ACOMPANHAMENTO TÉCNICO NO TRATAMENTO DE DEJETOS DE SUÍNOS: QUEM FAZ?

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Transcrição:

ACOMPANHAMENTO TÉCNICO NO TRATAMENTO DE DEJETOS DE SUÍNOS: QUEM FAZ? Guilherme Bellotti de Melo Graduando em Economia Esalq/USP Equipe Suínos/Cepea (gbmelo@esalq.usp.br) Thiago Bernardino de Carvalho Economista; Mestrando em Econ Aplicada Esalq/USP Pesquisador Cepea (tbcarval@esalq.usp.br) Artigo publicado na revista Suinocultura Industrial Edição 184 - Jan/2005 No novo contexto mundial, em que a conscientização ecológica e a preocupação dos consumidores com a origem dos alimentos tornaram-se balizadores para a escolha de qual produto consumir, a atividade produtiva dos bens alimentícios vem passando por transformações para atender a esses novos princípios ambientais. No que diz respeito à carne suína, a inserção do Brasil no comércio internacional tem feito com que a preocupação com a responsabilidade ambiental se torne ainda maior. Nesses mercados, exigências relacionadas à preocupação com o meio-ambiente, impostas por meio de barreiras não tarifárias e por medidas sanitárias e fitossanitárias, ameaçam a continuidade das exportações brasileiras dessa carne. Contudo, para que a suinocultura alcance o status de atividade ecologicamente correta, precisa vencer uma grande barreira: o manejo dos dejetos. De acordo com a Embrapa (1999), os dejetos suínos têm poder poluente de 4 a 5 vezes maior que o do homem, e que cada matriz de ciclo completo produz em média 100 litros por dia de dejeções, compostas por esterco, urina, desperdícios de água de bebedouros ou de limpeza, resíduos de rações, etc. Além disso, a entidade afirma que o lançamento indiscriminado desses dejetos em rios, lagos e solo causa desconforto e doenças à população, além de degradar o meio-ambiente através de poluição dos leitos d`água e saturação dos solos pelos componentes químicos presentes no dejeto. O tratamento desses poluentes objetivando reduzir os custos ambientais da suinocultura torna-se, portanto, indispensável para a manutenção e o sucesso dessa atividade no Brasil. Todavia, para que se alcance o manejo eficiente e eficaz dos resíduos de suínos, a presença de acompanhamento técnico nas propriedades se faz imprescindível.

Diante disso, o presente artigo visa a verificar se as unidades produtoras de suínos estão sendo assistidas por técnicos no manejo dos dejetos e caracterizar essas propriedades, relacionando-as com a estrutura de produção adotada: independente, integrados ou cooperados. Metodologicamente, as propriedades com estrutura de produção integrada são aquelas que se possuem relação contratual com as agroindústrias (integradoras), na qual cabe à última o fornecimento de insumos aos produtores e a esses, a oferta exclusiva de suínos para as integradoras. Como sistema de produção cooperativo foram denominadas as unidades produtivas com sistema semelhante ao integrado, porém com as cooperativas realizando a função de integradoras. Por fim, entende-se por sistema de produção independente as propriedades que não possuem relações contratuais com qualquer agente que atua na cadeia de suínos (CEPEA, 2001). Como fonte de informações, foram utilizados dados do projeto da FAO - CEPEA/ESALQ/USP obtidos com questionários aplicados em 197 propriedades suínas distribuídas entre os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Análise dos Dados As propriedades da maioria dos estados analisados possuem acompanhamento técnico no tratamento dos dejetos suínos, merecendo destaque Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nos quais esse acompanhamento chega a 80% e a 86,67% das propriedades, respectivamente. Vale ressaltar também as granjas localizadas em Santa Catarina, com 66,67% de assistência técnica, e as do Paraná, com 72,22%. Na zona intermediária se encontra Minas Gerais, com aproximadamente metade das granjas dispondo de ajuda de profissionais. No Rio Grande do Sul, os resultados foram diferentes: apenas 32% das granjas produtoras de suínos apresentam monitoramento profissional no manejo das dejeções.

100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% PR SC RS MT MS MG GO sim não Gráfico 1. Presença de acompanhamento técnico no tratamento de dejetos suínos No que diz respeito ao tipo de propriedade que são assistidas por técnicos, nota-se que em 56,45% delas o sistema de integração é o que prevalece em termos de relação entre os produtores e as agroindústrias. São independentes 23,39% das unidades e 20,16% fazem parte de cooperativas médias dos sete estados. Com relação ao Mato Grosso do Sul, estado com maior presença de técnicos no manejo dos dejetos, observa-se que 64% das propriedades são integradas e 36% são cooperadas (ver tabela 1). Essa tendência de predominância de propriedades integradas se estende por Santa Catarina, com 90,63% neste sistema, pelas unidades goianas, com 62,31%, e também gaúchas, com 62,50%. Tabela 1. Tipo de propriedade que possui acompanhamento técnico no manejo de dejetos suínos. Estados Integrados Independentes Cooperados SC 90,63% 3,13% 6,25% RS 62,50% 12,50% 25% PR 38,46% 46,15% 15,38% MG 18,75% 75% 6,25% GO 62,31% 7,69% 0% MT 0% 37,5% 62,50% MS 64% 0% 36% Fonte: CEPEA/ESALQ/USP-FAO (2002)

