- Crise e juros altos derrubam rentabilidade das empresas. - Aliados de Lula insistem em aumento de imposto



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Transcrição:

03/09/2015 - Crise e juros altos derrubam rentabilidade das empresas Levantamento feito pelo Valor com base em dados de 234 companhias não financeiras de capital aberto mostra que apenas um terço delas teve retorno sobre patrimônio líquido... - Anistia: um novo capítulo Um adicional de dois meses no prazo de adesão, menor exigência de provas, um câmbio fixado em patamares mais amigáveis e uma pitada adicional de segurança jurídica... - Aliados de Lula insistem em aumento de imposto A despeito da rejeição de parlamentares e da recente desistência do governo da iniciativa, a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ainda não é assunto esgotado... - Parlamentares propõem a Dilma elevar Cide sobre gasolina e diesel A pressão para que o governo aumente a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis (gasolina e diesel) aumentou... - Brennand abre 2ª fábrica, mas segura novos investimentos Após aporte de mais de R$ 700 milhões, a Brennand Cimentos, controlada pelo grupo pernambucano Ricardo Brennand, iniciou a operação da sua segunda fábrica no país... - Após polêmica, TCU tende a autorizar prorrogações Pouco mais de um mês após recomendar a relicitação das 39 concessões de distribuição de energia elétrica que vencem entre 2015 e 2017, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) flexibilizou sua posição... - Desoneração afeta investimento social, diz estudo

O orçamento público reflete as prioridades de um governo e, nessa análise, as desonerações tributárias adotadas a partir de 2009 pelo governo Dilma Rousseff... - Quem sofrerá mais com a mudança climática Mesmo se o mundo descobrir uma fonte barata e limpa de energia na semana que vem, levará tempo para que ele abandone seus hábitos movidos a combustível fóssil... - Nova rodada da ANP tem novatas estrangeiras e ausências de peso A 13ª Rodada vai marcar a estreia de duas petroleiras estrangeiras nos leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP)... - Brasil tem potencial a explorar em óleo e gás O Brasil poderia receber muito mais investimentos na indústria de óleo e gás se tivesse uma regulação mais amigável... - TRF do Rio mantém julgamentos fechados da Receita Federal O Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região aceitou o recurso da Fazenda para manter fechados os julgamentos na Delegacia da Receita Federal no Rio de Janeiro... - STJ inicia análise de expurgo inflacionário sobre depósito judicial A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) iniciou ontem a análise de recurso repetitivo que discute se os expurgos inflacionários... - Supremo discute desconto salarial de grevistas O Supremo Tribunal Federal (STF) começou ontem a julgar se é possível o desconto em folha de pagamento dos servidores públicos pelos dias não trabalhados... - O pesadelo da não cumulatividade do PIS Até meados de 2002, uma das principais bandeiras defendidas pelos empresários brasileiros era o fim da cumulatividade das contribuições do PIS e da Cofins... - Dólar renova máximas e vai a R$ R$ 3,727; Bolsa tem recuperação e sobe 1,50% Preocupação com contas públicas pressiona moeda; Ibovespa segue exterior... - Rombo no Orçamento pode dobrar e chegar a R$ 70 bilhões No orçamento para 2016, governo conta com receitas incertas e não inclui despesas obrigatórias... - EMPRÉSTIMOS PERDEM ISENÇÃO DE IOF

O Governo publicou ainda decreto que acaba com a isenção de IOF para os empréstimos do BNDES (banco estatal de desenvolvimento)... - CIDA BORGHETTI BUSCARÁ INVESTIDORES PARA FERROVIA NORTE-SUL A vice-governadora Cida Borghetti vai apresentar a investidores europeus, em visita à Rússia na próxima semana, o estudo completo de viabilidade da ferrovia Norte-Sul... - No Estadão: "Brasil precisa repensar ensino técnico, diz Banco Mundial" Diretora global de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin, participou de etapa dos Fóruns Estadão Brasil Competitivo sobre educação para o trabalho... - Na Folha de São Paulo: "Centrais ameaçam deixar fórum antes mesmo de começar a funcionar" Ao menos duas centrais sindicais já ameaçam deixar o fórum do trabalho e da previdência, lançado há quatro meses... - Na Folha de São Paulo: "Peso dos encargos não é justo com os trabalhadores nem com empresários" Quando você abre uma empresa, colocar na ponta do lápis os custos de um funcionário é uma das contas mais dolorosas... - MME define procedimentos de revisão de garantia física das usinas eólicas As usinas eólicas passarão a ter procedimentos e metodologias para revisão de cálculo de suas garantias físicas... - FEDERAÇÃO DE PETROLEIROS AMEAÇA GREVE NA PETROBRÁS A PARTIR DE SEXTA-FEIRA A Federação Única dos Petroleiros quer que os funcionários façam greve a partir desta sexta-feira (4)... - CRIAÇÃO DE AGÊNCIA REGULADORA PODE AGILIZAR LICENCIAMENTO DE NOVAS USINAS NUCLEARES A criação de uma agência reguladora para o setor nuclear é bem vista pela indústria e o tema vem sendo tratado há anos pela Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN)... - Pela primeira vez no ano, governo aponta risco zero de faltar energia elétrica no país

Ainda não existe nova decisão sobre sobre desligamento de usinas térmicas no sistema... - TCU alega atraso em investigação de Pasadena e libera salário de executivos Corte de Contas bloqueou no ano passado os bens de dez executivos responsabilizados pelos prejuízos na refinaria, entre eles o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli e os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró... - Dilma diz que "não gosta" de CPMF, mas não afasta criação de novo tributo Presidente explicou que, apesar de contar com a ajuda do Congresso para achar solução, não está transferindo a responsabilidade aos parlamentares... - Senado aprova fim de doações de empresas para campanhas políticas Projeto que propõe mudanças na reforma política agora retorna à Câmara. Oposição critica mudança em redação; OAB comemorou alteração... - Governo revisará modelo de leilão de linhas de transmissão Após fracasso da licitação feita na semana passada, ministro de Minas e Energia diz que vai buscar novos competidores no exterior... - Em meio à recessão, BC decide manter taxa de juros em 14,25% ao ano Autoridade monetária encerrou o ciclo da alta da Selic, iniciado há um ano e repetiu o comunicado, onde cita a necessidade de convergir a inflação para o centro de meta, de 4,5%... - Eletronuclear suspende contratos de consórcio das obras de Angra 3 O contrato relativo à montagem eletromecânica da usina tem sido motivo de questionamento desde que delatores da Operação Lava Jato denunciaram o ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro por um suposto favorecimento de empreiteiras...

