TÍTULO: USO DA REABILITAÇÃO VIRTUAL PARA MELHORA DO USO DO MEMBRO SUPERIOR PARÉTICO EM HEMIPARÉTICOS CRÔNICOS - ESTUDO DE CASO

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TÍTULO: USO DA REABILITAÇÃO VIRTUAL PARA MELHORA DO USO DO MEMBRO SUPERIOR PARÉTICO EM HEMIPARÉTICOS CRÔNICOS - ESTUDO DE CASO CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FISIOTERAPIA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA AUTOR(ES): ANA PAULA DIAS DE MENEZES, MARIA CAROLINA GOMES INÁCIO, SÍLVIA MOREIRA AMARAL ORIENTADOR(ES): RENATA CRISTINA MAGALHÃES LIMA

RESUMO O acidente vascular encefálico causa inúmeras deficiências na estrutura e função do corpo, dentre elas as relacionadas ao membro superior (MS) contralateral à lesão encefálica gerando limitações no alcance, manipulação e auto-cuidado e restrições nas participações sociais. O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos da reabilitação virtual sobre a funcionalidade do MS de uma idosa com hemiparesia crônica pela aplicação do Motor Activity Log MAL (medida de desempenho unimanual), Wolf Motor Function Test WMFT (medida de capacidade unimanual). E, como desfechos secundários foram avaliados os efeitos sobre a força muscular (Teste de Força Muscular Manual, dinamometria de preensão manual) e a amplitude de movimento passiva (Goniômetro universal), e qualidade de vida (Stroke Specific Quality of Life Scale SSQOL-Brazil). Este trabalho caracteriza-se por ser do tipo estudo de caso com as avaliações ocorrendo no início e final do treinamento. Foi realizado com uma idosa (70 anos) hemiplégica há 11 anos com o lado dominante direito sendo o MS parético, com comprometimento motor moderado pelo Fulg Meyer (44/60). Foram feitas 12 sessões de treinamento, durante de 60 minutos cada utilizando a realidade virtual por meio do vídeo game X-box360 Kinect. Houve melhora na qualidade e quantidade do uso do MS parético pela MAL e pelo WMFT. Houve aumento de força pela dinamometria (de 1Kgf para 4,3kgf no lado parético e 13kgf para 14kgf no não-parético) e pelo TMM (em extensores de cotovelo e rotadores mediais e laterais do MS parético); aumento na ADM de extensão, rotação lateral e abdução do MS parético; melhora da percepção da QV pelo SSQOL (de 97 para 118). Durante os treinos, diante do nível de deficiência e limitação da participante, houve a necessidade do uso do feedback verbal, guia manual, movimentação simultânea do terapeuta e/ou uso do membro não parético para a obtenção de um melhor desempenho e aumento da adesão aos jogos. Pôde se observar que após o protocolo de treinamento houve uma maior atenção ao MS parético pela participante contribuindo para a diminuição do desuso aprendido e melhor uso qualitativo e quantitativo deste membro, com melhora em algumas deficiências em estrutura e função. Possivelmente, para ganhar maior funcionalidade seria necessário um maior número de sessões para promover melhor aprendizagem motora.

