SAEMI2015 SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL MUNICIPAL DO IPOJUCA

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Transcrição:

ISSN 2318-7263 SAEMI2015 SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL MUNICIPAL DO IPOJUCA REVISTA PEDAGÓGICA LÍNGUA PORTUGUESA Escrita, Produção de Texto e Ditado 8º E 9º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

PREFEITO DO IPOJUCA Carlos José de Santana VICE-PREFEITO DO IPOJUCA Pedro José Mendes Filho CHEFIA DE GABINETE DO PREFEITO Antônio Alberto Cardoso Giaquinto SECRETARIA DO GOVERNO Pedro Henrique Santana de Souza Leão SECRETARIA DE EDUCAÇÃO Margareth Costa Zaponi

Prezados educadores, Apresentação A responsabilidade pela gestão de uma rede de ensino não recai sobre os ombros de um único ator educacional. Para ser efetiva, ela precisa ser compartilhada, fazendo com que cada unidade escolar e cada profi ssional que dela faça parte sintam-se responsáveis pela oferta de uma educação de qualidade, cujo horizonte converge para um único ponto: a aprendizagem dos alunos. Esse desafi o não é corriqueiro. Ele exige a participação, o envolvimento e o comprometimento de todos os professores, diretores, funcionários, estudantes, familiares e responsáveis, o conjunto de agentes da secretaria de educação e a comunidade ipojucana como um todo. Se, de um lado, o suporte dado pelos agentes educacionais é fundamental para que esse virtuoso objetivo seja atingido, por outro, é necessário, como guia de um trabalho sério e capaz de alterar a realidade educacional de nosso município, pautar nossos esforços e atividades por informações capazes de fornecer um panorama geral de nossa rede, permitindo identifi car nossas virtudes e nossas fragilidades, abrindo espaço, dessa forma, para o desenho e a efetivação de ações destinadas a contornar os problemas identifi cados. Toda ação pública precisa ser legitimada e encontrar suporte em diagnósticos fi éis sobre a realidade sobre a qual pretende produzir mudanças. Para tanto, é necessária que esteja ancorada em informações precisas e criteriosas. É justamente como suporte para que políticas e ações educacionais possam ser pensadas e efetivadas que a avaliação educacional em larga escala encontra sua principal razão de ser. Através de seus diagnósticos, é preciso defi nir estratégias para que soluções para os problemas sejam encontradas. O município de Ipojuca conta com seu próprio sistema de avaliação em larga escala, o SAEMI, comprometido com a melhoria da qualidade da educação em nossa rede municipal, através da produção de diagnósticos sobre nossas escolas. É com ciência da importância que tais informações assumem para que decisões sejam tomadas e da centralidade que todos vocês, profi ssionais e benefi ciários da educação, possuem para que ofertemos uma educação de qualidade para nossos estudantes, que divulgamos os resultados do SAEMI 2015, através da presente coleção de revistas. Esse material é destinado ao uso e à apropriação por parte de todos envolvidos com a educação do município. Através dele, reforçamos a crença no trabalho de nossos profi ssionais e no valor que o trabalho com os resultados do SAEMI possui. Margareth Zaponi Secretária de Educação

SUMÁRIO 8 10 14 17 25 A AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA DA ESCRITA O DITADO NO SAEMI A PRODUÇÃO DE TEXTO NO SAEMI 2015 A AVALIAÇÃO DAS PRODUÇÕES TEXTUAIS DOS ESTUDANTES COMPREENDENDO OS RESULTADOS

Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 1 A AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA DA ESCRITA Com a implementação e ampliação das avaliações educacionais em larga escala nas últimas duas décadas, abriu-se espaço para a incorporação da avaliação da produção escrita, complementando o diagnóstico do desempenho em Língua Portuguesa já realizado pelos testes de leitura, obtendo-se, dessa forma, uma visão mais ampla e completa da qualidade da educação ofertada pela rede pública de ensino. Em consonância com essa tendência em se avaliar a escrita, o Sistema de Avaliação Educacional Municipal do Ipojuca SAEMI avalia, desde 2013, a competência escritora dos estudantes, do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental, por meio de uma tarefa de produção de texto dentro da tipologia narrativa para os 5º, 6º e 7º anos -, argumentativa para os 8º e 9º anos - e um ditado de palavras para ambos. Destaca-se, aqui, que o SAEMI também avalia a escrita dos estudantes do ciclo de alfabetização e da Educação de Jovens e Adultos em suas quatro fases. 9

Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 2 O DITADO NO SAEMI Além da tarefa de produção de texto, os estudantes do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental foram submetidos a um ditado contendo 20 (vinte) palavras referentes a um determinado contexto próximo à realidade dos jovens avaliados, lido pelo Aplicador antes do início do ditado de palavras. Após esperar, aproximadamente 1 (um) minuto, os Aplicadores passavam ao ditado das palavras que apresentavam diferentes tipos de estruturas silábicas, obedecendo, portanto, a diferentes regras de transposição dos fonemas para os grafemas. Assim, a escolha dos aspectos avaliados deveu-se à complexidade que apresentam no processo de aprendizagem das regras que organizam o sistema alfabético da Língua Portuguesa, tanto no que diz respeito à relação entre fonema e grafema, quanto no padrão de estruturação da sílaba (CV / CVV / CVC/ CCV, por exemplo). A seguir, apresentamos o ditado aplicado nas etapas em destaque nessa Revista Pedagógica, apresentando os resultados gerais por categoria avaliada. 11

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 Para cada uma das palavras, foram considerados diferentes aspectos ortográficos, identificados como categorias. Assim, no 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, foram ditadas 20 (vinte) palavras, mas considerados 41 (quarenta e um) aspectos ortográficos, distribuídos em 10 categorias. O quadro a seguir traz a frequência com que esses aspectos foram contemplados no ditado: FREQUÊNCIA DAS CATEGORIAS AVALIADAS Categoria Aspecto avaliado Frequência 1 Sílaba canônica 6 2 Letras concorrentes 8 3 Dígrafos 7 4 Encontros vocálicos 6 5 Marcas de nasalização 3 6 Encontro consonantal 3 7 Sílaba não canônica 4 8 Uso do r em final de sílaba 1 9 Uso do l em final de sílaba 1 10 Ditongação 2 Como exemplo das ocorrências nas categorias avaliadas, temos: Categoria Aspecto avaliado Exemplo de ocorrência 1 Sílaba canônica tarântula 2 Letras concorrentes medusa 3 Dígrafos passarinho 4 Encontros vocálicos peixe 5 Marcas de nasalização tubarão 6 Encontro consonantal avestruz 7 Sílaba não canônica coelho 8 Uso do r em final de sílaba tartaruga 9 Uso do l em final de sílaba golfinho 10 Ditongação caranguejo Observações: (1) colocamos em negrito as sílabas/letras consideradas em cada categoria; (2) sabemos que sílabas não canônicas são todas aquelas não obedecem ao padrão consoante/vogal (CV), no entanto destacamos essa forma, pois outras estruturas não canônicas já são avaliadas nas demais categorias. DESEMPENHO DOS ESTUDANTES POR CATEGORIA AVALIADA Ao se propor o ditado, buscou-se avaliar não apenas o número de acertos no tocante às palavras utilizadas, mas, principalmente, os aspectos em que os estudantes ainda apresentam dificuldade na codificação da Língua Portuguesa. Com relação ao domínio dessas, dos princípios que regem o sistema alfabético e sua adequada aprendizagem, entendemos que, ao conhecer as dificuldades nessa aprendizagem, podem ser desenvolvidas atividades que permitam a assimilação dos princípios que regem a escrita ortográfica da Língua Portuguesa. O quadro a seguir traz o percentual de acertos em cada uma das categorias avaliadas. % de acerto Categoria Aspecto avaliado 8º ano 9º ano 1 Sílaba canônica 73,4 76,8 2 Letras concorrentes 85,6 87,9 3 Dígrafos 90,6 93,6 4 Encontros vocálicos 69,1 71,8 5 Marcas de nasalização 76,6 88,9 6 Encontro consonantal 90,1 91,2 7 Sílaba não canônica 83,3 85,6 8 Uso do r intervocálico 88,4 89,9 9 Uso do r em final de sílaba 56,6 64,0 10 Ditongação 67,9 69,8 Ao analisarmos esse quadro, constatamos que tanto os estudantes do 8º ano, quanto os do 9º, em relação ao resultado de 2014, ainda apresentam grande dificuldade em relação à categoria 10 (DITONGAÇÃO), com 67,9 % de acertos para o 8º ano (menor percentual dessa etapa) e 69,8%, para o 9º ano (segundo menor percentual observado nessa etapa), como também se observa no resultado de 2014. Nesse caso, avaliou-se, especificamente, o uso do E, na penúltima sílaba da palavra caranguejo, na qual comumente os estudantes acrescentam a vogal I, grafando incorretamente carangueijo. Contudo, os estudantes de ambas as etapas apresentaram maior dificuldade no uso do r USO DO R EM FINAL DE SÍLABA com 56,6% de acertos para o 8º ano e 64%, para o 9º ano. Para essa categoria, avaliou-se o r em posição de travamento de sílaba inicial (tartaruga). A dificuldade nessa realização ortográfica pode ser devido a uma forte interferência da oralidade, pois em uma fala mais familiar, menos elaborada, é comum ocorrer a omissão do r travando sílaba. Nos demais aspectos, nas duas etapas, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, o percentual de acerto coloca-se acima de 70%. Importante ressaltar que, ao compararmos os resultados alcançados em cada uma das categorias, em cada uma das etapas, observamos que estudantes do 9º ano apresentam melhor desempenho que os estudantes do 8º ano, confirmando o que seria esperado: o avanço na escolaridade revela melhor consolidação da aprendizagem dos aspectos associados à ortografia da Língua Portuguesa. 12 13

Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 3 A PRODUÇÃO DE TEXTO NO SAEMI 2015 Dando continuidade à avaliação de escrita incorporada, no ano de 2013, ao teste de Língua Portuguesa, a avaliação da comunicação escrita formal por meio da produção de um texto também fez parte da avaliação aplicada aos estudantes no ano de 2015. Como dito anteriormente, esse tipo de avaliação segue uma tendência nacional crescente em se avaliar, em larga escala, a escrita dos estudantes, seja através de itens ou de produções textuais, as chamadas redações. Assim como as avaliações em nível nacional e as já realizadas em nível local, o SAEMI quer ir além da observação das estruturas de funcionamento da língua escrita. Ele pretende avaliar se os estudantes conseguem estabelecer comunicação por meio do código escrito, demonstrando serem sujeitos de seu próprio discurso. Para isso, além de um ditado, solicitou-se aos estudantes a elaboração de um texto narrativo em prosa ficcional ou relato, dentro de qualquer gênero que componha o agrupamento do narrar, fato que conferiu aos estudantes maior liberdade para definirem as propriedades sociocomunicativas necessárias para a transmissão da mensagem pretendida por cada um. A narração é a tipologia básica do processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa, uma vez que contar histórias, sejam elas reais ou fictícias, é intrínseco a cada ser humano, ou seja, é a tipologia primária como apontam teóricos. Dependendo da estrutura adotada pelo autor, essa narrativa pode se configurar como conto, crônica, diário, fábula, mito, lenda, dentre outras inúmeras possibilidades. Em comum, os textos narrativos apresentam personagens que interagem entre si, vivenciando acontecimentos que ocorrem em um determinado espaço e em um determinado recorte temporal. Não se pode falar em uma estrutura fechada de texto narrativo, mas existe uma composição prototípica nos textos dessa tipologia que busca responder a algumas questões essenciais para o desenvolvimento do enredo, a saber: Introdução (ou apresentação) Quando aconteceu? Onde aconteceu? Com quem aconteceu? Complicação (ou desenvolvimento) O que aconteceu? Como aconteceu? Por que aconteceu? Clímax Qual é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu momento crítico, tornando o desfecho inevitável? Conclusão (ou desfecho) Qual é consequência desse acontecimento? Como o conflito se resolveu? Dessa forma, a narração se caracteriza por ser uma modalidade dinâmica de redação, na qual predominam os verbos de ação, ao contrário da descrição, por exemplo, onde predominam verbos de estado (ser, estar...). Além disso, possui como características os discursos direto, indireto e indireto livre. Quanto aos elementos principais da narração, temos: narrador (a voz do texto, quem conta a história), personagens, tempo, espaço e o enredo (que são os fatos em si). No caso do SAEMI, é dado aos estudantes o mote para desenvolvimento do enredo de seus textos que serão avaliados com base em aspectos específicos, que se relacionam às competências as quais ele precisa desenvolver durante a etapa de escolaridade, as quais são apresentadas na Matriz de Correção por Competência de Produção de Texto, a ser abordada em uma das próximas seções desse texto. 15