1ª PARTE NOTICIAS DO DIA 03/09 Fonte: Valor Econômico 03/09/2015 - Crise e juros altos derrubam rentabilidade das empresas Por Fernando Torres De São Paulo A combinação de aumento da taxa básica de juros (Selic) com resultados operacionais piores reduziu de forma acentuada, nos últimos trimestres, o número de empresas de capital aberto no Brasil com rentabilidade superior à variação da renda fixa, patamar que seria o mínimo desejado para se manter um negócio em operação. Levantamento feito pelo Valor com base em dados de 234 companhias não financeiras de capital aberto mostra que apenas um terço delas teve retorno sobre patrimônio líquido, nos 12 meses até junho, acima da rentabilidade do CDI - o juro cobrado nos empréstimos entre os bancos e que anda colado à taxa Selic, que, ontem, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter em 14,25% ao ano. Em 2013, a parcela das empresas que estava acima da "linha d'água" era de 55%. Desde então, vem caindo sistematicamente. O estudo mostra que a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio desse grupo de empresas caiu de 9,5% em 2013 para 8,2% em 2014 e diminuiu para 6,8% no período de 12 meses até junho. Essa queda se explica por dois fatores: piora do resultado operacional das empresas, diante da alta de custos e despesas acima da elevação da receita, o que reduz a margem; e o efeito da alta do dólar e dos juros maiores na linha de despesas financeiras, o que jogou ainda mais para baixo o lucro líquido. Do outro lado, o CDI acumulado em um ano saiu de 8% para 11,7% no mesmo período de comparação. A medida de retorno sobre o patrimônio é relevante porque dá uma dimensão relativa para o lucro das companhias - já que é diferente ter resultado líquido de R$ 10 para um capital investido de R$ 100 ou de R$ 50 - e também serve para avaliar se um negócio é viável economicamente. Em tese, os dados do levantamento mostram que, se fosse viável fechar uma empresa rapidamente, os donos de dois terços das companhias brasileiras de capital aberto teriam feito melhor negócio se tivessem abandonado o barco em meados do ano passado e deixado o dinheiro aplicado no banco, ou em títulos públicos, sem correr riscos. VOLTAR

Fonte: Valor Econômico 03/09/2015 - Anistia: um novo capítulo Por Luciana Seabra De São Paulo Um adicional de dois meses no prazo de adesão, menor exigência de provas, um câmbio fixado em patamares mais amigáveis e uma pitada adicional de segurança jurídica. O mais recente texto do projeto de regularização de recursos enviados ilegalmente ao exterior - um novo substitutivo do senador Delcídio Amaral (PT-MS) ao projeto de lei apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) - estimula mais a adesão do que o anterior, na opinião de advogados e participantes do mercado. Em meio à lista do que ainda gera resistência restam o percentual de 35% a ser pago ao governo, visto como elevado, e as restrições para participar. Gileno Barreto, sócio da PwC: projeto melhorou bastante, como em segurança jurídica para trusts e empresas montadas fora, mas ainda há alguns riscos A extensão do prazo é o avanço mais óbvio em termos de demandas do mercado. O novo texto dá 180 dias para o contribuinte aderir, dois meses a mais do que o anterior. Bom notar apenas que o prazo entre a publicação da lei e o fim do período para o contribuinte aderir continua o mesmo. Isso porque, paralelamente à extensão do prazo para adesão em dois meses, o texto novo reduziu de 90 para 30 dias o tempo limite para que a Receita Federal e o Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamentem a lei depois de sua publicação. Depois das regras do jogo definidas, o contribuinte ganhou tempo, ainda que o prazo não seja o mais confortável. Em 12 programas de anistia de dez países estudados pela PWC, o prazo mais recorrente é de um ano, válido para cinco deles - Bélgica, Chile, Rússia, Austrália e Portugal. A Alemanha, única a ter alíquota no mesmo patamar da brasileira, de 35%, deu 15 meses ao contribuinte. Outra preocupação era sobre a necessidade de dar provas documentais da origem legal do dinheiro, que perde força no novo texto na visão de Marcelo Bandeira de Mello, sócio do Cepeda, Greco & Bandeira de Mello Advogados. Na leitura dele, a demanda de documentos comprobatórios foi substituída por uma declaração minuciosa sobre os bens e ativos. De fato, o primeiro artigo do texto anterior aponta que os efeitos da lei aplicam-se a quem declarar os recursos com "documentos e informações suficientes para comprovar a identificação, origem e titularidade". Na versão mais recente, as

