CARTAS DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL AO DERRAMAMENTO DE ÓLEO E SUA DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL



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Transcrição:

CARTAS DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL AO DERRAMAMENTO DE ÓLEO E SUA DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL THATIANA LIMA VASCONCELOS 1 CAIO CÉSAR DE ARAÚJO BARBOSA 2 DIEGO DA SILVA VALDEVINO 3 LUCILENE ANTUNES C. M. DE SÁ 4 1, 3, 4 Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Centro de Tecnologia e Geociências - CTG Departamento de Engenharia Cartográfica DECart Programa de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação PPGCGTG 2 Curso de Bacharelado em Geografia - UFPE tlvasconcelos@gmail.com 1 ; caiovski@gmail.com 2 ; diego.valdevino@gmail.com 3 ; lacms@ufpe.br 4 RESUMO - Um derrame de óleo pode causar efeitos negativos para o meio ambiente afetando a pesca, a indústria, o lazer e muitas pessoas. Tais situações são mais fáceis de resolver quando existe um plano de contingência bem elaborado. As Cartas de sensibilidade Ambiental ao Derramamento de Óleo Cartas SAO surgiram com a finalidade de serem instrumentos importantes na resposta de ações em caso de derrames de óleo e fazem parte dos Planos Individuais de Emergência e os planos de área além de serem requisitos obrigatórios em vários processos de licenciamento ambiental. Este trabalho traz um panorama geral sobre a implantação e importância das Cartas SAO e sua distribuição no Brasil. ABSTRACT - An oil spill can cause negative effects to the environment affecting the fishing industry, recreation and many people. Such situations are easier to solve when there is a contingency plan. ESI Maps emerged in order to be important tools in response to actions in the event of oil spills and are part of individual plans and emergency plans for the area and they are mandatory requirements in several environmental licensing processes. This article presents an overview of the implementation and importance of the ESI Maps and their distribution in Brazil. 1 INTRODUÇÃO O Brasil possui 7.367km de costa, sem levar em consideração os recortes litorâneos que ampliam significativamente essa extensão, elevando-a para mais de 8,5mil km. A densidade demográfica média da Zona Costeira é de 87hab/km², cinco vezes superior à média nacional, de 17hab/km². Praticamente metade da população brasileira reside numa faixa de até duzentos quilômetros do mar, o que equivale a um efetivo de mais de 70 milhões de habitantes, cuja forma de vida impacta diretamente os ecossistemas litorâneos. (IBAMA, 2010). Isto é, a integridade ecológica da costa brasileira acaba pressionada pelo crescimento dos grandes centros urbanos e, conseqüentemente, pela poluição, pela especulação imobiliária sem planejamento e pelo enorme fluxo de turistas. Outra ação danosa é o lançamento de esgoto no mar, sem qualquer tratamento, e as operações de terminais marítimos que vêem provocando o derramamento de petróleo, entre outros problemas graves. As Cartas de Sensibilidade Ambiental ao Derramamento de Óleo - Cartas SAO (JENSEN, 1998) surgiram com a finalidade de serem instrumentos importantes na resposta de ações em caso de derrame de óleo. Neste artigo, procura-se concentrar informações sobre a importância das cartas SAO e fazer um levantamento do mapeamento no Brasil, através de pesquisa bibliográfica. 2 DERRAME DE ÓLEO X PLANEJAMENTO 2.1 Panorama Internacional No ano passado, 2009, o volume de óleo derramado no mar, foi o menor da história refletindo justamente uma desaceleração de derrames acidentais que se tem verificado desde o final da década de 70 (ITOPF, 2010). Esta redução pode ser atribuída aos esforços combinados das indústrias petrolíferas e dos governos (Através da Organização Marítima Internacional IMO) para melhorar a segurança é a prevenção da poluição com um maior controle e cuidado nas operações de exploração

