) ou impor a redução da mesma por requisição do incomodado (art. 1.279). As ações de vizinhança são imprescritíveis, pois podem ser propostas enquanto durar a turbação, e são regidas pelas regras dos direitos potestativos. Cessada a turbação, a ação é exclusivamente indenizatória. São suas matérias: árvores limítrofes (arts. 1.282 a 1.284), passagem forçada (art. 1.285), passagem de cabos e tubulações (arts. 1.286 e 1.287), águas (Decreto nº 24.643/34 - Código de Águas), limites entre prédios e direito de tapagem (art. 1.297) e direito de construir (arts. 1.299 a 1.313) EXERCÍCIOS: 1. Jovenal, fazendeiro, vendo-se em dificuldades em relação à água para irrigar sua plantação de alfaces, resolve construir pequen barragem no rio que banha não só a sua, mas também a propriedade do vizinho de baixo. Com a construção da referida barragem, o fluxo de água diminui e o imóvel vizinho passa a receber menos água que de costume. O vizinho pede a Jovenal que insira pequena abertura em sua barragem para que a água volte a passarcom mais

18 força e, assim, possa irrigar sua plantação de couves. Jovenal atende ao pedido do vizinho. Porém, vem a enchente e, por conta da pequena passagem feita na barragem, a mesma se rompe e inunda a plantação do vizinho de Jovenal. O vizinho pede indenização a Jovenal pelo prejuízo causado e, não recebendo nada, aciona Jovenal judicialmente. Coloque-se no lugar do juiz e julgue o feito sobre o cabimento ou não da indenização e seus fundamentos levando em consideração o direito de vizinhança. 2. Pedro construiu sua casa duplex com distância de 1 metro do muro do vizinho e abriu janela dando vista para o quintal do vizinho, André. Passados três anos da obra acabada, André retorna de viagem e vê a construção feita por Pedro. Pede ao vizinho que desfaça, o que foi recusado. Nesta hipótese: a) André não tem direito de exigir o desfazimento da obra pois o prazo legal de um ano e um dia já se expirou. b) Não tem o direito de exigir o desfazimento da obra pois o prazo legal de três anos já se expirou. c) Aina tem o direito de exigir o desfazimento da obra pois o prazo legal é de cinco anos. d) Não tem direito de exigir o desfazimento da obra porque a distância da construção feita está correta. e) Tem o direito de exigir o desfazimento da obra pois a distância permitida em lei é de 1,5m. Aula 8 Condomínio em Geral - Do condomínio geral: arts. 1.314 a 1.330 NCCB 1.1 Conceito de condomínio - É modalidade de comunhão específica do direito das coisas. Trata-se de espécie de comunhão de propriedade. Para que haja condomínio só pode haver um objeto: bem ou direito, porém divididos em partes ou cotas ou frações ideais. 1.2 Modalidades: geral (tradicional ou comum) que pode ser voluntário (ou convencional) art. 1.314 e ss. - e forçada (necessária ou legal e eventual quanto à origem ) art. 1.327 e ss. e condomínio edilício. Quanto à forma, o condomínio pode ser pro diviso ou pro indiviso, conforme seja possível ou não a divisão das frações ideais em partes independentes. O condomínio eventual é transitório e o legal é permanente, visto que dura enquanto durar o motivo do condomínio (Ex. Paredes divisórias, valas comuns, muros limítrofes, etc.) Fontes: acordo de vontades, ato de última vontade (testamento, legado e herança), em decorrência da lei e em decorrência do usucapião após composse (pro indiviso ou de mão comum) continuada. 1.3 Objeto: móveis e imóveis. 1.4 Condomínios fechados - loteamentos 1.5 Direitos e deveres dos condôminos: art. 1.314 NCC; o condômino não pode alterar a coisa comum sem a anuência dos demais (arts. 1.139 c/c 1.314 NCC), a maioria é calculada segundo o valor dos quinhões (arts. 1.323 e 1.325 NCC), mas se presumem iguais as partes ideais dos condôminos (art. 1.315 p. ún. NCC), podendo o condômino pode eximir-se do pagamento de despesas e dívidas renunciando à sua fração ideal (art. 1.316 NCC), as dívidas são cotadas