palavras comprovar e origem somem e o trecho dá lugar a "documentos e informações sobre sua identificação e titularidade." "A alteração viabiliza a adesão. A prova documental é muito difícil de ser feita, porque estamos falando de dinheiro mandado para fora há muito tempo, 15, 20 anos", diz Bandeira de Mello. A fixação do câmbio para cálculo do imposto em 31 de dezembro de 2014 - quando a cotação estava em R$ 2,65, cerca de R$ 1 abaixo do patamar atual - é outro ponto positivo para quem regularizar os recursos. Se for mantido o nível de câmbio do momento, o contribuinte ganha, já que apura o imposto a um patrimônio reduzido. Fixar o câmbio também incentiva a adesão pela previsibilidade, especialmente sob a volatilidade atual, porque torna o dólar uma variável dada, aponta o responsável jurídico no Brasil por um banco estrangeiro, que preferiu não ser identificado. A expectativa, diz, era que a questão fosse regulamentada posteriormente pela Receita Federal. Ele ressalva que, ao tratar do tema, o projeto peca ao desconsiderar outras moedas, impondo sempre uma conversão primeiro ao dólar e depois ao real. Foi percebido ainda como um avanço o fato de o novo texto incluir na anistia quem é réu em ação penal por evasão de divisas e sonegação fiscal, em linha com o princípio da presunção de inocência. Pelo substitutivo, fica de fora da anistia somente quem já tiver sido condenado. Para elaborar o novo texto, que entrou no lugar de outro substitutivo do próprio Delcídio, o senador recebeu sugestões de instituições financeiras, advogados e consultores. Eduardo Salomão Neto, sócio-fundador do escritório Levy & Salomão Advogados, que participou do processo, diz que entre as demandas não atendidas está a permanência da exigência de origem lícita dos recursos. Para ele, todos os recursos são bem-vindos. "Mas então cometeu um crime, como tráfico de drogas, pode participar? Pode e deve", defende. Nesse caso, diz, o contribuinte poderia até ser anistiado por evasão de divisas e sonegação, mas seria obrigado a informar a origem dos recursos, o que poderia ser usado para investigar outro crimes, para os quais não haveria perdão. Talvez por esses motivos quem cometeu um crime do tipo prefira não aderir, mas o governo não deveria ter interesse em excluí-los, defende. De forma geral, o projeto melhorou muito, ainda que exija aperfeiçoamentos, na opinião do sócio da PwC Gileno Barreto. Do lado positivo, diz, houve avanços significativos em termos de segurança jurídica. Entre eles, Barreto cita os dispositivos que deixam clara a possibilidade de regularização de recursos aportados em empresas, normalmente usadas pelas pessoas físicas para comprar imóveis no exterior, assim como em "trusts", estruturas patrimoniais não regulamentadas no Brasil que, segundo o sócio da PwC, correspondem a uma parcela relevante dos recursos de brasileiros fora. Também para Barreto, o projeto traz uma inovação importante ao garantir sigilos bancário e fiscal sobre os valores regularizados inclusive para pessoas jurídicas, já

que, segundo ele, a Receita Federal tem contestado a validade de sigilo para pessoas jurídicas. "Caso não previsto, as pessoas jurídicas poderiam ficar muito expostas", diz. Do lado negativo, o sócio da PwC vê o prazo de cinco anos a partir da adesão para que a Receita Federal decida multar eventual diferença entre o valor declarado e o valor de mercado de um bem. Para ele, o dispositivo cria insegurança e desestimula a adesão. "Que contribuinte traria seus recursos para ficar exposto a um contencioso nos próximos cinco anos, ao bel prazer da Receita Federal? A realidade do país pode mudar muito em cinco anos e daí qualquer incentivo à repatriação acaba", diz Barreto. Por fim, o advogado pondera que a alíquota ainda está muito alta. O ideal, diz, seria o governo iniciar o programa com uma alíquota menor, ganhar a confiança dos contribuintes, e reabri-lo posteriormente com alíquotas maiores. Barreto sugere um formato em que a alíquota é de 5% para os primeiros 90 dias, 10% para 120 dias e 17,5% para 180 dias. Uma alternativa, diz, seria impor uma alíquota menor nesse projeto de lei e elevá-la em uma outra fase de regularização de recursos no futuro. Para se ter ideia, em 7 dos 12 programas de anistia avaliados pela PwC foi definida uma alíquota única, como no projeto brasileiro. Neles, as taxas estão bem abaixo de 35% - variam de 2,5% a 10%. O projeto novo é suficientemente seguro, em termos de isenção de crimes, para justificar uma adesão e avançou na questão da facilidade operacional, por meio da extensão do prazo e a substituição das provas pela declaração, conclui o advogado Bandeira de Mello. O terceiro ponto, considera, é a alíquota alta, que pode inibir donos de grandes patrimônios, acima de US$ 20 milhões, estima. "Foi o ponto que avançou menos no sentido de tornar a adesão em massa", afirma, ressalvando que, por ser quantitativo, esse é o tema mais fácil de ser alterado na discussão em plenário. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 03/09/2015 - Aliados de Lula insistem em aumento de imposto Por Raymundo Costa De Brasília A despeito da rejeição de parlamentares e da recente desistência do governo da iniciativa, a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira

(CPMF) ainda não é assunto esgotado na administração Dilma Rousseff e áreas fins do Palácio do Planalto com influência sobre as decisões de política econômica. Interlocutores da presidente acreditam que a ideia poderá ter sucesso, se o governo federal for menos "guloso" e aumentar a parcela dos recursos a serem arrecadados destinada aos governadores. Essa é uma das muitas discussões de política econômica que envolvem o atual governo e também são tratadas no Partido dos Trabalhadores, em instituições vinculadas ao PT, no Instituto Lula e no "Grupo Para o Futuro", criado pelo expresidente Luiz Inácio Lula da Silva para a discussão de assuntos da conjuntura, que se reúne regularmente em São Paulo. Na opinião de integrantes das reuniões do grupo com trânsito também no Planalto, a presidente Dilma botou "o bode na sala", ao deixar para o Congresso a empreitada para cobrir o rombo de mais de R$ 30 bilhões no Orçamento de 2016. "Alguém vai ter de consertar", diz uma fonte que integra os grupos de debate formados em torno de Lula. E a discussão não deve ser sobre quem perde mais e sim de quem vai passar a "ganhar menos", segundo o enunciado feito no Ipiranga, bairro onde se localiza o instituto que leva o nome do ex-presidente. É preciso aumentar imposto, especialmente dos setores que mais ganharam nos anos de fartura do governo Lula, para não haver corte no social. Essa é uma área do PT e simpatizantes mais identificados, no governo, com o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) do que com o da Fazenda, Joaquim Levy. No meio, porém, duvida-se da saída do ministro da Fazenda, há apenas sete meses no cargo. "Ficaria muito mal para o currículo dele", diz um integrante do grupo de discussão. Levy não é visto nessa área como fiador do apoio manifestado à permanência de Dilma, há duas semanas, por integrantes do sistema financeiro, especialmente por dirigentes dos bancos Bradesco e Itaú. "É apenas um fio muito tênue", diz um líder do PT, numa referência ao papel de Levy como articulador entre o setor financeiro e o governo. O manifesto dos empresários - entidades patronais também apoiaram Dilma - não foi escrito "em torno" de Levy, mas para evitar o aprofundamento da crise, o que é ruim para os negócios de todos. Algo na linha do "ruim com ela, pior sem ela". Nas discussões, um princípio é que país nenhum do mundo se recupera com recessão. Lula, particularmente, tem manifestado a opinião de que o arrocho não é a única saída para a atual crise econômica. O ex-presidente já defendeu inclusive com Dilma a proposta de se aumentar a oferta de crédito. Haveria meios para isso. Exemplo: um alívio no compulsório dos bancos privados. O PT participa amanhã do lançamento da Frente Brasil Popular, um conglomerado de partidos, intelectuais e movimentos que pede mudanças na política econômica. Na manifestação realizada no dia 20 de agosto, o PT apoiou e participou dos atos, mas evitou o "Fora Levy", palavra de ordem abraçada por outros integrantes da frente. "O partido sustenta e empurra o governo Dilma", diz um líder partidário. Mas os dois precisam acertar os ponteiros, pois na frente o PT não assume o "Fora Levy" mas convive com ele com satisfação.