SAEMI 2015 Revista Pedagógica A PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL A tarefa do teste de produção de texto do SAEMI envolvia a elaboração de uma narrativa a partir de uma situação que delimitava o tema e o objetivo esperado do texto do estudante. Veja a proposta aplicada: 4 A AVALIAÇÃO DAS PRODUÇÕES TEXTUAIS DOS ESTUDANTES Como se pode observar, cada proposta solicitava que o estudante narrasse um fato fictício, sendo possível utilizar sequências textuais de relato também, uma vez que a tipologia textual elencada permite esse hibridismo. 16

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 BRANCO 8EF e 9EF Os textos produzidos pelos estudantes foram avaliados sob duas óticas distintas: por SITUAÇÃO DE CORREÇÃO; por COMPETÊNCIA DE PRODUÇÃO DE TEXTO. AVALIAÇÃO POR SITUAÇÃO DE CORREÇÃO A avaliação por SITUAÇÃO DE CORREÇÃO configura a primeira leitura da produção textual do estudante a ser feita pelo avaliador. Nessa primeira análise, pode-se atribuir ao texto conceitos que permitiram, ou não, sua análise por COM- PETÊNCIA. As situações previstas foram: NORMAL; BRANCO; NÃO ALFABÉTICO; INSUFICIENTE; CÓPIA; ANULADO; ESCRITA ILEGÍVEL; FUGA AO TEMA; FUGA À TIPOLOGIA. Esse estudante do 8EF absteve-se de realizar o teste de escrita proposto pela avaliação. Excetuando-se a situação NORMAL, único conceito que permitia enviar o texto para a análise por COMPETÊNCIA, em todas as outras ocorrências, a produção textual recebeu, automaticamente, a nota 0 (zero). Veja exemplos de cada situação: 18 19

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 INSUFICIENTE Os textos deveriam conter 6 (seis) ou mais linhas escritas (contando o título, quando presente). Nesse exemplo do 8EF, a produção apresentou apenas 1 (uma) linha escritas. ESCRITA ILEGÍVEL CÓPIA Esse texto do 9EF não possui o número mínimo de linhas autorais, 5 (cinco), apresentando apenas trechos transcritos da proposta. ANULADO A ilegibilidade da LETRA desse estudante do 9EF impediu a leitura de sua produção. Esse estudante do 8EF utilizou a Folha de Redação para produzir rasuras e outras formas propositais de anulação. 20 21

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 FUGA AO TEMA FUGA À TIPOLOGIA Esse texto do 9EF não se configura como dissertativo-argumentativo. Esse exemplo de texto do 8EF difere totalmente do tema solicitado pela tarefa do teste de escrita. Avaliação por COMPETÊNCIA DE PRODUÇÃO DE TEXTO Essa etapa da avaliação de produção de texto configura a segunda análise das produções elaboradas pelos estudantes, sendo que somente os textos que receberam o conceito NORMAL foram liberados para essa segunda leitura do avaliador. Para a realização dessa avaliação, tomou-se como base uma Matriz de Correção por Competência, elaborada especificamente para essa análise. Cabe destacar que a matriz para avaliação dos textos produzidos pelos estudantes contempla os elementos estruturais básicos para que um texto seja considerado verdadeiramente um texto e não apenas um amontoado de frases. Essa Matriz de Correção por Competência apresenta os critérios da avaliação e é constituída por quatro competências básicas: Competência 1 REGISTRO Competência 2 COERÊNCIA TEMÁTICA Competência 3 TIPOLOGIA TEXTUAL Competência 4 COESÃO Avalia-se o domínio de um conjunto de regras de utilização da língua, do ponto de vista morfológico, sintático e semântico. Avalia-se a adequada compreensão da proposta de produção de texto, seu desenvolvimento associado a conhecimentos de diversas áreas e a conformidade com a tipologia prevista, no caso, a narrativa. Avalia-se a articulação de frases e parágrafos por meio de recursos linguísticos de tal forma que haja uma sequência lógica entre as ideias. Avalia-se a utilização de elementos conectores e referentes de forma a construir um texto com ideias entrelaçadas e conectadas. Veja, a seguir, as Matrizes de Correção por Competência de Produção de Texto do SAEMI: 22 23

