CAPÍTULO 7 RECURSOS PÚBLICOS MUNICIPAIS: ARRECADAÇÃO E APLICAÇÃO. Marcos Wagner Fonseca



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Transcrição:

CAPÍTULO 7 RECURSOS PÚBLICOS MUNICIPAIS: ARRECADAÇÃO E APLICAÇÃO Marcos Wagner Fonseca

231 7.1 INTRODUÇÃO O papel desempenhado pelo Estado na economia brasileira é um assunto freqüente na pauta de discussão, em Economia. Algumas críticas tecidas pela sociedade, tais como: o gigantismo do aparelho de Estado, sua ineficiência, o sistema tributário, as disfunções dos gastos públicos, o problema que representa o déficit público, rondam os noticiários dos jornais. A sociedade acredita que as soluções destes problemas apontados são condições necessárias para dotar o sistema econômico de capacidade para garantir um desenvolvimento sustentado. A teoria das finanças públicas estabelece que o governo deverá intervir na economia com o objetivo de minimizar os efeitos das falhas inerentes ao sistema de mercado. A presença de externalidades, a existência de bens públicos puros ou mesmo de mercados imperfeitos, impossibilitam a perfeita atuação do setor privado, justificando assim a presença do estado. Caberia ao governo, então, contribuir para que o Ótimo de Pareto seja atingido, maximizando assim o Bem-Estar da sociedade (MUSGRAVE, 1976). A intervenção do governo na economia se dá através de ajustamentos na alocação de recursos (suprir o mercado de bens públicos puros, bens sociais e bens econômicos), na distribuição de renda, de riqueza e na estabilização econômica (MUSGRAVE, 1976). Analisando o setor público no Brasil, sob o aspecto teórico, nota-se que este passa por várias dificuldades, pois não consegue cumprir satisfatoriamente suas funções. Segundo SERRA (1994), houve um agravamento deste problema com as modificações efetuadas pela Constituição promulgada em 1988. Esta modificação do sistema fiscal atingiu a estrutura tributária e de gastos das três esferas de governo, diminuindo a participação do governo federal, dotando assim, de maior autonomia fiscal os estados e municípios. Dentre as três esferas do governo, os estados e municípios são os que atravessam a pior crise, obtendo sucessivos déficits, observando assim, o crescimento acelerado de suas dívidas. Dívidas estas, que são fonte de atritos com o governo federal, principalmente quanto

232 às regras do Plano de Estabilização (Plano Real), incompatíveis com a situação atual dos mesmos (VERSANO, 1989). Em muitas ocasiões, o governo federal, além de tentar contornar seus próprios desequilíbrios, tinha que atender a estados e municípios que recorriam à União, em busca de soluções para seus déficits orçamentários. Nesse sentido, as modificações propostas pela Constituição de 1988 tinham como principal objetivo, promover a descentralização dos recursos anteriormente apropriados pela União, proporcionando a estados e municípios a absorção de um volume maior de recursos (SERRA, 1994). Diversos estados e municípios, munidos de um montante maior de recursos, passaram a executar projetos com viabilidade econômica duvidosa, a inchar a máquina estatal, a desestabilizar as instituições financeiras estaduais. Provocando, inclusive, um processo de endividamento, que atingiu, no ano de 1995, um colapso, necessitando de intervenção do governo federal para reconstituir a ordem. A Mesorregião Oeste do Paraná é constituída por municípios que estão incluídos nesta lógica geral apresentada. As receitas próprias são, relativamente, muito baixas, com isso a dependência das transferências, vindas da esfera federal e estadual, é muito grande. Este fato retira da dinâmica local a responsabilidade por suprir os cofres públicos municipais de recursos. Por outro lado, os municípios são responsáveis por uma quantidade cada vez maior de encargos no suprimento de serviços públicos, o que implica em problemas de equilíbrio orçamentário. Apesar da condição geral dos municípios da região oeste, pode-se destacar alguns municípios que têm seus problemas minimizados, no aspecto das finanças públicas. Alguns municípios recebem royalties de produção de energia elétrica e outros recebem ICMS ecológico, por manter reservas naturais em seu território. Assim, torna-se imprescindível a análise das finanças públicas municipais para constituir um diagnóstico sócio-econômico da Mesorregião Oeste do Paraná, como é o

233 objetivo deste trabalho. Para isso, este capítulo está estruturado da seguinte forma: a segunda seção tratará da metodologia empregada na análise dos dados e também de uma revisão de literatura sobre o papel das finanças públicas; a terceira seção analisa o comportamento das receitas municipais nos municípios da Mesorregião Oeste do Paraná; a quarta seção analisa o comportamento das despesas municipais nesta mesma região; a quinta seção trata das receitas de royalties no contexto das finanças públicas dos municípios; e a sexta seção faz as considerações finais deste capítulo. 7.2 METODOLOGIA A montagem de tabelas, com informações sobre as finanças públicas dos municípios da Mesorregião Oeste do Paraná, e a análise destas informações são o objetivo principal deste capítulo. Porém, a análise dos dados levantou a necessidade de construir alguns indicadores que, proporcionassem um melhor diagnóstico das contas públicas, de acordo com SERRA (1994): a) Receita Líquida = Receita Total (Correntes + Capital) - Operações de Crédito. b) Grau de Dependência de Transferências = Receitas de Transferências (Correntes e Capital)/Receita Líquida. c) Grau de Dependência de Empréstimos = Receita de Operações de Crédito/Receita Total. d) Geração de Recursos Próprios = (Receita Tributária + Outras Receitas Próprias)/Receita Líquida. e) Participação das Despesas Correntes = Despesas Correntes/Despesa Total. f) Participação das Despesas de Capital = Despesas de Capital/Despesa Total. As tabelas construídas para a análise, apresentando estes indicadores, estão no Anexo Estatístico, no final deste capítulo. Outro recurso utilizado, para atingir o objetivo proposto no capítulo, foi realizar um resgate da discussão sobre as finanças públicas no Brasil, principalmente a parte referente aos

234 municípios. Desta forma, fica mais consistente qualquer diagnóstico traçado para os municípios da Mesorregião Oeste do Paraná. 7.3 PANORAMA DAS FINANÇAS PÚBLICAS MUNICIPAIS NO BRASIL. A Constituição, promulgada em 1988, provocou significativas transformações nas finanças públicas. Os Governos Municipais ganharam maior autonomia, assumindo um papel mais relevante na prestação de serviços, tanto de ordem local, quanto de ordem regional para alguns de maior porte, como é o caso de Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo, na Mesorregião Oeste do Paraná. O fortalecimento financeiro que os municípios verificaram, desde 1988, ocorreu, mais pelo aumento da participação nas transferências, do que pelo aumento da capacidade própria em tributar. Este fato demonstra que, a Constituição modificou pouco a competência tributária dos municípios. Os municípios passaram a contar com os recursos provenientes do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), sendo que, estes incidem sobre atividades desenvolvidas na área urbana dos municípios. Este fato contrasta com a base econômica rural de grande parte dos municípios brasileiros, realidade também presente na Mesorregião Oeste do Paraná, como será demonstrado nas próximas seções deste capítulo. As duas inovações que a Constituição introduziu foi a criação do Imposto sobre a Venda a Varejo de Combustíveis (IVVC), que foi extinto pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993 e também a destinação total da arrecadação do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis inter-vivos (ITBI), que antes era partilhado igualmente com os Estados. Por outro lado, houve a perda da participação que os municípios tinham no ITBI causa mortis, o que deixou a situação muito parecida com a que havia antes da Constituição. Se na arrecadação tributária própria não houve mudança, o ganho veio com as transferências. A participação, quanto ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), cresceu de 17%, para 20%, a partir de outubro de 1988, com adicionais de 0,5% ao ano desde 1989, até alcançar os atuais 22,5%. Porém, a participação na arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) evoluiu para 25%.