O ex-presidente Lula e pessoas do seu círculo de relações políticas continuam a críticos das políticas de governo Dilma. O grupo considerou um erro presidente ter deixado o orçamento para o Congresso, pois passou a ideia de que não governa. As críticas mais pesadas são dirigidas ao chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, muito embora o ministro e o PT pensem de maneira parecida com relação às políticas de Joaquim Levy. A Mercadante são atribuídas algumas decisões consideradas equivocadas por líderes petista, como a fritura do vice Michel Temer na articulação política do governo. Mercadante, segundo fontes do PT, é o responsável pela ideia de o Palácio do Planalto dispersar as forças aliadas no Congresso para negociar com grupos em separado. Decisão que esvaziou as funções que Dilma havia atribuído a Temer, quando o Congresso parecia fora de controle e ameaçava não aprovar o ajuste fiscal. Dilma também teve a chance de estabelecer um canal de comunicação com o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, que em julho havia rompido espetacularmente com o governo. A ideia era boa, mas a execução foi mal acabada: o Palácio do Planalto atraiu para a negociação o governador Luiz Fernando Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral, mas deixou de fora o vice Michel Temer. O que parecia uma boa ideia acabou num acerto capenga e recheado de denúncias de traição. Temer poderia selar um acordo e deixar para Dilma eventual arbitragem no grupo de pemedebistas. Uma das principais críticas feitas à presidente é a condução errática não só da coordenação, mas também nos assuntos sensíveis da economia, com repercussão no mercado. Um exemplo é a conversa que Dilma teve com dois ex-presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Marco Maia (PT-RS), quando ficou acertado que o PT começaria a "bater" em Eduardo Cunha, denunciado pelo Ministério Público Federal na Operação Lava-Jato. Ao mesmo tempo, Dilma articulava com o PMDB do Rio o encontro que teve na terça-feira com o presidente da Câmara. Mais grave são as mudanças de rota em assuntos econômicos, das quais o anúncio - e posterior recuou - da recriação da CPMF é apenas um exemplo. VOLTAR

Fonte: Valor Econômico 03/09/2015 - Parlamentares propõem a Dilma elevar Cide sobre gasolina e diesel Por Thiago Resende e Cristiano Zaia De Brasília A pressão para que o governo aumente a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis (gasolina e diesel) aumentou sob argumento de aliviar o déficit orçamentário previsto para 2016. Encampada pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, a ideia - que beneficiaria a indústria de etanol - foi levada à equipe econômica e à presidente Dilma Rousseff, que ontem disse não "afastar" nenhuma fonte de receita. Katia Abreu: ministra da Agricultura encampou ideia de setor sucroalcooleiro A alta no valor da Cide pode ser feita por decreto presidencial, sem precisar do aval do Congresso Nacional. Fontes que acompanham as negociações, porém, relatam que o governo quer ter certeza do apoio da Câmara e do Senado em relação a esta medida para não correr o risco de um agravamento da crise política. Foram parlamentares da Frente Sucroalcooleira do Congresso que apresentaram à Katia Abreu as propostas de elevação tributária sobre gasolina e óleo diesel. Os produtores de etanol - setor que enfrenta grave crise - sairiam ganhando porque os outros combustíveis perderiam competitividade. Uma fonte do setor sucroenergético, que vem participando das conversas com o governo, disse que o Ministério da Fazenda estuda de maneira delicada elevar mais um tributo. "O governo não vê com maus olhos o aumento da Cide porque está precisando de arrecadação, mas tem preocupação natural com o impacto inflacionário. Dentro do governo tem gente que está com medo de isso gerar uma reação negativa da opinião pública", relatou. Por causa da difícil aceitação dessa proposta pela população, o governo prefere dividir com o Congresso a responsabilidade de anunciar um aumento de imposto. Diante desse quadro, pode demorar um pouco para que seja assinado o decreto, avalia a fonte. Uma das hipóteses colocadas ao governo prevê a recomposição total da Cide, que ficou zerada até o início do ano. Isso, segundo contas do setor, renderia R$ 10,6 bilhões aos cofres da União por ano. Estados e municípios teriam um incremento de R$ 4,3 bilhões na arrecadação, sem contar com a receita de ICMS que também subiria. Com isso, autores da ideia contam com o possível apoio de governadores e prefeitos.

Essa proposta, contudo, teria um impacto "mais forte" na inflação. Por isso, há ainda uma ideia de aumento intermediário, que renderia R$ 6,8 bilhões para a União e R$ 2,8 bilhões para Estados e municípios. "Essa seria menos 'danosa' para o índice de preços, mas vamos insistir na maior elevação possível da Cide", afirmou um parlamentar com trânsito no Ministério da Agricultura. A alta da Cide sobre combustíveis é uma demanda antiga da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica). Diante da previsão de rombo de R$ 30,5 bilhões no Orçamento do próximo ano, a Frente Sucroalcooleira argumenta que esse seria "uma das soluções" para o problema fiscal e seria um incentivo para os produtores de etanol voltarem a investir e a contratar. Os parlamentares ligados à proposta pretendem conversar com os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) em busca de apoio para a elevação do tributo que, apesar de não depender de votação no Congresso, não deve ser feito à revelia do restante da Câmara e do Senado. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 03/09/2015 - Brennand abre 2ª fábrica, mas segura novos investimentos Por Marina Falcão Do Recife Após aporte de mais de R$ 700 milhões, a Brennand Cimentos, controlada pelo grupo pernambucano Ricardo Brennand, iniciou a operação da sua segunda fábrica no país, em Pitimbu (PB). Ao mesmo tempo, diante da crise na construção civil, a companhia paralisou a ampliação da unidade em Sete Lagoas (MG), um investimento orçado em R$ 500 milhões. "O momento requer prudência. Estamos conscientes de que temos que deixar a ansiedade um pouco de lado", diz José Eduardo Ramos, presidente da Brennand Cimentos. Para Ramos, a indústria cimenteira começará a reagir Ramos, presidente: "Até o segundo semestre de 2017, o mercado vai para baixo e o quão baixo ninguém sabe ao certo"

