AVALIAÇÃO DE DIFERENTES EMBALAGENS NA QUALIDADE DAS AMÊNDOAS DE BARU IN NATURA

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES EMBALAGENS NA QUALIDADE DAS AMÊNDOAS DE BARU IN NATURA V.B.S.X. Reis 1, A.J. Campos 1 1- Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia Agrícola Universidade Estadual de Goiás, Campus de Ciências Exatas e Tecnológicas Henrique Santillo CEP: 75132-400 Anápolis GO Brasil, Telefone: (62) 8300-4700 Fax: (62) 3328-1156 e-mail: andre.jose@ueg.br RESUMO O presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade das amêndoas de baru in natura armazenadas em diferentes embalagens. O trabalho foi desenvolvido em delineamento inteiramente casualizado, com esquema fatorial 5x7, sendo tipos de embalagem (PP, PEBD, PVC + EPS, PET e Controle) e dias de análise (0, 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias), com 3 repetições, armazenadas em B.O.D. à 10±1 C e 70±4%UR. As variáveis analisadas foram: ganho de massa, croma e proteína. Os dados foram submetidos ao teste de Tukey (P<0,05) e regressão. De acordo com os resultados, as melhores embalagens para o armazenamento da amêndoa de baru in natura foram PP e PVC+EPS, as quais permitiram conservação mais adequada dos atributos de qualidade dessas amêndoas, mantendo suas características físicas e físico-químicas durante a pós-colheita. Em relação ao tempo de armazenamento, as amêndoas de baru podem ser conservadas refrigeradas por até 42 dias sem apresentar deterioração. ABSTRACT This study aimed to evaluate the quality of baru almonds in natura stored in different packages. The study was developed in completely randomized design, with factorial design 5x7, being types of packaging (PP, LDPE, PVC + EPS, PET and control) and analyses days (0, 7, 14, 21, 28, 35 and 42 days), with three replicates, stored in B.O.D. at 10±1 C and 70±4%RH. The variables analyzed were: mass gain, chroma and protein. The data were subjected to test Tukey (P<0.05) and regression. According to the results, the best packaging for the storage of almond baru in natura were PP and PVC + EPS, which allowed most appropriate conservation of the quality of the almonds attributes, maintaining their physical and physicochemical characteristics during postharvest. Regarding the storage time, the baru almonds can be kept refrigerated for up to 42 days without deterioration. PALAVRAS-CHAVE: Dipteryx alata, atmosfera modificada, pós-colheita, refrigeração. KEYWORDS: Dipteryx alata, modified atmosphere, postharvest, refrigeration. 1. INTRODUÇÃO A amêndoa de baru (Dipteryx alata Vog.), de diferentes regiões geográficas do Cerrado, apresentam valores baixos de umidade, elevados teores de proteínas e de lipídios, e grande concentração de ácidos graxos insaturados, macronutrientes e micronutrientes (Silvério et al., 2013). Todavia, alimentos com alto teor de gordura e baixo teor de umidade, estão sujeitos a danos durante o armazenamento como a rancificação de gorduras e alterações, devido ao ganho de umidade. A conservação pós-colheita da amêndoa do baru pode interferir nas suas características e, portanto, na qualidade dos produtos derivados. Segundo Durigan (2013), para abastecer consumidores nos mais diferentes locais e situações com produtos com a qualidade desejada, deve-se começar com a