235 A contrapartida deste aumento de recursos em poder dos municípios foi a queda dos recursos a disposição da União e dos Estados. Este fato direcionou para a transferência de responsabilidades dos Estados para os municípios, sem a correspondente transferência de recursos adicionais. A União, além de adotar o mesmo critério, em relação ao Estados e Municípios, criou ainda, uma série de mecanismos para retirar recursos dos mesmos, tais como: - a criação de novas contribuições e o aumento de alíquotas daquelas existentes, já que elas não seriam compartilhadas; - a adoção de uma farta renúncia fiscal com os impostos que constituem o FPM e o FPE; - a apropriação de recursos através da criação do Fundo Social de Emergência (FSE), depois denominado de Fundo de Estabilização Fiscal (FEF); - a desoneração do ICMS sobre produtos primários e semi-elaborados, a chamada Lei Kandir (Lei complementar nº 86/97); e - a intensificação do processo de cobrança da dívidas contraídas no passado. A conhecida Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) dificultou a prática da renúncia fiscal, mas deixou aberta a possibilidade de novos mecanismos de desvio de recursos dos municípios para os Estados e a União, principalmente esta última. A repartição de recursos após a Constituição de 1988 pode ser verificada nas Tabelas 7.1 e 7.2 do anexo. A Tabela 7.1 demonstra a evolução da arrecadação tributária das três esferas de governo, sendo possível verificar que, em 1998, a união foi responsável por 68,1% do total da arrecadação do país, enquanto que, os Estados arrecadaram 26,6% do total e os municípios apenas 5,3%. Na Tabela 7.2, percebe-se a evolução dos recursos disponíveis para cada esfera de governo, na qual em 1998, a União detinha 57,5% do total, os Estados ficaram com 25,7% e os municípios, com 16,8%. As informações das duas Tabelas demonstram que os Estados quase empataram entre arrecadação e disponibilidade de recursos, sendo que as transferências ficaram a cargo da União para os Municípios. As informações ainda demonstram que, houve um espantoso crescimento da arrecadação tributária municipal, em torno de 100%, porém isto não deixa de caracterizar a dependência das transferências.

236 Esta realidade encontra algumas perspectivas de mudança, com a proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional. O atual grau de dependência financeira dos municípios, não passa de um grande mito, pois tudo depende da estrutura tributária vigente. Se realmente fosse desejada a ampliação da autonomia tributária dos Municípios, deveria ser aproveitado o momento da reforma tributária, para lhes entregar tributos mais simples de cobrar e de maior valor arrecadatório. Porém, estes tributos têm sido reservados à União e aos Estados. Uma análise pormenorizada destas questões pode ser encontrada em BREMAEKER (2002). 7.4 RECEITAS MUNICIPAIS As receitas podem ser agrupadas segundo a categoria em Receitas Correntes e Receitas de Capital. As Receitas Correntes, segundo RIANI (1997), são, basicamente, compostas por recursos oriundos da cobrança de tributos, compreendendo as receitas tributárias próprias e as originarias de transferências de outras unidades de governo, podendo ainda, serem divididas em Agropecuária, de Serviços, Industrial, Patrimonial, Tributária, Transferências e Outras. As Receitas de Capital compreendem os recursos vindos da operações de crédito (empréstimos) tomados pelo governo, incluindo ainda, as alienações (vendas) de ativos e as transferências de capital recebidas de outras esferas de governo. A Tabela 7.3 apresenta os valores, para o ano de 1999, das receitas dos municípios pertencentes a Mesorregião Oeste do Paraná, divididas em Receitas Correntes e de Capital. Percebe-se que, os municípios da região arrecadaram mais de 606 milhões de reais, sendo R$ 565 milhões (93,2%), em Receitas Correntes e R$ 41 milhões (6,8%), em Receitas de Capital. Estabelecendo um melhor ponto de análise, a Tabela 7.4 demonstra a participação percentual das receitas, por categoria, em cada município da região. De maneira geral, os municípios apresentam uma participação das receitas correntes acima de 90% do total. Porém, existem exceções, como o município de Itaipulândia, que apresentou a menor participação das receitas correntes dentro todos, ficando esta em torno de 55,3% do total do município. Outro extremo apontado pela Tabela 7.4 foi Iracema do Oeste e Vera Cruz do Oeste, que apresentaram as receitas correntes, com 100% do total das receitas municipais. Os maiores

237 municípios como Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo ficaram em torno da média da região, sendo 93,2% de participação para as receitas correntes e 6,8% para as receitas de capital. A participação dos municípios na receita total da Mesorregião Oeste do Paraná pode ser verificada na Tabela 7.5, que apresenta ainda, esta participação por categoria de receita. O município de Foz do Iguaçu foi o que mais arrecadou em 1999, atingindo 23,54% do total da região, vindo Cascavel em segundo lugar, com 14,18%, seguido por Toledo, com 7,29%. A soma dos três primeiros colocados alcançou 45,01% das receitas totais da região, o que demonstra a importância destes municípios e indica a polarização discutida em outros pontos deste trabalho. As Tabelas de 7.3 a 7.5 permitiram uma avaliação geral das receitas municipais da Mesorregião Oeste do Paraná, mas torna-se indispensável uma avaliação mais pontual dos itens que compõem as receitas correntes e de capital. Receitas de Capital A Tabela 6 apresenta a distribuição das receitas de capital dos municípios, em valores de 1999. Apesar destes valores serem necessários para o conhecimento da realidade municipal, o panorama das receitas de capital pode ser mais bem dimensionado com as informações trabalhadas, como na Tabela 7. Esta última apresenta a participação de cada item no total das receitas de capital. Verificando o total da Mesorregião Oeste, percebe-se que as Operações de Crédito (42,7%) e as Transferências de Capital (46,0%) dominaram as receitas de capital, em 1999. Porém, a realidade dos municípios fica distante deste valor para a região. Este fato pode ser notado de diferentes formas: a) partindo dos casos extremos, em Guaraniaçu, Medianeira e Ouro Verde do Oeste as Operações de Crédito representaram 100% das receitas de capital. Enquanto que, em Jesuítas, Maripá, Santa Lúcia e Serranópolis do Iguaçu, as Transferências atingiram 100%. Em São José das Palmeiras (100%) e em Campo Bonito (99,7%), a Alienação de Bens foi o fato gerador das receitas de capital; b) as Operações de Crédito representaram importante fonte de recursos para os municípios, mas infelizmente isto aumenta a dívida dos municípios,

238 comprometendo os resultados fiscais futuros e encontra sérias restrições com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal; c) as Transferências de Capital também demonstraram ser relevantes para os municípios, o que coloca a União e o Estado do Paraná, como financiadores de recursos para o investimento municipal; e d) um fato que chamou muito a atenção foi o item Outras Receitas de Capital, pois este apresentou elevada participação em alguns municípios. Este é o caso de Entre Rios do Oeste (25,7%), Guairá (17,8%), Missal (64,7%), Santa Helena (44,7%) e Santa Terezinha de Itaipu (91,7%). Todos estes, são municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu, sendo que este elevado percentual é de responsabilidade dos royalties da produção de energia elétrica pagos pela Itaipu Binacional (ver seção 6 deste capítulo). Isto demonstra que, estes municípios recebem recursos adicionais e que este recursos possibilitam investimentos adicionais, como será analisado na próxima seção deste capítulo. Receitas Correntes Na Tabela 7.8 pode-se verificar a distribuição das Receitas Correntes, por município, para 1999, sendo a Tabela 9, derivada da primeira, na qual é demonstrada a participação relativa de cada item, no total das receitas correntes dos municípios. As informações permitem verificar que, na Mesorregião Oeste do Paraná, as Transferências Correntes (67,70%) perfazem a maior parcela das Receitas Correntes. O item Outras Receitas Correntes (20,03%) ocupou a segunda colocação, enquanto que o item Receita Tributária (11,02%) ficou em terceiro lugar. Os demais itens apresentaram participação desprezível no total de Recitas Correntes da região. A Receita Tributária apresentou maior participação nos municípios com determinado grau de polarização, tais como: Cascavel (26,29%), Toledo (18,68%), Medianeira (18,45%), Foz do Iguaçu (13,33%), Palotina (12,62%) e Marechal Cândido Rondon (12,03%). Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo podem ser considerados municípios pólos para toda a região, enquanto que Medianeira, Palotina e Marechal Cândido Rondon podem ser considerados subpólos, ou com abrangência mais restrita que os anteriores. Todos estes municípios têm