apenas no segundo semestre de 2017. "Até lá, o mercado vai para baixo e o quão baixo ninguém sabe ao certo". As vendas de cimento no país caíram 6,3% no primeiro semestre, na comparação anual, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). Segundo Ramos, o mercado trabalha com previsão de que o recuo fique entre 12% e 15% no consolidado do ano e que, em 2016, haja nova retração, entre 7,5% e 10%. "Um setor que saiu de 40 milhões de toneladas ao ano para 71 milhões em 10 anos pode voltar para 60 milhões até o final do ano que vem. É duro", afirma. O maquinário para ampliação da fábrica em Sete Lagoas já foi todo comprado na Dinamarca, a terraplenagem já concluída, mas não há previsão para início das obras. Não fosse a deterioração do cenário econômico, a capacidade da fábrica sairia este ano de 2,5 milhões para 3,5 milhões de toneladas por ano. "A ampliação agora traria aumento do endividamento e imobilização de recursos sem que isso viesse com resultado", diz. Ao fim do ano passado, a Brenand Cimentos tinha dívida líquida de R$ 565 milhões, ou 4,4 vezes o seu lucro operacional. Em 2014, a unidade faturou quase R$ 600 milhões e deu um lucro de cerca de R$ 50 milhões ao grupo, que também atua nos segmentos de energia, imobiliário e cultural. Inaugurada em 2011, a unidade de Sete Lagoas marcou a volta do grupo Ricardo Brennand ao setor cimenteiro com a marca Cimento Nacional. Cinco anos antes, o grupo vendeu todas a sua operação no setor para a Cimpor, de Portugal. A empresa, que tem como sócios a BNDESPar e o Bradesco com cerca de 20% do capital, já investiu R$ 850 milhões na fábrica de Sete Lagoas. Com a unidade em Pitimbu, a Brennand pretende atender todo o Nordeste, região em que a retração do setor cimenteiro tem ficado abaixo da média nacional. Ramos diz que a unidade é estratégica pois a região é a que apresenta o maior potencial no longo prazo. Enquanto no Brasil o consumo per capita de cimento por ano é de 340 kg, no Nordeste é de 288 kg. Plano original da Brennand previa chegar ao final de 2015 com faturamento próximo a R$ 800 milhões A capacidade da fábrica em Pitimbu é de 1,5 milhão de tonelada de cimento ao ano, mas a produção vai ser "calibrada" conforme o comportamento do mercado local. Segundo o executivo, o desenho inicial era atingir a capacidade total em oito ou dez meses, mas essa perspectiva foi revisada para baixo. "Há tendência de ter alguma fricção com a concorrência. Vamos com racionalidade". O plano original da Brennand também previa chegar ao fim de 2015 com faturamento próximo a R$ 800 milhões, já considerando o início das atividades em Pitimbu. No entanto, para Ramos, vai ser "difícil" alcançar a meta. "A equação apertou. Aumentaram custos dolarizados como coque de petróleo e com energia elétrica".

Com experiência de 15 anos na concorrente Ciplan, de Brasília, Ramos comandou a volta do grupo Brennand ao cimento desde o início da empreitada em 2005. Apesar da conjuntura adversa, ele avalia que o retorno tem sido bem-sucedido. "Temos uma boa avaliação do mercado e dos investidores como uma marca referência". Para driblar a crise, a empresa está pulverizando as vendas entre diferentes estados. "Vamos devagar. Claro que para a gente quanto mais rápido melhor, desde que não se deteriore preço". Embora a revenda no varejo para pequeno consumidor represente mais da metade do mercado no Nordeste, a Brennand aposta em segmentos técnicos como concreteiras e indústrias de pré-moldados com produtos de maior valor agregado. "São segmentos que pagam prêmio de preço por produto diferenciados, o que não acontece no varejo". A boa fase da construção civil até meados de 2013 mobilizou investimentos de diversos grupos no país. No Nordeste, fora o Brennand, entraram no setor o grupos M. Dias Branco, do Ceará, e Elizabeth, da Paraíba. "Hoje são mais de 20 empresas no setor, que vai ter que passar por alguma consolidação", diz Ramos. Para o executivo, a Brennand está bem posicionado para permanecer no mercado e está "aberta" para aquisições. No entanto, o foco principal agora é estabilizar a operação em Pitimbu. Juntas, as duas fábricas do grupo serão responsáveis por 5% do mercado nacional. Para BNDESPar e Bradesco, sócios desde 2013, uma oferta pública inicial na bolsa é uma das portas de saída possíveis. Mas isso não deve ocorrer antes de concretizada a ampliação em Sete Lagoas. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 03/09/2015 - Após polêmica, TCU tende a autorizar prorrogações Por Murillo Camarotto De Brasília