SAEMI 2015 Revista Pedagógica MATRIZ DE CORREÇÃO POR COMPETÊNCIA 8EF e 9EF 5 COMPREENDENDO OS RESULTADOS Nível COMPETÊNCIAS CI REGISTRO CII TEMA / TIPOLOGIA TEXTUAL CIII COERÊNCIA CIV COESÃO O estudante elabora texto com ausência de marcas de articulação, resultando em fragmentação das ideias. O estudante apresenta informações, fatos e opiniões não relacionados ao tema e sem defesa de um ponto de vista. Atendendo ao tema, o estudante desenvolve texto que não contempla a tipologia textual proposta, mas apresenta uma sequência tipológica argumentativa, ou seja, o estudante redigiu um texto em prosa (relato ou narrativa) no qual expõe uma opinião, mas não a defende. O estudante demonstra desconhecimento da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa, na variante brasileira. O estudante articula as partes do texto de forma precária. O estudante apresenta informações, fatos e opiniões pouco relacionados ao tema ou incoerentes e sem defesa de um ponto de vista. O estudante apresenta o assunto, tangenciando o tema, ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argumentativo, com traços constantes de outras tipologias textuais. O estudante demonstra domínio precário, de forma sistemática, com diversificados e frequentes desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita. O estudante articula as partes do texto, de forma insuficiente, com muitas inadequações e apresenta repertório limitado de recursos coesivos. O estudante apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, mas desorganizados ou contraditórios e limitados aos argumentos dos textos motivadores, em defesa de um ponto de vista. O estudante desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos motivadores ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-argumentativo, não atendendo à estrutura prototípica da tipologia com proposição, argumentação e conclusão. O estudante demonstra domínio insuficiente, com muitos desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita. O estudante articula as partes do texto, de forma mediana, com inadequações e apresenta repertório pouco diversificado de recursos coesivos. O estudante apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, limitados aos argumentos dos textos motivadores e pouco organizados, em defesa de um ponto de vista. O estudante desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e apresenta domínio mediano do texto dissertativoargumentativo, compondo texto que atende à estrutura prototípica da tipologia textual com proposição, argumentação e conclusão O estudante demonstra domínio mediano da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa e de escolha de registro, com alguns desvios gramaticais e de convenções da escrita. O estudante articula as partes do texto com poucas inadequações e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos. O estudante apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, de forma organizada, com indícios de autoria, em defesa de um ponto de vista. O estudante desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, atendendo à estrutura prototípica da tipologia com proposição, argumentação e conclusão. O estudante demonstra bom domínio da modalidade escrita formal e de escolha de registro, com poucos desvios gramaticais e de convenções da escrita. O estudante articula bem as partes do texto e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos. O estudante apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em defesa de um ponto de vista. Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo, e apresenta excelente domínio do texto dissertativoargumentativo. O estudante demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa e de escolha de registro. Os desvios gramaticais ou de convenções da escrita serão aceitos somente como excepcionalidade e quando não caracterizem reincidência. A partir da nota final obtida pelo estudante, define-se o perfil de escritor dele de acordo com a descrição do nível no qual sua nota está alocada. Os Níveis de Desempenho e suas denominações qualificam o perfil de escritor enquadrado em cada um. Esses níveis compreendem intervalos específicos de pontuação, sendo que, no ato da correção, a nota atribuída à competência é o valor máximo do nível que, após o cálculo da média final, pode apresentar variações dentro do nível ou transferir a pontuação do estudante na competência para outra classificação. Nível V (10,0) Nível IIV (8,0) Nível III (6,0) Nível II (4,0) Nível I (2,0) Nível 0 (0 zero) 24

