ESPAÇO ESCOLAR E PRECONCEITO HOMOFÓBICO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Documentos relacionados
Leônidas Siqueira Duarte 1 Universidade Estadual da Paraíba UEPB / leonidas.duarte@hotmail.com 1. INTRODUÇÃO

PROJETO PROLICEN INFORMÁTICA NA ESCOLA : A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA E O ENSINO MÉDIO PÚBLICO

ABORDAGEM METODOLÓGICA EM GEOGRAFIA: A PESQUISA DE CAMPO*

Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Professor Aloísio Teixeira Coordenação de Pesquisa e Coordenação de Extensão

ANEXO XII TABELA DE PONTUAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO ACADÊMICA

VIII CONGRESSO NACIONAL DA PSICOLOGIA

Saúde da Mulher Lésbica e Bissexual no Brasil: Avanços e Desafios

liberada por se tratar de um documento não aprovado pela PUC Goiás.

FORMAÇÃO DOCENTE NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIRG

Centro Universitário Newton Paiva Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas Curso Publicidade e Propaganda

O JOVEM COMERCIÁRIO: TRABALHO E ESTUDO

Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Piracaia PIRAPREV CNPJ: / Política de Responsabilidade Social

DISTRIBUIÇÕES ESPECIAIS DE PROBABILIDADE DISCRETAS

Explicando o Bolsa Família para Ney Matogrosso

Investimento Social no Entorno do Cenpes. Edson Cunha - Geólogo (UERJ) Msc. em Sensoriamento Remoto (INPE)

II SEMINÁRIO ESTADUAL sobre Política Municipal de Habitação - PLANO CATARINENSE DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL - PCHIS

TRABALHOS SELECIONADOS

TRANSFORMAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: OS PRIMEIROS PASSOS DE UMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL1 1

Universidade Estadual do Norte do Paraná

PLANO DE ACÇAO ANUAL PARA A IMPLEMENTAÇAO DA RCS 1325, Comité de Pilotagem da RCS 1325 Guiné- Bissau

Cotas raciais nas universidades, a contradição do Brasil!

Identidade e trabalho do coordenador pedagógico no cotidiano escolar

RESOLUÇÃO N 41/11-CEPE RESOLVE:

Estacionamentos Belo Horizonte

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

EDUCADOR, MEDIADOR DE CONHECIMENTOS E VALORES

CAPÍTULO II - DA REALIZAÇÃO

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA

Entrevista com o Prof. José Sérgio Fonseca de Carvalho

Indicadores Sociais Municipais Uma análise dos resultados do universo do Censo Demográfico 2010

PLANO NACIONAL E MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO PROPOSTAS PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO ESCOLAR

3 Metodologia de pesquisa

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N.º 69, DE 2007 (Do Sr. Arnaldo Faria de Sá)

RELAÇÕES RACIAIS NA PERSPECITIVA CURRICULAR E EDUCACIONAL

REGULAMENTO N 01/2016-PPGEE/MEPE/UNIR

BARÓMETRO DE OPINIÃO PÚBLICA: Atitudes dos portugueses perante Leitura e o Plano Nacional de Leitura

Ismênia Pires. Obra - Operários Tarsila do Amaral 1933

ESTATUTO DAS LIGAS ACADÊMICAS Diretoria de Extensão e Assuntos Comunitários

15. ESTÁGIOS CURRICULARES DO BACHARELADO EM TEOLOGIA

Descrição da Estrutura de Gerenciamento Risco Operacional -

LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELOS DOMICÍLIOS LOCALIZADOS NO DISTRITO INDUSTRIAL DO MUNICÍPIO DE CÁCERES

REGULAMENTO DA GINCANA RELACIONAMENTO UNIFEOB 2016

1. Súmula. 2. Objetivos. 3. Método

PROJETO DO CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADO EM INFORMÁTICA


FORUM FPA IDÉIAS PARA O BRASIL

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE AIDS E DAS DST ENTRE A POPULAÇÃO DE GAYS, HSH E TRAVESTIS MATO GROSSO DO SUL

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL EDITAL Nº. 01, DE 22 DE JUNHO DE 2016

CIÊNCIA, CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DO 1º CICLO

Introdução. Parte do Trabalho de Conclusão de Curso do Primeiro Autor. 2

LEI MARIA DA PENHA E A CRIMINALIZAÇÃO DO MASCULINO. Alexandre Magno Fernandes Moreira Aguiar

Inclusão de pessoas com deficiência no mercado trabalho: implicações da baixa escolarização

Atividade Discursiva

Elas: mulheres artistas no acervo do MAB

AS INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS PARA O ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

Postfacio: E agora? Maria Emília Brederode Santos

USO DO AUDIO-IMAGEM COMO FERRAMENTA DIDÁTICO PEDAGÓGICA EM ATIVIDADES EM SALA DE AULA.