Pouco mais de um mês após recomendar a relicitação das 39 concessões de distribuição de energia elétrica que vencem entre 2015 e 2017, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) flexibilizou sua posição e deve dar sinal verde para as renovações dos contratos, como deseja o governo. A votação do processo está prevista para a sessão plenária da próxima quarta-feira, segundo apurou o Valor. Uma pessoa diretamente envolvida com a José Múcio, relator do processo, deve questão revelou que os técnicos do tribunal levar caso ao plenário na quarta-feira acabaram convencidos de que não há ambiente para se promover uma rodada tão volumosa de importantes licitações. Não bastasse a crise econômica atual, muitas das empresas que eventualmente poderiam se interessar em arrematar as concessões também não vivem seus melhores dias. Até o mês passado, no entanto, os técnicos não enxergavam nas renovações dos contratos vantagens para os consumidores. Em parecer encaminhado ao ministro relator do caso no TCU, José Múcio, os auditores manifestaram preferência pela licitação, posição que deixou bastante preocupados o governo e os representantes das distribuidoras. Com a mudança na avaliação dos técnicos, a tendência é que o relator do processo leve ao plenário uma proposta no sentido de autorizar as renovações, porém com novas exigências às distribuidoras. A possibilidade de renovação dos contratos foi oficializada pelo Decreto 8.461/15, publicado em junho. Segundo o texto, as prorrogações ficam condicionadas ao cumprimento de critérios de eficiência do serviço, gestão econômico-financeira, racionalidade da operação e modicidade tarifária. As 39 concessionárias afetadas pelo decreto representam cerca de um terço do mercado nacional de distribuição de energia elétrica. Desse total, 36 tiveram seus contratos expirados em julho deste ano. Estão no grupo, por exemplo, a Companhia Paranaense de Energia (Copel), que atende mais de 4 milhões de unidades consumidoras, e as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), com mais de 2,5 milhões de clientes. Também estão com os contratos vencidos as principais distribuidoras de Goiás, Rio Grande do Sul, Alagoas, Piauí, Distrito Federal, Amazonas e Acre, além de uma fatia importante do interior de São Paulo. No ano que vem, expira a concessão da Cemig Distribuição, que atende mais de 8 milhões de clientes no Estado de Minas Gerais. Além da inviabilidade de uma rodada de licitações dessa magnitude, a situação financeira de algumas distribuidoras pesa a favor de uma decisão em prol das renovações. Isso porque muitas empresas têm nos contratos de concessão o seu principal ativo, ou seja, sem eles essas companhias teriam grandes chances de quebrar, gerando desemprego. O governo federal também conta com a renovação

para encaminhar a privatização das distribuidoras atualmente controladas pela estatal Eletrobras. Independentemente do TCU, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vinha tocando a audiência pública que discutiu a modelagem das renovações. A coleta de contribuições terminou no dia 13 de julho e agora a agência está analisando as propostas. O modelo final será votado pela diretoria da Aneel, em data que ainda será definida. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 03/09/2015 - Desoneração afeta investimento social, diz estudo Por Ligia Guimarães De São Paulo O orçamento público reflete as prioridades de um governo e, nessa análise, as desonerações tributárias adotadas a partir de 2009 pelo governo Dilma Rousseff prejudicaram o financiamento de políticas sociais, aponta estudo divulgado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). De acordo com a pesquisa, os incentivos fiscais do primeiro mandato da presidente tiraram R$ 60 bilhões a mais das contribuições sociais da seguridade social do que em 2010. A renúncia fiscal no governo Dilma aumentou de 3,68% em 2011 para 4,76% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, segundo o estudo.

A pesquisa "Renúncias tributárias - os impactos no financiamento das políticas sociais no Brasil" destaca que o governo desonerou justamente os tributos que compõem a fonte de financiamento para políticas de seguridade social, principalmente em previdência, saúde e assistência social. Além disso, a renúncia tributária ajudou a esvaziar os fundos de participação dos Estados e municípios, formados a partir da arrecadação de Imposto de Renda (IR) e de (Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e cujos recursos financiam gastos obrigatórios em saúde e educação. "Não existe política social sem a garantia das fontes de financiamento", diz o autor Evilásio Salvador, economista da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutor em Política Social pela Universidade de Brasília (UnB). O estudo foi feito com base nos dados do Demonstrativo dos Gastos Tributários publicados pela Receita Federal no período de 2011 e 2014. "Me parece incoerente que o governo divulgue rombos na Previdência e, por outro lado, conceda generosos benefícios fiscais sem nada em troca", diz. O estudo analisa apenas o financiamento indireto das políticas públicas, que se dá por meio de renúncia fiscal, e destaca entre as principais perdas o expressivo aumento das desonerações incidentes na contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento. Essa análise, segundo a pesquisa, permite identificar a transferência indireta e extraorçamentária de recursos para o setor privado da economia. Embora as justificativas para as desonerações tenham cunho econômico, o pesquisador defende que é importante que o orçamento público assegure os recursos da seguridade social. "São recursos carimbados no orçamento público, de destinação exclusiva para o financiamento das políticas de seguridade social - previdência, assistência social e saúde - e do seguro-desemprego", afirma Salvador, que critica a política de desonerações por se tratar de um caminho sem volta, em sua opinião. "Ao menos deveria ter se exigido contrapartidas", defende Salvador, argumentando que há exigências para os beneficiários das políticas sociais. "Se faz isso com os beneficiários de políticas sociais, não faz? Quem recebe o Bolsa Família, por exemplo, precisa pesar, vacinar, ter presença escolar", diz. O texto destaca as perdas que as desonerações representaram, sobretudo, para o orçamento dos Estados e municípios, que recebem parte da arrecadação dos impostos federais. "Assim, a depender das políticas adotadas nas esferas da União e dos Estados, os municípios podem ser fortemente atingidos na sua condição fiscal", diz o texto. A lei determina que 40% das receitas municipais sejam destinadas a saúde (15%) e educação (25%). A estimativa da pesquisa é que tenha aumentado 17,04% acima da inflação entre 2011 e 2014 a perda potencial de receitas do Fundo Municipal Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

Equivale a dizer que, caso o governo não houvesse feito desoneração alguma em IR e IPI em 2014, o FPE teria um acréscimo de R$ 24,05 bilhões e o FPM, de R$ 26,29 bilhões. "Aí a União se apropria cada vez de maior parcela do fundo de arrecadação. Na realidade você está simplesmente impondo regras e metas a serem cumpridas sem dar condições fiscais para que essas metas sejam cumpridas", afirma Salvador, que diz que é cada vez maior a responsabilidade dos gestores municipais e estaduais na execução das políticas públicas, como o Plano Nacional de Educação. O levantamento aponta ainda que as renúncias que afetam o financiamento da saúde aumentaram de R$ 20,6 bilhões, em 2010, para R$ 24,9 bilhões, em 2014, e representam 9,5% da renúncia fiscal de 2014. Na função assistência social, que concentra as entidades filantrópicas e organizações sem fins lucrativos, a renúncia cresceu 20% acima da inflação no mesmo período. Outra crítica presente no estudo é o espaço importante que o serviço da dívida pública ocupa no orçamento federal. Entre 2011 e 2014 foram destinados R$ 1,5 trilhão ao pagamento de juros e amortização da dívida, o que equivale a 24,13% do total de recursos do orçamento público federal. Além disso, enquanto as despesas com amortização da dívida cresceram 60,15% acima da inflação no período, os gastos com pessoal cresceram apenas 7,36%. Já as outras despesas correntes - que incluem o pagamento de serviços e benefícios no âmbito das políticas sociais, o pagamento previdenciário e a transferência de recursos para Estados e municípios, entre outros -cresceram 15,8%. "A política de ajuste fiscal destinou parte considerável da arrecadação financeira à esfera financeira, em especial ao pagamento de juros e à amortização da dívida", diz o pesquisador.