e armazenamento do petróleo. Este cuidado também Planos de Emergência Individual (PEI) das instalações reflete um aumento no nível da responsabilidade que manuseiam óleo, situadas em uma mesma área, onde ambiental, com uma cobrança cada vez maior da haja concentração de portos organizados, instalações sociedade. portuárias ou plataformas e suas respectivas instalações O planejamento é essencial para o sucesso de de apoio. Os PEI visam aperfeiçoar, facilitar e ampliar a qualquer operação, especialmente em caso de resposta ao capacidade de resposta aos incidentes de poluição por derramamento acidental de óleo. Um derrame de óleo óleo, como também orientar as ações necessárias. Sob pode causar efeitos negativos para o meio ambiente coordenação do órgão ambiental competente (Ministério afetando a pesca, a indústria, o lazer e muitas pessoas. do Meio Ambiente), os responsáveis pelas instalações Tais situações são mais fáceis de resolver quando existe elaboraram os PAs, a partir dos PEI, em articulação com um plano de contingência bem elaborado. instituições públicas e privadas. Em 1995 a Organização Maritima Internacional As Cartas de Sensibilidade Ambiental ao (IMO) adotou a implantação de um Plano Nacional de Derramamento de Óleo - Cartas SAO fazem parte dos Contingência como uma obrigação aos países signatários Planos Individuais de Emergência e Planos de Áreas e são da Convenção Internacional sobre Preparo, Resposta e elementos importantes na orientação de ações de resposta Cooperação em Caso de Poluição por óleo (OPRC-90). O a derramamentos de óleo, como estradas de acesso à Plano de Contingência (PC) define a estrutura costa, aeroportos, heliportos e helipontos, rampas para organizacional, os procedimentos e os recursos barcos e atracadouros, padrões de circulação oceânica e disponíveis para resposta a eventos de poluição por óleo costeira, identificação de fontes ponteciais de poluição no mar, nos diversos níveis operacionais ou de ações por óleo e derivados além de possuírem um enorme requeridas seja local, regional ou nacional (SOUZA potencial no planejamento ambiental da zona costeira e FILHO et al, 2005) marinha. 2.2 Plano de Contingência no Brasil Em janeiro de 2000 um vazamento de 1,3mil m 3 de óleo na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, causou grandes danos aos manguezais, às praias e à população de pescadores da região. A partir deste acidente o Brasil iniciou ações para prevenção e resposta aos derramamentos de óleo. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão responsável em propor estratégias e diretrizes de políticas governamentais para a gestão do meio ambiente e dos recursos naturais, estabeleceu a resolução 265, em 27 de janeiro de 2000. A resolução define providências preventivas para o controle da poluição decorrente das atividades petrolíferas em todo o território nacional. A Lei nº. 9.966/00, conhecida como lei do óleo e substâncias nocivas, de 28 de abril de 2000 determina a elaboração dos Planos de Emergência Individuais (PEI) e estabelece os princípios básicos a serem obedecidos na movimentação de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em portos organizados, instalações portuárias, plataformas e navios em águas sob jurisdição nacional. A Resolução CONAMA 293, de 2001 estabelece o conteúdo mínimo, orienta e determina às autoridades competentes a elaborar ou revisar, no prazo de doze meses, o plano de contingência nacional e os planos de emergências regionais, estaduais e individuais para acidentes ambientais causados pela indústria de petróleo e derivados, para obtenção ou renovação de licença de operação. O Decreto Federal nº 4.871 de 6 de novembro de 2003 dispõe sobre a instituição dos Planos de Áreas (PA) para o combate à poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional. O propósito é integrar e consolidar os 3 CARTAS SAO As Especificações e Normas Técnicas para a Elaboração de Cartas de Sensibilidade Ambiental para Derramamentos de Óleo foram elaboradas pela Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA/MMA) em conjunto com o IBAMA, o responsável direto pelo controle