Ativo Intangível: um fator competitivo entre as empresas (junto com Andréa Alves Silveira Monteiro)



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Transcrição:

Ativo Intangível: um fator competitivo entre as empresas (junto com Andréa Alves Silveira Monteiro) Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis v.4 n 1 1999 1 - INTRODUÇÃO A cada semana ocorrem em média 200 fusões e aquisições em todo o mundo. Segundo uma reportagem recente da Revista Você S/A, no ano passado, as fusões e aquisições movimentaram no mundo algo em torno de 2,4 trilhões de dólares. O mercado nacional e internacional, acredita que o movimento de fusões e aquisições vai continuar crescendo. Para os investidores, já não basta a aquisição isolada de Ativos tangíveis. Atualmente, uma empresa tem sua avaliação respaldada em sua marca, sua reputação, sua carteira de clientes e outros fatos abstratos que resultem em forte competição no mercado e em um potencial de lucros futuros acima do esperado. Neste ambiente, a contabilidade tem como desafio o tratamento a ser dado aos Ativos Intangíveis. O uso de informações contábeis é importante, mas, insuficiente para avaliar uma empresa. Todos os dias empresas são compradas e vendidas por valores absolutamente distintos daqueles existentes no seu Patrimônio Líquido. Ações de empresas em toda parte do mundo são negociadas nas Bolsas de Mercados por valores distintos daqueles existentes nas Demonstrações Contábeis. Empresas com prejuízos acumulados são valorizadas por milhões de dólares. Empresas que nem se quer fisicamente existem valem milhões. Porque ocorre esta diferença? O que representa o valor pago por um empreendimento? Como exemplo, podemos citar a incorporação da indústria de alimento KRAFT (queijos, sorvetes, etc.) pela Philip Morris, uma negociação de 10 bilhões de dólares, quando a contabilidade registrava um patrimônio físico no valor de 1 bilhão de dólares. A diferença de 9 bilhões foi associada a Ativos Intangíveis. Outro caso foi quando a UNILEVER, em 1997, comprou a KIBON. Apesar da negociação ter atingindo a importância de 930 milhões de dólares, seu patrimônio físico estava

contabilizado por menos de 30% deste valor. Conforme citado pelo professor Alfred Rappaport de Northwestern: "À medida que nos transformamos numa sociedade cada vez mais informação-intensiva, o patrimônio contábil dos acionistas está se distanciando cada vez mais da maneira pela qual o mercado avalia uma empresa" 1. Esta citação não é nenhum espanto para qualquer um de nós quando nos deparamos todos os dias com as empresas virtuais na Internet, com os valores estratosféricos alcançados em bolsas pelas grandes marcas, com milhões de dólares sendo negociados em licenciamento de programas, franquias de atletas e softwares. Sim, cada vez mais nosso mundo é intangível. 2 - ATIVO INTANGÍVEL 2.1 - Conceito e Reconhecimento Segundo Hendriksen 2, os Ativos Intangíveis surgem com a aquisição de direitos e serviços. Ativo Intangível são direitos ou recursos incorpóreos que se presume representar uma vantagem para a posição de uma sociedade no mercado, gerando benefícios econômicos futuros prováveis e obtidos ou controlados por dada entidade em conseqüência de transações ou eventos passados. Tais Ativos incluem, como exemplos, Direitos Autorais, Patentes, Marcas, Fundo de Comércio, Programas de Computador, Licenças, Locações, Franquias, Permissões de Exploração e Permissões de Importação e Exportação Um Ativo Intangível, para ser reconhecido deverá atender as mesmas condições de um Ativo Tangível, a saber: Corresponder a uma definição apropriada; Ser mensurável; Ser relevante; e Ser preciso. 1 NORTHWESTERN, Alfred Rappaport de. 2 HENDRIKSEN E VAN BREDA. Teoria da Contabilidade, 5 a ed. São Paulo: Atlas, 1999, Pág 401