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 O PERFIL DE ESCRITOR 8º ANO O perfil de escritor se dá com base na descrição do nível no qual sua nota está alocada, conforme a seguinte escala: INADEQUADO ABAIXO DO BÁSICO BÁSICO INTERMEDIÁRIO ADEQUADO AVANÇADO 0,0 0,1 2,0 2,1 4,0 4,1 6,0 6,1 8,0 8,1 10,0 INADEQUADO 0,0 Nesse nível, o estudante demonstra total desconhecimento da norma padrão, de escolha de registro e de convenções da escrita, que tornam seu texto ininteligível. Além disso, ele desenvolve texto que não contempla a proposta de produção textual, elaborando outra estrutura textual que não a expositivo-argumentativa, mas com traços de opinião e referências ao tema. Por sua vez, o texto apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos incoerentes ou não apresenta um ponto de vista, tendo, na maioria das vezes, seu entendimento prejudicado ou quase anulado e sem a presença de uma proposta de intervenção. Em suma, as informações estão desconexas e não se configuram como uma sequência textual. *Não foram observados exemplos significativos que ilustrem esse nível de desempenho. ABAIXO DO BÁSICO 0,1 2,0 Ao analisar esse texto, o estudante apresenta muitos desvios em relação à competência I Registro, grafando palavras de forma incompleta ou transcrevendo-as conforme a oralidade: jove ( jovens - l. 01), devetino ( divertindo - l. 06), pra brinca ( para brincar - l. 07). Não se observa, ainda, o uso de nenhum sinal de pontuação além da vírgula (usada quando o autor realiza algumas enumerações), compondo o texto em um único parágrafo. Também não se observa uma grande variabilidade de recursos coesivos, observando-se, essencialmente, o uso da conjunção aditiva e. Observam-se, ainda, a grafia incorreta de: exercitando ( execitando - l. 01); ao invés de ( de vei de ta - l. 02); tela ( teta - l. 04); maior preguiça ( maio priguissa - l. 06); bicicleta ( bircicreta - l. 08); faz ( fai - l. 10). Quanto ao desenvolvimento temático, o estudante limita-se a afirmar que os jovens estão substituindo as atividades físicas e brincadeiras pelos jogos eletrônicos, o que prejudica a saúde deles. Diante disso, seu texto assume, ainda que bem precário, um caráter mais expositivo do que argumentativo. O estudante que se encontra nesse nível de escrita demonstra domínio insuficiente da norma padrão, apresentando graves e frequentes desvios gramaticais e de convenções da escrita, além de presença de gírias e marcas de oralidade. Assim, há certos desvios graves que ocorrem de forma sistemática no texto e são acompanhados de desestruturação sintática em excesso, revelando que muitos aspectos importantes da norma padrão ainda não foram incorporados aos seus hábitos linguísticos. No que tange à competência II Tema/Tipologia textual --, ele desenvolve de maneira tangencial o tema, detendo-se em tema vinculado ao mesmo assunto, o que revela má interpretação da proposta. Seu texto apresenta inadequação ao tipo textual expositivo-argumentativo, com repetição de ideias e ausência de argumentação, podendo elaborar um texto de base narrativa, com apenas um resquício argumentativo. Em geral, as informações, fatos, opiniões e argumentos apresentados pelo estudante são pouco relacionados ao tema e também são pouco arrolados entre si, até mesmo porque o estudante não articula as partes do texto ou as articula de forma precária e/ou inadequada, apresentando graves e frequentes desvios de coesão textual. Na produção textual enquadrada neste nível, há sérios problemas na articulação das ideias e na utilização de recursos coesivos. 26 27