239 predominância de atividades urbanas, o que segundo BREMAEKER (2002) facilita a arrecadação dos tributos municipais. Os demais municípios ficam na dependência das Receitas Correntes provenientes de transferências da União e do Estado do Paraná. A exceção, mais uma vez, fica com os municípios lindeiros ao Lago de Itaipu, que apresentaram um percentual elevado de Outras Receitas Correntes. Dentre estes, destacaram-se Santa Helena (78,29%), Pato Bragado (60,89%), Missal (59,65%), Mercedes (52,71%), Guairá (40,86%), Santa Terezinha de Itaipu (33,68%) e Foz do Iguaçu (25,25%). Estes municípios recebem royalties da Itaipu Binacional, sendo que, os elevados percentuais, em destaque, demonstram a importância destes recursos para os municípios (ver seção 6 deste capítulo). Outros municípios, como Céu Azul (29,30%) e até mesmo Guairá, recebem o ICMS ecológico, uma compensação por manter reservas naturais, que, também, acabam sendo contabilizados neste item de Outras Receitas Correntes. Mais uma vez, cabe destacar que, os municípios que recebem recursos adicionais, como royalties e o ICMS Ecológico, destoam dos demais, por adquirirem capacidade de financiamento dos gastos correntes, além do que seria permitido pelas Transferências e pela Arrecadação Tributária. Um ponto de crítica a esta ação é que estes recursos não permanecerão por um longo prazo, portanto, estes municípios deveriam pensar, desde já, em encontrar outras alternativas de financiamento destas despesas, ou rever a necessidade do nível de despesas executadas. Indicadores de Receitas Municipais Alguns indicadores foram construídos para favorecer a analise das receitas realizadas até este ponto. A Tabela 7.12 demonstra estes indicadores calculados para os municípios da Mesorregião Oeste do Paraná. A maioria dos municípios apresentou elevado grau de Dependência de Transferências e, por conseqüência, um baixo grau de Geração de Receita Própria. Alguns municípios fugiram a este estado, apresentando baixo grau de Dependência de Transferências e elevado grau de Geração de Receita Própria, sendo estes: Cascavel (65% e 26%), Toledo (70% e

240 18%), Foz do Iguaçu (61% e 13%), Palotina (81% e 12%), Medianeira (73% e 18%), Marechal Cândido Rondon (53% e 12%) e Assis Chateaubriand (72% e 10%). Alguns municípios, lindeiros ao Lago de Itaipu, demonstraram baixo grau de Dependência de Transferências, contudo, apresentaram um baixo grau de Geração de Receita Própria, sendo: Santa Helena (18% e 1%), Pato Bragado (34% e 2%), Missal (35% e 2%), Entre Rios do Oeste (40% e 2%), Mercedes (46% e 2%) e Santa Terezinha de Itaipu (48% e 4%). Este fato caracteriza e comprova a relevância dos recursos recebidos, por meio dos royalties da produção de energia elétrica, por estes municípios. O indicador do grau de Dependência de Empréstimos indicou alguns municípios com problemas em 1999. Porém, conforme já discutido, provavelmente esta realidade seja modificada pela exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal, quanto a realização de empréstimos dos governos municipais. A avaliação das receitas municipais da Mesorregião Oeste do Paraná permitiu alguns indicativos importantes para verificar pontos levantados em outras partes do trabalho. Ao mesmo tempo, levantou a necessidade de aprofundar a análise de alguns pontos, como o recebimento de royalties pelos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu e também a forma pela qual são realizadas as Despesas governamentais nestes municípios. 7.5 DESPESAS MUNICIPAIS Segundo RIANI (1997), as Despesas Agregadas permitem uma avaliação macroeconômica das contas das administrações públicas. Porém, do ponto de vista da análise, esses dados são muito superficiais, o que inviabiliza uma avaliação mais apurada e detalhada. Assim, torna-se necessário um tratamento dos gastos para que estes sejam mais bem visualizados, que, de acordo com RIANI (1997), pode ser com o agrupamento das Despesas por Categoria e por Função. As Despesas por Categoria têm a vantagem de permitir uma análise financeira mais apurada das unidades consideradas. Estas são divididas em Despesas Correntes e Despesas de

241 Capital. As Despesas Correntes apresentam os gastos fixos do governo com a manutenção da máquina administrativa e de serviços do estado. As Despesas de Capital representam os gastos com investimentos realizados pelo governo, como as obras públicas. As Despesas por Função obedecem a uma classificação de forma agregada que reflete, segundo RIANI (1997), as prioridades dadas pelo governo à alocação dos recursos que lhe são disponíveis. Estas são divididas em Administração e Planejamento, Educação e Cultura, Habitação e Urbanismo, Saúde e Saneamento, Assistência e Previdência, Transporte, Legislativo, Agricultura, Defesa Nacional, Indústria, Comércio e Serviços, Trabalho e Outras 1. Despesas por Categoria As Despesas por Categoria são apresentadas nas Tabelas 15 e 16, sendo que nesta última, as informações demonstram a distribuição das Despesas Correntes e de Capital, bem como os itens que as compõem. As Despesas Correntes representam a parcela maior dos gastos totais dos municípios da Mesorregião Oeste do Paraná, atingindo 83,2%. Dentro das Despesas Correntes, percebese que 65,0% do total de despesas da região foi para Custeio. Estes números demonstram que, grande parte dos gastos públicos realizados pelos municípios são direcionados para a manutenção da estrutura existente. A maioria dos municípios tiveram participação em torno da média regional, mas alguns se destacaram, observando uma participação menor das Despesas Correntes nos gastos totais. Neste sentido, pode-se apresentar Itaipulândia (56,1%), Pato Bragado (61,6%) e Entre Rios do Oeste (63,2%). As Despesas de Capital apresentam um média de participação de 16,8% na região, sendo que o item Investimento ficou com 12,4 pontos deste montante. Os municípios que observaram a participação do Investimento acima da média regional foram: Pato Bragado 1 Inclui Energia e Recursos Naturais, Judiciária, Comunicações, Desenvolvimento Regional, Relações Exteriores e Outras.

