PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM SANEAMENTO - PEAMSS
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1 PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM SANEAMENTO - PEAMSS Anja Meder Steinbach Bióloga Mestre em Desenvolvimento Regional Fundação Agência de água do Vale do Itajaí Camila Schreiber Bióloga Mestre em Engenharia Ambiental Fundação Agência de água do Vale do Itajaí ARTICULAÇÃO DA POLÍTICA DE SANEAMENTO COM A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Na medida em que os serviços de saneamento estão relacionados de forma indissociável à promoção da qualidade de vida, bem como ao processo de degradação ambiental, é imprescindível desenvolver ações educativas que possibilitem a compreensão sistêmica que a questão exige e estimule a participação popular, articulada e consciente, no enfrentamento a essa problemática. Com este intuito foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental e Mobilização Social em Saneamento PEAMSS. Trata-se de um Programa orientador e instrumentalizador da articulação entre órgãos, instituições e pessoas que atuam no desenvolvimento de ações de educação ambiental em saneamento, dentro da demanda dos programas e investimentos do Governo Federal. O programa é resultado da parceria entre os Ministérios das Cidades, da Educação, de Integração Nacional, de Saúde e Caixa Econômica Federal, por meio do GT de Educação Ambiental e Mobilização Social em Saneamento. Este GT elaborou a Instrução Normativa nº 3, de 31 de agosto de 2007 e outras instruções normativas do Ministério das Cidades, que asseguram que de 1 a 3% dos recursos investidos pelo Programa de Aceleração do Crescimento no âmbito do Saneamento PAC SANEAMENTO sejam destinadas a ações socioambientais gestadas de acordo com as práticas de educação ambiental. O orçamento do saneamento básico no Brasil tem, basicamente, três fontes de recursos: o Orçamento Geral da União, a Caixa Econômica Federal com Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) por meio de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Os dois últimos se enquadram na lista de recursos onerosos (empréstimos).
2 Existem, ainda, os recursos dos próprios estados e municípios. De 2004 a 2007, foram desembolsados pelo governo federal R$ 6,3 bilhões para a área de saneamento. Santa Catarina foi o estado da Região Sul que recebeu menos recursos advindos do FGTS Caixa Econômica Federal. Tal fato pode estar relacionado com o não cumprimento de condicionantes impostas pela CAIXA à Companhia Catarinense de Águas e Saneamento CASAN e aos municípios catarinenses para obtenção destes recursos ou estar ligado ao fato de Santa Catarina, no caso as empresas prestadoras de serviço, não apresentarem projetos a serem executados em curto espaço de tempo. Para o ano de 2008 o Programa previu investimentos na Região Sul em Saneamento da ordem de três bilhões de reais. Para o Vale do Itajaí mais de cento e vinte milhões de reais foram previstos. Mas, para o investimento deste recurso para os fins a que é destinado, as concessionárias de saneamento devem apresentar projetos que contemplem as exigências da Caixa Econômica Federal. Entre elas a implantação de programas de educação ambiental para o saneamento. O PEAMSS, além de definir linhas gerais conceituais e propor orientações para a prática no sentido de promover o fortalecimento das articulações nas ações de educação ambiental em saneamento, pretende fomentar a participação da sociedade na gestão local das políticas públicas. Trata-se, portanto, de um convite à participação popular, que vai ao encontro da regulamentação e implantação das diretrizes nacionais para o saneamento básico e a respectiva política federal do setor, através do seu marco regulatório estabelecido pela Lei Federal n o 11445/07 (Lei de Saneamento), que tem como objetivo estratégico a universalização do serviço de saneamento e a participação efetiva da sociedade no controle social das ações deflagradas.
