VILMAR FISTAROL GARANTE: CNHI É UM BOM NEGÓCIO SATISFAZER O CLIENTE É META NO MERCADO DE CAMINHÕES TRIBUTAÇÃO ELEVADA BARRA CARROS ELÉTRICOS E HÍBRIDOS Automotive DEZEMBRO de 2014 ano 6 número 30 COMPETITIVIDADE AVANÇA COM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ROGELIO GOLFARB, VICE-PRESIDENTE DA FORD, ATRIBUI AO MOTOR BOA PARTE DO IMPRESSIONANTE SUCESSO DO NOVO KA caderno especial de powertrain
índice luis prado 58 CAPA COMPETITIVIDADE AVANÇA COM A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Impulsionados pela legislação do Inovar-Auto, novos powertrains, como o do Ford Ka, cujas vendas decolaram em novembro, levam os veículos nacionais a patamares mais elevados de desempenho e competição Rogelio Golfarb, presidente da Ford: novo motor alavanca vendas do Ka 8 FERNANDO CALMON ALTA RODA As preferências no mercado 10 NO PORTAL 12 CARREIRA 14 NEGÓCIOS 34 INTERAÇÃO MERCEDES DESTACA FORNECEDORES Premiação incluiu responsabilidade ambiental 42 SUPRIMENTOS RENAULT NISSAN UNIFICA PRÊMIO Aliança integrou as compras 44 ETANOL DA EUFORIA À CRISE Altos e baixos do álcool combustível 46 PREMIAÇÃO MWM DESTACA FORNECEDORES Oito empresas foram reconhecidas 36 SUPPLIER QUALITY GM RECONHECE PARCEIROS Melhoram performance e qualidade 38 TI A INTERNET DAS COISAS Tecnologia conecta setor automotivo 4 AutomotiveBUSINESS
48 PRODUTO CRESCE A FAMÍLIA KA Hatch 1.5 e sedã 1.0 chegaram 50 ENTREVISTA VILMAR FISTAROL CNH INDUSTRIAL É BOM NEGÓCIO Grupo prova sua viabilidade 54 LANÇAMENTO FLUENCE SOBE UM DEGRAU Renault segura o preço 70 MAR 1 MWM SAI NA FRENTE Controle de emissões para máquinas 72 ÔNIBUS ELÉTRICO AS VANTAGENS DO E-BUS Veículos consomem menos energia 74 LUBRIFICANTES EXIGÊNCIAS MEXEM COM O SETOR Cresce demanda pelos sintéticos 64 ELÉTRICOS E HÍBRIDOS LONGO CAMINHO À FRENTE Tributação elevada é barreira 88 ARTIGO A VEZ DA TECNOLOGIA O ponto de vista da Mahle 68 CAMINHÕES EVOLUÇÃO ATENDE CLIENTE Os negócios em ano desafiador 76 CADERNO DE POWERTRAIN 76 Componentes 78 Transmissões 80 Baterias 82 Filtros 84 Eixos 85 Turbos 86 Arrefecimento Correção Angel Martinez é diretor comercial do Banco Mercedes-Benz e não do Banco Volkswagen, como foi publicado na página 64 da edição nº 29 desta revista AutomotiveBUSINESS 5
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA O moderno 1.0 TiVCT de três cilindros da Ford, com bloco de ferro fundido, é um dos motores mais eficientes do mercado CAMINHO PARA A COMPETITIVIDADE O INOVAR-AUTO PROPÔS AUMENTO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DOS VEÍCULOS BRASILEIROS E COMEÇA A COLHER FRUTOS GUSTAVO HENRIQUE RUFFO tas no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular com selos de eficiência energética. Vale lembrar que algumas delas ainda não incluíram todos os modelos no programa. Entre as quatro grandes, a Volkswagen é a que está melhor, com 41 de suas 82 versões com o selo, ou 50% delas em boa forma. Mas a Ford talvez seja a que mostra os maiores esforços nessa melhoria. Toda a sua linha de motores nacionais foi renovada. Os Zetec Rocam 1.0 e 1.6 deram lugar ao moderno 1.0 TiVCT e aos 1.5 e 1.6 Sigma. O 2.0 Duratec, importado do México para a fabricação do Focus na Argentina, recebeu injeção direta de combustível. Equipado com o novo motor de um litro, o Ka decolou nas vendas em novembro, tornando-se o quarto veículo mais vendido no País. Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford, re- E ntre os desafios propostos à indústria automotiva pelo Inovar- -Auto, em 2012, um dos mais importantes é o da eficiência energética, que representa um dos pilares para o setor consolidar sua competitividade em nível global. Com base na média ponderada do que a indústria vendia naquele ano foi estabelecida uma meta de melhoria mínima de 12,08% neste quesito. Atingir a meta de 15,46% vale desconto de um ponto porcentual no IPI e chegar a 18,84%, dois pontos. Quem não atender o avanço de 12,08% levará multas pesadas. Quem ficar para trás nas duas últimas será punido pelo mercado, perdendo uma vantagem competitiva nada desprezível. No grupo das marcas que saíram na frente estão Smart, Toyota, Nissan, Renault e Honda. Todas elas têm mais de 50% das versões inscriconhece que a eficiência energética apresentada pelo veículo foi dos fatores decisivos para esse sucesso: O esforço no desenvolvimento do motor já trouxe resultados, afirma. Os níveis de exigência do Inovar- -Auto são bastante apertados, requerendo motores modernos e outros equipamentos. Existia a injeção direta na Europa, mas ninguém havia desenvolvido no mundo essa tecnologia para etanol. Isso foi feito no Brasil. Com uma particularidade: criou-se dentro de nossa engenharia um software para eliminar o tanquinho. Com a injeção direta, a partida a frio é realizada por meio de mudança estequiométrica, com alteração das condições de injeção e de pressão dentro da câmara. É altamente eficiente do ponto de vista de operação e eficiência energética, explica Golfarb. A montadora chegou a esse ponto 58 AutomotiveBUSINESS
A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DO NOVO KA É UM DOS FATORES DECISIVOS PARA SEU SUCESSO Rogelio Golfarb, vicepresidente da Ford Brasil por conta do Inovar-Auto e também do plano One Ford, que padroniza modelos e plataformas globalmente para gerar um brutal ganho de escala. Mas não se deve esquecer que o novo Ka foi desenhado por engenheiros brasileiros para o mundo. Não foi apenas consequência do que se decidiu lá fora. Investimos em direção elétrica, em vez de hidráulica, porque ela gera 3% de economia. Também aperfeiçoamos pneus que representam outros 3% de eficiência energética. Trabalhamos a aerodinâmica, abertura das caixas de roda e arrefecimento do motor, diz Golfarb. Como a média do Inovar-Auto é calculada levando em conta os volumes de vendas, a adoção do motor 1.0 de três cilindros TiVCT no Ka, um veículo de entrada que já vende 10 mil unidades mensais, foi essencial. Todas as montadoras estão partindo para essa configuração de motor porque você otimiza a câmara de combustão (333 cm³ são melhores do que 250 cm³) e também por redução de atrito. Um cilindro a menos faz uma diferença brutal, diz o professor Francisco Nigro, especialista em motores da USP. O TiVCT faz parte da família Fox. É um motor completamente novo. Existem vários motores de altíssima tecnologia que não são de alumínio, como é o caso deste. Foi uma combinação de características mecânicas de rigidez do bloco e de condições térmicas que determinou a escolha dessa liga de ferro. No passado, dizíamos que o melhor motor era o quadrado, em que o curso do pistão é igual à sua largura. O nosso não é. Motores de três cilindros vibram muito. A solução foi um volante de motor desbalanceado, de propósito, que puxa para o lado oposto ao que o pistão puxa. É uma solução técnica simples e eficaz que só nosso motor usa, observa Golfarb. GANHOS DE EFICIÊNCIA Dos três fatores mais importantes no aumento da eficiência energética (massa, aerodinâmica e powertrain), os fabricantes estão atacando praticamente uma só frente do problema: o conjunto motor e transmissão. Motor era o que estava mais atrasado no Brasil, diz o engenheiro Eduardo Tomanik, membro da Comissão de Motores Ciclo Otto da SAE Brasil. Vitor Klizas, diretor da IHS Automotive, complementa. Além das tecnologias plug-and-play, os investimentos em motorização são os que re- AutomotiveBUSINESS 59