Para Salvador, tal retrato expõe a "falsa dicotomia" entre custeio e investimento, que domina o debate sobre onde o governo poderia cortar gastos. "Ambas [as despesas] são fundamentais e necessárias para o desenvolvimento econômico e social do país. A conta a ser enfrentada é a de juros", afirma o pesquisador. "O país vai continuar atendendo de forma prioritária ao mercado financeiro e seus rentistas ou vai priorizar a construção de um sistema de proteção social, com expansão de investimentos?", questiona o estudo. O pesquisador critica também o foco do ajuste fiscal empreendido pela atual equipe econômica. "De um lado, o governo corta gastos e de outro lado, o Banco Central sobe o juros, o que implica em mais despesas financeiras. Ou seja, estamos "enxugando gelo", afirma Salvador, que sugere que a política de ajuste deveria considerar uma meta de reduzir a despesas com juros para o patamar de 2% do PIB. "Outra questão é tratar da questão tributária em direção a reforma do sistema, buscando cobrar impostos sobre renda e patrimônio, reduzindo a carga sobre produção e consumo". O estudo destaca, por outro lado, que os gastos com educação atualmente estão abaixo do necessário para se alcançar uma educação de qualidade e cumprir as metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 03/09/2015 - Quem sofrerá mais com a mudança climática Por Bill Gates Alguns anos atrás, Melinda e eu visitamos um grupo de lavradores de arroz em Bihar, Índia, uma das regiões de maior incidência de enchentes do país. Todos eles eram extremamente pobres e dependiam do arroz que cultivavam para alimentar e sustentar suas famílias. Quando as chuvas de monção chegavam, a cada ano, os rios se avolumavam, ameaçando inundar suas propriedades e destruir suas safras. Apesar disso, estavam dispostos a apostar tudo na possibilidade de suas propriedades serem poupadas. Era uma aposta que, muitas vezes, perdiam.

Quando perdiam suas lavouras, fugiam para as cidades em busca de biscates para alimentar suas famílias. No ano seguinte, no entanto, voltavam a suas terras - frequentemente ainda mais pobres do que quando as deixaram -, prontos para plantar novamente. Nossa visita foi um poderoso lembrete de que, para os agricultores mais pobres do mundo, a vida é um número de equilibrismo na corda bamba - sem rede de segurança. Eles não têm acesso a sementes melhoradas, fertilizantes, sistemas de irrigação e outras tecnologias úteis como os agricultores de países ricos têm - e nenhum seguro sobre a colheita, para se protegerem contra perdas. Um só golpe de azar - uma seca, uma enchente ou uma doença - é o suficiente para que eles mergulhem mais profundamente na pobreza e na fome. Mesmo se o mundo descobrir uma fonte barata e limpa de energia na semana que vem, levará tempo para que ele abandone seus hábitos movidos a combustível fóssil. É por isso que é decisivo que o mundo invista em esforços que ajudem os mais pobres a se adaptar Atualmente, a mudança climática deverá acrescentar uma nova camada de risco a suas vidas. O aumento das temperaturas das próximas décadas trará grandes turbulências à agricultura, especialmente nas zonas tropicais. As plantações não vão crescer devido à escassez de chuvas ou ao excesso de chuvas. As pragas vão se desenvolver em meio ao clima mais quente e destruir as lavouras. Os agricultores de países mais ricos também experimentarão mudanças. Mas eles possuem os instrumentos e o respaldo para administrar esses riscos. Os agricultores mais pobres do mundo saem a cada dia para o trabalho, na sua maior parte, de mãos vazias. É por isso que, dentre todas as pessoas que sofrerão com a mudança climática, são eles os que tenderão a sofrer mais. Os agricultores pobres vão sentir o impacto dessas mudanças numa época em que o mundo precisará de sua ajuda para alimentar uma população crescente. Até 2050, prevê-se que a demanda mundial por alimentos aumente 60%. A queda das safras levará ao limite o sistema mundial de alimentos, aumentando a fome e corroendo o incrível progresso no combate à pobreza alcançado pelo mundo durante o último meio século. Estou otimista de que possamos evitar os piores impactos da mudança climática e de que possamos, ao mesmo tempo, alimentar o mundo - se agirmos agora. Há uma necessidade urgente de que os governos invistam em inovações recentes na área de energia limpa que reduzam drasticamente as emissões de gases-estufa e detenham o aumento das temperaturas. Ao mesmo tempo, precisamos reconhecer que já é tarde demais para conter todos os impactos da elevação das temperaturas. Mesmo se o mundo descobrir uma fonte barata e limpa de energia na semana que vem, levará tempo para que ele abandone seus hábitos movidos a combustível fóssil e migre para um futuro livre de carbono. É por isso que é decisivo que o mundo invista em esforços que ajudem os mais pobres a se adaptar.

