AULA 5 FT I EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE EQUAÇÃO DE BERNOULLI. Prof. Gerônimo V. Tagliaferro

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Transcrição:

AULA 5 FT I EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE EQUAÇÃO DE BERNOULLI Prof. Gerônimo V. Tagliaferro

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE Nas aulas anteriores foi introduzida a equação da continuidade. Essa equação conclui que, para que a hipótese de regime permanente seja verdadeira, a massa de fluido que flui por uma seção de um tubo de corrente deve ser idêntica àquela que o abandona por outra seção qualquer. Pode-se, então, fazer um balanço das massas ou vazões em massa entre as seções de entrada ou saída de um certo escoamento.

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE Com base no fato de que a energia não pode ser criada nem destruída, mas apenas transformada, é possível construir uma equação que permitirá fazer o balanço das energias, da mesma forma como foi feito para as massas, por meio da equação da continuidade. A equação que permite tal balanço chama-se equação da energia e nos permitirá, associada à equação da continuidade, resolver inúmeros problemas práticos como, por exemplo: determinação da potência de máquinas hidráulicas, determinação de perdas em escoamento, transformação de energia, etc.

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE Tipos de energias mecânicas associadas a um fluido A ENERGIA POTENCIAL (E P ) É o estado de energia do sistema devido à sua posição no campo de gravidade em relação a um plano horizontal de referência (PHR). Essa energia é medida pelo potencial de realização de trabalho do sistema. Seja, por exemplo, um sistema de peso G = mg, cujo centro de gravidade está a uma cota z em relação a um PHR, conforme mostrado na figura a seguir.

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE Como: Trabalho = Força x Deslocamento Então: W = Gz = mgz Mas, pelo que foi dito anteriormente, E P = W; logo: E P = mgz

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE Note-se que, na equação, que será introduzida posteriormente, interessará somente a diferença das energias potenciais de um ponto a outro do fluido, de forma que a posição do PHR não alterará a solução dos problemas. Isto é, o PHR é adotado arbitrariamente, conforme a conveniência da solução do problema.

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE B ENERGIA CINÉTICA (E C ) É o estado de energia determinado pelo movimento do fluido. Seja um sistema de massa m e velocidade v; a energia cinética será dada por: E C mv

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE C ENERGIA DE PRESSÃO (E PR ) Essa energia corresponde ao trabalho potencial das forças de pressão que atuam no escoamento do fluido. Seja, por exemplo, o tubo de corrente da figura a seguir. Admitindo que a pressão seja uniforme na seção, então a força aplicada pelo fluido externo no fluido do tubo de corrente, na interface de área A, será F = pa. No intervalo de tempo dt, o fluido irá se deslocar de um ds, sob a ação da força F, produzindo um trabalho:

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE

EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA REGIME PERMANENTE Ou E PR pdv v D ENERGIA MECÂNICA TOTAL DO FLUIDO (E) Excluindo-se energias térmicas e levando em conta apenas efeitos mecânicos, a energia total de um sistema de fluido será: ou

Conforme foi citado anteriormente, a equação da energia geral será construída aos poucos, partindo-se de uma equação mais simples, válida somente para uma série de hipóteses simplificadoras. É óbvio que cada hipótese admitida cria um afastamento entre os resultados obtidos pela equação e os observados na prática. A equação de Bernoulli, devido ao grande número de hipóteses simplificadoras, dificilmente poderá produzir resultados compatíveis com a realidade.

No entanto, é de importância fundamental, seja conceitualmente, seja como alicerce da equação geral, que será construída pela eliminação gradual das hipóteses da equação de Bernoulli e pela introdução dos termos necessários, para que a equação represente com exatidão os fenômenos naturais. As hipóteses simplificadoras são:

A regime permanente; B sem máquina no trecho de escoamento em estudo. Entenda-se por máquina qualquer dispositivo mecânico que forneça ou retire energia do fluido, na forma de trabalho. As que fornecem energia ao fluido serão denominadas bombas e as que extraem energia do fluido, turbinas. C sem perdas por atrito no escoamento do fluido ou fluido ideal; D propriedades uniformes nas seções; E fluido incompressível; F sem trocas de calor.

Pelas hipóteses (b), (c) e (f) exclui-se que no trecho de escoamento em estudo seja fornecida ou retirada energia do fluido. Seja o tubo de corrente da figura abaixo, entre as seções () e ().

