Objetivos - Conceituar as terminologias gênero textual, tipologia textual e suporte textual;

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Transcrição:

XXII Semana de Pedagogia X Encontro de Pesquisa em Educação 05 a 08 de Julho de 2016 OS GÊNEROS TEXTUAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA POSSIBILIDADE PARA O LETRAMENTO Elsa Midori Shimazaki (DTP/UEM) Viviane Gislaine Caetano Auada (PG Educação/UEM) Janete Aparecida Guide (PDE Pedagogia/UEM) Tema proposto Ao analisarmos os resultados das avaliações de qualidade da educação básica, constatamos que vários problemas perpassam pelo contexto da sala de aula, os quais compreendem desde questões referentes ao sistema de escrita alfabética até a sua consolidação em práticas sociais de leitura e escrita (BRASIL, 2013). Nesse sentido, nesta proposta de minicurso pretendemos discutir as possibilidades de letramento com base no trabalho sistematizado com os gêneros textuais na educação básica, e apresentar sugestões para o professor planejar sua intervenção de modo consistente e efetivo a partir da proposta de Sequência Didática de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004). Para tanto, discutimos os conceitos estruturantes dessa temática, como as diferenças entre gênero textual, tipologia textual, suporte textual; a estrutura composicional dos gêneros textuais, sua finalidade social, dentre outros aspectos. A relevância desta proposta consiste no fato de propiciar às crianças a apropriação dos gêneros textuais, haja vista que todas as vezes que ocorre a comunicação da atividade psíquica por meio da linguagem verbal, oral ou escrita, recorremos a um gênero textual para materializá-la. Logo, defendemos a necessidade de a criança se apropriar de um conjunto de gêneros textuais para se eleger o gênero mais adequado às diferentes relações interpessoais que a convivência em sociedade impõe. Dessa forma, sendo a instituição escolar o espaço socialmente estabelecido para a socialização dos conhecimentos, é preciso que o docente se aproprie das especificidades conceituais presentes nos gêneros textuais e, por conseguinte, re/pense sua prática docente, tornando-a significativa ao aluno. Objetivos - Conceituar as terminologias gênero textual, tipologia textual e suporte textual;

- Discutir a importância da materialidade dos gêneros textuais para a construção de sentido; - Discutir a relevância dos gêneros textuais na sala de aula como instrumento de auxílio para o letramento; - Analisar a proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) para o ensino sistematizado dos gêneros textuais, intitulada Sequência Didática; - Apresentar as possibilidade de trabalho com alguns gêneros que estão no currículo do 1 ao 5 ano na perspectiva estudada - Sequência Didática de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004). Referencial teórico O referencial teórico que subsidia a proposta que ora apresentamos compreende as discussões e reflexões tecidas por Bakhtin (1995; 2000), Chartier (2003), Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), e Marcuschi (2005) acerca dos gêneros textuais e sua relevância enquanto instrumento didático para o processo de letramento. Para tanto, é necessário estabelecermos a diferença entre os termos gêneros textuais, tipologias textuais e suporte textual. Segundo Marcuschi (2005), Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica (2005, p.22-23). Na tentativa de explicitar as particularidades referidas o autor pontua que devemos ter clareza da finalidade do gênero utilizado, como, por exemplo: para encontrar um endereço desconhecido, o que devo consultar? Para conversar com um parente que está longe, como devo proceder? Para criar um clima de descontração com os amigos, como agir? As respostas a esses questionamentos nos conduzem a diferentes gêneros, como mapa, telefonema, carta, e-mail, piada, dentre outros. Assim sendo, observamos diferentes situações nas quais temos distintas finalidades e, portanto, recorremos a diferentes gêneros. De acordo com Marcuschi (2005, p.19): "[...] os gêneros textuais são fenômenos históricos profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. Já os tipos de texto ou tipologias textuais são usados [...] para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição, aspectos

lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas (MARCUSCHI, 2005, p.22). Essa tipologia ou tipo de texto, presente no gênero, aparece na forma de texto narrativo, argumentativo, descritivo, expositivo ou ainda injuntivo. Cada tipo de texto possui especificidades; como exemplo, refere-se à tipologia narrativa o relato de acontecimentos reais ou fictícios (MARCUSCHI, 2005). Esses relatos são empreendidos por um narrador, com a participação de personagens. A tipologia descritiva, por sua vez, reporta-se à caracterização de uma pessoa, objeto, ambiente ou paisagem, é um relato verbal do observado. Já a tipologia expositiva prima por sequências explicativas com o intuito de explanar um tema, ou seja, propiciar ao leitor conhecimento e compreensão de determinado assunto. A construção da tipologia argumentativa difere das demais, pois defende um ponto de vista acerca de um assunto, ideia ou conceito. Tem o objetivo de, mediante a exposição de fatos, ideias e conceitos, chegar a conclusões lógicas e verossímeis que possam convencer alguém sobre um dado posicionamento ou opinião. A tipologia injuntiva ou instrucional se refere ao tipo de texto que demonstra como realizar uma ação com a intenção de que o interlocutor pratique a ação. Cumpre frisar que em um gênero textual há o predomínio de uma tipologia textual, mas ela não é a única tipologia presente do gênero. Diante do exposto, levantamos uma questão pedagógica: conhecer os gêneros textuais e as tipologias que o compõem é suficiente para que a aprendizagem se efetive? As pesquisas científicas (CHARTIER 2003, MARCUSCHI 2005, BAKHTIN, 1995, 2000) são unânimes ao afirmar que o material no qual o gênero textual está impresso, concebido como suporte, é primordial para subsidiar a compreensão e a estruturação do texto. Podemos classificar como suporte dos gêneros textuais uma matéria com características próprias em que os gêneros são materializados, por exemplo: o gênero textual notícia impressa tem como o suporte o jornal, uma letra de música tem como suporte o encarte do CD. Assim, [...] cada forma, cada suporte, cada estrutura da transmissão e da recepção do escrito afeta profundamente seus possíveis usos e interpretações (CHARTIER, 2003, p. 44-45). Para este autor, forma, suporte e texto estão intrinsecamente ligados para a construção dos sentidos, pois a significação, ou melhor, as significações, histórica e socialmente diferenciadas de um texto, qualquer que seja não podem ser separadas das modalidades materiais que o dão a ler a seus leitores (2003, p. 46). Ainda, para o ensino sistematizado dos gêneros textuais é preciso levar em consideração que cada gênero possui uma estrutura composicional, e por conseguinte, dominá-las contemplálas em atividades sistematizadas é papel fundamental ao exercício da docência. Dessa forma,

uma das possibilidades de trabalho sistematizado dos gêneros textuais consiste na proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), a qual envolve quatro etapas distintas que, em consonância, ao final da Sequência Didática, possibilitam ao aluno a visão do gênero em sua totalidade, bem como de todas as especificidades que o compõem, habilitando-o como leitor e produtor. A primeira etapa consiste na apresentação da situação, em que se discute, em linhas gerais, a temática a ser estudada. A segunda etapa é a produção inicial, ou seja, a primeira escrita do gênero pelo aluno, sem a intervenção do professor. A terceira etapa consiste na organização por meio de módulos, constituídos para suprir as lacunas apresentadas na produção inicial, bem como as que podem surgir ao longo do processo no que tange ao tema, à estrutura composicional e ao estilo. A quarta e última etapa é a produção final, momento em que os alunos produzirão o gênero textual, contemplando todos os conhecimentos que foram apropriados durante o estudo do gênero. Assim, a avaliação pode ser somativa, contemplando o processo, e formativa, com vistas a verificar o que ainda falta para que o aluno seja um produtor e um leitor por excelência. Metodologia Para desenvolvermos esta proposta de minicurso, utilizamos o seguinte percurso metodológico. Conceituamos as terminologias gênero textual, tipologia textual e suporte textual; discutimos a importância da materialidade dos gêneros textuais para a construção de sentido, assim como a relevância dos gêneros textuais na sala de aula como instrumento de auxílio para o letramento; apresentamos e discutimos a relevância da proposta Sequência Didática, de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), para o ensino sistematizado dos gêneros textuais, seguida de sua aplicação conceitual em alguns gêneros que estão no currículo do 1 ao 5 ano. Considerações Finais As relações comunicativas verbais se estabelecem por meio de diferentes gêneros textuais; desse modo, pressupõem o domínio dos gêneros textuais por parte do falante e do ouvinte, do escritor e do leitor para que possam atuar na sociedade de forma consciente e significativa. Para encontrar um endereço desconhecido, por exemplo, é preciso recorrer ao gênero textual mapa, contudo, para que seu uso seja adequado, faz-se necessário conhecer, previamente, alguns conceitos sobre esse gênero: onde é seu meio de circulação, ou seja, onde

se pode encontrá-lo; qual sua finalidade, ou seja, em quais momentos se deve recorrer a um mapa; qual a sua estrutura composicional, ou seja, é preciso saber o que significa cada parte desse gênero e como utilizá-lo, como ler a legenda etc. Assim, para o uso efetivo de cada gênero, deve-se conhecer a sua finalidade, seu meio de circulação, seu suporte e sua estrutura composicional. Dessa forma, evidenciamos a necessidade de a instituição escolar ter por objetivo levar os alunos à aquisição desses conhecimento relativos aos gêneros textuais e, por conseguinte, aos níveis de letramento cada vez mais elevados, permitindo-lhes maior e melhor habilidades de leitura e de escritura nas relações sociais intra e extraescolares. Assim, também é papel da escola proporcionar exercícios para uso e consequente desenvolvimento efetivo dessas habilidades. Referências BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1995. BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Disponível em: <http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultadobrasil.seam?cid=2044482 >. Acesso em: 20 abril 2016.. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000 (p.277-326). CHARTIER, R. Formas e sentido. Cultura escrita: entre distinção e apropriação. Campinas: Mercado de Letras; Associação de Leitura do Brasil, 2003. DOLZ, J. M.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Ge neros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2004. p. 95-128. MARCUSCHI, L. A. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais e ensino. 4ª ed. Rio de janeiro: Lucerna, 2005. P.19-36