2.2 - Ativos Intangíveis Não Reconhecidos A Ciência Contábil admite dois tipos de Ativos Intangíveis: (a) os Identificáveis e (b) os Não Identificáveis. Os Ativos tornam-se identificáveis quando estão associados a uma descrição objetiva. Em contrário, o Ativo Não Identificável indica, especificamente, que não é possível definir com clareza sua origem. O Ativo Intangível Não Identificável mais conhecido é o Goodwill. 2.2.1 - O Goodwill Atualmente, vários conceitos são associados ao termo "Goodwill": (a) Para o Dictionary of Accounting Terms, Goodwill é: "O valor do nome e da reputação de uma empresa, da sua relação com os clientes e outros fatos intangíveis que resultem e que resolvem um potencial de lucros futuros acima do esperado.". (b) Para Monobe: "Goodwill não é um Ativo independente como um Ativo tangível qualquer, que pode ser vendido ou trocado. Ao contrário, trata-se de um valor ligado à continuidade da empresa, representando o excesso do valor dos seus Ativos combinados, sobre a soma dos seus valores individuais." 3. Em um processo de avaliação de uma empresa no mercado, todos os esforços são realizados para que toda a diferença entre o valor contábil de uma empresa e seu valor de mercado sejam alocados e identificados em seus Ativos Intangíveis mais apropriados. No entanto, ainda assim, uma empresa poderá ser negociada por valor superior àquele avaliado, gerando um resíduo (não identificado). Esta diferença é em que se consiste o Goodwill. Logo, podemos conceituar o termo Goodwill, objetivamente, como: 3 MONOBE, Massanori. Contribuição à mensuração e contabilização do Goodwill não adquirido. Tese de Doutoramento, FEA -USP, São Paulo, 1986

O resíduo positivo entre o valor de mercado e o valor identificável de uma empresa. Em síntese, por ser um valor residual o Goodwill só é explicitamente determinado no efetivo momento da compra da empresa quando é, então, chamado de Goodwill Comprado. Empresas e acionistas no mundo inteiro acreditam quanto a existência e a importância deste Ativo Intangível, porém os procedimentos contábeis ainda estão longe de um consenso. Segundo Professor Eliseu Martins 4 em sua Tese de Doutoramento em 1972, os primeiros estudos sobre o termo Goodwill datam de 1891, no entanto, ainda há muitas dúvidas e controvérsias sobre sua natureza, conceito, mensuração e amortização. Segundo Ana Cristina França de Souza 5, atualmente, existem correntes a favor e contra da contabilização de toda a natureza dos Ativos intangíveis. Correntes a favor alegam: As empresas estão sendo vendidas cada vez menos pelos Ativos tangíveis; Necessidade de transformar o balanço em ferramenta gerencial; O acompanhamento dos valores de Ativos intangíveis contabilizados orienta e justifica os investimentos de longo prazo; Contabilidade vem do século 19 e ignora a modernidade e complexidade Correntes contra alegam: Por princípio, o custo corrigido histórico é a base de valor para relatórios financeiros e contábeis; Os balanços não têm função de medir valor, mas sim o mercado; Duas empresas idênticas se mostrariam diferentes; Processos de avaliação ainda subjetivos. 4 MARTINS, Eliseu. Uma Contribuição ao Estudo do Ativo Intangível. Tese de Doutoramento, FEA -USP, São Paulo, 1972, pág 55 5 SOUZA, Ana Cristina França de. Avaliação de Propriedade Intelectual e Ativos Intangíveis, Artigo, Revista ABPI, nº 39, Mar/Abr de 1999, pág 9

das empresas atuais. 2.2.2 - Avaliação dos Ativos Intangíveis Não Identificáveis (Goodwill) Não há dúvidas de que o grande problema dos Ativos Intangíveis Não Identificáveis é a subjetividade da avaliação. Este aspecto tem recebido atenção especial. Hendriksen 6 e Van Breda, afirmam que há três enfoques principais no que se refere a sua avaliação do Goodwill. 1. Por meio da avaliação de atitudes favoráveis em relação à empresa; 2. Por meio do valor presente da diferença positiva entre lucros futuros esperados e o retorno considerado normal sobre o investimento total, não incluindo Goodwill; 3. Por meio de uma conta geral de avaliação a diferença entre o valor da empresa em sua totalidade e as avaliações de seus Ativos líquidos tangíveis e intangíveis individuais. (a) Avaliação de Atitudes Favoráveis em Relação à Empresa - Acredita-se que quando o preço de compra de uma empresa em funcionamento supera a soma dos valores de todos os Ativos individuais, exceto Goodwill, a empresa esteja obtendo resultados das práticas de boa gestão e de privilégios monopolísticos dos proprietários anteriores. (b) O Valor Presente de Lucros Superiores - Pressupõe que o Goodwill represente lucros futuros esperados acima daquilo que poderia ser considerado retorno normal. Por exemplo, imagine uma empresa com um valor contábil líquido de $240.000,00. Seu lucro líquido anual é de $60.000,00. Isto representa um retorno de 25% sobre o investimento. Se a taxa normal no mercado é de 10%, um lucro de $60.000,00 significa que os Ativos realmente valem $600.000,00. O excedente de 15% em relação à taxa normal de retorno é atribuível a Ativos intangíveis. Em outras palavras, os intangíveis valem $360.000,00. Se atribuíssemos $240.000,00 aos Ativos identificáveis, o Goodwill valeria a diferença, ou seja, $120.000,00. (c) Goodwill como Conta Geral de Avaliação - Pressupõem que a empresa teria uma conta de fechamento (no Ativo com contrapartida no Patrimônio Líquido). Qualquer valor que persista sem ser alocado é registrado como Goodwill. Quanto