colheita adequada e com a manutenção dessa qualidade, por meio dos processos de embalagem, armazenamento e distribuição. O uso de refrigeração, aliada à atmosfera modificada passiva, destaca-se como possibilidade no prolongamento da vida útil dos frutos, refletindo na dilatação do período de comercialização (Silva et al., 2009). A utilização de embalagens com baixa permeabilidade ao vapor de água evita trocas entre as amêndoas e o ambiente externo, conservando sua umidade inicial. Ao evitar as trocas gasosas entre o produto e o meio externo, a embalagem promove concentração de CO 2 e diminui o O 2, devido a própria respiração pós-colheita, característica dos produtos vegetais, criando dentro da embalagem atmosfera diferente da exterior e, essa atmosfera, possui efeito inibidor do crescimento bacteriano, retardando e prevenindo a senescência, bem como alterações fisiológicas e bioquímicas (Mantilla et al., 2010; Mendanha, 2014). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade das amêndoas de baru in natura armazenadas em diferentes embalagens. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os frutos de baru foram colhidos em diversas árvores espalhadas por propriedades rurais do município de Palmeiras de Goiás, localizado a 16 47 22 Sul e 49 55 58 Oeste, no estado de Goiás, possuindo clima tropical com estação seca, tendo como bioma predominante o Cerrado. Foram colhidos apenas frutos desprendidos naturalmente da sua árvore de origem, visando assegurar sua maturidade fisiológica. Os barus foram separados de sujidades, folhas e pedras, e selecionados quanto a presença de amêndoa. Os frutos selecionados foram transportados para o laboratório de Secagem e Armazenamento de Produtos Vegetais, do Campus de Ciências Exatas e Tecnológicas Henrique Santillo, da Universidade Estadual de Goiás, na cidade de Anápolis Goiás, visando a extração das amêndoas e instalação do experimento. As amêndoas foram extraídas, por meio da quebra do fruto com a utilização de morsa mecânica de bancada n 6, sendo que amêndoas murchas e com danos físicos foram descartadas. Após a extração, as amêndoas foram acondicionadas em dessecador com sílica, visando evitar umedecimento pela umidade relativa ambiente, antes da implantação do experimento. 2.1 Delineamento Experimental O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado, com esquema fatorial 5x7 (embalagens x dias de análise), sendo realizadas 3 repetições por tratamento. As embalagens foram: polipropileno (PP), polietileno de baixa densidade (PEBD), cloreto de polivinila + poliestireno expandido (PVC+ EPS), polietileno tereftalato (PET) e controle (sem embalagem). As amostras, contendo 9 amêndoas de baru in natura por embalagem, foram armazenadas refrigeradas em incubadora B.O.D (Biochemical Oxygen Demand), à 10±1 C e 70±4% UR, durante 42 dias e analisadas a cada sete dias (0, 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias). 2.2 Variáveis Analisadas Na determinação do ganho de massa os frutos foram pesados, em balança de precisão Gehaka BG400 carga máxima de 2000 g, divisão de 10 mg e erro=0,01g, sendo os resultados expressos em porcentagem. Calculou-se o ganho de massa a partir da Equação 1: Ganho de Massa (%) = (P j -P i )/P j (1) Em que: Pi = peso inicial do fruto (g); Pj = peso do fruto no período subsequente a Pi (g).

Na coloração foi verificado o parâmetro Croma (saturação de cor), medido por refletância, utilizando-se colorímetro portátil CR-400 da Konica Minolta (Minolta, 1994). O Croma foi determinado pela Equação 2: C = (a* 2 +b* 2 ) 1/2 (2) Em que: C = Croma; a* = valor de cromaticidade a*; b* = valor de cromaticidade b*. O teor de proteína foi determinado pelo método Kjeldahl, conforme Embrapa (2009), adaptado, sendo expresso em g 100g -1, e calculado pela Equação 3: P = 14 x 0,01 x V HCl x f (3) Em que: P = Teor de proteína (g 100g -1 ); 14 = Equivalente do nitrogênio; 0,01 = Normalidade do ácido clorídrico; V HCl = Volume de ácido consumido até o ponto de viragem; f= fator de conversão para coco, avelã e outras nozes (5,30). 2.3 Análise Estatística Para os dados obtidos foi aplicado à análise de variância (P<0,05) e, quando significativo, as médias foram submetidas à análise de regressão e ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para as análises estatísticas foi utilizado o Software SISVAR 5.3. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante os 42 dias de armazenamento o maior ganho de massa das amêndoas (Figura 1) foi observado no tratamento controle, na qual não foi utilizado embalagem (1,38%). Figura 1 Ganho de massa (%) de amêndoas de baru in natura armazenadas em diferentes embalagens e dias de armazenamento.

Todas as embalagens utilizadas apresentaram, ao final do armazenamento, incremento de massa inferior a 1%, sendo que a embalagem de polipropileno (PP) obteve os menores valores em todo o armazenamento (0,54%), evidenciando a melhor conservação durante os 42 dias. Sousa et al. (2012) afirmaram que algumas embalagens de plástico podem apresentar boa barreira ou não à passagem de gases (CO 2, O 2 e vapor de água), em função do tipo de polímero que constitui a embalagem. A menor permeabilidade ao vapor d água, devido as características próprias da embalagem, pode ser o fator pelo qual a embalagem de PP apresentou menor ganho de massa. Segundo Belmiro et al. (2010), grãos de abóbora com teor de água entre 2 e 10%, armazenados em embalagens de polipropileno não herméticas, mantiveram a maioria das suas características químicas e nutricionais inalteradas durante 180 dias. Rabêlo (2007), também, utilizou embalagem de PP no armazenamento de amêndoas de pequi e constatou que a umidade do produto permaneceu, por 180 dias, em níveis que dificultaram o desenvolvimento de microrganismos. Os valores de Croma, Figura 2, evidenciaram tendência de aumento durante o armazenamento, apresentando variação significativa apenas para as embalagens PVC+EPS, PEBD e PET, as quais chegaram ao final com intensidade de cor maior que o observado no inicio do armazenamento. Quanto ao tipo de embalagem só houve diferenciação no 28º dia, onde a embalagem PVC+EPS apresentou a maior média, sendo diferente estatisticamente do tratamento controle. Figura 2 Croma das amêndoas de baru in natura armazenadas em diferentes embalagens e dias de armazenamento. Christopoulos e Tsantili (2011), observaram aumento no valor de croma para nozes armazenadas em diferentes atmosferas, ao final do armazenamento de 12 meses, diferindo deste trabalho. Quanto à embalagem utilizada, os valores de Croma apresentaram as maiores médias significativas para as embalagens PP e PVC+EPS, sendo o tratamento controle o menor valor, mostrando a capacidade de preservar maior intensidade de cor, parâmetro esse que pode influenciar na escolha do produto pelo consumidor. Na Figura 3 são apresentados os valores de proteína que variaram de 17,02 g 100g -1 a 33,17 g 100g -1 e corroboraram com os valores de 20,42 g 100g -1 e 26,20 g 100g -1 encontrados, respectivamente, por Borges (2013) e Martins et al. (2013), para amêndoas de baru.

