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Transcrição:

Antes de mais gostaria, Sr. Presidente, de desejar-lhe os maiores sucessos no exercício das suas funções, bem como ao jovem IX Governo Regional dos Açores que agora inicia o seu mandato. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sra. e Srs. Membros do Governo: O desenvolvimento sustentado e sustentável de um país, região ou comunidade, só é possível quando gerado num núcleo matricial estruturante constituído pela Educação, onde se inserem a escolaridade e formação profissional, e pela Saúde, cujo objectivo não é só melhorar saúde das pessoas e da comunidade, mas, também, prevenir contra o custo financeiro da doença. Assim, ao se eleger alguns sectores como prioritários para se dar continuidade ao crescimento económico e ao desenvolvimento dos Açores, como o Agrícola e o do Turismo, sectores essências da economia açoriana, como vem referido no Programa do IX Governo Regional dos Açores, agora em debate, assenta nessa realidade inquestionável. Ao longo do século XX os sistemas de saúde tiveram um papel importante no aumento da esperança de vida, tendo contribuído para melhorar a saúde e bem-estar de biliões de homens, mulheres e crianças no mundo. Este facto, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no seu relatório de 2000, levou a que a esperança de vida à nascença a nível mundial, que era de somente 48 anos, há meio século, passasse para 66 anos, em 2000. E que, na Europa dos quinze, em 2001, era já de 78 anos, em Portugal de 76,5 anos, e nos Açores de 73,6 anos; Porque muitas vezes se fala de ânimo leve das questões relacionadas com o financiamento da Saúde, é bom lembrar que os Sistemas de Saúde têm sido ainda alvo de uma transferência maciça do esforço económico da má saúde. Até há pouco tempo essa carga manifestava-se sobretudo por uma baixa

produtividade na medida que as pessoas morriam jovens, ou ficavam doentes e restabeleciam-se sem condições (má saúde) para trabalhar com pleno rendimento. O sucesso no prolongamento da vida e na redução das incapacidades têm levado os sistemas de saúde a assumirem esse esforço crescente através dos custos dos medicamentos e na luta contra doenças como a diabetes, hipertensão, cardiopatias, que permitem às pessoas continuarem activas e produtivas. Actualmente, os sistemas de saúde representam um dos principais sectores da economia mundial. Em 1997,as despesas consagradas aos cuidados de saúde a nível mundial eram à volta de $2.985 mil milhões, ou seja 8% do produto interno bruto a nível mundial, e a Organização Internacional do Trabalho estimava a existência de 35 milhões de agentes de saúde efectivos no mundo. Estamos a reportar - nos a dados relativos a 1997! Ainda de acordo com o mesmo relatório da OMS, o aumento dos recursos utilizados pelos sistemas de saúde é em parte uma simples transferência de fundos que se destinam a repor, antecipadamente, as perdas económicas devido à doença e às mortes prematuras. Na nossa opinião, a transferência desta pequena fatia da riqueza não deveria ser encarada como uma mera despesa corrente, com toda a carga pejorativa que muitas vezes lhe é atribuída, mas antes, como um investimento, já que se trata de um Sector, tal como a Educação, que visa o desenvolvimento e equilíbrio das pessoas, enquanto sujeitos e predicados da própria acção política na sua globalidade. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr., Presidente do Governo Regional, Sra. e Srs. Membros do Governo:

