Direito Administrativo Controle da Administração Pública Professora Tatiana Marcello www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Administrativo CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO 1. Conceitos É o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico (Maria Sylvia Di Pietro) O conjunto de instrumentos que o ordenamento jurídico estabelece a fim de que a própria administração pública, os Poderes Judiciário e Legislativo, e ainda o povo, diretamente ou por meio de órgãos especializados, possam exercer o poder de fiscalização, orientação e revisão da atuação administrativa de todos os órgãos, entidades e agentes públicos, em todas as esferas de Poder (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo) O DL 200/1967 (disciplina a administração pública Federal, mas é aplicável de forma geral) traz o controle como um dos princípios fundamentais da administração pública. 2. Classificação e espécies de controle 2.1. Quanto à natureza do controlador Controle Administrativo ou Executivo Controle Legislativo ou Parlamentar Controle Judiciário ou Judicial A própria administração controlando a atuação dos seus agentes. O Legislativo controlando os atos e agentes do Poder Executivo. Realizado pelo poder Judiciário quando se tratar de atos ilegais. 2.2. Quanto a origem ou órgão que a realiza Controle Interno Realizado dentro de um mesmo Poder em relação aos seus próprios atos, seja através de órgãos específicos de controle ou mesmo o controle que a administração direta exerce sobre a administração indireta do mesmo Poder (Ex.: o controle exercido pelas chefias sobre seus subordinados dentro de um órgão). www.acasadoconcurseiro.com.br 3
Controle Externo Controle Popular É o controle exercido por um dos Poderes sobre os atos administrativos praticados por outro Poder (Ex.: quando o judiciário anula um ato ilegal do Executivo). É o controle realizado pelo povo, diretamente ou através de órgãos com essa função. Pelo princípio da indisponibilidade do interesse público, a CF prevê diversos mecanismos para que o administrado possa verificar a regularidade da atuação da administração (Ex.: CF, art. 74, 2º qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União). 2.3. Quanto ao momento que o controle é realizado Controle Prévio (ou Preventivo) Controle Concomitante Controle Posterior (ou Subsequente) Praticado antes da prática do ato (Ex.: a aprovação, pelo Senado Federal, da escolha dos Ministros de tribunais superiores) Praticado durante a realização do ato (Ex.: fiscalização, pelos agente públicos, de obras públicas em execução). É o controle após a prática do ato, com o objetivo de confirmálo ou corrigi-lo (Ex.: aprovação, revogação, anulação ou convalidação de uma ato). 2.4. Quanto ao aspecto controlado Controle de Legalidade ou Legitimidade Controle de Mérito Verifica-se se o ato foi praticado em conformidade com o ordenamento jurídico. Tal controle pode ser feito pelo Poder Judiciário ou pela própria Administração, em razão do princípio da autotutela. (Ex.: quando o Judiciário anula um ato administrativo através de um mandado de segurança) Praticado apenas pela própria Administração em relação aos seus próprios atos. Trata-se de caso de revogação por inconveniência ou inoportunidade (Ex.: desativação de um equipamento obsoleto). 3. Controle ADMINISTRATIVO x JUDICIÁRIO x LEGISLATIVO Muito embora os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário sejam independentes entre si (art. 2º, CF), existe o chamado sistema de freios e contrapesos, onde um pode exercer controle sobre a atividade do outro, nas hipóteses permitidas constitucionalmente. Em relação ao controle exercido sobre as entidades da administração indireta, fala-se em supervisão ou tutela, pois é um controle é de caráter essencialmente finalístico (verificação do atendimento dos fins), já que elas não estão sujeitas à subordinação hierárquica, embora tenham de se enquadrar nas políticas governamentais. 4 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Administrativo Controle da Administração Pública Profª Tatiana Marcello 3.1 Controle Administrativo Trata-se do controle que a própria Administração faz em relação aos seus atos, derivado do seu poder de autotutela. Lembrando que esse controle ocorre também dentro dos Poderes Judiciário e Legislativo, em relação aos seus próprios atos administrativos. Controle administrativo é o controle interno, fundado no poder de autotutela, exercido pelo Poder Executivo e pelos órgãos administrativos dos Poderes Legislativo e judiciário sobre suas próprias condutas, tendo em vista aspectos de legalidade e de mérito administrativo (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo). Esclarecendo: Anulação e revogação decorrem do Princípio da Autotutela. Revogação é a invalidação de ato legal e eficaz, que pode ser realizado apenas pela Administração, quando entender que o mesmo é inconveniente ou inoportuno (mérito), com efeitos não retroativos (ex nunc). Anulação é a invalidação de um ato ilegítimo, que poderá se dar pela Administração ou pelo Poder Judiciário (efeitos retroativos ex tunc). Conclui-se que, em relação aos atos administrativo, a Administração pode ANULAR ou REVOGAR, porém, o Poder Judiciário pode apenas ANULAR. Vejamos alguns dos instrumentos de controle administrativo: a) Direito de Petição Faculdade dada a qualquer pessoa para formular aos órgãos públicos qualquer tipo de postulação, defendendo direito próprio ou de terceiro (ex.: art. 167 da Lei 10.098/94); b) Fiscalização Hierárquica Feita pelos agentes hierarquicamente superiores em face aos seus subordinados; c) Controle Ministerial Exercido pelo Ministérios sobre os órgãos da administração direta e sobre as pessoas da administração indireta (DL 200/67); d) Controle Social Controle feito pelo povo, seja um cidadão ou segmentos da sociedade; e) Instrumentos Legais de Controle Legislações que trazem limites aos órgãos e agentes públicos (ex.: LC 101/200 Lei de Responsabilidade Fiscal); f) Recursos Administrativos São formas de controle pelas quais o interessado busca uma modificação/revisão de certo ato administrativo (Ex.: recurso previsto na Lei 9.784/99); www.acasadoconcurseiro.com.br 5
g) Representação Administrativa Instrumento pelo qual a pessoa pode denunciar irregularidades, ilegalidades, condutas abusivas dos agentes ou órgãos públicos, com a finalidade de que seja apurada a regularização do ato (aqui não se defende direito próprio ou de terceiro, apenas se denuncia ilegalidades ou irregularidades para que a Administração tome as providências); h) Reclamação Administrativa Segundo Maria Sylvia Di Pietro é o ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor público, deduz uma pretensão perante a Administração Pública, visando obter o reconhecimento de um direito ou a correção de um ato que lhe cause lesão ou ameaça de lesão. O recorrente é o interessado direto. i) Pedido de Reconsideração Pedido formulado à própria autoridade emitiu o ato, a fim de que reconsidere sua decisão; j) Revisão do Processo Direito dado ao servidor público de revisar processo no qual tenha siso punido pela Administração, caso surjam novos fatos suscetíveis de provar sua inocência; k) Recurso Hierárquico Pode ser próprio (encaminhado à autoridade imediatamente superior, dentro do mesmo órgão, decorrente da hierarquia) ou pode ser impróprio (encaminhado para autoridade de outro órgão, nos casos de expressa permissão legal). 3.2. Controle Legislativo Trata-se do controle que o Poder Legislativo exerce sobre todos os demais Poderes. Entretanto, se o Poder Legislativo exerce o controle sobre seus próprios atos administrativos, trata-se de controle interno, ou seja, neste caso há o controle administrativo (analisado anteriormente); se exercer controle em face dos atos dos Poderes Executivo ou Judiciário, trata-se de controle externo. Portanto, por Controle Legislativo, entende-se aquele externo, que o poder Legislativo exerce sobre o Poder Executivo e Judiciário (em relação às funções administrativas). O Controle Legislativo é limitado às hipóteses expressamente autorizadas pela Constituição Federal e está pautado em dois critérios: a) Controle político que é exercido pessoalmente pelos parlamentares, nas hipóteses expressamente previstas na CF; b) Controle financeiro fiscalização contábil, financeira e orçamentária exercida com o auxilio dos Tribunais de Contas: Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal de Contas dos Estados (TCEs), Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) e Tribunais de Contas dos Municípios (TCMs). 3.3. Controle Judicial É o controle realizado pelos órgãos do Poder Judiciário, no desempenho de sua atividade jurisdicional, sobre os atos administrativos do Poder Executivo, bem como sobre os atos administrativos do Poder Legislativo e do próprio Poder Judiciário. Trata-se de um controle judicial sobre atos administrativos de quaisquer dos Poderes. 6 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Administrativo Controle da Administração Pública Profª Tatiana Marcello O controle judicial analisa exclusivamente controle de legalidade, não sendo permitido que faça juízo de mérito sobre atos administrativos. Obs.: Excepcionalmente, o Poder Judiciário pode revogar ato administrativo em razão de mérito (conveniência ou oportunidade) quando se tratar de revogação de seus próprios atos (controle administrativo)! Vejamos as ações judiciais mais importantes no controle judicial: a) Habeas Corpus (art. 5º, LXVIII, CF); b) Mandado de Segurança (individual ou coletivo art. 5º, LXIX e LFF, CF e Lei nº 12.019/2009); c) Habeas Data (art. 5º, LXXII, CF); d) Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI, CF); e) Ação Popular (art. 5º, LXXIII, CF); f) Ação Civil Pública (art. 129, III, CF e Lei nº 7.347/1985); g) Ação Direta de Inconstitucionalidade (art. 102, I, a e art. 103, CF, e Lei 9.868/1999). www.acasadoconcurseiro.com.br 7