Densidades d de plantação: que importância? Teresa Mota & João Garrido EVAG, 19 de Março de 2009
Densidade de Plantação: Por definição: número de videiras i por hectare (10 000m 2 ) densidade Compasso de plantação = Entrelinha x linha Clima / latitude Vigor casta x porta-enxerto Fertilidade do solo Modo condução / tradição DO Área (m 2 ) / videira Altura do tronco Altura da (s) sebe (s) Nº sebes Inclinação das sebes
O que é uma densidade alta? Ou baixa? A nível mundial e nacional 50 000 10 000 5 000 A nível regional CHAMPAGNE MÉDOC LAUSANNE 4 000 DOURO A LANGUEDOC 3 000 A ALSÁCIA ALENTEJO 4 500 2 000 EMILIA ROMANA BAIRRADA 3 500 1 666 EMILIA ROMANA VINHOS VERDES B 2 500 1 333 B CSA CSOB/LYS/CSA / CSA CSOB / CSR / CAR CSOB / CSR / CAR CSR / CAR 1 111 CRUZETAS
Com o aumento da densidade aumenta a produção e o vigor por hectare, E por videira i diminui. i i VIGOR= PESO DE LENHA DE PODA TOTAL ou ÁREA FOLIAR TOTAL PESO DE LENHA DE PODA TOTAL = nº sarmentos * peso médio do sarmento IGUAL VIGOR com poucos sarmentos * muito pesados IGUAL VIGOR com poucos sarmentos muito pesados OU com muitos sarmentos * muito fracos
Controlo do vigor vs relação Frutificação / Vegetação Tem de ser encarado AO NÍVEL DA VIDEIRA Solo pobre + outros factores (condução retombante / densidade baixa / carga elevada) Solo rico + outros factores (condução ascendente / densidade alta / baixa carga) Déficit de vigor = progressivo aumento F/V Vigor incontrolável = progressiva diminuição da F/V Vigor Produção Vigor Produção
Optimização vigor vs qualidade Solos ricos / Solos ricos / A competição A possibilidade da distribuição Densidades Densidades espacial da vegetação torna- baixas altas (>3 000) de vegetação, -a menos densa, bom microclima, boa qualidade A deficiente vegetação não é suficiente para acumulação de açúcares, má qualidade Solos pobres / Solos pobres / Densidades Densidades baixas altas entre cepas não é suficiente para evitar o excesso mau microclima, má qualidade A competição permite uma auto-regulação das cepas, bom microclima, boa qualidade mas evidentemente que não podemos isolar a QUALIDADE das CARACTERÍSTICAS DA CONDUÇÃO que se repercutem na actividade fisiológica das videiras
Vigor dos sarmentos vs fertilidade dos olhos Vigor médio cv. Gewurtraminer Nº sarmentos Peso lenha Peso Fertilidade / cepa / cepa sarrmento dos olhos 12,9 769 g 82,5 g 1,46 23,4 810 g 34,7 g 1,24 32,3 849 g 26,5 g 1,10 Vigor exagerado dos s Fertilidade olhos P.Huglin, 1989 1,8 1,7 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0 0,9 0,8 14 22 30 38 46 54 62 70 78 Peso dos sarmentos (g)
Carga à poda vs Densidade de Plantação Densidade: factor fixo, imodificável Carga à poda: factor variável, modificável com limitações D1 <=> [ C1.C2] CARGA À PODA => factor responsável pelo vigor dos sarmentos níveis de rendimento sanidade e qualidade das uvas fertilidade d dos gomos
Carga à poda: factor de regulação da produção 30 25 Uvas (t/ /ha) 20 15 10 5 0 GDC LIRA CSOB1 CSOB2 CAR CAR- CSR R5C Sylvoz carga variável carga fixa= 75 000/hectare diferenciais de 5,0 T/ha diferenciais de 8,0 T/ha O limite legal de rendimento de uma região, deveria ser fixado pela CARGA / HA correspondendo a DIFERENTES CONDUÇÕES X DENSIDADES e CASTAS
Carga à poda: factor de regulação da qualidade Óptimo qualitativo: 15 olhos/ metro linear ± 30 cm S. Cond. Linha Entre- Olhos Olhos Nºvideira i Olhos / linha / m linear / s / ha ha videira CAR 2,0 m 2,5 m 15 30 2000 60 000 CSR 2,0 m 3,0 m 15 30 1666 49 980 Cruzeta 2,0 m 4,5 m 30 60 1111 66 660 (15) + (15) CSOB 2,0 m 3,5 m 30 60 1428 81 680 (15) + (15) INTRIERI et al. (1997): a melhor combinação entre o óptimo na linha e o nº de linhas (dens.plantação) define o potencial qualitativo e produtivo da vinha
Resultados de 10 anos dum ensaio CONDUÇÃO X DENSIDADES
