O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: PARA A FORMAÇÃO CRÍTICA E REFLEXIVA DO GRADUANDO NA ÁREA DE SAÚDE

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Transcrição:

O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: PARA A FORMAÇÃO CRÍTICA E REFLEXIVA DO GRADUANDO NA ÁREA DE SAÚDE BEVILACQUA, Veruska Vitorazi¹ FREITAS, Marisa Ferreira de² Universidade de Uberaba veruskavibe@gmail.com; marisa.ferreira.frei@hotmail.com Linha de trabalho: Inovações Curriculares Resumo Os cursos de graduação na saúde devem formar um profissional diferenciado, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais com competências e habilidades e tendo a realidade do SUS. Salientar a importância da inserção do SUS no PPP nos cursos de graduação na área da saúde. Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa. A busca de um profissional com formação generalista, na construção de competência e habilidades, quer acadêmico-científicas, quer ético humanísticas, de acordo com as exigências do SUS. Considerando a universidade um lugar privilegiado para reflexão e construção de conhecimento. Palavras-chave: Projeto Político Pedagógico, SUS, Ensino. Introdução Na década de 80, quando surgiram novas propostas na assistência à saúde, visando uma melhor organização do sistema, trazendo os atendimentos equidade, integralidade e universalidade, na qual surgiu o Sistema Único de Saúde (SUS), com isto o mercado de profissionais com formação generalista, capazes de atuar em diferentes níveis de atenção à saúde fez necessárias as mudanças nos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) das Instituições Superior (IES). A partir da década de 90, com a Constituição Federal de 1988 e a publicação da lei 8.080/90, que regulamentou o SUS, as discussões sobre a formação dos profissionais de saúde foram intensificadas, uma vez que, desde que foi criado, o SUS provocou profundas mudanças nas práticas de saúde, impondo alterações significativas no processo de formação e desenvolvimento dos profissionais da área. Considerando-se que o SUS é o maior mercado de trabalho em saúde no Brasil, deve-se reconhecer que é no cotidiano dos serviços de saúde que

o conhecimento ganha materialidade como uma ação de produção da vida (CAVALHEIRO; GUIMARÃES, 2011). Decorrente a implementação destas propostas, houveram discussões entre as entidades de classe, escolas, instituições de saúde, entre outros, acerca da necessidade de reformulação dos currículos (COSME et al., 2013). Assim os cursos de graduação passaram a viabilizar a formação de um profissional diferenciado, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) com competências e habilidades que o possibilite a desempenhar suas funções de forma crítica-reflexiva e com criatividade, que o capacite ao cuidado em saúde em seu aspecto mais amplo, tendo como um dos elementos básicos, a realidade do SUS como ambiente produtivo para formação dos graduandos tendo a oportunidade de vivenciar toda a realidade do universo do trabalho. O trabalho fundamenta-se a descrever a importância da inserção do SUS nos PPP, assim fazendo as mudanças curriculares dos cursos da saúde. É muito discutido esse tema no Brasil e pouco colocado em prática, pois irá refletir nas mudanças pedagógicas e curriculares dos cursos da saúde. O objetivo desta pesquisa é salientar a importância da inserção do SUS no PPP nos cursos de graduação na área da saúde. Metodologia Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa. A classificação descritiva foi baseada no conceito na qual a caracteriza pela descrição de um objeto de pesquisa, que procura descobrir a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, característica, causas, relações e conexões com outros fenômenos, englobando dois tipos de pesquisa: a de campo e a bibliográfica. (BARROS; LEHFELD, 2006, p.70). A pesquisa exploratória avalia uma situação concreta que até então é desconhecida, em um determinado grupo, obtendo descrições qualitativas e quantitativas do objeto de estudo. (MARCONI; LAKATOS, 2009). Pode-se classificar este estudo também quanto à natureza que, nesse caso, classificase como qualitativa por não empregar procedimentos estatísticos, seu objetivo primordial visa abordar a situação a partir destes, uma vez que investigam comportamentos, opiniões, atitudes individuais ou de um determinado grupo. (RODRIGUES, 2006).

Resultados e Discussões Com o movimento da Reforma Sanitária Brasileira, na década de 70, os cursos de graduação na área da saúde foram levados a discutirem e modificarem as DCN s. A aprovação das DCN ocorreu, entre os anos de 2001 e 2002, e pressupôs que a formação em saúde deve contemplar o sistema de saúde no país e a integralidade da atenção à saúde (AMARAL; PONTES; SILVA, 2013). A perspectiva conservadora, na formação das profissões em saúde, vem atravessando severas críticas e discussões ao longo dos anos e, consequentemente, sofrendo alterações, principalmente a partir da institucionalização da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e da regulamentação das Diretrizes Curriculares Nacionais. Dessa forma, reorienta a construção de modelos pedagógicos articulados às necessidades da sociedade e do SUS, como política pública de saúde vigente no Brasil (COSTA; MIRANDA, 2010). A partir da Reforma Sanitária surge a necessidade de despertar uma formação do graduando que seja pautada na integralidade, interdisciplinaridade, percepção social; no novo conceito ampliado de saúde, no respeito ao direito do cidadão; enfatizando a necessidade de implantação de reformas curriculares nos cursos da área da saúde, inclusão da disciplina Saúde Coletiva, articulação entre as instituições de ensino com o SUS; e o cumprimento da obrigatoriedade das instituições de ensino e serviços de saúde em promover de forma articulada as atividades de ensino, pesquisa e extensão (PONTES et al., 2013). As atuais DCN dos cursos de graduação em saúde assumem essas demandas ao definirem competências e habilidades que, em muito, extrapolam a formação tecnicista dos profissionais de saúde, até então, presente no Brasil. Segundo Miranda (2010), essas DCN s partem da compreensão de que a formação nessa área deve contemplar o sistema de saúde no país e a atenção integral à saúde. A busca por um profissional com formação generalista, na construção de competências e habilidades, quer acadêmico-científicas, quer ético humanísticas, de acordo com as exigências do SUS, é um compromisso assumido e pactuado pela profissão. Neste sentido, atualmente os PPP s procuram ser, nas instituições de ensino superior das áreas da saúde, instrumentos que contribuam para a construção coletiva de processos formativos capazes de responder a esta demanda. (COSTA; MIRANDA, 2010).

O saber profissional fundamenta-se na capacidade de mobilizar recursos cognitivos para o enfrentamento de diversas situações do cotidiano do trabalho, os quais compreendem dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais inerentes à profissão (GUARDA et al., 2014). No Brasil, a formação de recursos humanos para a saúde é diretamente influenciada pelo Movimento da Reforma Sanitária, que inaugurou uma nova forma de se pensar e atuar em saúde, transformando os processos de formação profissional. Nas últimas décadas, as instituições de ensino superior têm se esforçado para incorporar as reflexões a respeito dos modelos de atenção e propostas de intervenção baseadas no ato de cuidar, além de estratégias de ação potencialmente mais integrais e efetivas (GUARDA et al., 2014). Nos cursos de graduação nas áreas da saúde, as transformações vêm se operando no âmbito do ensino teórico e das práticas, provocando mudanças mais incisivas nos PPP dos cursos de graduação, sobre os currículos e cenários de aprendizagem (COSTA; MIRANDA, 2010). O atendimento à complexidade dos problemas de saúde das pessoas exige do profissional um arsenal de tecnologias e saberes que precisam ser adquiridos ainda durante a formação acadêmica, pois são esses diferentes meios e instrumentos de trabalho que fornecerão aos futuros profissionais a capacidade de identificar os problemas e as demandas individuais e coletivas dos usuários, indispensáveis à prestação da atenção integral e humanizada às pessoas (COSTA; MIRANDA, 2010). Considerações É notório que as instituições de ensino superior têm valorizado a cidadania na formação, preparando os estudantes para desenvolverem a consciência política, melhorando assim as teorias e práticas. Com a vivência do aluno frente a realidade que é um aspecto diferencial para operacionalização e consolidação do SUS. Esta política visa implementar processos com capacidade de impacto no ensino, na gestão setorial, nas práticas de atenção e no controle social em saúde. Além disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação na Área da Saúde devem contemplar o SUS para que o aluno possa viver a realidade e formar um profissional generalista (CAVALHEIRO; GUIMARÃES, 2011).