3 Cidades Educação Meio Ambiente PEAMSS Integração Saúde Figura 1 - Ministérios envolvidos no PEAMSS O desafio do PEAMSS é integrar diferentes práticas e diversos pontos de vista dos cinco ministérios envolvidos: Cidades, Meio Ambiente, Educação, Saúde, Integração Nacional, em parceria com a Caixa Econômica Federal, a Fundação Oswaldo Cruz e a FUNASA. O programa visa promover o desenvolvimento e a importância da EA e da mobilização social em saneamento, de modo que se consolidem iniciativas continuadas e transformadoras que contribuam para o controle social, a universalização do saneamento e a construção de sociedades sustentáveis. Este programa converge com a materialização da EA proposta pela PNEA (Lei 9.795/99) com uma metodologia pró-ativa, onde sensibilização não basta, é preciso formar pessoas questionadoras pró-ativas. O processo de educação ambiental, em sua vertente transformadora, se dá no momento em que a população, ao olhar de forma crítica para os aspectos que influenciam sua qualidade de vida, reflete sobre os fatores sociais, políticos e econômicos
4 que originaram o atual panorama, e busca atuar de forma engajada no seu enfrentamento. Para que a participação e o controle social na gestão do bem público como estratégia de comprometimento da sociedade no processo de transformação de sua realidade aconteçam é necessário que cada ator social (gestor, parlamentar, técnico em saneamento ambiental, educador e agente ambiental, instituição de ensino superior, de ensino técnico e de pesquisa, escola, sociedade civil organizada, comunidade, etc) conheça o papel a desempenhar para colaborar na implantação de ações de Educação Ambiental e Mobilização Social. Promover a EA Sociedades sustentáveis Consolidar iniciativas continuadas e transformadoras Exercer o controle social Figura 2 - Desafios do PEAMSS A intervenção que articula a iniciativa do poder público com a real necessidade da comunidade a ser beneficiada vai além das obras de engenharia ligadas ao saneamento, pois, desenvolve um trabalho que as precede pelo estímulo da participação social de forma continuada, atuante e sustentada na mudança de atitudes e valores. A educação ambiental proposta pelo PEAMSS caracteriza-se por fomentar o olhar atento e crítico da realidade; a necessidade de articulação entre os diversos atores sociais envolvidos; a busca de emancipação que promova a continuidade das ações deflagradas e o empoderamento dos atores sociais; a Educomunicação (processo pelo qual se busca agregar conhecimento construído coletivamente para a comunidade fundamental que utilize linguagem acessível de acordo com as peculiaridades locais). O
5 desafio é formar pessoas que nem sempre estão nos espaços de formação, mas são tomadores de decisão. Entre as diretrizes, destacam-se (a) incentivo ao uso de tecnologias sociais sustentáveis em saneamento; (b) incentivo à gestão comunitária, escala local e direito à cidade; (c) promoção da compreensão das dimensões da sustentabilidade em saneamento (ambiental, política, econômica, social e cultural); (d) respeito ao regionalismo e culturas locais; (e) incentivo à participação e mobilização social. São cinco os eixos estruturantes do programa e estas linhas de ação compreendem, cada uma, um conjunto de estratégias: 1. Gestão e planejamento de EA em Saneamento: articulação dos atores sociais e do governo. Do planejamento à implementação de ações de EA e de Saneamento 2. Formação Continuada de Educadores Ambientais Populares: desenvolvimento de processos formativos para promover o empoderamento dos atores sociais 3. Informação e Educomunicação Socioambiental: educação e comunicação com o uso de diferentes meios e instrumentos 4. Apoio Institucional e Financeiro às Ações de Educação Ambiental e Mobilização Social: definição de recursos para a implementação do PEAMSS 5. Monitoramento e Avaliação: avaliação periódica a fim de possibilitar novos direcionamentos para o Programa. Para implementar o plano de atuação do PEAMSS é portanto de fundamental importância a organização comunitária para a participação social; o planejamento do diagnóstico participativo; a elaboração e um plano de intervenção participativo (planejar a partir dos desafios o processo de intervenção prático, sistematizar causa e efeito); o monitoramento e avaliação do processo (criar indicadores para avaliar as mudanças e rever as lacunas); a sistematização do processo e a organização social (essencial para exercer o controle social). REFERÊNCIAS Programa Nacional de Educação Ambiental e Mobilização social em Saneamento. Caderno metodológico para ações de educação ambiental e mobilização social em saneamento. Grupo de Trabalho Interinstitucional de Educação Ambiental e Mobilização Social em Saneamento: Brasília, SECRETARIA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Ministério das Cidades. Investimentos PAC Brasília, SNIS. Programa de Modernização do Setor Saneamento. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: diagnóstico dos serviços de água e esgotos Brasília ABES. Saneamento em SC X Investimento PAC. Florianópolis, 2008.
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