19 segundo os quinhões ou frações ideais (arts. 1.317 e 1.318 NCC), os frutos devem ser repartidos eqüitativamente entre os condôminos (art. 1.319 NCC), pode qualquer condômino defender a propriedade comum, independente da anuência dos demais, requerer a qualquer tempo a extinção do condomínio ou a venda de sua parte se pro diviso, mas terá de dar preferência aos condôminos, seguindo-se as regras da partilha da herança (arts.1.139, 1.320 e 1.321 e 2.013 a 2.022 NCC e 1.118 e 1.119 CPC) e também não pode o condômino gravar a coisa comum totalmente sem a anuência dos demais (art. 1.420 2º NCC). A ação de divisão vem tratada no CPC, arts. 946 a 949 CPC, e deve a sentença ser registrada no RGI (art. 167, I da Lei 6.015/73) 1.5 Representação do condomínio: pelo síndico ou administrador ou por qualquer dos condôminos, desde que sem oposição dos demais (arts. 12, IX CPC e 1.324 NCC) 1.6 Condomínio de paredes, cercas, muros e valas - arts. 1.297 e 1.298, 1.304 a 1.307 e 1.327 a 1.330 NCC 1.7 Compáscuo - comunhão de pastagens 1.8 Exercícios: 1 Entre João e Antônio celebrou-se contrato de compra e venda de imóvel pertencente a Maria. Em razão do direito de João e Antônio sobre o bem é INCORRETO afirmar que cada condômino pode a) a;terar a coisa comum para tornar seu uso mais adequado; b) gravar sua parte indivisa; c) alienar sua parte, respeitado o direito de preempção do outro condômino; d) contrair dívida em proveito da comunhão; e) requerer a cessação da indivisão, após 5 anos do seu estabelecimento, se tal estado foi previsto em testamento. 2 É direito dos condôminos requerer a divisão da coisa comum: a) contudo, a divisão terá sempre que ser judicial; b) porém, a instituição da indivisibilidade, ainda que possível, por convenção dos interessados, será feita por prazo não superior a 5 anos, suscetível o prazo de prorrogação ulterior; c) e contra tal faculdade não prevalece qualquer hipótese de indivisibilidade legal; d) sendo a divisão atributiva da propriedade e não meramente declaratória; e) todavia, se indivisível for a coisa, e não desejando manter tal situação, terão os condôminos de vender a coisa judicialmente e nenhum deles poderá adjudicá-la. 3 Olavo e Maurício são condôminos herdeiros da herança que seu pai lhes deixou. Como parte do quinhão, há uma casa que está alugada a Eunice, que está inadimplente com a locação por cerca de seis meses. Pergunta-se: pode Olavo, sem autorização expressa de Maurício, promover a competente notificação da dívida e exigir o pagamento de Eunice? Caso não surta efeito, pode o mesmo propor a competente ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis em atraso? Fundamente. 4 Juliana e Andreza são condôminas pro diviso de uma porção de terra adquirida junto a uma companhia de loteamento rural. Mês passado, a parte correspondente à sua fração de Juliana foi invadida por um grupo de sem-terra que lá acamparam. Pergunta-se: pode Andreza promover a