mais Ativos forem identificados, menor será o resíduo de Goodwill. No limite, o Goodwill desaparecerá, sendo substituído por Ativos tangíveis e intangíveis identificados. 2.2.3 - Avaliação do "Goodwill NegAtivo" ou "Badwill" Segundo Hendriksen 7, apesar de raro, uma empresa pode valer menos no mercado que o seu valor Patrimonial. "Pois, se a empresa valesse em conjunto menos do que seus Ativos separadamente, os proprietários anteriores certamente os teriam vendido separadamente e não em conjunto.". O APB 17 sugere que quando o custo de uma empresa adquirida é inferior à soma dos valores de mercado, a diferença deve ser tratada como redução dos valores dos Ativos Não Circulantes. Somente se persistir uma diferença não aplicável é que será divulgado um Goodwill NegAtivo ou Badwill. Fato considerado relativamente incomum. A conclusão é a de que o Goodwill NegAtivo é simplesmente o reverso do Goodwill Positivo. O valor dos Ativos Identificáveis não deve ser reduzido porque esse é seu valor justo. 2.2.3 - Ativos Intangíveis Contabilizados Como Despesas É notório verificar nas Demonstrações Contábeis das empresas que a capitalização de certos valores fica suprimida pelo tratamento dado como despesas à operações que de várias formas estariam caracterizadas como Ativos. Casos em que, conforme o FASB, os custos podem representar direitos a serviços não realizados a serem recebidos de outras entidades. Por exemplo, os custos de propaganda podem estar associados a uma série de anúncios a serem publicados em revistas de circulação nacional em períodos futuros. Tais custos assemelham-se a seguros ou aluguéis pagos antecipadamente. A seguir demonstramos uma quadro 8, que elenca Ativos Intangíveis conhecidos e outros que, são tratados, mais usualmente, como despesas: 6 HENDRIKSEN E VAN BREDA. Ob. Cit., pág 392 7 HENDRIKSEN E VAN BREDA. Ob. Cit., pág 393 8 HENDRIKSEN E VAN BREDA. Ob. Cit., pág 389

INTANGÍVEIS TRADICIONAIS Nomes dos Produtos Direitos de Autoria Compromissos de não concorrer Franquias Interesses Futuros Goodwill Licenças Direitos de Operação Patentes Matrizes de Gravação Processos Secretos Marcas de Comércio Marcas de Produtos TRATADOS COMO DESPESAS Propaganda e Promoção Adiantamentos a Autores Custos de Desenvolvimento de Software Custos de emissão de títulos de dívida Custos Judiciais Pesquisa de Marketing Custos de Organização Custos Pré-Operacionais Custos de Mudança Reparos Custos de pesquisa e desenvolvimento Custos de Instalação Custos de Treinamento Algumas pessoas argumentam que os intangíveis possuem diversas características específicas que os distinguem de Ativos Tangíveis, e que exigem que os Intangíveis sejam tratados diferentemente dos Tangíveis. Três dessas supostas características 9 diferenciadoras seriam: (a) Inexistência de usos alternativos (b) Falta de separabilidade; (c) Incerteza de realização. Embora estas características estejam inerentes a alguns Intangíveis, existem exceções. (a) Como usos alternativos, temos como exemplo, a marca dos tênis NIKE. Nestes últimos anos, ela tem sido explorada em fins diferentes da venda de tênis. A maior parte de renda não advém da venda dos tênis, mas sim, da comercialização do nome NIKE em diversos artigos esportivos - bolas, camisetas, raquetes, tênis e outros. (b) A separabilidade significa a capacidade de separar o Ativo Intangível 9 HENDRIKSEN E VAN BREDA. Ob. Cit., pág 389