Muitos dos instrumentos de que precisarão são bastante básicos - coisas que eles precisam, de qualquer maneira, para cultivar mais alimentos e auferir mais renda: acesso ao financiamento, a melhores sementes, fertilizantes, treinamento e mercados onde possam vender o que cultivam. Outros instrumentos são novos e criados de acordo com as exigências de um clima em mutação. A Fundação Gates e seus parceiros trabalharam juntos no desenvolvimento de novas variedades de sementes de plantas que crescem mesmo durante tempos de seca ou de inundação. Os rizicultores que conheci em Bihar, por exemplo, plantam atualmente uma nova variedade de arroz tolerante às enchentes - apelidada de arroz "scuba" -, capaz de sobreviver duas semanas embaixo d'água. Eles já estão preparados para a possibilidade de que mudanças do padrão climático submetam sua região a mais inundações. Estão sendo desenvolvidas outras variedades de arroz capazes de resistir à seca, ao calor, ao frio e a problemas de solo, como a alta contaminação por sal. Todos esses esforços têm o poder de transformar vidas. É muito comum ver esses agricultores dobrarem ou triplicarem sua colheita e sua renda ao terem acesso aos avanços que os produtores rurais do mundo desenvolvido consideram uma coisa natural. Essa nova prosperidade lhes permite melhorar suas dietas, investir em suas terras e enviar seus filhos à escola. Ela também afasta a vida deles do fio da navalha, dando-lhes uma sensação de segurança mesmo quando têm uma má colheita. Haverá também ameaças derivadas da mudança climática que não podemos prever. Para estar preparado, o mundo precisa acelerar a pesquisa de sementes e de instrumentos de apoio aos pequenos agricultores. Uma das inovações mais empolgantes para ajudar produtores rurais é a tecnologia de utilização de satélite. Na África, os pesquisadores estão usando imagens de satélite para criar mapas de solo detalhados, capazes de informar os agricultores sobre as variedades que vão vingar em suas terras. Mesmo assim, uma semente melhor ou uma nova tecnologia não consegue transformar a vida das famílias camponesas enquanto não estiver em suas mãos. Uma série de organizações, como o grupo sem fins lucrativos chamado OneAcreFund, está encontrando maneiras de garantir que os agricultores se beneficiem dessas soluções. A OneAcreFund opera em estreita colaboração com mais de 200 mil camponeses africanos, fornecendo acesso a financiamento, ferramentas e treinamento. Até 2020 a instituição pretende alcançar 1 milhão de produtores rurais. Na "Carta Anual" deste ano, Melinda e eu fizemos a aposta de que a África conseguirá se alimentar sozinha nos próximos 15 anos. Mesmo com os riscos da mudança climática, essa é uma aposta que eu sustento.

Sim, a vida dos camponeses pobres é dura. É um quebra-cabeças com tantas peças para encaixar - desde plantar as sementes certas e usar o fertilizante correto até conseguir treinamento e ter um lugar para vender sua produção. Se apenas uma peça dessas estiver fora de lugar, a vida deles pode desmoronar. Sei que o mundo tem o necessário para ajudar a pôr essas peças no lugar tanto no que se refere aos desafios que esses agricultores enfrentam hoje quanto aos que enfrentarão amanhã. E, o que é mais importante, sei que eles também têm. (Tradução de Rachel Warszawski) Bill Gates é copresidente do conselho de administração da Fundação Bill & Melinda Gates. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 03/09/2015 - Nova rodada da ANP tem novatas estrangeiras e ausências de peso Por André Ramalho Do Rio A 13ª Rodada vai marcar a estreia de duas petroleiras estrangeiras nos leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A russa Rosneft e o fundo global de investimentos Seacrest Azimuth Group se inscreveram na licitação e vão participar pela primeira vez de um leilão de blocos exploratórios no país. Na contramão, figuras de destaque no Brasil ficaram de fora da licitação, em meio a um cenário de cortes de investimentos frente aos preços mais baixos do barril do petróleo. A lista de ausências inclui algumas das principais sócias da Petrobras no pré-sal. São empresas com vultuosos investimentos comprometidos, como a Repsol Sinopec; a chinesa CNPC, sócia em Libra; e a britânica BG, adquirida pela Shell. Outras gigantes, como a Chevron, que chegou a arrematar um bloco na 11ª Rodada, em 2013; a ConocoPhillips; e a Sinochem também ficaram de fora, assim como as brasileiras OGPar (ex-ogx), em recuperação judicial, e Copel, um dos destaques da 12ª Rodada.

Já entre as estreantes, o principal destaque é a Rosneft. Uma das dez maiores produtoras de óleo e gás do mundo, a russa entrou no país em 2011, quando adquiriu uma fatia de 45% nos blocos da HRT (hoje PetroRio) no Solimões (AM). Após assumir o controle total dos ativos este ano, a russa se prepara agora para participar, pela primeira vez, de uma rodada da ANP de olho em oportunidades. A companhia detém 16 blocos no Solimões e, na América Latina, atua também na Venezuela. O Seacrest, por sua vez, chegou a anunciar, em 2014, um acordo com a britânica Chariot para entrar em quatro blocos na Bacia de Barreirinhas, mas o negócio não foi adiante. O fundo, contudo, criou uma subsidiária no país, a Azibrás, e abriu um escritório no Rio. Com foco em óleo e gás, o fundo possui ativos exploratórios no Mar do Norte, Namíbia, Irlanda, Vietnã e Indonésia. A 13ª Rodada marca também a reestreia da argentina Oil M&S, que volta a participar de um leilão no Brasil dez anos após arrematar 43 blocos na 7ª Rodada, no Solimões e São Francisco. A companhia saiu do país em 2010, após vender seus ativos para a Petra. Entre as brasileiras, a estreante de maior destaque é a PetroRio. Após concluir a venda de ativos de exploração no Solimões e redirecionar seus investimentos para a aquisição de campos em produção (Polvo e Bijupirá e Salema), a companhia está avaliando entrar novamente na atividade exploratória. Esta semana, o diretor de Negócios e de Relações com Investidores da petroleira, Blener Mayhew, confirmou a intenção da empresa de participar da rodada, mas destacou que a estratégia da PetroRio continua sendo manter uma baixa exposição no setor de exploração. "Vamos adotar estratégia de irmos como minoritários nos blocos", disse, na segunda-feira, durante teleconferência com analistas. A Parnaíba Gás Natural (ex-ogx Maranhão) e Parnaíba Participações, subsidiária da Eneva, são outras duas estreantes nacionais. Dona do complexo termelétrico no Maranhão, a Parnaíba Participações é cliente do gás da PGN, mas sinaliza que também pretende investir na produção. O conceito 'gas-to-wire' (geração de energia na cabeça do poço) é a aposta também da própria PGN e da Engie (ex-gdf Suez). O presidente da Parnaíba Gás Natural, Pedro Zinner, antecipou que a companhia pretende diversificar sua atuação, mas reafirmou o Parnaíba como o "core business" da empresa e a aposta no conceito