242 (37,2%), Entre Rios do Oeste (34,8%), Itaipulândia (32,7%), Quatro Pontes (27,3%) e Santa Helena (23,3%). Ao analisar estas informações, percebe-se que dentre os municípios com maior parcela de Despesas de Capital no total de gastos, encontram-se grande parte dos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu. Este fato indica que, parte dos recursos recebidos pelos royalties da produção de energia elétrica estão sendo revertidos para aumento do estoque de capital público dos municípios, principalmente com novos investimentos. Cabe discutir, neste caso, se estes investimentos deverão aumentar a arrecadação futura e também possibilitar maior capacidade de geração de empregos e renda para os municípios. Despesas por Função De forma geral, as funções que reúnem o maior comprometimento de recursos nos municípios da Mesorregião Oeste do Paraná são Administração e Planejamento (22%), Educação e Cultura (30%), Saúde e Saneamento (12%), Habitação e Urbanismo (12%) e Transporte (8%), conforme Tabela 14. Apesar da característica primária da economia da maioria dos municípios, percebe-se, na Tabela 7.14, que o gasto com a Agricultura na ultrapassou 10% do total, ficando com uma média de 3% na região. Os municípios que mais comprometeram recursos com esta função foram Diamante do Sul, Missal e Santa Terezinha de Itaipu, todos com 8% de participação. Alguns municípios demonstraram preocupação com as atividades econômicas urbanas, aplicando recursos na função de Indústria, Comércio e Serviços, como se pode verificar em Entre Rios do Oeste (13%), Marechal Cândido Rondon (11%) e São Miguel do Iguaçu e Assis Chateaubriand, com 7%. Provavelmente, estes municípios estariam buscando incentivar a atividade, com vistas a aumentar a geração de emprego e renda, conseqüentemente, aumentando também a capacidade de geração de receitas. Os gastos com a função Transporte obteve uma média de 8% na região, mas alguns municípios apresentaram um gasto relativo muito maior, principalmente devido ao transporte escolar. Este é o caso de Mercedes (24%), Três Barras do Paraná (23%), Catanduvas (17%) e

243 Pato Bragado (17%). Em visitas realizadas nestes municípios, percebeu-se que as distâncias percorridas entre a zona rural e a sede dos municípios contribuiu para o acentuado valor no transporte. Dentre as funções, chamou atenção a média elevada dos gastos com Educação e Cultura, alcançando uma média de 30%. Percebe-se que os municípios se mantêm em torno desta média, o que garante o cumprimento da Constituição (gastos mínimos com educação de 25%) e também a efetividade do FUNDEF (Fundo de Valorização do Ensino Fundamental), criado para direcionar os gastos com educação. Esta perspectiva indica para que a região tende a aumentar os indicadores educacionais e, com isso, estabelecer um novo padrão de qualificação de sua população. Os gastos com a função Administração e Planejamento obteve uma média regional de 22%. O destaque é que os municípios maiores, como Cascavel (25%) e Foz do Iguaçu (28%), naturalmente deveriam encontrar-se acima desta média, pois a necessidade de gastos está condicionada ao tamanho do setor público municipal. O tamanho acaba sendo determinado pela aglomeração populacional destes e também pelo atendimento a população dos municípios vizinhos, oriundo da polarização, fato que cria alguns conflitos entre os municípios. Observa-se que alguns municípios pequenos apresentam um elevado percentual de gasto nesta função, isto não encontra justificativa plausível, indicando a necessidade destes revisarem a alocação dos recursos. A função Habitação e Urbanismo apresentou um média regional de 12%, mas a variabilidade observada entre os municípios é muito grande. Alguns, como Ibema (22%), Guaíra (22%) e Cascavel (19%) ficaram bem acima desta média. Enquanto outros, como Iracema do Oeste (1%), ficaram bem abaixo do percentual regional. Estes gastos, tomados apenas de forma pontual não caracterizam os programas adotados nos municípios. Os problemas habitacionais são mais urgentes nos grandes centros urbanos, principalmente por questões ambientais, enquanto que nos pequenos municípios estes problemas encontram uma proporção menor. A função Saúde e Saneamento repetiu a participação média regional de 12%, porém a variabilidade entre os municípios também foi significativa. Estiveram abaixo desta média os

244 municípios de Catanduvas (4%), Corbélia (5%), Terra Roxa (5%) e Mercedes (6%). Acima da média encontraram-se Itaipulândia (17%), Santa Lucia (17%) e Ouro Verde do Oeste (16%). Apesar de um percentual elevado nesta função ser desejável, apenas esta informação é insuficiente para analisar o impacto na solução dos problemas da população. Conforme será tratado nos próximos capítulos deste diagnóstico, os gastos com saúde tendem a ser na parte corretiva e não preventiva, o que provoca elevação destes e pouca efetividade na melhoria dos indicadores. Outro ponto a ser tratado é quanto ao saneamento, pois na região as preocupações ambientais ainda não impulsionaram a discussão e efetividade de ações, para solucionar o problema do esgoto. As despesas realizadas pelos municípios da Mesorregião Oeste do Paraná são indicativas da própria crise por que passa o setor público no Brasil. Percebe-se que o gasto com investimento é proporcionalmente pequeno frente às necessidades de custeio. Isto indica a baixa capacidade dos governos municipais em criar infra-estrutura para o crescimento econômico e também a mudança do perfil agrícola. Porém, fica indicado que os municípios lindeiros ao Lago de Itaipu, por receberem recursos adicionais provenientes dos royalties, teriam condições mais favoráveis para construir uma infra-estrutura facilitadora do crescimento dos setores secundários e terciário e, também, para aprimorar o funcionamento do setor primário. 7.6 MUNICÍPIOS LINDEIROS E OS ROYALTIES Ao longo deste capítulo foi mencionado o recebimento, por parte dos municípios lindeiros ao Lago, dos royalties provenientes da produção de energia elétrica da Usina de Itaipu. Desta forma, cabe realizar uma análise mais pormenorizada deste fato para ilustrar as discussões anteriores. A Tabela 7.17 apresenta o recebimento dos royalties, por municípios, para a década de 1990. O montante acumulado no período atingiu mais de US$460 milhões, o que significa que estes recursos forma introduzidos na região oeste do Paraná e criaram todo um efeito multiplicador da renda regional, conforme determina os manuais de macroeconomia.

245 Esta distribuição foi mais significativa para alguns municípios, por deterem direitos maiores pelos critérios estabelecidos para recebimento. O município de Santa Helena acumulou um montante de US$ 117,4 milhões, ao longo do período, representando 25,5% do total. O segundo maior montante foi acumulado por Foz do Iguaçu, atingindo US$89,8 milhões, cerca de 19,5%. O terceiro colocado foi Itaipulândia, com US$69,1 milhões, perfazendo 15% total distribuído. Em quarto lugar ficou São Miguel do Iguaçu, com US$51,4 milhões, cerca de 11% do total. Somando o acumulado por estes quatro municípios, chega-se a 71% dos royalties distribuídos ao municípios lindeiros, o que caracteriza a elevada concentração destes recursos, restringindo os efeitos multiplicadores da renda destacados anteriormente. Tratando ainda da distribuição do recebimento dos royalties pelos municípios, percebe-se que alguns têm participação insignificante no total, como é o caso de Medianeira, Terra Roxa e São José das Palmeiras, que juntos não chegam a 0,5% do total distribuído no período. A distribuição absoluta dos royalties não permite verificar o real impacto destes dentro da realidade municipal. Neste sentido, a Tabela 7.18 foi construída para realizar uma relação do recebimento de royalties, em 2000, com a população divulgada pelo Censo do IBGE, estabelecendo o valor per-capita dos royalties para aquele ano. A distribuição total estabeleceu o valor de US$153,25 para cada habitante dos municípios lindeiros. Porém, alguns municípios apresentaram um valor por habitante muito superior a este valor. Em Itaipulândia, o recebimento foi de US$1.861,06 para cada habitante, sendo seguida por Santa Helena (US$921,93), Pato Bragado (US$821,87), Entre Rios do Oeste (US$698,83), Mercedes (US$296,76) e São Miguel do Iguaçu (US$274,22). O destaque nesta forma de avaliar a distribuição de royalties foi Foz do Iguaçu que, por ter a maior população dentre os municípios, obteve apenas US$55,94 para cada habitante. Para efeito comparativo com os valores apresentados, encontra-se na Tabela 7.19 os valores do PIB per capita dos municípios lindeiros, em 1996. Em Itaipulândia, o valor atingiu US$4.011,00, sendo que os royalties per capita representariam 46,5% do PIB per capita. Percebe-se a relevância destes valores para os municípios que os recebem em quantidades