ambiental e também pelo licenciamento das atividades petrolíferas, e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), órgão regulador do setor petrolífero, que consultaram as normas internacionais sobre o tema, em especial as informadas pela Organização Marítima Internacional e pela National Oceanic and Atmospheric Administration NOAA, dos Estados Unidos. Em 2002, as Especificações foram submetidas à avaliação da Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR), com a finalidade de que as Cartas SAO preparadas conforme tal metodologia pudessem ser consideradas documentos cartográficos oficiais brasileiros, de uso obrigatório no planejamento de contingência, na avaliação geral de danos e na implementação de ações de resposta a incidentes de poluição por óleo na zona costeira e nas áreas marítimas sob jurisdição nacional (MMA, 2002). No Brasil as Bacias Sedimentares Marítimas abrangem uma área de 1.550.000 km 2, sendo metade em águas de profundidade em torno de 400 metros e a outra metade em águas profundas, entre 400m e 3.000m. Desta forma, mostrou-se adequado adotar como unidade cartográfica as bacias marítimas. E 2002 foi preparado um Plano Cartográfico para o Mapeamento de Sensibiliade Ambiental ao Óleo da zona costeira e marinha que previu o mapeamento em três níveis

Cartas Estratégicas de abrangência regional em escala na ordem de 1:500.000, representado toda a área de uma determinada bacia, ou de bacias contíguas, em caso de bacias menores; Cartas Táticas, em escala de 1:150.000, para todo o litoral das bacias; Cartas Operacionais ou de detalhe, em escalas entre 1:10.000 e 1:50.000 para locais de alto risco/sensibilidade. Ainda de acordo com as especificações, as Cartas SAO devem atender a todos os níveis de derramamentos de óleo, desde grandes, passando por derrames de porte médio, até incidentes localizados, em pontos específicos da costa. E devem conter 3 (três) tipos de informações principais: Sensibilidade ambiental do litoral ao óleo é definida por um Índice de Sensibilidade do Litoral (ISL), que é estabelecido a partir das características geomorfológicas da costa, com uma escala de valores de 1 a 10 onde quanto maior o valor, maior o índice de sensibilidade; Recursos biológicos sensíveis ao óleo, com informações ao nível de espécie e especial atenção para espécies protegidas, raras, ameaçadas ou em perigo de extinção. Atividades socioeconômicas que podem ser prejudicadas por derramamentos de óleo ou afetadas pelas ações de resposta incluindo áreas de recreação, lazer e veraneio no litoral, áreas de pesca, maricultura, entre outros. O ISL resume a informação e sinaliza parte do quadro ambiental, necessitando complementação com informações sobre os recursos biológicos e os aspectos socioeconômicos da área. Por exemplo, um costão rochoso exposto classificado como ISL 1 pode abrigar uma colônia de aves marinhas de alta sensibilidade. Uma praia arenosa classificada como ISL 3 pode ter elevada importância turística, ou para desova de tartarugas marinhas, em certas épocas do ano. Estas informações elevam a prioridade de proteção nos processos de planejamento de contingência e nas operações de combate a derrames de óleo já que a presença de recursos biológicos, em momentos diversos de seus ciclos de vida, e o uso humano dos recursos costeiros (atividades socioeconômicas) poderão potencializar a sensibilidade de segmentos específicos do litoral. Desta forma, as Cartas de Sensibilidade Ambiental para Derramamentos de Óleo são utilizadas nas seguintes situações principais: Planos de contingência no planejamento de prioridades de proteção, estratégias de contenção e limpeza/remoção, e quantificação dos recursos necessários ao combate a derramamentos; Operações de combate a derramamentos de óleo possibilitando a avaliação geral de danos e facilitando a identificação dos locais sensíveis, rotas de acesso, áreas de sacrifício e quantificação/localização de equipamentos de resposta; Planejamento ambiental na avaliação de recursos que possam estar em perigo, podendo