dos Ativos Físicos de empresas. Um caso clássico é o Direito de Autoria e Patentes que podem ser comprados ou vendidos separadamente dos recursos físicos da empresa. Uma indústria química pode, perfeitamente, negociar a patente de um remédio sem que tenha que vender a empresa ou sua marca juntamente. (c) A incerteza de realização também não ocorre com todos os Intangíveis. A questão da realização da receita está mais associada a identificação do intangível, do que à incerteza. Se compararmos duas empresas de Auditoria, por exemplo: a primeira não aplica nenhum tipo de treinamento em seus funcionários e não incentiva a educação continuada; a segunda tem treinamento de qualidade contínuo na empresa, seus funcionários fazem benchmarking e estão constantemente aprendendo. A segunda tem maior possibilidade de crescimento. Logo, é sensato capitalizamos o custo de educação e treinamento, uma vez que contribui para trazer benefícios futuros a empresa. 3 - MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE UMA EMPRESA? As metodologias avaliação incluem a Abordagem de Mercado, Abordagem dos Métodos de Custos (custo histórico ou custo de reposição) e Abordagem da Renda. A Abordagem da Renda, está diretamente associada ao conceito de Ativo. Define o valor do Ativo como sendo o valor atual dos benefícios futuros que resultam do seu direito de propriedade. O método da renda é utilizado quando o valor do Ativo intangível não está associado diretamente ao custo de reposição, mas à sua capacidade de gerar rendas futuras a seus proprietários. Dentre as técnicas mais comuns temos: Fluxo de Caixa dos Royaltes - O valor do Ativo é igual ao valor presente do fluxo de caixa descontado, gerado pelo pagamento de Royaltes, derivado de determinado Ativo pelo cliente (caso da NIKE). É muito utilizado para marcas famosas e franquias. Fluxo de Caixa de Over Pricing - O valor do Ativo é igual ao valor presente do fluxo de caixa descontado, gerado pela parcela de acréscimo de preço

de venda de produtos, acima dos valores médios praticados pelo mercado. Fluxo de Caixa Incremental de Maior Lucratividade - O valor do Ativo é igual ao valor presente do fluxo de caixa descontado, oriundo da criação de lucro pelo Ativo ou tecnologia, gerado por maior lucratividade do que a média setorial. 4 - CONCLUSÃO A avaliação global de uma empresa ou negócio reflete todos os Ativos nele contidos. Por esta abordagem, o valor do Ativo é então o valor presente dos fluxo de caixa futuros da empresa ou da linha de negócio, considerados os Ativos tangíveis e intangíveis. Em uma avaliação empresarial, todos os Ativos intangíveis identificáveis são alocados para que possam chegar a um valor de mercado. Apesar da análise das informações existentes, a empresa ainda poderá estar sendo negociada por valor acima ou abaixo do avaliado. Este resíduo, quando positivo, é chamado de Ativos Intangíveis Não Identificados, sendo o mais conhecido o Goodwill. Ainda poderá ocorrer que os valores individuais dos Ativos sejam superiores a sua avaliação em conjunto, neste caso, trata-se do Goodwill Negativo. Objetivamente, pela complexidade de avaliação o Goodwill é evidenciado pela ocasião efetiva da compra de uma empresa. Muitos estudos vem sendo realizados em torno da intangibilidade dos Ativos, mas muito ainda há por fazer, nesta busca de metodologias e instrumentos que possam gerar informações mais apropriadas para o mundo dos negócios virtuais. BIBLIOGRAFIA IUDÍCIBUS, Sérgio de, Teoria da Contabilidade, 5 a ed. São Paulo: Atlas, 1997 MONOBE, Massanori. Contribuição à mensuração e contabilização do Goodwill não adquirido. Tese de Doutoramento, FEA-USP, São Paulo, 1986 MARTINS, Eliseu. Uma Contribuição ao Estudo do Ativo Intangível. Tese de Doutoramento, FEA-USP, São Paulo, 1972 HENDRIKSEN E VAN BREDA. Teoria da Contabilidade, 5 a ed. São Paulo: Atlas, 1999 NORTHWESTERN, Alfred Rappaport de.

SOUZA, Ana Cristina França de. Avaliação de Propriedade Intelectual e Ativos Intangíveis, Artigo, Revista ABPI, nº 39, Mar/Abr de 1999