246 proporcionalmente maiores. O desafio é estes utilizarem os recursos para provocar uma elevação permanente na renda e produção destes municípios, não deixando que este aporte de recursos tenha efeito apenas momentâneo. 7.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O capítulo apresentou a situação das finanças públicas dos municípios da Mesorregião Oeste do Paraná. De modo geral, alguns municípios destacam-se pelo porte e outros pelo recebimento de recursos adicionais. Contudo, a realidade da maioria dos municípios iguala-se em praticamente todos os aspectos. Em termos de receitas, os municípios apresentaram uma dependência muito grande das transferências vindas do Estado do Paraná e da União, conjuntamente com uma baixa capacidade de arrecadação de tributos próprios. Este fato, retira dos governos municipais a autonomia para decidir sobre as finanças públicas, tendo uma restrição muito grande para aumentar seus gastos. Apenas os municípios que conseguiram desenvolver atividades produtivas urbanas, apresentaram capacidade de arrecadação própria, como é o caso de Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Palotina, Marechal Cândido Rondon e Medianeira. Os municípios lindeiros ao Lago de Itaipu demonstraram uma certa exceção, por receberem os royalties de produção de energia elétrica da Itaipu e, com isso, conseguirem recursos adicionais para financiar seus gastos. Quanto as despesas municipais, percebeu-se a predominância das Despesas Correntes, em detrimento das Despesas de Capital, o que sinaliza uma possível falta de capacidade dos governos municipais em prover infra-estrutura para o crescimento das atividades econômicas urbanas nos municípios menores. As despesas por função demonstrou que, apesar das despesas correntes predominarem, os gastos sociais alcançaram volumes significativos, principalmente com Educação. Porém,

247 percebe-se que ainda os municípios realizam gastos excessivos em algumas funções (Administração e Planejamento), deixando outras com baixo atendimento, como é o caso da Saúde e Saneamento. Os desafios para a Mesorregião Oeste do Paraná são inúmeros, mas para fazer frente a estes se torna necessário repensar a função dos governos municipais e também a forma de intervenção destes na realidade regional. Percebe-se que os problemas comuns seriam mais bem resolvidos se os esforços fossem realizados em conjunto, não isoladamente como as informações indicam.

248 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRUSIUS, C.A. Econometria e Verificação de Teorias Econômicas. Revista Brasileira de Economia, Rio de Janeiro, nº 47: 115-30, jan./mar. 1993. LONGO,C.A. A Disputa pela Receita Tributária no Brasil. São Paulo: IPE-USP, 1984.. O Processo Orçamentário no Brasil. Revista de Economia Política, vol.11, nº 2, abril-junho/1991.. & TROSTER, R.L. Economia do Setor Público. São Paulo: Atlas, 1993. MADDALA, G.S. Introduction to econometrics. 2ª ed. Macmillan Publishing Company, 1989. MUSGRAVE, R.A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 1976. MUSGRAVE, R.A. & MUSGRAVE, P.B. Finanças Públicas - teoria e prática. Rio de janeiro: Campus, 1981. PISCITELLI. R. B, O Processo de Elaboração e Execução Orçamentárias no Brasil: Algumas de Suas Peculiaridades. Revista de Economia Política, vol.8, nº 3, julho/setembro/1988. RIANI, F. Economia do Setor Público. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997. SERRA, J. Orçamento no Brasil: as raízes da crise. São Paulo: Atual Editora, 1994. SILVA, F. A. R. Avaliação do Setor Público na economia brasileira: estrutura funcional da despesa. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1974. VERSANO, R. O impacto da reforma constitucional sobre as finanças estaduais e municipais. Revista de Administração Municipal. Rio de Janeiro, v. 36, número 193, out./dez. 1989. p. 44-54.

249 ANEXO ESTATÍSTICO Tabela 7.1 Evolução da Arrecadação Tributária das esferas de governo, no período entre 1989 e 1998. ANOS TOTAL UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS Disponível % Disponível % Disponível % 1989 182.183 125.288 68,8 52.004 28,5 4.891 2,7 1990 207.165 143.981 69,5 56.906 27,5 6.278 3,0 1991 184.841 119.687 64,8 56.055 30,3 9.089 4,9 1992 178.652 119.741 67,0 51.124 28,6 7.787 4,4 1993 184.463 130.542 70,7 46.979 25,5 6.942 3,8 1994 210.244 144.534 68,8 58.253 27,7 7.457 3,5 1995 228.521 153.618 67,3 64.543 28,2 10.630 4,5 1996 247.258 162.345 65,7 71.237 28,8 13.676 5,5 1997 257.424 171.174 66,5 72.287 28,1 13.963 5,4 1998 275.561 187.733 68,1 73.176 26,6 14.652 5,3 Fonte: BREMAEKER (2002) Tabela 7.2 Evolução dos Recursos Disponíveis para as esferas de governo, no período entre 1989 e 1998. ANOS TOTAL UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS Disponível % Disponível % Disponível % 1989 182.183 100.201 55,0 52.104 28,6 29.878 16,4 1990 207.165 113.941 55,0 57.799 27,9 35.425 17,1 1991 184.841 94.449 51,1 55.079 29,8 35.303 19,1 1992 178.652 94.150 52,7 51.630 28,9 32.872 18,4 1993 184.463 101.270 54,9 49.990 27,1 33.203 18,0 1994 210.244 112.901 53,7 59.709 28,4 37.634 17,9 1995 228.521 119.517 52,3 65.814 28,8 43.190 18,9 1996 247.258 134.508 54,4 68.985 27,9 43.765 17,7 1997 257.424 145.187 56,4 69.505 27,0 42.732 16,6 1998 275.561 158.438 57,5 70.752 25,7 46.371 16,8 Fonte: BREMAEKER (2002)