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA presentam maior oportunidade de ganho de eficiência em curto prazo. Como a medição da eficiência energética começa em 2016, prazo é motivo mais do que suficiente para explicar o movimento. Reduzir massa e mexer em aerodinâmica custam muito mais dinheiro do que mexer no motor. São coisas que envolvem o projeto. Além disso, os resultados do investimento em redução de massa e aerodinâmica costumam ficar aquém daqueles que a motorização mais eficiente apresenta, diz Henry Joseph Jr., presidente da Comissão de Assuntos de Energia e Meio Ambiente da Anfavea. Os novos motores que chegam ao mercado já são sinal mais do que suficiente da busca de um consumo menor. Quem achava que iam surgir turbos e injeção direta imediatamente pode estar decepcionado, mas a coisa está andando. Antes disso, serão esgotadas outras possibilidades de aumentar a eficiência, como o uso de óleo de baixa viscosidade, pneus de menor resistência ao PARA O HORIZONTE DE 2018, 2019, O TURBO SERÁ ESSENCIAL Christian Streck, diretor-geral da Honeywell Turbo Technologies rolamento e por aí afora, diz Tomanik. Apesar de termos o Focus com injeção direta, o 2.0 Duratec vem do México. O motor 2.5 flex de injeção OPORTUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO LOCAL inda que o Brasil e seus diversos times de engenharia A tenham seus méritos, o Inovar-Auto foi auxiliado por estratégias globais das montadoras, como o plano One Ford. São novas as plataformas que estão chegando, diz Christian Streck, da Honeywell. Klizas, da IHS, confirma: O Inovar-Auto converge suas metas para aproximar o mercado brasileiro do resto do mundo. As plataformas globais, planejadas para atingir metas em mercados mais competitivos, acabam por facilitar a seleção do pacote de tecnologias para o atingimento das metas. Tomanik, da SAE Brasil, vê a situação com algum receio. Quando o carro se torna global, isso reduz o custo de desenvolvimento, mas diminui a participação da engenharia brasileira. O exemplo do Ka, claramente uma exceção, mostra que não necessariamente será sempre assim. Pode acontecer de um carro global ser desenvolvido por brasileiros para o mundo. Até agora, somos os únicos com uma engenharia capaz de desenhar veículos completos globais, diz Golfarb, da Ford. Há boas oportunidades para a engenharia nacional. Aumentar o conteúdo local é necessidade do Inovar-Auto. Muitos dos motores importados terão de ser feitos no Brasil. O que nós vemos como oportunidade são os desenvolvimentos. Vão exigir testes e engenharia, diz Marcos Clemente, gerente de desenvolvimento experimental e numérico da Mahle. Na empresa ele dispõe de um motor de demonstração do que é downsizing. Temos um motor 1.2 de três cilindros com injeção direta e turbocompressor que substitui um motor 2.0 de quatro cilindros naturalmente aspirado com 30% de economia, diz o executivo, citando a oportunidade de o Brasil entrar em compasso com o resto do mundo como uma das maiores oportunidades que o Inovar-Auto oferece. 60 AutomotiveBUSINESS
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EA211 de três cilindros é estratégico para a VW liderar etiquetagem veicular entre as quatro grandes montadoras EM 2015 JÁ TEREMOS NOVOS PRODUTOS COM INJEÇÃO DIRETA NO BRASIL Fábio Ferreira, gerente de engenharia da divisão Gasoline System da Robert Bosch direta da Chevrolet S10 é importado de Spring Hill, no Tennessee, EUA. Os carros turbinados vendidos no Brasil, mesmo quando fabricados aqui, caso dos Fiat Bravo e Punto T-JET, têm sob o capô propulsores importados. Segundo o professor Nigro, será assim enquanto a indústria nacional não tiver em vista para onde o Inovar-Auto vai. E ele termina em 2017. Já deveríamos estar com o Inovar-Auto 2 engatilhado e em discussão. Até 2017 você faz soluções de amplitude menor, de curto prazo. Mas é preciso olhar para um período de dez anos. Sem perspectiva, a montadora bota pneu verde e pronto! Há também coisinhas viáveis para carros de alto volume, como o uso de start-stop e a adoção dos motores de três cilindros, por exemplo. Christian Streck, diretor-geral da Honeywell Turbo Technologies, dá uma perspectiva mais otimista. Querem atender o Inovar-Auto da maneira mais simples possível, mas, para o horizonte de 2018, 2019, o turbo será essencial. Em 2016 começarão a aparecer os primeiros motores nacionais com turbo