ser um componente valioso de um estudo de impacto ambiental, auxiliando na definição de locais de instalação de empreendimentos para a indústria de petróleo. De modo mais específico, reforça os instrumentos políticos e administrativos de ordenamento territorial Há uma série de exigências, para uma carta ser compreensível e fácil de usar. A completa execução das exigências envolve a tomada de decisões sobre quais informações incluir, e quais práticas cartográficas utilizar para apresentar as informações com clareza. As exigências, de acordo com o MMA, são: As cartas precisam conter uma mensagem clara e não devem exigir conhecimento especializado para serem entendidas e interpretadas; Não devem ser sobrecarregadas e só possuir informações relevantes, para evitar confusões; Não devem dividir as características naturais. Por exemplo, uma baía ou estuário deve ser mostrado em uma única carta; Devem usar símbolos convenientes, que não conflitem e nem induzam mensagens erradas; Devem ser construídas em uma escala conveniente, de acordo com a precisão dos dados disponíveis; Devem apresentar com clareza a escala, orientação, legendas, simbologia utilizada, autor ou fonte, data de produção e título; Devem incluir um índice de localização para mostrar a relação entre a subárea representada e a área como um todo. Um requisito cartográfico importante das Cartas SAO é a padronização do índice de sensibilidade, da simbologia, terminologia e outros procedimentos técnicos empregados na construção das cartas, tendo como grande vantagem a possibilidade de se comparar cartas de distintas áreas e a facilidade de seu uso por equipes de órgãos e nacionalidades diversos. 4 AS CARTAS SAO NO BRASIL A Petrobras, desde o início da década de 90, tem procurado incorporar as Cartas SAO em seus planos de contingência, o seu primeiro mapa de sensibilidade, contemplou áreas de influência das atividades da Bacia de Campos (RJ) em 1993 e foi aperfeiçoado e relançado em

2000. Em 1998, foram concluídos os mapas de sensibilidade preliminares em Tramandaí, São Francisco do Sul e Paranaguá. Em 2000 foi iniciado o mapeamento ambiental do litoral de Sergipe e atualmente está sendo ampliado, para contemplar mais cem quilômetros de extensão de linha. Ainda no ano de 2000 foram elaborados mapas de sensibilidade de vinte e uma áreas de influência dos terminais da TRANSPETRO (que atende às atividades de transporte e armazenamento de petróleo e derivados, álcool, biocombustíveis e gás natural), desde o Rio Grande no Rio Grande do Sul até Coari no Amazonas (Araújo, 2004). Bacias do Ceará-Potiguar O atlas das bacias contíguas do Ceará e Potiguar foram escolhidas como piloto pelo MMA. Foram elaboradas uma Carta SAO estratégica na escala de 1:650.000, oito Cartas SAO táticas na escala de 1:150.000 e dez Cartas SAO operacionais nas escalas de 1:50.000 e 1:60.000. Figura 2 Articulação das cartas SAO da Bacia Marítima de Santos. Fonte: Atlas de Sensibilidade Ambiental ao óleo da bacia marítima de Santos Bacias de Sergipe-Alagoas e Bacia Pernambuco- Paraíba. Cabral (2007), apresentou resultados parciais para o mapeamento das bacias de Sergipe- Alagoas/Pernambuco-Paraíba. Foram elaboradas 7 cartas táticas na escala 1:150.00, além da carta estratégica na escala 1:750.000 e 6 cartas operacionais na escala de 1:50000. (Figura 3) Figura 1 Articulação das cartas Táticas das Bacias Ceará-Potiguar. Fonte: Atlas de Sensibilidade Ambiental ao óleo das bacias marítimas do Ceará e Potiguar Bacia de Santos A Bacia Marítima de Santos limita-se ao Norte pelo município de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e ao Sul pelo município de Laguna, em Santa Catarina (Figura 2). O atlas de sensibilidade da bacia de Santos contém Cartas de Sensibilidade Ambiental ao derramamento de Óleo (Cartas SAO), com informações sobre o ecossistema e a ocupação de todas as regiões da bacia. A Carta Estratégica foi elaborada na escala de 1:850.000. Dez cartas táticas na escala de 1:150.000 e trinta e três cartas SAO operacionais na escala de 1:50.000 que apresentam a classificação detalhada dos índices de sensibilidade do litoral. Figura 3 - Articulação da carta estratégica e das cartas táticas nas bacias de Sergipe-Alagoas e Pernambuco- Paraíba. Fonte: Cabral (2007) Litoral de Pernambuco O litoral pernambucano está inserido nas bacias marítimas de Pernambuco-Paraíba e Sergipe-Alagoas,

