VARIAÇÃO SAZONAL DA UMIDADE DE EQUILÍBRIO PARA MADEIRA DE Pinus

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IPEF, n.31, p.41-46, dez.1985 VARIAÇÃO SAZONAL DA UMIDADE DE EQUILÍBRIO PARA MADEIRA DE Pinus IVALDO PONTES JANKOWSKY Departamento de Silvicultura, ESALQ-USP 13400 - Piracicaba - SP ABSTRACT - This paper analysis the seasonal variation of the equilibrium moisture content in Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus oocarpa, Pinus taeda and Pinus kesiya woods. Samples of these woods, air and kiln dried, were exposed to internal and external conditions during one year. In this period the samples were weighed periodically to calculate the moisture content variation. The equilibrium moisture content of the four wood species was similar, showing the same hygroscopic characteristics. The equilibrium moisture variation was less in closed environment. The kiln drying reduced the hygroscopicity, when compared with air drying. The SIMPSON (1971) equation gives a good approach to estimate the equilibrium moisture content for the wood species studied. RESUMO - O objetivo do presente trabalho foi avaliar a variação sazonal da umidade de equilíbrio das madeiras de Pinus caribaea var. hondurensis, P. oocarpa, P. taeda e P. kesiya. Para tanto, amostras das quatro espécies, secas ao ar e em secador convencional, foram expostas em ambientes interno e externo durante doze meses. A partir do registro periódico das massas das amostras calculou-se a variação da umidade de equilíbrio no decorrer do período de ensaio. As quatro espécies ensaiadas apresentam o mesmo comportamento higroscópico, atingindo teores semelhantes na umidade de equilíbrio. A amplitude de variação na umidade de equilíbrio é menor em ambientes internos. A madeira artificialmente seca em secador convencional tem sua higroscopicidade reduzida quando comparada com a madeira seca ao ar. A utilização da equação de SIMPSON (1971) permite obter uma boa estimativa da umidade de equilíbrio para as espécies estudadas. INTRODUÇÃO A madeira, mesmo após ter passado por um processo de secagem, mantém as suas características de material higroscópico e continua trocando umidade com o ar que a envolve. Mantendo-se constantes as condições de temperatura e umidade relativa, o teor de umidade da madeira irá atingir um equilíbrio dinâmico com a umidade do ar. Nessa situação define-se a umidade de equilíbrio da madeira. Contudo, as condições ambientais variam constantemente, ocasionando mudanças no teor de umidade da madeira. Isto traz uma conseqüência indesejável, que é a alteração nas dimensões da madeira, proporcional à quantidade de água ganha ou perdida para o ambiente. De acordo com PECK (1965), dificuldades causadas pela movimentação dimensional podem ser minimizadas secando-se a madeira até um teor de umidade médio entre os valores extremos que serão atingidos quando em serviço.

Torna-se então necessário estimar quais os valores mínimo e máximo da umidade de equilíbrio para a localidade na qual a madeira será utilizada, o que pode ser feito a partir de tabelas (SMITH, 1963) ou equações matemáticas (SIMPSON, 1971). SIMPSON (1973), comparou diferentes modelos de sorção, utilizando resultados disponíveis em literatura, e concluiu que para expressar a umidade de equilíbrio da madeira em função da temperatura e da umidade relativa do ar o melhor modelo era o que baseavase na teoria de Hailwood e Horobin. A partir da equação proposta por SIMPSON (1971), GALVÃO (1975, 1981) calculou a variação anual da umidade de equilíbrio para várias cidades brasileiras. Todavia, ORMAN (1966) adverte sobre o inconveniente de generalizar os valores da umidade de equilíbrio obtidos a partir de tabelas ou equações gerais, pois muitas espécies podem apresentar comportamento distinto, conforme foi observado experimentalmente por JANKOWSKY (1979). Assim, o objetivo do presente trabalho foi determinar a variação sazonal na umidade de equilíbrio para as madeiras de Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus oocarpa, Pinus kesiya e Pinus taeda, comparando os resultados experimentais com os valores estimados, e avaliando o comportamento higroscópico em função dos processos de secagem natural e artificial. MATERIAL E MÉTODOS A madeira utilizada neste experimento foi fornecida pelo Instituto Florestal do Estado de São Paulo, em tábuas de 2,5 x 6,0 x 100,0 cm, sendo 3 tábuas por espécie. As tábuas foram cortadas na metad,3 de seu comprimento, formando dois lotes iguais. Um dos lotes foi submetido à secagem natural, atingindo uma umidade média de 14,1%, e o outro foi artificialmente seco em um secador convencional até 13,0% de umidade. Após a secagem foram retiradas duas amostras pareadas de cada tábua, com 1,5 cm de espessura, 4,0 cm de largura e 8,0 cm de comprimento. Uma das amostras foi destinada à exposição em ambiente interno e a outra à ambiente externo. Utilizaram-se doze corpos de prova por espécie, sendo que metade deles ficou em exposição ao ar em um local fechado (ambiente interno) e a metade restante permaneceu exposta ao ar em local aberto, porém, abrigada da chuva e da radiação solar direta (ambiente externo). Das seis amostras colocadas em um dos ambientes, três haviam sido secas ao ar e três foram submetidas à secagem artificial. Dessa forma, obteve-se a combinação completa entre os fatores espécies, tipo de secagem e condição de exposição. As amostras foram pesadas periodicamente, para determinação da massa úmida corrente (m uc ), durante um período de doze meses; após o que foram secas em estufa à 103(± 2) o C para obtenção da massa seca (m s ). As umidades de equilíbrio (UE) no decorrer do período foram então calculadas utilizando-se a equação (1): m UE = ( m UC S -1).100...(1) A estimativa da umidade de equilíbrio foi obtida pelo uso da equação (2), apresentada por SIMPSON (1971), a partir das médias mensais de temperatura e umidade relativa fornecidas pelo Departamento de Física e Meteorologia da ESALQ.