250 Tabela 7.3 Receitas Municipais, Municípios da Mesorregião Oeste do Paraná, 1999 MUNICÍPIOS RECEITAS MUNICIPAIS (R$ 1,00) Correntes De Capital TOTAL ANAHY 1 965 252,67 237 927,69 2 203 180,36 ASSIS CHATEAUBRIAND 14 593 287,91 2 604 234,42 17 197 522,33 BOA VISTA DA APARECIDA 4 165 697,54 311 711,38 4 477 408,92 BRAGANEY 3 235 669,84 177 643,97 3 413 313,81 CAFELANDIA 6 131 175,45 646 624,69 6 777 800,14 CAMPO BONITO 2 809 404,50 18 154,50 2 827 559,00 CAPITAO LEONIDAS MARQUES 7 479 576,52 114 863,22 7 594 439,74 CASCAVEL 80 733 346,54 5 202 933,94 85 936 280,48 CATANDUVAS 4 265 477,55 592 120,27 4 857 597,82 CEU AZUL 9 725 821,97 427 984,93 10 153 806,90 CORBELIA 6 120 695,55 321 777,12 6 442 472,67 DIAMANTE DO OESTE 3 481 495,86 845 889,20 4 327 385,06 DIAMANTE DO SUL 2 099 981,83 47 613,00 2 147 594,83 ENTRE RIOS DO OESTE 7 625 057,44 232 424,50 7 857 481,94 FORMOSA DO OESTE 4 336 250,77 294 776,67 4 631 027,44 FOZ DO IGUACU 136 635 628,28 6 003 649,86 142 639 278,14 GUAIRA 16 436 812,21 242 613,04 16 679 425,25 GUARANIACU 7 818 386,09 202 335,05 8 020 721,14 IBEMA 2 630 385,25 274 158,74 2 904 543,99 IGUATU 1 748 436,14 206 573,79 1 955 009,93 IRACEMA DO OESTE 1 987 160,36 0,00 1 987 160,36 ITAIPULANDIA 14 525 655,67 11 764 018,22 26 289 673,89 JESUITAS 4 212 293,31 196 547,68 4 408 840,99 LINDOESTE 3 336 514,74 10 759,55 3 347 274,29 MARECHAL CANDIDO RONDON 25 012 453,00 185 013,12 25 197 466,12 MARIPA 4 092 844,22 50 000,00 4 142 844,22 MATELANDIA 7 037 129,71 701 623,82 7 738 753,53 MEDIANEIRA 13 980 407,12 462 512,98 14 442 920,10 MERCEDES 4 642 405,30 417 929,07 5 060 334,37 MISSAL 11 130 731,85 496 920,99 11 627 652,84 NOVA AURORA 6 253 364,76 158 024,82 6 411 389,58 NOVA SANTA ROSA 4 583 435,08 99 952,72 4 683 387,80 OURO VERDE DO OESTE 3 066 539,50 16 798,44 3 083 337,94 PALOTINA 11 390 047,09 416 930,92 11 806 978,01 PATO BRAGADO 9 640 323,01 197 338,14 9 837 661,15 QUATRO PONTES 3 427 646,03 87 461,39 3 515 107,42 RAMILANDIA 2 054 717,28 17 511,00 2 072 228,28 SANTA HELENA 25 130 175,44 725 935,69 25 856 111,13 SANTA LUCIA 2 306 133,77 90 000,00 2 396 133,77 SANTA TEREZA DO OESTE 3 619 679,58 18 143,21 3 637 822,79 SANTA TEREZINHA DE ITAIPU 10 099 017,79 2 321 425,48 12 420 443,27 SAO JOSE DAS PALMEIRAS 2 720 910,23 13 000,00 2 733 910,23 SAO MIGUEL DO IGUACU 22 863 649,61 557 789,16 23 421 438,77 SAO PEDRO DO IGUACU 3 333 820,03 75 099,53 3 408 919,56 SERRANOPOLIS DO IGUACU 3 683 755,09 253 294,58 3 937 049,67 TERRA ROXA 6 096 192,90 463 767,01 6 559 959,91 TOLEDO 41 675 648,58 2 535 585,86 44 211 234,44 TRES BARRAS DO PARANA 4 755 734,10 168 134,44 4 923 868,54 TUPASSI 5 437 849,68 330 236,99 5 768 086,67 VERA CRUZ DO OESTE 3 944 526,94 278,15 3 944 805,09 TOTAL 564 948 426,24 41 112 107,25 606 060 533,49 Fonte: IPARDES

251 Tabela 7.4 Distribuição das Receitas Correntes e de Capital, por Município, 1999. MUNICÍPIOS RECEITAS MUNICIPAIS (em percentual) Correntes De Capital TOTAL ANAHY 89,2% 10,8% 100,0% ASSIS CHATEAUBRIAND 84,9% 15,1% 100,0% BOA VISTA DA APARECIDA 93,0% 7,0% 100,0% BRAGANEY 94,8% 5,2% 100,0% CAFELANDIA 90,5% 9,5% 100,0% CAMPO BONITO 99,4% 0,6% 100,0% CAPITAO LEONIDAS MARQUES 98,5% 1,5% 100,0% CASCAVEL 93,9% 6,1% 100,0% CATANDUVAS 87,8% 12,2% 100,0% CEU AZUL 95,8% 4,2% 100,0% CORBELIA 95,0% 5,0% 100,0% DIAMANTE DO OESTE 80,5% 19,5% 100,0% DIAMANTE DO SUL 97,8% 2,2% 100,0% ENTRE RIOS DO OESTE 97,0% 3,0% 100,0% FORMOSA DO OESTE 93,6% 6,4% 100,0% FOZ DO IGUACU 95,8% 4,2% 100,0% GUAIRA 98,5% 1,5% 100,0% GUARANIACU 97,5% 2,5% 100,0% IBEMA 90,6% 9,4% 100,0% IGUATU 89,4% 10,6% 100,0% IRACEMA DO OESTE 100,0% 0,0% 100,0% ITAIPULANDIA 55,3% 44,7% 100,0% JESUITAS 95,5% 4,5% 100,0% LINDOESTE 99,7% 0,3% 100,0% MARECHAL CANDIDO RONDON 99,3% 0,7% 100,0% MARIPA 98,8% 1,2% 100,0% MATELANDIA 90,9% 9,1% 100,0% MEDIANEIRA 96,8% 3,2% 100,0% MERCEDES 91,7% 8,3% 100,0% MISSAL 95,7% 4,3% 100,0% NOVA AURORA 97,5% 2,5% 100,0% NOVA SANTA ROSA 97,9% 2,1% 100,0% OURO VERDE DO OESTE 99,5% 0,5% 100,0% PALOTINA 96,5% 3,5% 100,0% PATO BRAGADO 98,0% 2,0% 100,0% QUATRO PONTES 97,5% 2,5% 100,0% RAMILANDIA 99,2% 0,8% 100,0% SANTA HELENA 97,2% 2,8% 100,0% SANTA LUCIA 96,2% 3,8% 100,0% SANTA TEREZA DO OESTE 99,5% 0,5% 100,0% SANTA TEREZINHA DE ITAIPU 81,3% 18,7% 100,0% SAO JOSE DAS PALMEIRAS 99,5% 0,5% 100,0% SAO MIGUEL DO IGUACU 97,6% 2,4% 100,0% SAO PEDRO DO IGUACU 97,8% 2,2% 100,0% SERRANOPOLIS DO IGUACU 93,6% 6,4% 100,0% TERRA ROXA 92,9% 7,1% 100,0% TOLEDO 94,3% 5,7% 100,0% TRES BARRAS DO PARANA 96,6% 3,4% 100,0% TUPASSI 94,3% 5,7% 100,0% VERA CRUZ DO OESTE 100,0% 0,0% 100,0% TOTAL 93,2% 6,8% 100,0% Fonte: Elaborada pelo autor, com dados do IPARDES.

252 Tabela 7.5 Participação da Receita Municipal no Total da Mesorregião Oeste, 1999. MUNICÍPIOS RECEITAS MUNICIPAIS (R$ 1,00) Correntes De Capital TOTAL ANAHY 0,32% 0,04% 0,36% ASSIS CHATEAUBRIAND 2,41% 0,43% 2,84% BOA VISTA DA APARECIDA 0,69% 0,05% 0,74% BRAGANEY 0,53% 0,03% 0,56% CAFELANDIA 1,01% 0,11% 1,12% CAMPO BONITO 0,46% 0,00% 0,47% CAPITAO LEONIDAS MARQUES 1,23% 0,02% 1,25% CASCAVEL 13,32% 0,86% 14,18% CATANDUVAS 0,70% 0,10% 0,80% CEU AZUL 1,60% 0,07% 1,68% CORBELIA 1,01% 0,05% 1,06% DIAMANTE DO OESTE 0,57% 0,14% 0,71% DIAMANTE DO SUL 0,35% 0,01% 0,35% ENTRE RIOS DO OESTE 1,26% 0,04% 1,30% FORMOSA DO OESTE 0,72% 0,05% 0,76% FOZ DO IGUACU 22,54% 0,99% 23,54% GUAIRA 2,71% 0,04% 2,75% GUARANIACU 1,29% 0,03% 1,32% IBEMA 0,43% 0,05% 0,48% IGUATU 0,29% 0,03% 0,32% IRACEMA DO OESTE 0,33% 0,00% 0,33% ITAIPULANDIA 2,40% 1,94% 4,34% JESUITAS 0,70% 0,03% 0,73% LINDOESTE 0,55% 0,00% 0,55% MARECHAL CANDIDO RONDON 4,13% 0,03% 4,16% MARIPA 0,68% 0,01% 0,68% MATELANDIA 1,16% 0,12% 1,28% MEDIANEIRA 2,31% 0,08% 2,38% MERCEDES 0,77% 0,07% 0,83% MISSAL 1,84% 0,08% 1,92% NOVA AURORA 1,03% 0,03% 1,06% NOVA SANTA ROSA 0,76% 0,02% 0,77% OURO VERDE DO OESTE 0,51% 0,00% 0,51% PALOTINA 1,88% 0,07% 1,95% PATO BRAGADO 1,59% 0,03% 1,62% QUATRO PONTES 0,57% 0,01% 0,58% RAMILANDIA 0,34% 0,00% 0,34% SANTA HELENA 4,15% 0,12% 4,27% SANTA LUCIA 0,38% 0,01% 0,40% SANTA TEREZA DO OESTE 0,60% 0,00% 0,60% SANTA TEREZINHA DE ITAIPU 1,67% 0,38% 2,05% SAO JOSE DAS PALMEIRAS 0,45% 0,00% 0,45% SAO MIGUEL DO IGUACU 3,77% 0,09% 3,86% SAO PEDRO DO IGUACU 0,55% 0,01% 0,56% SERRANOPOLIS DO IGUACU 0,61% 0,04% 0,65% TERRA ROXA 1,01% 0,08% 1,08% TOLEDO 6,88% 0,42% 7,29% TRES BARRAS DO PARANA 0,78% 0,03% 0,81% TUPASSI 0,90% 0,05% 0,95% VERA CRUZ DO OESTE 0,65% 0,00% 0,65% TOTAL 93,22% 6,78% 100,00% Fonte: Elaborada pelo autor, com dados do IPARDES.