INTRODUÇÃO O acidente vascular encefálico (AVE) resulta em inúmeras deficiências na estrutura e função do corpo, dentre elas estão as relacionadas ao membro superior contralateral à lesão encefálica. Essas deficiências acabam gerando limitações nas atividades e restrições nas participações e, em si tratando da funcionalidade do membro superior o impacto dessa condição torna-se mais relevante considerando a importância deste para a execução de atividades diárias como alcance, manipulação e auto-cuidado. Dessa forma, representando um importante impacto na saúde pública brasileira devido sua alta prevalência e associação com elevados índices de mortalidade e incapacidade gerando consideráveis custos para o sistema de saúde, para o individuo e seus familiares. Além de ser considerado a maior causa de incapacidade crônica em países desenvolvidos e em desenvolvimento. (SALIBA et al, 2008) Mais de 80% dos sobreviventes do AVE apresentam hemiparesia e em torno de 70% destes mantêm algum tipo de limitação, sendo uma das maiores queixas desses indivíduos a alteração da função do membro superior (MS) parético, devido à deficiência da destreza durante a execução de atividades de vida diária (AVD). Esta dificuldade de uso pode levar ao aprendizado do não uso, caracterizado pela adoção compensatória de maior uso do MS não parético e diminuição do uso do MS parético, aumentando ainda mais as deficiências e incapacidades desse quadro. (SALIBA et al, 2008; MORAES et al, 2008) Com intuito de reverter ou minimizar este quadro o fisioterapeuta tem um papel fundamental, por ser um dosprofissionais responsáveis pela reabilitação desta população e, consequentemente, pela reabilitação do membro superior (MS) parético, a fim de tornar o individuo o mais funcional possível. Diante disto, a investigações de novas formas de intervenções tornam-se de grande valia, uma vez que dispondo de um maior número de recursos validos para a reabilitação o fisioterapeuta terá a possibilidade de escolher aquele que mais se adequa ao seu paciente, além de, por meio dessas pesquisas ser possível assegurar ou não a eficácia de um recurso que amplamente tem se difundido atualmente na fisioterapia, que é a reabilitação virtual.

E, em si tratando dessa forma de reabilitação por ser um recurso inovador e, por suas características motivacionais e possibilidade de impor certo desafio ao desempenho do participante, constitui-se em um atraente recurso para a reabilitação desta população que após o AVE precisa de um tratamento fisioterapêutico por um período longo de tempo. OBJETIVOS Avaliar os efeitos da reabilitação virtual, utilizando-se da realidade virtual, sobre a funcionalidade do membro superior parético, e sobre a força, amplitude de movimento, e qualidade de vida de uma idosa hemiparética crônica. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de caso com uma idosa, 70 anos, há 11 anos hemiplégica à direita, lado dominante. Esta idosa não apresentava déficit cognitivo, avaliado pelo Mini Exame do Estado Mental MEEM, aplicado na primeira avaliação, no qual obteve pontuação22 para pontuação de corte de 24, não apresentava déficit visual ou auditivo que pudesse comprometer a percepção do feedback fornecido pelo aparelho do treino. Não esteve em tratamento fisioterapêutico nos últimos seis meses, nem é praticante de atividade física, ouapresentou doenças descompensadas como hipertensão arterial e insuficiência cardíaca congestiva que consista em algum fator de risco para a prática de atividades físicas. O primeiro contato com a idosa constou-se da assinatura do termo de consentimento livre esclarecido, da aplicação do MEEM, do preenchimento de uma ficha para identificação e coleta de dados clínicos do participante e aplicação da primeira avaliação com aplicação dos testes para os desfechos primários e secundários. (BERTOLUCCI et al, 1994) Fizeram parte dos desfechos primários a avaliação da habilidade motora do membro superior mais afetado no dia a dia do indivíduo com a utilização da Motor Activity Log MAL que fornece informações sobre o desempenho e utilização espontânea do MS parético. Composto por 30 itens, aplicados sob a forma de entrevista com a

