Departamento de Física - ICE/UFJF Laboratório de Física II

Documentos relacionados
Departamento de Física - ICE/UFJF Laboratório de Física II

Departamento de Física - ICE/UFJF Laboratório de Física II

MOVIMENTO OSCILATÓRIO

As Oscilações estão presentes no nosso dia a dia como o vento que balança uma linha de transmissão elétrica, as vibrações da membrana de um

Tópico 8. Aula Prática: Pêndulo Simples

defi departamento de física

O Sistema Massa-Mola

Física 2 - Movimentos Oscilatórios. Em um ciclo da função seno ou cosseno, temos que são percorridos 2π rad em um período, ou seja, em T.

Universidade Federal Rural do Semi Árido UFERSA Pro Reitoria de Graduação PROGRAD Disciplina: Física II Professora: Subênia Medeiros

Movimento Harmônico Simples - III Relação entre o MHS e o MCU Oscilações amortecidas Oscilações Forçadas e Ressonância. Prof. Ettore Baldini-Neto

EXPERIÊNCIA M003-3 PÊNDULO SIMPLES

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: FÍSICA I INFORMAÇÕES GERAIS. Prof.

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: FÍSICA I INFORMAÇÕES GERAIS. Prof.

Física I 2010/2011. Aula 10. Movimento Oscilatório II

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE FÍSICA - DEPARTAMENTO DE FÍSICA GERAL DISCIPLINA: FIS FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II-E

O Movimento Harmônico Simples

UNIDADE 15 OSCILAÇÕES

Experiência 3 - Pêndulo

Oscilações II. Estudo: Pêndulo Simples Oscilador Forçado Ressonância

FENÔMENOS OSCILATÓRIOS E TERMODINÂMICA

(Versão 2014/2) (b) (d)

1 MECÂNICA GRÁFICA para alunos do ensino médio utilizando o SAM 7. Conservação da Energia Mecânica

Aula do cap. 16 MHS e Oscilações

1. Movimento Harmônico Simples

Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA. Oscilações. Prof. Luis Armas

Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa T2 FÍSICA EXPERIMENTAL I /08 FORÇA GRAVÍTICA

Seção 9: EDO s lineares de 2 a ordem

Física para Engenharia II - Prova P a (cm/s 2 ) -10

Entender o funcionamento de um pêndulo, correlacioná-lo com o pêndulo simples, determinar a aceleração da gravidade e o momento de inércia do corpo.

Física I Protocolos das Aulas Práticas 2012 DF - Universidade do Algarve PÊNDULO GRAVÍTICO

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

LISTA DE EXERCÍCIOS - MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES (MHS) (versão 2014/2)

Introdução. Perturbação no primeiro dominó. Perturbação se propaga de um ponto a outro.

Laboratório de Física 2

Física II (Química) FFCLRP USP Prof. Antônio Roque Aula 3. de maneira que o sistema se comporta como um oscilador harmônico simples.

Capí tulo 6 Movimento Oscilato rio Harmo nico

Departamento de Física - ICE/UFJF Laboratório de Física II Pêndulos

Uma oscilação é um movimento repetitivo realizado por um corpo em torno de determinado ponto.

Resumo e Lista de Exercícios. Física II Fuja do Nabo P

Movimento Harmônico Simples e Amortecido

Física II Ondas, Fluidos e Termodinâmica USP Prof. Antônio Roque Aula

Uma oscilação é um movimento repetitivo realizado por um corpo em torno de determinado ponto.

Física Geral e Experimental III

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS. Departamento de Matemática e Física Coordenador da Área de Física

Física 2 - EMB5039. Prof. Diego Duarte Oscilações (lista 4) 19 de abril de 2017

Conservação da Energia. o Energia potencial. o Forças conservativas e não-conservativas o Conservação da energia mecânica

Laboratório de Física

massa do corpo: m; constante elástica da mola: k; adotemos a aceleração da gravidade igual a g.

EQUILÍBRIO ESTÁTICO. Material Utilizado:

Por outro lado, sabemos que o módulo e o sentido da força que atua sobre uma partícula em MHS são dados, genericamente, por:

Física II Ondas, Fluidos e Termodinâmica USP Prof. Antônio Roque Aula 10

Capítulo 4 O Oscilador Amortecido

QUESTÕES DE MÚLTIPLA-ESCOLHA (1-4)

MODELAGEM DE UM OSCILADOR NÃO LINEAR OBSERVADO NOS CURSOS DE FÍSICA BÁSICA.