No Mato Grosso, mais da metade (62,5%) das granjas suínas que apresentam controle profissional no manejo dos dejetos fazem parte de alguma cooperativa, e 37,5% são independentes. Já as unidades produtivas de Paraná e Minas Gerais apresentam percentuais elevados de produção independente, de 46,15% e 75%, respectivamente. No tocante à provisão dos técnicos para as propriedades, verifica-se, de acordo com a tabela 2, que em 47,89% dos casos são de responsabilidade das agroindústrias, o que reflete a preocupação das mesmas com o custo ambiental originado pelos seus produtos. Em 36,16% dos casos os profissionais são contratados pelas associações ou cooperativas, e o restante obtém provisão dos próprios produtores ou de empresas privadas. Tabela 2. Custeio de técnicos para tratamento de dejetos suínos. Quem contrata? PR SC RS MT MS MG GO Total Agroindústria 22,22% 68,97% 24,00% 10,00% 70,00% 29,03% 61,11% 47,89% Produtor 44,44% 10,34% 40,00% 60,00% 3,33% 29,03% 27,78% 21,05% Cooperativa 11,11% 12,07% 12,00% 20,00% 16,67% 0,00% 0,00% 12,11% Associação 5,56% 6,90% 24,00% 10,00% 3,33% 35,48% 11,11% 14,21% Empresa Privada 16,67% 1,72% 0,00% 0,00% 6,67% 6,45% 0,00% 4,74% Fonte: CEPEA/ESALQ/USP-FAO (2002) Com relação aos estados que possuem propriedades calcadas no sistema de integração, nota-se que somente no Rio Grande do Sul os técnicos não são contratados majoritariamente pelas processadoras de carne suína. Contudo, no Mato Grosso do Sul, Goiás e em Santa Catarina, a presença desses profissionais nas propriedades, na maioria dos casos, fica por conta das agroindústrias. Em Mato Grosso, mesmo que as granjas pertençam em grande parte a cooperativas, os números indicam que em 60% das vezes os técnicos são contratados pelos próprios produtores e em apenas 30% pelas associações ou cooperativas. No que tange Minas Gerais e Paraná, estados em que predominam o sistema de produção independente nas unidades que possuem o monitoramento no manejo das dejeções, percebe-se que apenas no último 44% desses técnicos são custeados pelos próprios produtores, na maior parte dos casos. No entanto, nas propriedades mineiras a

responsabilidade de contratação de técnicos é, em 35% das vezes, das associações e, somente em 29% dos casos, dos próprios produtores. CONCLUSÃO Com relação ao tipo de propriedade que dispõe de acompanhamento técnico para tratamento de dejetos da suinocultura, conclui-se que as integradas possuem níveis significativamente superiores quando comparadas a unidades cooperadas e independentes. Em 48% das propriedades integradas, o tratamento é custeado pela agroindústria. Este investimento é justificado pela preocupação dos frigoríficos em satisfazer os princípios ambientais e as necessidades dos consumidores nacionais e externos. Considerando a importância do Rio Grande do Sul no cenário produtivo e exportador de carne suína responde por 25% do total enviado pelo Brasil, é preocupante o fato de que esse Estado apresenta o menor índice de acompanhamento técnico no tratamento de dejetos suínos nas áreas pesquisadas. Essa identificação deve servir de alerta devido ao contexto mundial rígido quanto às medidas de controles ambientais e sanitárias. Os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresentam os maiores índices de acompanhamento técnico para tratamento dos dejetos. Em mais da metade das propriedades mato-grossenses (62,5%) predomina sistema cooperado, esses custos são bancados pelos próprios produtores, o que mostra a conscientização relacionada ao tratamento de dejetos. Já no Mato Grosso do Sul, onde 87% das unidades dispõem de técnico para o manejo dos dejetos, em cerca de 70% delas, essas despesas estão a cargo das agroindústrias, conseqüência do alto índice de produção integrada neste Estado. Por fim observa-se que, em Santa Catarina, aproximadamente 67% das propriedades que têm acompanhamento técnico para o manejo dos dejetos. Destas, pouco mais de 90% são integradas, sendo que a agroindústria responde por quase 70% do custeio de técnicos. Santa Catarina é, atualmente, o único Estado brasileiro livre do embargo russo às carnes brasileiras, situação que pode ter sido favorecida também pelo status de livre de febre aftosa sem vacinação. Nota: outras informações sobre o mercado de suínos podem ser acessadas no site do Cepea: www.cepea.esalq.usp.br