participante, e engloba duas subescalas ordinais para a graduação das atividades uma relacionada à quantidade e outra à qualidade de uso do MS parético. (SALIBA et al, 2008) A capacidade de uso do MS parético foi realizada utilizando-se o Wolf Motor Function Test WMFT composto por de 17 tarefas, com escores qualitativos e quantitaivos. (CAVACO e ALOUCHE, 2010) Como desfechos secundários foram avaliados a força muscular feita pelo Teste de Força Muscular Manual que permite graduar a força muscular em cinco (normal), quatro (bom), três (regular), dois (fraco), um (esboço) ou zero (paralítico) dos seguintes principais grupos musculares: flexores, extensores, abdutores, adutores, rotadores mediais e laterais de ombro; flexores e extensores de cotovelo; supinadores e pronadores de antebraço; e flexores e extensores de punho e dedo; a força de preensão manual utilizando o dinamômetro manual para o testede força dos flexores de dedos considerada uma medida rápida e fácil e poder predizer a recuperação do membro superior parético de hemiplégicoo5; a amplitude de movimento ativa com auxílio do Goniometro Universal para a abdução, flexão, extensão, rotação medial e lateral de ombro, flexão e extensão de cotovelo e punho e prono e supino de antebraço; a Escala de Fulg-Meyer EFM um instrumento avaliativo da recuperação do paciente hemiplégico com foco nas deficiências de estrutura e função do corpo, podendo classificar o paciente como tendo um comprometimento severo, moderado ou leve dependendo do score obtido, sendo que para esse estudo foram aplicados somente os itens relacionados ao membro superior e por último a avaliação da qualidade de vida feito pelo questionário Stroke Specific Quality of Life Scale SSQOL-Brazil, com 49 itens distribuídos em 12 domínios: energia, papel familiar, linguagem, mobilidade, humor, personalidade, auto-cuidado, papel social, raciocínio, função de membro superior, visão e trabalho/produtividade com a possibilidade de serem pontuados em uma escala de um a cinco dependendo da quantidade de ajuda e dificuldade ao realizar a tarefa especifica ou concordância com afirmação apresentada, e maiores pontuações relacionam-se a uma melhor qualidade de vida.(saliba et al, 2008; CAVACO e ALOUCHE, 2010, SOARES et al, 2010; LIMA et al, 2008)

O protocolo de treinamento constitui-se de um total de 12 sessões distribuídas em 4 semanas, com duração de 60 minutos cada, utilizando a realidade virtual por meio do vídeo game X-box360 Kinect. Os jogos escolhidos para esse estudo basearamse em jogos que simulam a prática de atividades esportivas e que requeriam o uso dos membros superiores como: o boliche e o boxe além de um terceiro jogo denominado Adventure que consiste em o indivíduo posicionar-se conforme a orientações de esferas apresentadas no monitor do vídeo game utilizando para isso variadas configurações no plano frontal de membros superiores e inferiores. A cada treino foram realizados três, quatro jogos, dependo da duração de cada um, com intervalos para descanso entre eles, alternando entre a prática assentada e em ortostatismo, conforme o nível de fadiga apresentada pela participante, encerrando com a mensuração dos dados vitais para a liberação da sessão. Para esse estudo os jogos utilizados foram o boliche, boxe e estoura bolhas e requeriam a movimentação predominantemente de ombro e cotovelo nos planos frontal e sagital, com os dois primeiros jogos envolvendo atividades unimanuais que durante as sessões foi enfatizado à participante a privilegiar o uso do membro parético. DESENVOLVIMENTO As complicações mais prevalentes e determinantes de grandes limitações após o AVCsão os distúrbios motores e sequelas musculoesqueléticas como a fraqueza muscular, a espasticidade e dor. E esse processo de fraqueza muscular inclui a ativação lenta de unidades motoras, precoce fadiga muscular e excessiva sensação de esforço e dificuldade em produzir quantidade adequada de força. (MORAES et al, 2008; CAVACO e ALOUCHE, 2010) Com a reabilitação convencional a melhora da função no hemiplégico tem sido justifica pelas alterações em estrutura e função do dimidio parético e pelo processo de neuroplasticidade, ou seja, pelo remodelamento da estrutura e função cerebral lesada pelo AVC, além da, recuperação espontânea passada a fase aguda.