2. Em um sistema massa-mola temos k = 300 N/m, m = 2 kg, A = 5 cm. Calcule ω, T, f, E (12,25 rad/s; 0,51 s; 1,95 Hz; 0,38 J).

Departamento de Física - ICE/UFJF Laboratório de Física II

MODELAGEM MATEMÁTICA DAS OSCILAÇÕES DE UM PÊNDULO

Oscilações. Movimento Harmônico Simples. Guia de Estudo (Formato para Impressão):

LISTA DE EXERCÍCIOS 1

Lista 12: Oscilações NOME:

Lista 14: Oscilações. Questões

Importante: i. Nas cinco páginas seguintes contém problemas para se resolver e entregar. ii. Ler os enunciados com atenção.

Departamento de Física - ICE/UFJF Laboratório de Física II

O pêndulo simples é constituído por uma partícula de massa

PRÁTICA 8: VELOCIDADE DE UMA ONDA PROGRESSIVA EM ÁGUA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHRIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA. 2ª Lista de SEL0417 Fundamentos de Controle.

MHS Movimento Harmônico Simples

massa do corpo: m; constante elástica da mola: k.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA CCN DEPARTAMENTO DE FÍSICA. DISCIPLINA: FÍSICA EXPERIMENTAL I Prof. Dr.

4ª Experiência: Molas

Movimento periódico é um movimento que um objecto repete com regularidade. O objecto regressa à posição inicial depois de um intervalo de tempo.

FÍSICA MÓDULO 17 OSCILAÇÕES E ONDAS. Professor Sérgio Gouveia

Oscilações, Coerência e Ressonância

Laboratório de Física

Experimento 1: Colisões

PRÁTICA 11: LEI DE HOOKE E OSCILADOR MASSA-MOLA MOLA

Instituto de Física - USP FGE Laboratório de Física III - LabFlex

Problemas sobre osciladores simples

*Exercícios de provas anteriores escolhidos para você estar preparado para qualquer questão na prova. Resoluções gratis em simplificaaulas.com.

Física II (Química) FFCLRP USP Prof. Antônio Roque Aula 6

d 2 h dt 2 = 9, 8 dh b) Para a altura inicial da massa h(0) = 200 metros e velocidade inicial v(0) = 9, 8m/s, onde v(t) = dh

Física II Ondas, Fluidos e Termodinâmica USP Prof. Antônio Roque Aula

Lista Básica Aulas 22 e 23 Frente 3

Exp 5 - Pêndulo de torção

Exercícios de Física Movimento Harmônico Simples - MHS

Oscilações Exercícios

Experimento 4 Forças Centrais

(1) O vetor posição de uma partícula que se move no plano XY é dado por:

Verificar as equações para a constante de mola efetiva em um sistema com molas em série e outro com molas em paralelo.

Lista de exercícios. isso que o torque de amortecimento seja linearmente proporcional à velocidade angular.

Universidade Federal de São Paulo Instituto de Ciência e Tecnologia Bacharelado em Ciência e Tecnologia

Oscilações. Uma partícula material executa um MHS quando oscila periodicamente em torno de uma posição de equilíbrio, sobre uma trajetória reta.

AMORTECIMENTOS SUBCRÍTICO, CRÍTICO E

MATEMÁTICA 1ª QUESTÃO. O valor do número real que satisfaz a equação =5 é. A) ln5. B) 3 ln5. C) 3+ln5. D) ln5 3. E) ln5 2ª QUESTÃO

Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá. 15 de março de 2013

LISTA DE EXERCÍCIOS 2

Exercício 1. Exercício 2.