Deixando passar um intervalo de tempo dt, uma massa infinitesimal dm de fluido a montante da seção () atravessa-a e penetra no trecho ()-() acrescentando-lhe a energia: de dm gz dm v p dv

Na seção (), uma massa dm do fluido que pertencia ao trecho ()-() escoa para fora, levando a sua energia: de dm gz dm v p dv

Como pelas hipóteses (b), (c) e (f) não se fornece nem se retira energia do fluido, para que o regime seja permanente é necessário que no trecho ()-() não haja variação de energia, o que implica obrigatoriamente que: ou de = de dm gz dmv dmv pdv = dmgz pdv

Como: dm dv e portanto dv dm tem-se: dm gz dmv p dmv p dm = dm gz dm

Como o fluido é incompressível, = e, como o regime é permanente, dm = dm. Portanto: gz v p = gz v p

Dividindo a equação por g e lembrando que = g, tem-se: A equação acima é a equação de Bernoulli, que permite relacionar cotas, velocidades e pressões entre duas seções do escoamento do fluido. p g v z p g v z =

A seguir, será indicado o significado dos termos dessa equação. z mgz mg E P G Energia potencial por unidade de peso ou energia potencial de uma partícula de peso unitário. v g mv gm mv G E C G Energia cinética por unidade de peso ou energia cinética de uma partícula de peso unitário. p pv V pv G E PR G Energia de pressão por unidade de peso ou energia de pressão da partícula de peso unitário.

Note-se então, que a Equação de Bernoulli expressa que ao penetrar por () uma partícula de peso unitário, à qual estão associadas as energias z, v /g e p /, deverá sair por () uma partícula de peso unitário à qual estejam associadas as energias z, v /g e p /, de forma que a soma delas seja idêntica à soma em () para manter a energia constante no volume entre () e ().

Uma observação importante é que, sendo z uma cota, então será medida em unidade de comprimento (por exemplo, em metros); logo, tanto v /g como p/ também serão medidos dessa forma. Não devemos esquecer que, apesar disso, cada uma das parcelas da Equação de Bernoulli tem o significado de energia por unidade de peso.

Notemos ainda que em aulas anteriores que a carga de pressão foi definida como sendo h = p/. Logo, a energia de pressão por unidade de peso é a própria carga de pressão. Por analogia, serão denominadas: z = carga potencial v /g = carga da velocidade ou carga cinética Observe que a palavra carga substitui a expressão energia por unidade de peso.

Fazendo: H p v g z Onde: H = energia total por unidade de peso numa seção ou carga total na seção. Com a noção de carga total, a Equação de Bernoulli poderá ser escrita simbolicamente: H = H

Essa equação poderá ser enunciada da seguinte forma: Se, entre duas seções do escoamento, o fluido for incompressível, sem atritos, e o regime permanente, se não houver máquina nem trocas de calor, então as cargas totais se manterão constantes em qualquer seção, não havendo nem ganhos nem perdas de carga.

EXEMPLO : Água escoa em regime permanente no Venturi da figura. No trecho considerado, supõem-se as perdas por atrito desprezíveis e as propriedades uniformes nas seções. A área () é 0 cm, enquanto a da garganta () é 0 cm. Um manômetro cujo fluido manométrico é mercúrio ( Hg = 36.000 N/m 3 ) é ligado entre as seções () e () e indica o desnível mostrado na figura. Pede-se a vazão da água que escoa pelo Venturi ( HO = 0.000 N/m 3 ).

FIGURA DO EXEMPLO :

EXEMPLO : Determinar a velocidade do jato do líquido no orifício do tanque de grandes dimensões da figura. Considerar fluido ideal.

EXEMPLO 3: A pressão no ponto S do sifão da figura não deve cair abaixo de 5 kpa (abs). Desprezando as perdas, determinar: A- a velocidade do fluido; B- a máxima altura do ponto S em relação ao ponto (A). Dados: P atm = 00 kpa ; = 0 4 N/m 3

FIGURA DO EXEMPLO 3:

EXEMPLO 4: Quais as vazões de óleo em massa e em peso no tubo convergente da figura, para elevar uma coluna de 0 cm de óleo no ponto (0)? Dados: desprezar as perdas; óleo = 8.000 N/m 3 ; g = 0 m/s

FIGURA DO EXEMPLO 4: