Contabilidade e Legislação Tributária Aula 11 Crédito Tributário e Lançamento Prof. Gustavo Gonçalves Vettori + 1. Crédito tributário e lançamento 1
OT vs. CT Art. 139, CTN: O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta Momentos diversos do mesmo fenômeno (mesmo direito) CT é a OT em estado ativo Após o lançamento, fala-se em CT, e não mais em OT Crédito regularmente constituído somente se suspende, extingue ou modifica nas hipóteses previstas na lei complementar (art. 141 do CTN) FG OT Lançamento CT Lançamento Art. 142, CTN: Procedimento administrativo em que a autoridade administrativa: Verifica a ocorrência do FG Determina a matéria tributável Calcula o montante do tributo devido Identifica o sujeito passivo Propõe aplicação da penalidade cabível, se for o caso Lançamento constitui o crédito tributário Declara a existência de uma OT Com o lançamento, OT ganha feição de crédito e passa a ser exigível Necessário para que ocorra a cobrança do tributo 2
Lei de regência do lançamento Art. 144, CTN Lançamento deve ser feito de acordo com a lei vigente na data do FG Lei posterior que trouxe critérios de fiscalização mais gravosos ou que deu mais garantias ao crédito (exceto responsabilidade de terceiros) pode ser aplicada Lei de regência do lançamento Exemplo 1 Data do FG: Alíquota 2% Data do lançamento: Alíquota 3% Exemplo 2 Data do FG: Alíquota 2% Data do lançamento: Alíquota 1% Exemplo 3 Data do FG: impossibilidade de utilizar dados bancários sem medida judicial para apurar IR Data do lançamento: possibilidade de utilizar tais dados Exemplo 4 Data do FG: quem deu saída na mercadoria deve recolher tributo Data do lançamento: aplica-se substituição tributária 3
Lançamento como procedimento Somente passa a haver o crédito com a devida notificação do lançamento ao contribuinte Art 145: O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I - impugnação do sujeito passivo; II - recurso de ofício; III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149 (veremos a seguir) Eventual cancelamento do crédito por falha no lançamento não afeta a OT. Novo crédito pode ser lançado, desde que ainda possível (i.e., desde que não haja decadência etc.) Lançamento Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o CT pelo lançamento (art. 142) Art. 142: Compete privativamente à autoridade administrativa Art. 142, par. único: Atividade vinculada e obrigatória Art. 3: tributo é cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada Condizente com lançamento de ofício e lançamento por declaração Tributos com lançamento por homologação: como conciliar? Para entender, vejamos os diferentes tipos de lançamento 4
+ 2. Tipos de Lançamento + 2.1. Lançamento de Ofício 5
Lançamento de Ofício Modalidade de lançamento em que a administração se encarrega de apurar o tributo e notificar o contribuinte do resultado Duas possibilidades: 1) Lei prevê que o tributo em questão está sujeito a este tipo de lançamento (casos do art. 149, I. E.g.:IPTU, IPVA) 2) Casos de revisão de lançamento anterior (da mesma ou de outra modalidade), ou não homologação; e.g.: fiscalização nos casos de tributos lançados por homologação Lançamento e revisão de ofício (art. 149) I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo 150 do CTN (i.e., no lançamento por homologação); 6
Revisão de ofício VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. + 2.2. Lançamento por Declaração 7
Lançamento por Declaração Previsto no art. 147 Sujeito passivo, ou terceiro, presta informações à autoridade adinistrativa na forma da legislação sobre fatos indispensáveis à efetivação do lançamento Autoridade, com base nestas informações, realiza o lançamento Contribuinte limita-se a informar os fatos Enquadramento e determinação do montante devido cabe à administração E.g.: tributos aduaneiros + 2.3. Lançamento por Homologação 8
Lançamento por homologação Lançamento por homologação (art. 150) Contribuinte interpreta a lei, verifica os fatos, calcula o tributo e o paga legislação atribua ao sujeito passivo a obrigação de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa Ao mesmo tempo, contribuinte manda infromações para o Fisco Fisco toma conhecimento da atividade do contribuinte e tem prazo para se opor e lançar de ofício Oposição quanto à precisão dos fatos Oposição quanto à interpretação da lei Se o Fisco se opuser no prazo, lança de ofício Se nãose opuser, lançamento é homologado Lançamento por homologação Como conciliar com a ideia de atividade administrativa plenamente vinculada? Toda atividade é feita pelo contribuinte Sequer há notificação Tributo é recolhido sem o lançamento CTN (art. 150) tenta resolver o problema, compondo, de um lado, a necessidade de ocorrência do lançamento e, de outro, as demandas da economia de massa Antecipação do pagamento sem o prévio exame da autoridade O pagamento antecipado extingue o crédito, sob condição resolutiva da homologação Autoridade homologa a atividade exercida pelo contribuinte Homologação tácita em 5 anos após o fato gerador (salvo em casos de dolo, fraude ou simulação) 9
Lançamento por homologação Se o contribuinte simplesmente declara, mas não paga. Há necessidade de lançamento de ofício, ou a administração já pode cobrar? Jurisprudência entende que pode cobrar (i.e., o débito já pode ser inscrito em dívida ativa). Há lançamento?? Lançamento por homologação No lançamento por homologação, se o contribuinte faz pagamento menor do que deveria, aplica-se multa: 75%, 150%, ou até 225%, dependendo do problema (em esfera federal) Trata-se de multa aplicada em lançamento de ofício, quando a administração não homologa a antecipação do contribuinte por discordar com a apuração feita por este Mera divergência na interpretação gera multa de 75% Desincentivo ao contribuinte que quer entrar na loteria da fiscalização É justo multar o contribuinte que legitimamente acreditou estar seguindo a interpretação correta? 10
+ 2.4. Mudança de Critérios Mudança de critérios 146: A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. Comparar com art. 100, par. único do CTN e interpretar conjuntamente com o art. 149, VIII Tributos já lançados pela autoridade (já existe ato administrativo em relação àquele FG e contribuinte) aplica-se o 146 e o 149,VIII Mudança de critério jurídico não aceitável Identificação de fato aceita revisão Tributos ainda não lançados, ou pendentes de homologação (i.e., não existe ato administrativo específico em relação àquele FG e contribuinte) aplica-se o art. 100 Mudança de critério jurídico é aceitável, excluindo-se a multa e os juros Identificação de fato aceitável 11
Mudança de critérios Exemplo 1 Suponha que Instrução Normativa de 2008 considerava que despesas com bônus a empregados eram dedutíveis Em 2011, Empresa X deu bônus aos seus empregados e deduziu tais despesas. Realiza o pagamento do IRPJ (lançamento por homologação) considerando tais deduções Em 2012, RFB muda seu entendimento, determinando, em nova instrução normativa, que despesas com bônus não são dedutíveis (a base legal é a mesma) Em 2013, contribuinte é fiscalizado e autuado Mudança de critérios Exemplo 2 Mesmo caso em que Instrução Normativa de 2008 considerava que despesas com bônus a empregados eram dedutíveis Em 2009, Empresa Y deu bônus aos seus empregados e deduziu tais despesas. Realiza o pagamento do IRPJ (lançamento por homologação) considerando tais deduções Em 2010, Empresa Y é fiscalizada em relação ao período de 2009. Fiscal segue entendimento previsto na instrução normativa vigente e aceita a dedutibilidade das despesas Em 2012, RFB muda seu entendimento, determinando, em nova instrução normativa, que despesas com bônus não são dedutíveis Empresa Y continua deduzindo as despesas de bônus em 2010, 2011, 2012 e 2013 Em 2014, nova fiscalização é realizada e autua contribuinte pelas despesas deduzidas em 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013. 12