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 9º ANO BÁSICO 2,1 4,0 Nesse nível, o estudante demonstra domínio mediano da norma padrão, apresentando grande quantidade de desvios gramaticais e de convenções da escrita graves ou gravíssimos, além de presença de marcas de oralidade. Assim, há certos desvios graves que ocorrem em várias partes do texto, revelando que muitos aspectos importantes da norma padrão ainda não foram incorporados aos seus hábitos linguísticos. No entanto, ele já não apresenta desestruturação sintática em excesso, desenvolvendo, também, de forma mediana o tema, com tendência ao tangenciamento, uma vez que sua argumentação é previsível e baseia-se em argumentos do senso comum, de recorrentes cópias (citações diretas) dos textos motivadores ou com domínio precário do tipo textual expositivo- -argumentativo, devido à argumentação falha ou texto apenas expositivo. Diante disso, a coerência textual ainda é significativamente afetada, porque as informações, fatos e opiniões são pouco articulados ou contraditórios, embora pertinentes ao tema proposto, e o autor, geralmente, limita-se a reproduzir os argumentos constantes na proposta de produção textual, em defesa de seu ponto de vista. Quanto à competência IV Coesão, o estudante articula as partes do texto, porém com muitas inadequações na utilização dos recursos coesivos, demonstrando, assim, pouco domínio dos recursos coesivos. Ao analisar esse texto, constata-se uma ausência de sinais de pontuação no decorrer do texto, muitos desvios ortográficos e de concordância relacionados à competência I Registro, encontrados nesse texto. Com relação ao desenvolvimento das ideias, percebe- -se que são apresentadas de forma desconexa, incoerente e fragmentada. Notam-se as seguintes colocações: os jogos de internet são violentos ; não possuem caráter educativo ; prejudicam na aprendizagem escolar dos jovens. Essas ideias só são percebíveis após uma releitura minuciosa do texto, pois as colocações apresentadas no centro do mesmo não se articulam. Do ponto de vista ortográfico, observam-se os seguintes desvios: ausência de letra maiúscula em palavra iniciando frase/período nesse (l. 04); uso de letra maiúscula no meio de frase em termo que não a solicita Aprendisajen (l. 13); concorrência grafema/fonema na grafia do verbo pensam, além de alteração do tempo verbal penção (l. 06); hipossegmentação do verbo com pronome em posição de ênclise ajudalo ( ajudá-lo - l. 06); ausência do acento circunflexo violencia (l. 07); hipersegmentação e concorrência entre as vogais e e i na sílaba inicial (separada do restante da palavra) de versão (l. 11). 28 29

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 8º ANO 9º ANO Nesse texto, observa-se que o estudante ainda apresenta dificuldades relacionadas ao uso da página ao apresentar frases que se separam antes do término da pauta, sugerindo possível dificuldade em relação à separação silábica também. Essa situação é observada, principalmente, no segundo e terceiro parágrafos, com destaque para as linhas 5 e 9 a 11. Os argumentos do autor limitam-se ao caráter não pedagógico dos jogos eletrônicos em oposição a alguns exemplares que contribuem para uma melhor compreensão da tecnologia. Além disso, seu texto assume um caráter de resposta, ou seja, a forma como ele se posiciona remete à forma como alguém se coloca ao responder uma pergunta, colocando-se de forma direta no texto ( Eu tanbém gosto muito de alguns,... - l. 07-08). Essa estrutura não prejudica o texto, apenas lhe confere um tom mais informal que, em partes, o afasta da modalidade culta da Língua Portuguesa. Dentre os desvios de Registro observados, destacam-se: ausência de acentuação eletronicos (título e l. 05) / policia (l. 13) / so (l. 11 e 15); emprego equivocado de acento nós no lugar de nos (l. 06 e 08); estruturas coloquais pra (l. 10) / ai (l. 14); ditongação da conjunção adversativa mais no lugar de mas (l. 09); concordância nominal Os jogos eletrônicos são muitos bons... sendo o correto... muito bons... (l. 05-06); concorrência entre as consoantes nasais n e m em posição final de sílaba tanbém (l. 07). Nesse texto tomado como exemplo, nota-se que o estudante mantém a mesma ideia do texto anterior ao levantar a possibilidade de um uso pedagógico para os jogos eletrônicos, sugerindo a confecção de um jogo que auxiliasse os jovens na aprendizagem da Matemática. Além disso, o autor aponta para a necessidade de os pais controlarem o acesso aos jogos como forma de auxiliar no combate aos casos de vício e consumo de material indevido. Do ponto de vista da Coesão, mesmo o texto trazendo um repertório maior de conectores, o fato de serem limitados, deixam o texto um pouco fragmentado, o que se agrava em parte por questões sintáticas ou de incoerência entre os argumentos. No que concerne ao Registro, observam-se ainda muitos desvios, em grande parte por interferência da modalidade oral informal, dentre os quais se destacam: concordância muitos usadas ( muito usados - l. 03-04) / alguns jogos deixa ( alguns jogos deixam - l. 04-05) / muitos jogado ( muito jogados - l. 07) / jogos violentos não leva ( jogos violentos não levam - l. 14); separação silábica na mudança de linha algu-ns (l. 04-05); ditongação da conjunção adversativa mais no lugar de mas (l. 08 e 18); ausência de acentuação eletronicos ( eletrônicos - l. 03) / da ( dá - l. 10) / também ( também - l. 11); por que no lugar de porque (l. 22) e repetição de termos por que, por que (l. 22); ajunda no lugar de ajuda (l. 16); qua alinves no lugar de que ao invés (l. 11); hipersegmentação na grafia de mentem men tem (l. 25); troca do n pelo m na grafia de também tanbem (l. 25); expressões coloquiais orais ou empregadas em forma de gíria pra (l. 10) / ne (l. 16) / tipo (l. 27). 30 31