Considerando que a universidade é um lugar privilegiado para reflexão e construção de conhecimentos, e que deve orientar seu projeto político-pedagógico a fim de atender às questões de relevância social, este manuscrito visa relatar e analisar a experiência de formação de profissionais da saúde. O PPP sendo um instrumento formal, que descreve parceria entre a universidade e os serviços de saúde pública, tem contribuído na formação do graduando e também dos profissionais, voltada para a implementação dos princípios e das diretrizes constitucionais do SUS e favorecido experiências de caráter multiprofissional e interdisciplinar (CAVALHEIRO; GUIMARÃES, 2011). Referências VERÍSSIMO PONTES, A. G.; SALES DO AMARAL, M. C.; VALE E SILVA, J. do; 2014. O ensino de Educação Popular em Saúde para o SUS: experiência de articulação entre graduandos de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação 18: 1547-1557 Disponível em:< http://www.readcube.com/articles/10.1590/1807-57622013.0441>. Acesso em: 01 out. 2016. BARROS, A. J. da S.; LEHFELD, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia Científica. Um guia para a iniciação científica. 2.ed. São Paulo: editora Pearson Makron Books, 2006. 122p. CAVALHEIRO, M. T. P.; GUIMARÃES, A. L. Formação para o SUS e os Desafios da Integração Ensino Serviço. Caderno FNEPAS, Volume 1. Dez. 2011. Disponível em: <http://www.sbfa.org.br/fnepas/artigos_caderno/v11/artigo2_formacao_para_sus.pdf>. Acesso em: 01 out. 2016. COSME, F. S. M. N.; et al. Percepção do enfermeiro preceptor quanto ao seu papel na formação dos graduandos para o SUS: pesquisa aplicada em serviço. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM ENFERMAGEM, 17º, 2013. Natal. p. 00648-00650. Disponível em: <http://www.abeneventos.com.br/anais_senpe/17senpe/pdf/0389po.pdf>. Acesso em: 01 out. 2016. COSTA, R. K. de S.; MIRANDA, F. A. N. de. Opinião do graduando de enfermagem sobre a formação do enfermeiro para o SUS: uma análise da FAEN/UERNA formação acadêmica do enfermeiro para o SUS na percepção de docentes e discentes da Faculdade de Enfermagem/UERN. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 39-47, mar. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1414-81452010000100007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01 out. 2016.

GUARDA, F. R. B. da et al. Intervenção do profissional de educação física: formação, perfil e competências para atuar no Programa Academia da Saúde. Rev Pan-Amaz Saude, Ananindeua, v. 5, n. 4, p. 63-74, dez. 2014. Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s2176-62232014000400008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 01 out. 2016. HERMANN, A. P., LACERDA, M. R. Atendimento domiciliar à saúde: um relato de experiência. Cogitare Enferm, 2007 out/dez; 12(4): 513-8. Disponível em: < http://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/10079/6931 >. Acesso em: 01 out. 2016. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 6.ed. São Paulo: editora Atlas S.A., 2009. 315p. MIRANDA, M. G. O. Projeto político de formação do enfermeiro: contextos, textos, (re) construções. 17 maio 2010. 393f. Tese (doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Programa de Pós-graduação em Educação. Natal, 2010. Disponível em: < https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/18311/1/moemiagom_tese.pdf>. Acesso em: 01 out. 2016. PONTES, S. C.; et al. Percepção de estudantes do ensino superior sobre a formação para o Sistema Único de Saúde. 2013. Disponível em: < http://www.convibra.com.br/upload/paper/2014/56/2014_56_9802.pdf>. Acesso em: 01 out. 2016. RODRIGUES, A. de J. Metodologia Científica. Completo e Essencial para a Vida Universitária. São Paulo: editora Avercamp, 2006. 222p.