Efeito da densidade de plantação (médias de 10 anos) Densités de plantation D1= 2 531 D2= 1 784 D3=1 382 (pieds/ha) (pieds/ha) (pieds/ha) Raisins (t/ha) 16.09 a 14.65 b 14.09 b Bois de Taille (t/ha) 192a 1.92 a 157b 1.57 b 139c 1.39 c Degrée Alcoolique (%) 9.79 a 9.78 a 9.83 a Acidité Totale (g tart/l) 9.54 a 9.49 a 9.31 a Acide Malique (g/l) 3.92 a 3.90 a 3.71 a (Mota et al, 1999) Outros estudos (Murisier & Spring,1987; Ollat et al.,1994) que envolveram sistemas de condução e densidades de plantação, não conseguiram atribuir a estas o comportamento fisiológico que determina o nível qualitativo
O modo de condução: nº sebes, orientação, inclinação Sebe retombante (- vigor / maior fertilidade olhos basais) Sebe ascendente (+ vigor / maior recepção de luz pela folhagem / maior exigência em despontas e desfolhas) Sebe repartida (ex.car) (> equilíbrio entre a parte produtiva e vegetativa) Sebe dividida (ex.cruzeta) (maior SFE) Segundo MAY (1996) quando se ultrapassa 1kg lenha de poda / 1 metro de sebe é altura de dividir a sebe Sebes paralelas ou inclinadas (ex. Liras) Sebes sobrepostas centrados (ex. CSOB) Sebes sobrepostas descentrados (ex. Lys)
Colonização do solo pelas raízes
Colonização do solo vs geometria de plantação Compasso: 3,0m x 1,5m Densidade = 2 222 videiras/ ha Área / videira: 4,5m 2 Compasso: 2,25m x 2,0m 3,0m 2,25m25m 1,5m 2,0m À plantação o enraizamento em profundidade é favorecido À plantação o enraizamento em profundidade é favorecido por grande afastamento entrelinhas e fraco nas linhas, pois é maior a competição na linha => maior colonização
Sob risco de stress hídrico, A melhor opção será a de 2,0m na linha (Carbonneau, 1987)
(Carbonneau, 1987) A densidade radicular não depende só da densidade de plantação
Colonização do espaço aéreo
Colonização do espaço aéreo: relação entrelinha (E) / altura de sebe (H) 1981 1985 H/E < 1 (Jackson) 1998 Muito importante: a) reduzir área de solo nú Muito importante: a) reduzir área de solo nú b) evitar o ensombramento c) optimizar a SFE
Conceito de SFE SUPERFÍCIE FOLIAR EXPOSTA
Importância da SFE: traduz a capacidade fotossintética efectiva do sistema invólucro Nas sebes únicas devemos dar preferência a sebes estreitas e altas em detrimento das sebes mais largas SFE é maior com sebes duplas / densidades baixas e com monoplanos / densidades altas H= 0,8 m E= 1,0 m D= 1,0 m H= 1,6 m 2 857 vid/ha E= 3,5 m D= 1,0 m S= 4,69 m SFE= 1,34 m 2 / m 2 S= 4,19 m SFE= 1,20 m 2 / m 2 10 000 vid/ha 4 000 vid/ha S= 1,14 m SFE= 1,14 m 2 /m 2 H= 1,6 m E= 2,5 m D= 1,0 m S= 2,29 m SFE= 0,92 m 2 / m 2
Melhor indicador de qualidade: SFE_m 2 / kg uvas do que a AF_cm 2 / g uvas Para monoplanos: H = (0,55 E 0,1459) * 1,07 R (Murisier & Zufferey,1995) H (altura sebe) E (entrelinha) R (kg/m2) 0,8 1 2,12 2,0 2,5 1,52 1,0 m 2 SFE / 1 kg uvas para o óptimo de açúcares LYS / Loureiro: ao 7º ano de produção H= 2, 25 m E= 3,0 m D= 1,0 m S= 6,62 m SFE= 2,25 m 2 / m 2 3 000 vid/ha 2004: 0,80 m2 SFE / 1 kg uvas com teor de açúcares de 11,2% para 28T/ha
Exemplos de alterações de CONDUÇÃO X DENSIDADES em duas regiões vitícolas
Em busca de maior mecanização e de mais qualidade DOURO BORDÉUS Vinha não mecanizada 8 000 cepas/ha 1kg/cepa H= 1-1,2m SFE= 1,8m 2 /kg Vinhas estreitas tradicionais 4 000-10 000 cepas/ha SFE= 0,92 1,14m 2 /m 2 Vinha mecanizada 3 000 cepas/ha (2 linhas/patamar) 2-3kg/cepa H= 1,6-1,8m SFE= 1,2m 2 /kg Vinhas largas / Liras 2 000 4 000 cepas/ha SFE= 1,03 1,34m 2 /m 2 NA REGIÃO DOS VINHOS VERDES, surgiu após os anos 80 uma diversidade enorme de conduções, registando-se actualmente por motivos económicos maiores densidades de plantação com o AFUNILAMENTO para formas monoplanos ascendentes descurando o vigor natural dado pelas condições edafo-climáticas locais e pela natureza das castas autóctones.
Em termos de conclusões: É errado, depois de tudo que falámos, atribuir qualquer peso isoladamente à DENSIDADE DE PLANTAÇÃO, no sistema produtivo de uma vinha. É importante, à instalação de uma vinha, ponderar TODOS OS FACTORES que interferem na qualidade das uvas (condução, compasso, orientação, etc). A i tâ i d DENSIDADE DE PLANTAÇÃO é l ti d d A importância da DENSIDADE DE PLANTAÇÃO é relativa, devendo este factor ser encarado como uma CONSEQUÊNCIA e não como uma CAUSA!
OBRIGADO!