Relatório do Curso de Atuação Parlamentar e Diversidade Cultural

A Orientação Educacional no novo milênio

Cronograma - Seguindo o plano de metas da USP para 2015

Contabilidade Pública e Governamental

Acordo de Acionistas. do Grupo CPFL Energia. Atual Denominação Social da Draft II Participações S.A.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ENSINO BÁSICO

É importante destacar que em 2016 ocorrerão simultaneamente os seguintes eventos:

Instrução Normativa do Programa de Pós-Graduação em Administração: Mestrado Profissional

VERSÃO RESPOSTAS PROVA DE MARKETING

Seduc debate reestruturação curricular do Ensino Médio

UM JOGO BINOMIAL 1. INTRODUÇÃO

PLANO DE DISCIPLINA. Faculdade Internacional do Delta Curso: Serviço Social. Período: 2º/ UNIDADE TEMÁTICA:

A CONFLUÊNCIA ENTRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E O CURRÍCULO: A INCLUSÃO EDUCACIONAL DO ALUNO SURDO.

Programa: Enquadramento; Dinâmicas e processos associados à violência conjugal; A lei e o combate à violência doméstica questões legais.

PERFIL DOS HÓSPEDES. 3º Quadrimestre APRESENTAÇÃO EM MEIOS DE HOSPEDAGEM

PLANO DE PARTICIPAÇÃO DOS EMPREGADOS NOS RESULTADOS (PPR)

PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE INTERCÂMBIO INTERNACIONAL PARA GRADUAÇÃO UNIVERSIDADE DE AVEIRO-PORTUGAL - UA REITORIA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA EDITAL Nº 01/2013

Prof. Dra. Michelly L Wiese Assistente Social

TERMO ADITIVO ao Contrato Particular de Plano de Saúde (nome do plano) Reg. ANS nº (nº produto).

PANORAMA DA PESQUISA ESPM SUL

INCLUSÃO SOCIAL DO DEFICIENTE POR MEIO DO AMPARO JURÍDICO

EDITAL DE LANÇAMENTO E SELEÇÃO DE ALUNOS PESQUISADORES PARA O PROJETO DE PESQUISA

Minuta Circular Normativa

DEZEMBRO DE 2012 Revista de Bioética. v. 21, n. 1, 2013

Probabilidade. Evento (E) é o acontecimento que deve ser analisado.

a) No Projeto d) Em sua residência b) No Escritório da UNESCO e) Outros c) No Escritório Antena

EDITAL PARA MONITORIA DA SBPC / UFSB Nº 01/ 2016

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA VOLUNTÁRIO PIC DIREITO/UniCEUB EDITAL DE 2016

Contrata Consultor na modalidade Produto

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA: ESPAÇO DE INCLUSÃO

RELATÓRIO SIMPLIFICADO FINAL PSICOLOGIA GENÉTICA DE JEAN PIAGET 2ª UNIDADE. Instrução Geral ao Relatório:

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: Carga Horária Semestral: 40 h Semestre do Curso: 3º

O ASSISTENTE SOCIAL E SEU PAPEL NA EFETIVAÇÃO DE GARANTIAS DE DIREITOS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NAS APAES

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DA AIDS ENTRE HSH, HOMOSSEXUAIS E TRAVESTIS

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PREVENÇÃO DO HIV/AIDS NO INÍCIO DA RELAÇÃO SEXUAL: CONDUTA DOS ADOLESCENTES FRENTE À TEMÁTICA

Título do Case: Categoria: Temática: Resumo: Introdução:

Mostra de Projetos "Ser Gestante"

Transcrição:

ESPAÇO ESCOLAR E PRECONCEITO HOMOFÓBICO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Andressa Cerqueira Carvalhais (Graduanda -PIBIC Fundação Araucária UEPG a_carvalhais@hotmail.com Tamires Regina Aguiar de Oliveira César (Graduanda - PIBIC/Fundação Araucária - UEPG) tamyitape@hotmail.com William Hanke (Graduando - PROVIC UEPG) Hanke_pg@hotmail.com Orientador: Márcio Ornat Resumo O presente texto tem por objetivo construir uma reflexão sobre as conexões entre espaço escolar e preconceito homofóbico, tendo por referencial empírico as respostas de campo obtidas a partir do Protocolo de Pesquisa Espaço Escolar e Preconceito Homofóbico no Município de Ponta Grossa Paraná. Palavras-chave: Geografia; espaço escolar; homofobia Introdução O que as respostas de campo coletadas evidenciam dizem respeito a uma espacialidade estruturada por ações de preconceito direcionadas aos homossexuais. Assim como tratado por Silva (2009), o espaço escolar tem sido visualizado como uma possibilidade de existência cotidiana estruturada segundo a compreensão de um mundo organizado por polos de normalidade e de não normalidade. Em específico, a espacialidade escolar é estruturada naquilo que Valentine (1993) denomina como espaço heterossexual. Segundo esta autora, esta condição é invisível, até que suas fronteiras sejam transgredidas, a partir da existência de pessoas localizadas no polo da não normalidade.