K1K 2h UE = ( 1+ K K h 1 2 K 2h 1800 + )....(2) 1- K h W 2 K 1 = 4,737 + 0,04773(T) - 0,00050123(T) 2... (3) K 2 = 0,70594 + 0,001698(T) - 0,000005553(T) 2... (4) W = 223,374 + 0,69309(T) + 0,01850(T) 2... (5) T = temperatura em graus Celsius h = umidade relativa/100 A equação (2) originalmente apresentada por SIMPSON (1971) prevê a estimativa dos parâmetros K 1 K 2 e W a partir da temperatura em graus Fahrenheit. Essas estimativas (equações 3, 4 e 5) foram corrigidas para utilização da temperatura em graus Celsius. O experimento foi conduzido nas dependências do Departamento de silvicultura - ESALQ/USP, em Piracicaba, Estado de São Paulo. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias mensais da umidade de equilíbrio para as quatro espécies estudadas são apresentadas na Tabela 1 para madeira exposta em ambiente externo, e na Tabela 2 para local interno. Pode-se observar que os valores de umidade de equilíbrio apresentados pelas quatro espécies, no decorrer do período de medição, foram extremamente semelhantes. A maior diferença observada foi de 1,3%, que ocorreu no mês de março para madeira seca ao ar e exposta em ambiente externo. Em relação aos valores médios, observou-se uma diferença máxima de 0,6%, tanto no ambiente externo como no interno. Esses resultados permitem concluir que as quatro espécies ensaiadas apresentam o mesmo comportamento higrosc6pico, isto é, tendem a atingir valores de umidade de equilíbrio semelhantes quando expostas à mesma condição de temperatura e umidade relativa.

Tabela 1. Umidade de equilíbrio (média mensal) para madeira de Pinus caribaea var. hondurnesis (Pch), Pinus kesiya (Pk), Pinus oocarpa (Po) e Pinus taeda (Pt) exposta à variação ambiental em ambiente externo (umidade expressa em %). MÊS Secagem natural Secagem artificial Pch Po Pk Pt Pch Po Pk Pt Janeiro 18,2 19,0 18,5 18,3 16,4 16,3 16,5 17,0 Fevereiro 15,8 16,5 15,5 16,1 14,8 14,6 14,9 14,9 Março 15,3 16,2 14,9 15,6 14,7 14,8 15,0 14,5 Abril 15,7 16,3 15,3 16.0 15,0 15,0 15,2 14,8 Maio 15,4 16,1 15,1 15,7 15,2 15,1 15,3 14,7 Junho 15,9 16,8 15,7 16,5 15,6 15,7 15,7 15,3 Julho 13,7 14,2 13,5 14,0 13,1 12,7 13,3 12,9 Agosto 12,6 13,1 12,4 12,8 12,2 12,0 12,3 12,0 Setembro 10,0 10,4 9,8 10,0 9,7 9,5 9,8 9,5 Outubro 12,3 12,8 12,2 12,4 12,0 11,9 12,1 11,9 Novembro 14,1 14,6 14,0 14,5 13,6 13,6 13,7 13,4 Dezembro 13,0 13,3 12,8 13,2 12,4 12,2 12,4 12,3 Mínima 10,0 10,4 9,8 10,0 9,7 9,5 9,8 9,5 Máxima 18,2 19,0 18,5 18,3 16,4 16,3 16,5 17,0 Média 141 14,7 14,2 14,2 13,1 12,9 13,2 13,3 Tabela 2. Umidade de equilíbrio (média mensal) para madeira de Pinus caribaea var. hondurensis (Pch), Pinus oocarpa (Po), Pinus kesiya (Pk) e Pinus taeda (Pt) exposta à variação ambiental em ambiente interno (umidade expressa em %). MÊS Secagem natural Secagem artificial Pch Po Pk Pt Pch Po Pk Pt Janeiro 13,9 14,7 14,1 14,3 12,4 12,3 12,3 12,2 Fevereiro 12,6 13,1 12,8 12,8 11,2 11,1 11,4 11,2 Março 12,4 12,9 12,5 12,6 11,0 10,9 11,2 11,1 Abril 12,6 13,2 12,8 12,9 11,4 11,2 11,5 11,3 Maio 12,9 13,6 13,1 13,3 11,7 11,5 11,8 11,7 Junho 13,1 13,8 13,3 13,5 11,8 11,7 11,9 11,8 Julho 12,6 13,2 12.8 12,9 11,3 11.1 11,4 11,4 Agosto 11,9 12,4 12,0 12,2 10,8 10,6 10,9 10,7 Setembro 9,9 10,3 10,0 10,2 9,2 8,9 9,2 9,1 Outubro 10,9 11,4 10,9 11,2 10,1 9,9 10,2 10,1 Novembro 12,0 12,6 12,1 12,5 11,1 11,0 11,2 11,1 Dezembro 12,2 12,8 12,3 12,6 11,3 11,1 11,4 11,3 Mínima 9,9 10,3 10,0 10,2 9,2 8,9 9,2 9,1 Máxima 13,9 14,7 14,1 14,3 12,4 12,3 12,3 12,2 Média 11,9 12,5 12,1 12,3 10,8 10,6 10,8 10,7 A Tabela 3 mostra a média da umidade de equilíbrio para as quatro espécies em função do tipo de secagem e do ambiente de exposição. A Figura 1 apresenta os mesmos resultados na forma gráfica, onde são comparados com a curva da umidade de equilíbrio