Figura 3 Proteína (g 100g -1 ) das amêndoas de baru in natura armazenadas em diferentes embalagens e dias de armazenamento. Durante o armazenamento, houve tendência de aumento do teor de proteína para todas as embalagens, se comparado ao valor inicial. Quanto ao tipo de embalagem utilizada só houve diferença significativa de médias no 7 dia, onde PEBD apresentou média superior às demais, e no último dia de armazenamento, sendo PP a embalagem de maior média. Brigante (2013) verificou incremento no teor de proteína de sementes de girassol, no decorrer do armazenamento, justificando essa variação à síntese e a degradação de compostos, tanto no armazenamento, quanto para o metabolismo da semente. Nesse aspecto, nas condições desse experimento, a embalagem PVC+EPS propiciou a menor degradação ao longo dos 42 dias de análise. 4. CONCLUSÕES De acordo com os resultados, as melhores embalagens para o armazenamento da amêndoa de baru in natura foram PP e PVC+EPS, as quais permitiram uma conservação mais adequada dos atributos de qualidade dessas amêndoas, mantendo suas características físicas e físico-químicas durante a pós-colheita. Em relação ao tempo de armazenamento, as amêndoas de baru in natura podem ser conservadas refrigeradas por até 42 dias sem apresentar deterioração. 5. AGRADECIMENTOS Ao apoio financeiro da UEG, por meio do Programa de Auxílio Eventos (Pró-Eventos), e CAPES, pela bolsa de mestrado concedida. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Belmiro, T. C., Queiroz, A. D. M., Figueiredo, R. D., Fernandes, T. K., Bezerra, M. C. T. (2010). Alterações químicas e físico-químicas em grãos de abóbora durante o armazenamento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 14(9), 1000-1007. Borges, T. H. P. (2013). Estudo da caracterização e propriedades das amêndoas do baru e óleo de baru bruto submetido ao aquecimento. 126 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal de Goiás, Goiânia. Brigante, G. P. (2013). Deterioração de sementes de girassol durante o armazenamento. 206 f. Tese (Doutorado em Produção Vegetal). Universidade Federal de Lavras, Lavras. Christopoulos, M. V., Tsantili, E. (2011). Effects of temperature and packaging atmosphere on total antioxidants and colour of walnut (Juglans regia L.) kernels during storage. Scientia Horticulturae, 131, 49-57. Durigan, J. F. (2013). Pós colheita de frutas. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, 35(2), 339-675. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa. (2009). Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. 2 ed. rev. ampl. - Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 627 p. Mantilla, S. P. S., Mano, S. B., Vital, H. de C., Franco, R. M. (2010). Modified atmosphere in food preservation. Revista Acadêmica: Ciências Agrárias e Ambientais, Curitiba, 8(4), 437-448. Martins, F.S., Borges, L.L., Paula, J.R., Conceição, E.C.(2013). Impact of different extraction methods on the quality of Dipteryx alata extracts. Revista Brasileira de Farmacognosia, 23(3), 521-526. Mendanha, R. S. R. R. (2014). Atmosfera modificada na embalagem de fruta, vegetais inteiros e minimamente processados. 68p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Alimentar). Instituto Superior de Agronomia, Lisboa, Portugal. Minolta. (1994). Precise color communication: color control from feeling to instrumentation. MINOLTA Co. Ltda., 49p. Rabêlo, A. M. da S. (2007). Avaliação da secagem, torrefação e estabilidade da castanha de pequi (Caryocar brasiliense Camb.). 46 f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal de Goiás, Goiânia. Silva, A. V. C., Andrade, D. G. D., Yaguiu, P., Carnelossi, M. A. G., Muniz, E. M., Narain, N. (2009). Uso de embalagens e refrigeração na conservação de atemóia. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, 29(2), 300-304. Silvério, M. D. O., Castro, C. F. S., Miranda, A. R. (2013). Antioxidant and inhibitory action on tyrosinase from Dipteryx alata Vogel leaves. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 15(1), 59-65. Sousa, L. C. F. S., Sousa, J. D. S., Borges, M. D. G. B., Machado, A. V., Silva, M. J. S. da, Ferreira, R. T. F. V., Salgado, A. B (2012). Tecnologia de embalagens e conservação de alimentos quanto aos aspectos físico, químico e microbiológico. Agropecuária científica no semiárido, 8(1), 19-28.