253 Tabela 7.6 Receita de Capital, Municípios da Mesorregião Oeste do Paraná, 1999. RECEITAS DE CAPITAL (R$ 1,00) MUNICÍPIOS Alienação de Bens Móveis e Imóveis Operações de Crédito Transferências de Capital Outras TOTAL ANAHY 151 198,18 82 056,18 4 673,33 237 927,69 ASSIS CHATEAUBRIAND 55 715,00 230 218,22 2 095 471,03 222 830,17 2 604 234,42 BOA VISTA DA APARECIDA 7 800,00 130 276,25 173 635,13 311 711,38 BRAGANEY 8 000,00 103 339,98 60 195,90 6 108,09 177 643,97 CAFELANDIA 18 200,00 455 497,02 172 927,67 646 624,69 CAMPO BONITO 18 100,00 54,50 18 154,50 CAPITAO LEONIDAS MARQUES 23 280,00 91 583,22 114 863,22 CASCAVEL 4 899 626,14 303 307,80 5 202 933,94 CATANDUVAS 11 020,00 118 600,27 462 500,00 592 120,27 CEU AZUL 50 167,95 226 712,41 141 541,47 9 563,10 427 984,93 CORBELIA 57 334,10 253 777,37 10 665,65 321 777,12 DIAMANTE DO OESTE 10 000,00 826 727,06 9 162,14 845 889,20 DIAMANTE DO SUL 1 500,00 23 592,00 22 521,00 47 613,00 ENTRE RIOS DO OESTE 25 160,55 147 533,20 59 730,75 232 424,50 FORMOSA DO OESTE 65 440,00 184 632,97 35 541,56 9 162,14 294 776,67 FOZ DO IGUACU 1 820,00 5 491 447,31 106 700,00 403 682,55 6 003 649,86 GUAIRA 17 000,00 182 312,00 43 301,04 242 613,04 GUARANIACU 202 335,05 202 335,05 IBEMA 169 169,04 104 989,70 274 158,74 IGUATU 17 700,00 111 712,63 72 499,96 4 661,20 206 573,79 IRACEMA DO OESTE ITAIPULANDIA 176 698,77 11 502 530,75 84 788,70 11 764 018,22 JESUITAS 196 547,68 196 547,68 LINDOESTE 5 000,00 5 759,55 10 759,55 MARECHAL CANDIDO RONDON 24 200,00 160 813,12 185 013,12 MARIPA 50 000,00 50 000,00 MATELANDIA 65 483,90 547 349,50 78 101,23 10 689,19 701 623,82 MEDIANEIRA 462 512,98 462 512,98 MERCEDES 6 322,00 36 718,48 374 888,59 417 929,07 MISSAL 35 325,51 140 000,00 321 595,48 496 920,99 NOVA AURORA 59 450,00 90 146,00 8 428,82 158 024,82 NOVA SANTA ROSA 39 302,08 56 028,41 4 622,23 99 952,72 OURO VERDE DO OESTE 16 798,44 16 798,44 PALOTINA 124 600,00 87 616,37 204 714,55 416 930,92 PATO BRAGADO 12 220,00 107 676,36 66 009,50 11 432,28 197 338,14 QUATRO PONTES 22 577,39 64 884,00 87 461,39 RAMILANDIA 13 010,00 4 501,00 17 511,00 SANTA HELENA 6 900,00 394 414,42 324 621,27 725 935,69 SANTA LUCIA 90 000,00 90 000,00 SANTA TEREZA DO OESTE 16 000,00 1 894,01 249,20 18 143,21 SANTA TEREZINHA DE ITAIPU 5 200,00 117 973,94 69 883,78 2 128 367,76 2 321 425,48 SAO JOSE DAS PALMEIRAS 13 000,00 13 000,00 SAO MIGUEL DO IGUACU 26 602,00 514 947,78 196,61 16 042,77 557 789,16 SAO PEDRO DO IGUACU 8 060,00 18 640,53 48 399,00 75 099,53 SERRANOPOLIS DO IGUACU 253 294,58 253 294,58 TERRA ROXA 4 015,00 258 396,80 200 589,98 765,23 463 767,01 TOLEDO 165 090,31 1 721 728,21 634 316,40 14 450,94 2 535 585,86 TRES BARRAS DO PARANA 137 010,83 31 123,61 168 134,44 TUPASSI 13 600,00 264 136,99 52 500,00 330 236,99 VERA CRUZ DO OESTE 278,15 278,15 TOTAL 1 018 870,28 17 853 642,36 19 266 269,27 3 699 261,03 41 838 042,94 Fonte: IPARDES