totalizando 187km de extensão, limitados ao Norte pelo estado de Santa Catarina, foi mapeada também em 2006 Rio Goiana e a Sul pelo Rio Persinunga. Para o litoral, (Oliveira 2006). O mapeamento das margens da Lagoa cartas nas escalas estratégica de 1:750.000 e tática na dos Patos foi realizado entre 2004 e 2006 (Oliveira 2004), escala de 1:150.000 se encontram em fase de finalização (Carvalho 2005) e (Lacerda 2006). (Cabral et al., 2007). Cartas em escala operacional, no entanto, existiam apenas para duas áreas: os portos de 5 CONCLUSÕES Recife e Suape na escala de 1:50.000. Considerando todo o incremento de transporte de cargas ao longo do litoral, principalmente com a implantação da Refinaria do Nordeste e considerando a importância do litoral pernambucano como habitat de espécies silvestres, além das atividades econômicas relacionada à pesca e ao turismo, foi necessário a ampliação deste mapeamento. Para tanto, foram elaboradas 81 Cartas SAO operacionais na escala de 1:10.000. (Figura 4) Figura 4 Articulação das Cartas Operacionais no Litoral de PE. Litral do Rio Grande do Sul As Cartas de Sensibilidade Ambiental já foram elaboradas para toda a costa do Rio Grande do Sul e para as margens da Lagoa dos Patos por bolsistas do PRH 27, Programa de Recursos Humanos para Indústria do Petróleo. Em 2006, foi mapeada a porção Sul da costa, que se limita ao Sul com a Barra do Chuí, divisa com o Uruguai e ao Norte com a Barra da Lagoa do Peixe (Freire 2006). A porção norte do estado, entre a barra da Lagoa do Peixe e o município de Torres, divisa com o As Cartas SAO além de serem utilizadas no planejamento de contingência e na implementação de ações de respostas em caso de derrames de óleo, também são requisito obrigatório para vários processos de licenciamento ambiental Muitas organizações estão cada vez mais investindo no controle e monitoramento dos impactos gerados sobre o meio ambiente, provenientes de suas atividades, produtos e serviços. A Companhia Petrolífera, por sua vez, torna-se ainda mais competitiva quando agrega valores aos seus serviços e produtos, o que pode ser alcançado com indicadores de desempenho ambientais, ferramenta fundamental para a tomada de decisão e demonstração do seu comprometimento ambiental. Dentro deste panorama a Petrobras e o MMA definiram um Protocolo de Intenções com a finalidade de complementar o plano cartográfico para o Mapeamento de Sensibiliade Ambiental ao Óleo da zona costeira e marinha que inclui o mapeamento de outras três bacias, a Foz do Amazonas, Pará-Maranhão-Barreirinhas e Pelotas. Além de, segundo o MMA, estarem em fase de preparação os atlas do Sul da Bahia, Espírito Santo e de Campos. Das informações pesquisadas, observou-se que no estado do Rio Grande do Sul o PRH 27, Programa de Recursos Humanos para Indústria do Petróleo e os alunos da FURG (Universidade Federal de Rio Grande), foram responsáveis pelo mapeamento da zona costeira no estado, mas em seus trabalhos não possuiam informações das escalas dos mapas de sensibilidade ambiental elaborados por eles. Muito trabalho ainda pode ser feito para que todo o litoral brasileiro seja mapeado e as parceiras entre instituições de ensino e empresas interessadas é muito importante. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a estrutura oferecida pelo Laboratório de Tecnologias da Geoinformação LaTecGeo do Departamento de Engenharia Cartográfica da Universidade Federal de Pernambuco. REFERÊNCIAS ARAÚJO, S.I de, et al. Mapas de Sensibilidade Ambiental a derramamentos de óleo no Sistema Petrobras. Anais - I I Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 10 a 12 de novembro de 2004

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