A Saúde é um direito constitucionalmente instituído e um bem fundamental que difere de todos os outros, na medida em que o nosso corpo é diferente de todas as outras coisas que reivindicamos como nossas. Não há dúvidas que podemos perder uma casa, um automóvel mas não podemos conceber a ideia de uma pessoa desencarnada. Esta é uma das razões porque os seguros de doença são muito mais complexos do que todos os outros seguros: se um carro vale 10 000 euros, e a reparação de uma avaria custa 15000 euros, o Seguro não reembolsa mais do que os 10 000 euros. Em Saúde, porque não é possível substituir o corpo, é também impossível fixar um limite para as despesas de saúde. Também é sabido que o progresso tecnológico da medicina, ao contrário do que sucede noutros sectores económicos, não leva ao aumento da produtividade, ou seja, não tem possibilitado efectuar mais cuidados de saúde, nem levado a uma diminuição dos seus custos, já que esse progresso consubstancia-se na maior parte das vezes na criação de novos produtos, quase sempre mais caros e alguns extremamente caros, e que na maior parte das vezes não substitui os anteriores, antes concorrem em acumulação. Todos sabemos que as ecografias não substituíram os Rx convencionais, nem estes foram substituídos pelas tomografias axiais computorizadas (TCS) e assim sucessivamente com outros equipamentos, técnicas e tecnologias. Estes factos acentuam os diversos desajustes das leis do mercado, como os riscos subjectivos e as informações inexactas ou tendenciosas, e explica porque o mercado funciona pior na saúde do que para outros bens, e fornece algumas das razões porque devem os Estados ter um papel essencial nesse Sector papel que o IX Governo da Região Autónoma dos

Açores, e terceiro do Partido Socialista, continua a assumir na sua plenitude. O Programa do Governo, agora em debate, e no que respeita à Saúde, tem em conta esses pressupostos e a sua importância no desenvolvimento integrado da Região. Os seus objectivos estratégicos sustentam-se na componente ideológica nascida do entrecruzamento da primeira Constituição da República Portuguesa, pós 1974, e da Lei Arnault de 1979, de cunho indelével do Partido Socialista, resistente, até hoje, a todas as investidas oportunistas da direita liberal no que concerne aos seus princípios. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Presidente do Governo Regional, Sra. e Srs. Membros do Governo: A melhoria da saúde dos açorianos, constatada através dos indicadores de saúde, a melhoria das respostas da oferta procurando ir ao encontro das expectativas das pessoas, e a protecção financeira contra os custos de uma má saúde, através de um Sistema Regional de Saúde sustentado num Serviço Regional de Saúde, baseado num seguro obrigatório, pago previamente com os impostos a que todos estamos obrigados, é a essência, o núcleo, onde se enxerta a política de Saúde do IX Governo Regional, onde se podem ver contempladas as questões que devem mobilizar os agentes relacionados com a sua operacionalidade e respectiva agenda para os próximos 4 anos. As estratégias para a Saúde consagradas no Programa do IX Governo Regional a desenvolverem-se através das medidas preconizadas para cada um dos seus objectivos, visam, na sua essência, a concretização da missão do SRS, que é, em última estância, a melhoria da saúde dos açorianos.

É através do desenvolvimento do sistema de cuidados integrados e sua gestão on line, do acompanhamento da introdução das novas técnicas e tecnologias nas intervenções de cuidados de saúde, da maximização da utilização dos recursos disponíveis, e, ainda, do exercício de tutela, concretizado no acompanhamento rigoroso e controlo da gestão económico-financeira do Sistema, da responsabilidade da Saudaçor, que se poderá responder aos desafios da eficiência e efectividade desses mesmos cuidados de saúde. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Presidente do Governo Regional, Sra. e Srs. Membros do Governo: A bondade dos objectivos e respectivas medidas contidas no Programa do IX Governo Regional dos Açores no que à Saúde respeita, e a concomitante exigência de rigor nas suas concretizações, são tarefas complexas por a sua abrangência se localizar em esferas tão diversas como a da prestação de cuidados, a produção de recursos humanos e físicos necessários aos seus fins, o financiamento, e a sua administração geral. Concerteza que estas dimensões obrigam a um esforço colectivo para a sua compreensibilidade, a um olhar político acutilante e alargado na sua percepção e apreciação, e uma exigência de rigor na sua concretização. Estou certa que todos os seus actores estão prontos a corresponder a estes desafios, em prol do desenvolvimento dos Açores e da saúde de todos os açorianos. Disse!