254 Tabela 7.7 Distribuição das Receitas de Capital, por Municípios, 1999. RECEITAS DE CAPITAL MUNICÍPIOS Alienação de Bens Móveis e Imóveis Operações de Crédito Transferências de Capital Outras TOTAL ANAHY 63,5% 34,5% 2,0% 100,0% ASSIS CHATEAUBRIAND 2,1% 8,8% 80,5% 8,6% 100,0% BOA VISTA DA APARECIDA 2,5% 41,8% 55,7% 100,0% BRAGANEY 4,5% 58,2% 33,9% 3,4% 100,0% CAFELANDIA 2,8% 70,4% 26,7% 100,0% CAMPO BONITO 99,7% 0,3% 100,0% CAPITAO LEONIDAS MARQUES 20,3% 79,7% 100,0% CASCAVEL 94,2% 5,8% 100,0% CATANDUVAS 1,9% 20,0% 78,1% 100,0% CEU AZUL 11,7% 53,0% 33,1% 2,2% 100,0% CORBELIA 17,8% 78,9% 3,3% 100,0% DIAMANTE DO OESTE 1,2% 97,7% 1,1% 100,0% DIAMANTE DO SUL 3,2% 49,5% 47,3% 100,0% ENTRE RIOS DO OESTE 10,8% 63,5% 25,7% 100,0% FORMOSA DO OESTE 22,2% 62,6% 12,1% 3,1% 100,0% FOZ DO IGUACU 0,0% 91,5% 1,8% 6,7% 100,0% GUAIRA 7,0% 75,1% 17,8% 100,0% GUARANIACU 100,0% 100,0% IBEMA 61,7% 38,3% 100,0% IGUATU 8,6% 54,1% 35,1% 2,3% 100,0% IRACEMA DO OESTE ITAIPULANDIA 1,5% 97,8% 0,7% 100,0% JESUITAS 100,0% 100,0% LINDOESTE 46,5% 53,5% 100,0% MARECHAL CANDIDO RONDON 13,1% 86,9% 100,0% MARIPA 100,0% 100,0% MATELANDIA 9,3% 78,0% 11,1% 1,5% 100,0% MEDIANEIRA 100,0% 100,0% MERCEDES 1,5% 8,8% 89,7% 100,0% MISSAL 7,1% 28,2% 64,7% 100,0% NOVA AURORA 37,6% 57,0% 5,3% 100,0% NOVA SANTA ROSA 39,3% 56,1% 4,6% 100,0% OURO VERDE DO OESTE 100,0% 100,0% PALOTINA 29,9% 21,0% 49,1% 100,0% PATO BRAGADO 6,2% 54,6% 33,4% 5,8% 100,0% QUATRO PONTES 25,8% 74,2% 100,0% RAMILANDIA 74,3% 25,7% 100,0% SANTA HELENA 1,0% 54,3% 44,7% 100,0% SANTA LUCIA 100,0% 100,0% SANTA TEREZA DO OESTE 88,2% 10,4% 1,4% 100,0% SANTA TEREZINHA DE ITAIPU 0,2% 5,1% 3,0% 91,7% 100,0% SAO JOSE DAS PALMEIRAS 100,0% 100,0% SAO MIGUEL DO IGUACU 4,8% 92,3% 0,0% 2,9% 100,0% SAO PEDRO DO IGUACU 10,7% 24,8% 64,4% 100,0% SERRANOPOLIS DO IGUACU 100,0% 100,0% TERRA ROXA 0,9% 55,7% 43,3% 0,2% 100,0% TOLEDO 6,5% 67,9% 25,0% 0,6% 100,0% TRES BARRAS DO PARANA 81,5% 18,5% 100,0% TUPASSI 4,1% 80,0% 15,9% 100,0% VERA CRUZ DO OESTE 100,0% 100,0% TOTAL 2,4% 42,7% 46,0% 8,8% 100,0% Fonte: Elaborada pelo autor, com dados do IPARDES

255 Tabela 7.8 Receitas Correntes, Municípios da Mesrregião Oeste do Paraná, 1999. MUNICÍPIOS RECEITAS CORRENTES (R$ 1,00) Agropec. Serviços Industrial Patrimonial Tributária Transf. Corr. Outras TOTAL ANAHY - - - 16.480 59.826 1.799.402 89.545 1.965.253 ASSIS CHATEAUBRIAND 16.914 265.998-182.844 1.624.278 10.075.513 2.427.740 14.593.288 BOA VISTA DA APARECIDA - - - 6.423 153.263 3.417.210 588.801 4.165.698 BRAGANEY - 600-22.046 60.728 2.796.043 356.253 3.235.670 CAFELANDIA - 15.728-8.377 466.799 5.390.479 249.792 6.131.175 CAMPO BONITO 2.047 5.000-1.262 124.924 2.665.617 10.554 2.809.405 CAP. LEONIDAS MARQUES - - - 55.295 372.690 6.950.261 101.330 7.479.577 CASCAVEL - 22.930-593.989 21.228.579 52.335.324 6.552.524 80.733.347 CATANDUVAS - - - 6.030 191.929 3.880.985 186.534 4.265.478 CEU AZUL - 18.628 1.751 144.175 272.662 6.439.051 2.849.555 9.725.822 CORBELIA - 14.790-21.692 213.065 5.800.432 70.717 6.120.696 DIAMANTE DO OESTE - - - 436 42.455 3.222.914 215.692 3.481.496 DIAMANTE DO SUL - - - 10 11.712 1.897.103 191.157 2.099.982 ENTRE RIOS DO OESTE - 103.403 89.184 86.749 160.714 3.071.622 4.113.384 7.625.057 FORMOSA DO OESTE 34.056 16.455-2.368 190.857 4.003.599 88.915 4.336.251 FOZ DO IGUACU - - - 29.188 18.216.969 83.893.487 34.495.983 136.635.628 GUAIRA - 48.327-262.424 1.376.746 8.034.038 6.715.278 16.436.812 GUARANIACU - 15.486-279.645 178.533 7.249.771 94.951 7.818.386 IBEMA - - 150 40.888 109.692 2.238.759 240.896 2.630.385 IGUATU - 59.903-380 42.407 1.610.271 35.476 1.748.436 IRACEMA DO OESTE - - - 1.307 46.446 1.865.496 73.912 1.987.160 ITAIPULANDIA - - - 330.486 123.365 13.027.633 1.044.171 14.525.656 JESUITAS 2.112 80.953-9.243 277.812 3.602.859 239.315 4.212.293 LINDOESTE - - - 21.803 60.775 3.144.599 109.338 3.336.515 MAR. CANDIDO RONDON - 505.153-13.252 3.008.197 13.170.073 8.315.778 25.012.453 MARIPA - 37.089-40.550 365.160 3.348.405 301.640 4.092.844 MATELANDIA - - - 9.827 327.667 6.524.021 175.614 7.037.130 MEDIANEIRA - 247.332-24.957 2.579.442 10.196.658 932.017 13.980.407 MERCEDES - 140.660-7.038 99.884 1.947.662 2.447.161 4.642.405 MISSAL 119.096 22.792-274.125 208.999 3.866.657 6.639.063 11.130.732 NOVA AURORA - - - 2.196 248.996 5.553.298 448.875 6.253.365 NOVA SANTA ROSA - 52.771 43.952 62.617 230.908 3.435.831 757.356 4.583.435 OURO VERDE DO OESTE - 13.834-9.653 59.435 2.970.024 13.593 3.066.540 PALOTINA - 89.190-3.669 1.436.894 9.297.217 563.077 11.390.047 PATO BRAGADO - 71.246 105.380 224.991 171.177 3.197.542 5.869.987 9.640.323 QUATRO PONTES - 46.759 60.206 60.689 181.152 3.063.980 14.860 3.427.646 RAMILANDIA - - - 1.158 24.248 1.913.747 115.564 2.054.717 SANTA HELENA - 41.466 75.591 381.088 330.195 4.626.403 19.675.432 25.130.175 SANTA LUCIA - - - 15.669 57.796 2.150.813 81.856 2.306.134 SANTA TEREZA DO OESTE 4.285 10.762-3.250 85.397 3.295.775 220.209 3.619.680 SANTA TER. DE ITAIPU - 314.100-113.010 478.872 5.791.827 3.401.209 10.099.018 SAO JOSE DAS PALMEIRAS - 60.872-1.964 68.916 2.265.354 323.804 2.720.910 SAO MIGUEL DO IGUACU - 16.973-452.649 443.196 21.471.341 479.491 22.863.650 SAO PEDRO DO IGUACU - 133.916-76.615 108.415 2.805.463 209.411 3.333.820 SERRANOPOLIS DO IGUACU 18.581 - - 64 106.631 3.534.472 24.007 3.683.755 TERRA ROXA - 30.494-8.884 405.950 5.450.195 200.670 6.096.193 TOLEDO - 52.579-153.910 7.784.689 29.272.498 4.411.973 41.675.649 TRES BARRAS DO PARANA - - - 4.940 178.363 4.270.688 301.744 4.755.734 TUPASSI - 14.141 162.214 38.526 284.664 4.094.927 843.378 5.437.850 VERA CRUZ DO OESTE - 1.294-2.900 125.667 3.542.655 272.010 3.944.527 TOTAL 197.091 2.571.624 538.429 4.111.731 65.008.137 399.469.992 118.181.598 590.078.602 Fonte: IPARDES