Além, da fisioterapia convencional atualmente a terapia com realidade virtual tem sido utilizada com objetivo terapêutico, pois possibilita ao fisioterapeuta utilizar dos movimentos requeridos pelos jogos para o planejamento de sua conduta e do feedback sobre o desempenho e resultado da tarefa do participante. Nos últimos anos tem aumentado o número de estudos com objetivo de avaliar os efeitos dessa terapia em diferentes populações e a literatura já apresenta dentre seus benefícios a correção postural, a melhora da locomoção, da funcionalidade de MMSS e MMII, a melhora do equilíbrio, além da ação positiva na motivação e adesão dos pacientes por ser uma terapia fora do convencional e inovadora. (SCHIAVINATO et al, 2010) Estudos que utilizaram da realidade virtual para a reabilitação do público de pacientes pós AVC afirmam, ainda, que pelo uso dessa técnica ocorre a ativação de um sistema neuronal denominado neurônios-espelho, incluindo áreas do lobo frontal, parietal e temporal, quando o sujeito observa o movimento realizado por outra pessoa. Essa ativação, por sua vez, pode induzir uma reorganização cortical e, assim, auxiliar na recuperação funcional. (SAPOSNIK et al, 2010) Pela observação das imagens na tela do jogo pode haver uma ativação desses neurônios e com isso uma simulação mental da ação visualizada, com a interpretação da intenção de quem a realizou e uma comparação com o feedbackfornecido, tendo, assim parâmetros para correção do movimento na tentativa seguinte. (BARATO et al, 2009) Apesar do encorajamento inicial para a participante realizar as tarefas prioritariamente com o membro parético em virtude das deficiências apresentadas em amplitude de movimento e desempenho muscular durante o protocolo foi passada a orientação de realizar as tarefas simultaneamente com os dois membros, não somente para o jogo de estoura bolhas, que exigia tal movimentação. Essa estratégia permitia que o sensor captasse a movimentação feita pela participante e fornecesse feedbacksuficiente para aumentar sua motivação e adesão para a continuidade dos jogos, evitando, assim, o sentimento de frustação pelo não cumprimento da tarefa segundo a captação do sensor.

Sobre essa questão, Whithall et al demonstrou que na movimentação bimanual os membros superiores agem como uma unidade indicando uma interação coordenada no SNC. De tal maneira que quando ocorre ativação moderada em um membro há uma ação geral de overflow contralateral com contrações musculares nos dois membros, mas com diferentes níveis de forças. Essas particularidades da conexão neurofisiológica no SNC possibilitam que a prática de movimentos bimanuais, alternados ou em sincronia, possa resultar em efeitos de facilitação para a movimentação. (TEIXEIRA, 2008) Isto pôde ser observado durante os jogos em momentos quando a participante era orientada a realizar as tarefas com os dois membros ocorria melhora do desempenho, ao contrário de quando o movimento era feito somente com o membro parético. RESULTADOS Considerando-se os desfechos primários houve melhora na qualidade do uso do MS parético (de 1,66 para 2,68), e na quantidade de uso (de 2 para 2,15) pela MAL. Pelo WMFT houve melhora também no tempo de execução das tarefas de 17,88 para 14,12. A qualidade de uso pelo WMFT apresentou leve melhora (de 3,47 para 3,6). E considerando-se os desfechos secundários houve aumento de força pela dinamometria (de 1Kgf para 4,3kgf no lado parético e 13kgf para 14kgf no nãoparético) e pelo TMM (em extensores de cotovelo e rotadores mediais e laterais do MS parético); aumento na ADM de extensão, rotação lateral e abdução do MS parético; melhora da percepção da QV pelo SSQOL (de 97 para 118). Ademais, segundo relatos do esposo, principal responsável pelo cuidado da participante, a reabilitação virtual trouxe alguns benefícios para a paciente, principalmente em relação à autoestima, pois este fator contribui significativamente para as suas atividades e participação. Atualmente se alimenta melhor e passou a utilizar o membro parético para esta atividade (segundo relatos da própria participante) e deambula sem ajuda.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Após protocolo de treinamento houve um maior atenção ao MS parético pela participante contribuindo para a diminuição do desuso aprendido e melhor uso qualitativo e quantitativo deste membro, com melhora em algumas deficiências em estrutura e função, atividade (escore qualitativo) e participação social. Possivelmente, para ganhar maior funcionalidade seria necessário um maior número de sessões para promover melhor aprendizagem motora. Isso justifica a importância de outros estudos e uma maior investigação dos benefícios ou não dessa forma de terapia, pois ainda há uma carência na literatura não só de explicações que suportam o uso da reabilitação virtual, mas, também, de estudos que envolvam essa forma de terapia na reabilitação do membro superior de hemiplégicos. Ainda, foi possível perceber a importância do feedback fornecido pelo terapeuta para a garantia de um nível de desafio adequado para os objetivos terapêutico. E quanto ao feedback oferecido pelo aparelho da realidade virtual é preciso que o terapeuta esteja atento as capacidades de captação deste de acordo com as deficiências de amplitude de movimento e desempenho muscular, caso sejam incompatíveis, estratégias como uso do membro não parético ou movimentação simultânea do terapeuta deverão ser utilizadas a fim de que haja a facilitação da movimentação e fornecimento de feedback de tarefa concluída. Contribuindo, assim, para aumento da adesão, satisfação e motivação do participante, itens de fundamental importância para o sucesso de um programa de reabilitação motora/funcional. FONTES CONSULTADAS SALIBA, Viviane Amaral; JÚNIOR, Israel Penaforte Chaves; FARIA, Christina Danielli Coelho de Morais; TEIXEIRA-SALMELA, Luci Fuscaldi Teixeira-; Propriedades psicométricas da motor Activity log: uma revisão sistemática da literatura.fisioter. Mov. 21(3): 59-67. Jul/set 2008. MORAES, G. F. de S.; NASCIMENTO, L. R.; GLÓRIA, A. E.; TEIXEIRA-SALMELA, L. F.; PAIVA, C. M. R. e; LOPES, T. de A. T.; PEREIRA, S. C.; OLIVEIRA, D. M. G. de; SOUZA, A. C. de; OLIVEIRA, E. S. G. de. A influência do fortalecimento muscular no desempenho motor do membro superior parético de indivíduos