mais para mostrar a tecnologia, lançá-la, não tanto para volume. Para ele, a expressão do turbo será maior em um segundo momento ou quando se precisar de um passo grande para atingir a meta. Três montadoras estão mais efetivas nas conversas conosco, mas todas nos procuraram, admite. Fábio Ferreira, gerente de engenharia da divisão Gasoline System da Robert Bosch, também vê interesse crescente das montadoras em sistemas de maior eficiência energética, como o de injeção direta, no qual a empresa é especialista. Em 2015 já teremos novos produtos com injeção direta no Brasil. É inquestionável que isso deve se disseminar, mas não dá para dizer quando. É a demanda que nos permitirá nacionalizar as válvulas injetoras, as centrais de controle, etc. Além da injeção direta, a Bosch possui várias tecnologias para dar suporte ao aumento da eficiência energética. Temos a BMTS Turbo, uma joint-venture com a Mahle na China, que fornece os turbocompressores, mas também atuamos na parte de algoritmos de controle do sistema, diz o executivo. O investimento em novas tecnologias, portanto, pode até estar demorando a aparecer, mas é inevitável. Se não fizer aportes, você está fora do mercado. Se você mantiver o motor desatualizado, dança. É preciso investir para não ficar fora do jogo. Todo o mundo quer ganhar participação de mercado mantendo os níveis de custo ou reduzindo-os, mas com investimento em tecnologia. Isso implica fabricação nacional. Quem compra componentes de fora não é competitivo, diz Paulo Garbossa, diretor da ADK Automotive. 62 AutomotiveBUSINESS
BALANÇO PARA DEFINIR INOVAR-AUTO 2 A renovação de motores e as novas tecnologias que eles vêm recebendo mostram que o Inovar-Auto, três anos depois de iniciado, está produzindo resultados. Mas isso ainda não é suficiente, segundo Rogelio Golfarb, vice- -presidente da Ford Brasil. Ele entende que o programa incentiva a formação de engenharia, mas é preciso que indústria e governo façam um balanço. Demoramos muito para resolver problemas de legislação de engenharia e de pesquisa e desenvolvimento. Temos de avaliar o que esse programa induziu de desenvolvimento de engenharia e pesquisa. Avaliar como estão as empresas em relação aos objetivos de eficiência energética. Antes de definir o Inovar-Auto 2, precisamos ter certeza de que não ficou nenhum penduricalho do ponto de vista de legislação e fazer um balanço sério e profundo do Inovar-Auto 1. Henry Joseph Jr. (foto), o presidente da Comissão de Assuntos de Energia e Meio Ambiente da Anfavea, estima um prazo para início dessa discussão. Ela deve se iniciar com o segundo mandato da presidente Dilma. Precisamos fazer um programa de prazo mais longo, considerando o ciclo da indústria automotiva. Políticas industriais são sempre de médio e longo prazos. Os prazos de cumprimento de metas do Inovar-Auto 1, de cinco anos, são muito curtos. E vale lembrar que o Inovar-Auto começou como uma discussão de competitividade da indústria brasileira, de ser competitivo. En e Solutionsg Technical Cleanliness ISO 16232 & VDA V.19 Análise de Impureza / Sujidade em Componentes de Motores A Enge Solutions é única prestadora de serviço de análise de impureza / Cleanliness na América do Sul com ambiente controlado ISO Classe 8, cabine de extração de Gläser GmbH, contagem automática de partículas com determinação metal e nãometal em um Stereo Microscope Jomesa GmbH, para componentes automotivos e fluídos conforme normas ISO 16232, VDA V.19, ISO 4406, ISO 4572 e ISO 4407 Prestamos a Consultoria para Montagem dos Equipamentos e Materiais em um Laboratório Cleanliness, ministramos o Treinamento de Technical Cleanliness com base nas normas ISO 16232 e VDA V.19 para os integrantes do laboratório, vendemos os materiais de c o n s u m o p a ra u s o n o L a b o ra t ó r i o. Rua: Eçauna, 428 - Jd. Umarizal 05754-040 - São Paulo/SP +55 11 3483-8552 cleanliness@engesolutions.com.br www.engesolutions.com.br