20 ação de reintegração de posse pelo todo da propriedade? Necessitaria a mesma de procuração da irmã? Fundamente. Aula 9 - Do condomínio edilício: arts. 1.331 a 1.358 NCCB e Lei 4.591/64 9.1Conceito: É o condomínio que se estabelece horizontalmente porque partilha-se o solo em unidades autônomas construídas (propriedade exclusiva) sobre plano horizontal (laje) cuja comunhão se dá pelas partes comuns (solo, acessos, telhado (salvo disposição em contrário na convenção), elevadores, garagem, playgrounds, salões de festas, corredores, pátios internos, hall de entrada, portaria e dutos de água, luz e ventilação (art. 1º da Lei 4.591/64 e art. 1.331 1º, 2º e 5º do Código Civil). Cada unidade possui uma fração ideal (parte do todo do terreno que é idealizada conforme o valor atribuído a cada unidade construída, assim, os apartamentos de cobertura ou os de frente em relação aos de fundos, mesmo que tenham a mesma medida interna, por serem mais valorizados, têm uma fração ideal maior e, conseqüentemente, pagam maior cota de condomínio (valor que é pago mensalmente para custeio das despesas de manutenção das áreas comuns e as taxas de água e luz, esta também da área comum). A cota é considerada obrigação propter rem (v. art. 1.345 CC) e, portanto, obriga o imóvel, independentemente de quem seja o seu titular, e pode ser cobrada judicialmente com garantia do próprio imóvel para seu pagamento, mesmo que seja o único bem imóvel daquela pessoa ver art. 3º, IV da Lei 8.009/90, Lei da Impenhorabilidade do Bem de Família) O termo edilício vem de edil (Vereador) para demonstrar sua aplicação prática aos imóveis em cidades, urbanos. 9.2 Base legal: Código Civil (arts. 1.331 a 1.358) e Lei 4.591/64 (arts. 1º a 27) OBS.: Majoritariamente, os doutrinadores defendem que a Lei de Condomínios e Incorporações Imobiliárias está plenamente em vigor em relação às incorporações e loteamentos, mas será aplicada de forma subsidiária ao Código Civil no que tange aos condomínios, nos termos do art. 2º 1º da Lei de Introdução ao Código Civil LICC. São exceção a este pensamento Nelson Rosenvald e Miranda Rosa que entendem que a referida lei, na parte de condomínios, teria sido revogada pelo Código Civil (Lei 10.406/02) 9.3 Natureza jurídica : Diversas são as teorias que tentam explicar a natureza jurídica do condomínio edilício: a) comunhão de bens; b) sociedade imobiliária; c) direito superficiário, de enfiteuse ou de servidão; d) teoria da personalização do patrimônio comum: o condomínio é desprovido de personalidade jurídica, entretanto, como pessoa jurídica formal ( tem CGC), ou fenômeno econômico e jurídico moderno, que é, tem legitimidade ativa e passiva em juízo, representado pelo síndico (art. 12, IX CPC), em situação similar à do espólio e à da massa falida. (ver art. 63 3º da Lei 4.591/64 e arts. 1.331, 1.332 e 1.335 CC 9.4 Forma de instituição: por destinação do proprietário do edifício, por incorporação imobiliária (negócio jurídico de constituição da propriedade horizontal pela venda de imóveis na planta) ou por testamento em todos os casos deverá haver registro do ato no Registro Geral de Imóveis da área de situação do imóvel (art. 1.332 CC) Instituição x constituição instituição (art. 1.332 CC); já a Convenção de Condomínio é seu ato de constituição, documento escrito onde se estipulam os direitos e deveres de cada condômino, aprovada por dois terços das frações ideais. Tem caráter estatutário ou institucional. 9.5 O que deve conter o registro? V. art. 1.332, I a III CC 9.6 Convenção e regimento interno Constituído o condomínio por meio de Convenção deve a mesma ser ratificada por quorum de maioria qualificada (2/3 das unidades representadas) e há obrigatorieade de registro para ter efeitos erga omnes. (art. 1.333, par. un. CC) Porém, ainda que não registrada a convenção, a mesma produz efeitos entre os condôminos, tais como a possibilidade de cobrança de cotas e multas (Súmula 260 STJ e 1.333, parte final, CC).Conteúdo da Convenção: arts. 1.332 e 1.334 CC ver esp. 2 o. Para ser alterada a Convenção depende de