acometidos por Acidente Vascular Encefálico. ACTA FISIATR 15(4): 245 248. 2008. CAVACO, Natália Sperandio; ALOUCHE, Sandra Regina. Instrumentos de avaliação da função de membros superiores após acidente vascular encefálico: uma revisão sistemática. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.2, p.178-83, Abr/jun. 2010 SCHIAVINATO, Alessandra M; BALDAN, Cristiano; MELATTO, Lilian; LIMA, Liliane S. Influência do Wii Fit no equilíbrio de paciente com disfunção cerebelar: estudo de caso. J Health Sci Inst., v.28, n. 1, p. 50-2, 2010. SOARES, Antonio Vinicius; KERSCHER, Caroline; UHLIG,Loisiane; DOMENECH, Susana Cristina; JÚNIOR, Noé Gomes Borges. Dinamometria de preensão manual como parâmetro de avaliação funcional do membro superior de pacientes hemiparéticos por acidente vascular cerebral. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.18, n.4, p. 359-64, out/dez. 2011 LIMA, R. C. M; TEIXEIRA-SALMELA, L. F.; MAGALHÃES, L. C.; GOMES-NETO, M. Propriedades psicométricas da versão brasileira da escala de qualidade de vida específica para acidente vascular encefálico: aplicação do modelo Rasch. RevBrasFisioter, São Carlos, v. 12, n. 2, p. 149-56, Mar./abr. 2008 TEIXEIRA, Ilka Nicéia D Aquino Oliveira. O envelhecimento cortical e a reorganização neural após o acidente vascular encefálico (AVE): implicações para a reabilitação. Cortical aging and neural reorganization following cerebral vascular accident (CVA): implications for rehabilitation.ciência & Saúde Coletiva, 13(Sup 2):2171-2178, 2008 SAPOSNIK, Gustavo; TEASELL, Robert; MAMDANI, Muhammad; HALL, Judith; MCILROY, William; CHEUNG, Donna; THORPE, Kevin E.; COHEN, Leonardo G.; BAYLEY, Mark. Effectiveness of Virtual Reality Using Wii Gaming Technology in Stroke Rehabilitation. A Pilot Randomized Clinical Trial and Proof of Principle. Stroke.2010;41:1477-1484; originallypublished online May 27, 2010; BARATO, Gabriela; FERNANDES, Tatiana; PACHECO, Mariana; Bastos, Victor Hugo, MACHADO, Sergio; MELLO, Mariana Pimentel de; SILVA, Júlio Guilherme;

ORSINI, Marco. Plasticidade cortical e técnicas de fisioterapia neurológica na ótica da neuroimagem. Cortical plasticity and neurological physical therapy techniques in neuroimage optic.revneurocienc 2009: 17(4):342-8 BERTOLUCCI, Paulo H.F. et al. O Mini-Exame do Estado Mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online], vol.52, n.1, pp. 01-07. 1994