Desenvolvimento Inicialmente construímos uma reflexão discutindo as relações entre espaço escolar e preconceito, para em um segundo momento evidenciar as concordâncias e discordâncias de situações do cotidiano escolar a partir das categorias relacionadas ao masculino e ao feminino. Nossas reflexões têm por subsídio a análise das respostas de 104 questionários aplicados a alunos do Ensino Médio, questionário este estruturado a partir de sentenças que envolviam situações do cotidiano escolar orientadas à circunstancias de preconceito e discriminação, onde 71.15 % relacionaram-se a meninos e 28.85 % a meninas, 95.2 % do total possuíam idade entre 15 a 19 anos. Para a presente análise utilizou-se seis questões de um total de vinte, retiradas dos questionários, onde os alunos teriam como opção de resposta: concordo muito, concordo pouco, discordo muito, discordo pouco. As sentenças escolhidas foram: eu não procuro chegar perto dos homossexuais; eu não aceito a homossexualidade; a homossexualidade é uma doença; alunos homossexuais não são normais; eu convidaria ou aceitaria que um homossexual estudasse em minha casa; e namoraria ou casaria com um/uma homossexual. Evidenciamos as respostas dessas questões nas tabelas a seguir: Eu não procuro chegar perto dos homossexuais 17.3 % Discordo pouco 26.1 % 65.5 % Discordo muito 37.7 % 13.8 % Concordo pouco 14.5 % 3.4 % Concordo muito 21.7 % Tabela 1. Campo realizado entre os dias 25 a 31 de agosto de 2011. Eu não aceito a homossexualidade 6.7 % Discordo pouco 14.3 % 80.0% Discordo muito 45.7 % 10.0 % Concordo pouco 20.0 % 3.3 % Concordo muito 20.0 % Tabela 2. Campo realizado entre os dias 25 a 31 de agosto de 2011.

A homossexualidade é uma doença 10.0 % Discordo pouco 15.9 % 80.0 % Discordo muito 55.1 % 3.3 % Concordo pouco 15.9 % 6.7 % Concordo muito 13.1 % Tabela 3. Campo realizado entre os dias 25 a 31 de agosto de 2011. Alunos homossexuais não são normais 13.3 % Discordo pouco 8.7 % 86.7 % Discordo muito 63.8 % 0.0 % Concordo pouco 11.6 % 0.0 % Concordo muito 15.9 % Tabela 4. Campo realizado entre os dias 25 a 31 de agosto de 2011. Eu convidaria ou aceitaria que um homossexual estudasse em minha casa 90.0 % Sim 59.4 % 10.0 % Não 40.6 % Tabela 5. Campo realizado entre os dias 25 a 31 de agosto de 2011. Eu namoraria ou casaria com um/uma homossexual 13.3% Sim 7.2 % 86.7 % Não 92.8 % Tabela 6. Campo realizado entre os dias 25 a 31 de agosto de 2011. Iniciamos nossa discussão pelo primeiro grupo de escolhas, relacionadas a 'eu não procuro chegar perto dos homossexuais', 'eu não aceito a

homossexualidade', 'a homossexualidade é uma doença' e 'alunos homossexuais não são normais'. No tocante a primeira frase, o que a tabela 1 demonstra diz respeito ao fato de que as mulheres discordam pouco ou muito em 82.8 %, em comparação aos 63.8 % de escolhas masculinas, demonstrando que a convivência das pessoas que não correspondem a linearidade discutida por Butler (2003) entre sexo, gênero, prática sexual e desejo se estabelece de forma mais intensa com grupos de mulheres do que com grupos de homens. O não procurar chegar perto de homossexuais conecta-se a tabela 2, relacionada a não aceitação da homossexualidade. Se o percentual de concordância masculina em relação a esta frase totalizou 40.0 % das escolhas masculinas, em apenas 13.3 % isso fora visível nas escolhas femininas. Assim, o mesmo processo de exclusão e aversão nascido das respostas masculinas em relação a homossexuais se mantém. No tocante a frase 'a homossexualidade é uma doença', mesmo que desde o dia 17 de maio de 1990 a Organização Mundial da Saúde em Assembléia Geral tenham aprovado a retirada do código 302.0 (Homossexualidade) da Classificação Internacional de Doenças, declarando que a homossexualidade não estava relacionada a doenças, distúrbios ou perversões, entrando em vigor nos países membros da ONU a partir de 1993, no cotidiano social esta frase ainda possui pertinência na classificação dos corpos e comportamentos sociais, pois em específico, a partir dos cento e quatro questionários aplicados, no grupo geral, 19.5 % concordavam com a frase. Todavia, quando agrupadas as respostas por sexo, evidenciou-se que 29.0 % dos participantes homens concordaram com a frase ' a homossexualidade é uma doença', frente aos 10.0 % de escolha feminina. O elemento 'doença' repete-se com a consideração de anormalidade de pessoas homossexuais, a partir do fato de que 27.5 % das respostas dos homens concordaram com tal afirmação, em comparação a 100.0 % de discordância das mulheres. Este total de escolhas acima realizadas reflete-se na possibilidade de convívio doméstico, tanto a partir de atividades escolares, como segundo a própria possibilidade de estabelecimentos afetivos. Se em relação a frase 'eu convidaria ou aceitaria que um homossexual estudasse em minha casa, no geral 74.7 % das