Experimento 1: Colisões

Transcrição:

1 Objetivos Gerais: Movimento Harmônico Amortecido Determinar o período de oscilação do pêndulo T ; Determinar a constante de amortecimento. *Anote a incerteza dos instrumentos de medida utilizados: ap 2 Experimento: 1. Meça a massa m e o diâmetro D da bolinha; 2. Pendure a bolinha pela haste e fixe a régua na base da haste, como mostra a figura, de modo tal que a bolinha fique embaixo da régua, mesmo quando afastada da sua posição de equilíbrio. O comprimento do fio deverá ser o maior possível; 3. Meça o comprimento do pêndulo l, desde o ponto de suspensão até o centro da bolinha; 4. Meça o comprimento, d do fio, desde o ponto de suspensão até a régua; 5. Afaste a bolinha da posição de equilíbrio até uma posição x 1, tal que o ângulo 0 seja da ordem de 10 o. Isto pode ser estimado calculando 1 Movimento Harmônico Amortecido

0 tan 0 = A 0 d = x 1 x 0 0,17 d 6. Anote a posição de equilíbrio x 0 (fio na vertical) do pêndulo; 7. Meça o tempo para 10 oscilações completas da bolinha. Calcule a partir desta medição o período T ; 8. Repita os procedimentos do item 7 mais 5 vezes, e encontre o período médio T mais a incerteza associada T, e = 2 T, juntamente com 9. Começando com a posição x 1 complete a tabela 1 com valores de x n para t n =n T /2 ; Dica: Para facilitar a leitura das amplitudes, pode-se soltar a bolinha da máxima elongação lida anteriormente para se fazer a leitura da máxima elongação posterior. Ao fazer a leitura das posições x n tente se posicionar em frente à régua para evitar os erros de paralaxe. Faça sempre a leitura da máxima posição do fio em frente à régua e não da bolinha, pois o fio intersecta a régua num ponto bem definido enquanto a posição da bolinha não está bem definida; 10. Com os valores de x n complete as outras colunas da tabela 1; 11. Faça um gráfico em papel milimetrado de A n em função de n; 12. Faça um gráfico em papel milimetrado de A n em função de n; 13. Faça um gráfico em papel milimetrado de ln A n em função de n; 14. Determine o valor de a partir da expressão (23); 15. A partir dos valores obtidos de e de determine o valor de 0. Compare este valor com o valor teórico 0 = g l ; 16. Usando o valor de obtido, obtenha uma estimativa da viscosidade do ar. Compare com o valor obtido para o óleo na experiência de viscosidade. 2 Movimento Harmônico Amortecido

n x n A n = x n 1 x 0 A n ln A n 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tabela 1: Amplitude de osclilação 3 Introdução Teórica: Numa experiência anterior estudamos os movimentos periódicos. Podemos ver, tanto na experiência das molas quanto na experiência dos pêndulos, que a grandeza x que oscila responde, quando as oscilações são pequenas, à equação diferencial d 2 x dt 2 2 x=0 (1) onde = k /m para uma mola de constante elástica k ligada a uma massa m e = g /l para um pêndulo simples. Em particular consideramos uma solução do tipo x t =A cos t (2) onde A e são duas constantes arbitrárias que dependem das condições iniciais. Esta última expressão descreve o Movimento Harmônico Simples (MHS). Da expressão (2) podemos deduzir que a oscilação continua permanentemente. Entretanto observamos que, na prática, a amplitude de oscilação A não é constante mas decresce com o tempo, até o movimento cessar. Isto pode ser incluído na expressão anterior considerando uma amplitude A(t) no lugar de uma constante: 3 Movimento Harmônico Amortecido

x t =A t cos t (3) Neste caso a expressão (3) não é solução da equação (1). Nos cursos teóricos vimos que as oscilações descritas pela expressão (2) resultam de uma alternância entre a energia cinética (T) e a energia potencial (V), mas a energia total E=T+V se conserva. O que acontece na prática é que há forças de atrito que resultam numa dissipação da energia total que escapa do nosso sistema em forma de calor. Portanto a expressão (3) será solução de uma equação que inclua a força dissipativa. Seja agora o pêndulo indicado na figura 1: Na experiência do viscosímetro estudamos a força de arrasto cujo módulo é F D =3 D v= v (4) onde chamamos 3 D. Dado que v= da dt e o arco a é a=l, temos finalmente que F D = l d dt. (5) Figura 1: Pêndulo simples amortecido 4 Movimento Harmônico Amortecido