estimada com o auxílio da equação de Simpson, e dos valores médios de temperatura e umidade relativa que constam da Tabela 4. Tabela 3. Variação anual da umidade de equilíbrio (em %) para madeira de Pinus. Valores médios a partir dos resultados obtidos com Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus oocarpa, Pinus kesiya e Pinus taeda. MÊS Secagem natural Secagem artificial Ambiente Externo Ambiente Interno Ambiente Externo Ambiente Interno Janeiro 18,5 14,3 16,6 12,3 Fevereiro 16,0 12,8 14,8 11,2 Março 15,5 12,6 14,8 11,1 Abril 15,8 12,9 15,0 11,4 Maio 15,6 13,2 15,1 11,7 Junho 16,2 13,4 15,6 11,8 Julho 13,9 12,9 13,0 11,3 Agosto 12,7 12,1 12,1 10,8 Setembro 10,1 10,1 9,6 9,1 Outubro 12,4 11,1 12,0 10,1 Novembro 14,3 12,3 13,6 11,1 Dezembro 13,1 12,5 12,3 11,3 Mínima 10,1 10,1 9,6 9,1 Máxima 18,5 14,3 16,6 12,3 Média 14,3 12,2 13,1 10,7 Tabela 4. Temperatura (T), umidade relativa (UR) e umidade de equilíbrio estimada (EU), médias durante o período do ensaio, para a cidade de Piracicaba MÊS T ( o C) UR (%) EU (%) Janeiro 23,3 76,0 14,8 Fevereiro 25,6 76,0 14,7 Março 24,6 76,0 14,8 Abril 21,7 77,0 15,2 Maio 20,2 78,0 15,5 Junho 16,6 78,0 15,7 Julho 15,9 70,0 13,4 Agosto 19,1 69,0 13,1 Setembro 22,0 60,0 11,0 Outubro 21,2 78,0 15,5 Novembro 24,2 77,0 15,1 Dezembro 23,7 78,0 15,4 Os valores de temperatura e umidade relativa foram fornecidos pelo Departamento de Física e Meteorologia da ESALQ/USP. A umidade de equilíbrio foi estimada com o auxílio das equações 2, 3, 4 e 5. Examinando-se a Figura 1 e as Tabelas 3 e 4, nota-se que a madeira seca tanto natural como artificialmente e exposta a um ambiente externo foi a que apresentou teores

de umidades de equilíbrio mais próximo dos valores estimados teoricamente. Considerando-se que as médias de temperatura e umidade relativa, que serviram de base para os cálculos teóricos, representam as condições de um ambiente exterior, conclui-se que o modelo matemático apresentado por SIMPSON (1971) pode ser utilizado para se estimar a umidade de equilíbrio da madeira de Pinus. Figura 1. Variação da umidade de equilíbrio para madeira de Pinus submetida à diferentes tratamentos, comparada com a variação estimada pela equação de SIMPSON (1971). Valores médios para madeira de Pinus caribaea var. hondurensis, P. oocarpa, P. kesiya e P. taeda. Figura 2. Variação anual da umidade de equilíbrio da madeira de Pinus exposta à ambientes externo e interno. Valores médios para madeira de Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus oocarpa, Pinus kesiya e Pinus taeda submetida à secagem natural e artificial.