respostas aceitariam tal convívio, existindo uma predominância de aceitação feminina (90.0 %) em comparação a aceitação masculina (59.4 %), em relação ao estabelecimento de um relacionamento, os percentuais de aceitabilidade se invertem, onde o percentual geral de discordância em relação a frase 'Eu namoraria ou casaria com um/uma homossexual' é de 89.7 %, apresentando-se este percentual com uma maior intensidade nas respostas dos homens (92.8 %) em comparação as respostas das mulheres (86.7 %). Assim, evidenciamos através das respostas acima obtidas, que as mulheres tendem a aceitar mais os colegas homossexuais do que os homens, porém, tanto os homens quanto as mulheres concordaram, em maior ou menor grau (excluindo-se a tabela 4 onde não houve concordância por parte das mulheres) com as proposições. O constrangimento da sociedade heteronormativa se fez nítido no que diz respeito aos homens aceitarem menos a homossexualidade, pois espera-se um comportamento padrão em todos os homens, e qualquer traço de feminilidade é considerado por eles como sendo menos homem. Por isso, o homossexual é rejeitado dentro do espaço do escolar e os alunos heterossexuais tende a manter distância para não serem vistos como não homens. Sendo assim, segundo Louro (2004), as ações de combate a homofobia são metas importantíssimas que necessitam ser constantemente retrabalhadas, desconstruindo discursos que situam corpos em polos de normalidade e não normalidade, atribuindo aos sujeitos condições de existência para corpos que, nos termos de Butler (2008), importam socialmente, na relação com sua condição paradoxal de abjeção e marginalização. Pelo mesmo caminho, Junckes e Silva (2010) afirmam que todas as características corporais não tem correspondência a todas as representações socialmente estabelecidas no tocante ao gênero e as sexualidades, apresentando-se assim características de maleabilidade e fluidez segundo existências sociais. A naturalidade das praticas heteronormativas estabelecem coerências entre ações discursivas, produzindo um alinhamento que segundo Butler (2003) refere-se à linearidade entre sexo, gênero e desejo. Portanto, pensar a relação entre espaço escolar e preconceito homofóbico orienta tanto a

prática pedagógica quanto espacial pelo principal caminho, que se refere ao respeito às diferenças. Considerações finais Evidenciamos neste texto a relação entre o preconceito homofóbico e o espaço escolar na cidade de Ponta Grossa PR. Tais respostas de campo visam, além de subsidiar a perspectiva de gênero e sexualidade na Geografia, construir subsídios à elaboração de políticas públicas voltadas para a educação e desta forma romper com as regras de normatização da sociedade que impossibilitam o estudante gay de ter os mesmos direitos que o heterossexual em relação ao respeito enquanto sujeito. Esta reflexão estruturou-se pela busca da produção de uma Geografia emancipatória, visando tanto o respeito às diferenças quanto a existência de outras possibilidades de vivência social, como relacionado ao grupo de homossexuais, que resistem, tanto através de várias geografias multidimensionais, quanto através do espaço escolar. Referências Brasil sem Homofobia - Programa de Combate á violência e a discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual - Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf :> 17 de Set. de 2011 LOURO, Guacira Lopes. Um Corpo Estranho ensaios sobre sexualidade e teoria queer Belo Horizonte: Autêntica, 2004 P. 27 55 SILVA, Joseli Maria. Geografias Feministas, Sexualidades e Corporalidades: Desafios às Práticas investigativas da Ciência Geográfica ESPAÇO E CULTURA, UERJ, RJ, N. 27, P. 39-55, JAN./JUN. DE 2010