A componente da força peso na direção perpendicular ao fio, para um ângulo pequeno. é F = P sen = m g sen m g. (6) A força de arrasto F D = v é sempre contrária à velocidade e está na mesma direção da força F. Aplicando a segunda lei de Newton, sendo a força resultante a soma das expressões (5) e (6), temos: Dividindo esta equação por ml podemos escrever: m l d 2 dt = l d m g (7) 2 dt d 2 dt 2 d 2 dt 2 0 =0 (8) onde chamamos = 0= 2m e g. Esta última é a frequência angular que teria o pêndulo se l não houvesse atrito ( =0 ). Vemos que o coeficiente é diretamente proporcional à viscosidade do ar = 3 D 2m (9) A expressão (8) é uma equação diferencial linear com coeficientes constantes. Portanto admite uma solução do tipo: t =B e t. (10) Substituindo a proposta (10) na equação (8) vemos que será realmente uma solução se Isto é, se B e t { 2 2 0 2 }=0. (11) 1,2 = ± 2 0 2 Estas duas raízes serão reais e negativas se 0. Neste caso o amortecimento é tão grande que o movimento do pêndulo não é mais oscilatório. A situação da nossa experiência é a contrária, isto é, 0 e as raízes serão complexas. (12) 5 Movimento Harmônico Amortecido

1 = i 0 2 2 e 2 = 1. (13) Definindo: = 0 2 2 temos 1 = i (14) a solução geral será t =B 1 e i t B 2 e i t (15) Como a solução tem de ser real devemos ter B 1 = B 2 = B e i, e substituindo em (15) obtemos t = B e t [e i t e i t ]. (16) Usando a relação de Euler cos = e i e i /2 obtemos: t =2 B e t cos t. (17) Finalmente vemos na figura que o deslocamento do fio do pêndulo na altura da régua com relação à posição vertical ( x 0 ) é x= x x 0 =d tan t. (18) onde d é o comprimento do fio até a régua (na posição vertical). Como o ângulo é pequeno podemos aproximar tan t t e escrever onde chamamos A=2 d B. x=d t =A e t cos t, (19) Decaimento exponencial: Na relação (19) observamos que os deslocamentos x oscilam com uma frequência angular e com uma amplitude variável, que decresce exponencialmente com o tempo. O tempo caraterístico deste amortecimento é =1 / = 2m. Como independe do material da esfera podemos afirmar que uma esfera de ferro do mesmo tamanho de uma bola de ping-pong e com massa, digamos, quatrocentas vezes maior que esta última, terá um tempo caraterístico de amortecimento quatrocentas vezes maior. Em síntese, o amortecimento de um 6 Movimento Harmônico Amortecido

pêndulo de ferro de um metro de comprimento, depois de um minuto de oscilações será imperceptível enquanto esse amortecimento, no mesmo intervalo de tempo, será notório para uma bola de ping-pong. Veja que a força de amortecimento (força de arrasto) é essencialmente a mesma para a esfera de ferro (do mesmo diâmetro) que a esfera de ping-pong. Entretanto o efeito desta força e muito maior sobre a bola de ping-pong. Podemos considerar o Movimento Harmônico Amortecido como um movimento harmônico com período fixo T = 2 mas amplitude variável. Isto é x= A t cos t com A t =A 0 e t. (20) Consideremos agora que em nosso caso. Podemos ver então que se o pêndulo for solto em t=0 com velocidade v= dx dt =0 podemos considerar =0. Logo o movimento do pêndulo vem descrito pela expressão x= A 0 e t cos t. (21) O pêndulo atinge seu máximo afastamento em relação com a vertical a cada semi-período, isto é, quando cos t n =±1 para t n =n T 2. Neste caso será A n x n 1 x 0 =A 0 e t n = A0 e n T 2. (22) Tomando o logaritmo desta última expressão obtemos: ou ln A n =ln A 0 T 2 n (23) Y =B AX (24) onde, Y =ln A n, B=ln A 0, A= T e X =n. Pode-se construir um gráfico da função, 2 dada na equação (22), numa escala linear e obter os valores de A e B diretamente a partir do gráfico. 7 Movimento Harmônico Amortecido

Bibliografia: Curso de Física Básica - vol. 2, H.Moysés Nussenzveig; Fundamentos de Física - vol. 2, Halliday-Resnick; Física experimental - Manual de Laboratório para Mecânica e Calor, R. Axt V. H. Guimarães. 8 Movimento Harmônico Amortecido

Free Multi-Width Graph Paper from http://incompetech.com/graphpaper/multiwidth/

Free Multi-Width Graph Paper from http://incompetech.com/graphpaper/multiwidth/

Free Multi-Width Graph Paper from http://incompetech.com/graphpaper/multiwidth/