Figura 3. Variação anual da umidade de equilíbrio da madeira de Pinus submetida à secagem natural e artificial. Valores médios para madeira de Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus oocarpa, Pinus kesiya e Pinus taeda, exposta à ambientes externo e interno. Deve-se ressaltar que esse procedimento não é absolutamente preciso, porém, resultará em estimativas bem próximas dos valores a serem atingidos pela madeira. Contudo, na Figura 2 observa-se que a madeira em ambientes interiores atinge teores de equilíbrio inferiores às umidades alcançadas pela madeira em local externo, bem como uma amplitude de variação cerca de 50% menor. A amplitude média da variação na umidade foi de 7,7% em ambiente externo e de 3,7% em local interno. HOADLEY (1967) reporta situação inversa para a cidade de Amherst, na América do Norte, justificando a maior variação em locais internos principalmente devido ao uso de sistemas de aquecimento central, durante o Inverno. Para as condições climáticas do local de ensaio ocorre exatamente o contrário, onde a variação de temperatura e umidade relativa é maior fora dos prédios do que no seu interior. Note-se que a maior diferença devido ao local de exposição ocorre durante o período quente e úmido, diminuindo nos meses frios e secos. Embora os valores estimados pela equação de SIMPSON (1971) tenham apresentado um bom ajuste com os dados experimentais para madeira de Pinus, deve-se ter precaução ao utilizar estimativas, pois normalmente as informações disponíveis de temperatura e umidade relativa são coletadas em ambientes exteriores e não representam exatamente as condições a que a madeira, principalmente como móveis, permanecerá exposta. Outro aspecto importante é ressaltado na Figura 3, onde se pode observar que a madeira submetida a secagem artificial apresentou menor higroscopicidade do que a madeira seca ao ar. Esse comportamento já era esperado, uma vez que não apenas as causas da diminuição da umidade de equilíbrio em função da temperatura como também vários exemplos de literatura foram abordados por SKAAR (1972). Assim, comprova-se mais uma vez a importância da secagem artificial da madeira para se, obter um produto final de boa qualidade, pois a redução da higroscopicidade resulta diretamente em menor variação dimensional.

CONCLUSÕES Com base na análise e discussão dos resultados obtidos no presente ensaio, pode-se concluir que: a) as quatro espécies ensaiadas, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus oocarpa, Pinus kesiya e Pinus taeda, apresentam o mesmo comportamento higroscópico, isto é, tendem a atingir valores de umidade de equilíbrio semelhantes quando expostas a mesma condição de temperatura e umidade relativa; b) o modelo matemático apresentado por SIMPSON (1971) pode ser utilizado para estimar a umidade de equilíbrio das espécies de Pinus utilizadas neste experimento, desde que os valores de temperatura e umidade relativa empregados no cálculo sejam representativos do local a que a madeira será exposta; c) a madeira exposta em ambientes interiores apresenta menor variação na umidade de equilíbrio do que quando exposta em ambientes exteriores; d) a madeira submetida à secagem artificial em secadores convencionais teve sua higroscopicidade reduzida quando comparada com a madeira seca ao ar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GALVÃO, A.P.M., 1975. Estimativas da umidade de equilíbrio da madeira em diferentes cidades do Brasil. IPEF, Piracicaba,(11): 53-65. GALVÃO, A.P.M., 1981. A umidade de equilíbrio e a.secagem da madeira em Brasília. Boletim de Pesquisa florestal, Curitiba, (3): 1-7. HOADLEY, R.B., 1967. Weather, water and wood. Massachusetts, Cooperative Extension Service, 8p. JANKOWSKY, I. P., 1979. Influência da densidade básica e do teor de extrativos na umidade de equilíbrio da madeira. Piracicaba. 94p. (Tese-Mestrado-ESALQ). ORMAN, H.R., 1966. New Zealand timbers and atmospheric moisture. Rotorua, Forest Research Institute. 12p. PECK, E. C., 1965 Moisture content of wood in use. Madison, USDA, Forest Products Laboratory. 10p. SIMPSON, W.T., 1971. Equilibrium moisture content prediction for wood. Forest Products Journal, Madison, 21(5): 48-9. SIMPSON, W.T., 1973. Predicting equilibrium moisture content of wood by mathematical models. Wood and Fiber, Madison, 5(1): 41-9. SKAAR, C., 1972. Water in wood. Syracuse, Syracuse University Press. 218p.

SMITH, H.H., 1963. Relative humidity and equilibrium moisture content graphs and tables for use in kiln drying lumber. Madison, USDA. Forest Products Laboratory. 10p.