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 INTERMEDIÁRIO 8º ANO 4,1 6,0 O estudante alocado nesse nível apresenta domínio adequado da norma padrão, apresentando alguns desvios gramaticais graves e de convenções da escrita, ou muitos desvios leves. Desvios mais graves, como a ausência de concordância verbal ou nominal, não impedem que a produção textual receba essa pontuação, desde que não configurem falta de domínio absoluto do padrão da linguagem escrita formal. Assim, o estudante que realizar alguns desvios graves ou gravíssimos, ou muitos desvios leves, recebe essa pontuação. O tema é tratado adequadamente, mas com uma abordagem superficial, discutindo outras questões relacionadas por meio de uma argumentação previsível, mas que mostra que ele apresenta domínio adequado do tipo textual expositivo- -argumentativo, mesmo não apresentando, explicitamente, uma tese, e detendo-se mais no caráter expositivo do que no argumentativo, porque ainda reproduz ideias do senso comum no desenvolvimento da temática. O estudante com escrita em nível INTERMEDIÁRIO apresenta em seu texto informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto, porém os organiza e relaciona de forma pouco consistente em defesa de seu ponto de vista. As informações são aleatórias e desconectadas entre si, embora relacionadas ao tema, revelando pouca articulação entre os argumentos, que não são convincentes para defender a opinião do autor. Já em relação à competência de Coesão, o estudante articula as partes do texto, porém com algumas inadequações na utilização dos recursos coesivos, demonstrando que esse escritor possui domínio regular desses recursos. Analisando-se esse texto, observa-se uma escrita em nível ortográfico com poucos desvios de Registro, mas revela dificuldade em relação ao uso da página, uma vez que sua escrita é interrompida bem antes dos limites da linha. Quanto à coesão, o autor faz bom uso dos recursos coesivos, mas ainda apresenta repertório limitado. No que diz respeito ao desenvolvimento do tema dentro dos limites do tipo textual solicitado, nota-se que predomina a exposição de ideias, sem que haja a apresentação clara de uma opinião do autor. 32 33

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 9º ANO ADEQUADO 6,1 8,0 O estudante cuja nota está no intervalo de pontuação compreendido por esse nível demonstra bom domínio da norma padrão, apresentando poucos desvios gramaticais leves e de convenções da escrita. Assim, o mesmo desvio não ocorre em várias partes do texto, o que revela que as exigências da norma padrão foram incorporadas aos seus hábitos linguísticos e os desvios foram eventuais. Desvios mais graves, como a ausência de concordância verbal ou nominal, não impedem que a produção textual receba essa pontuação, desde que não se repitam regularmente no texto. Assim, o estudante que realizou poucos desvios leves ou pouquíssimos desvios graves recebe essa pontuação. Além disso, ele desenvolve bem o tema, mas não explora os seus aspectos principais. Desenvolve uma argumentação consistente e apresenta bom domínio do tipo textual expositivo-argumentativo, mas não apresenta argumentos bem desenvolvidos. Contudo, seus argumentos não ficam restritos à reprodução das ideias contidas nos textos motivadores nem a questões do senso comum, pois seleciona, organiza e relaciona informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto de forma consistente, em defesa de seu ponto de vista. Explicita a tese, seleciona argumentos que possam comprová-la e elabora conclusão que mantenha coerência com a opinião defendida na produção textual. Em geral, os argumentos utilizados são previsíveis, mas não há cópia de argumentos defendidos pelos textos motivadores. No campo da Coesão, o autor articula as partes do texto com poucas inadequações na utilização de recursos coesivos, não apresentando: frases fragmentadas que comprometam a estrutura lógico-gramatical, sequência justaposta de ideias sem encaixamentos sintáticos, ausência de paragrafação, frase com apenas oração subordinada, sem oração principal. Poderá, no entanto, conter alguns desvios de menor gravidade: emprego equivocado do conector, emprego do pronome relativo sem a preposição, quando obrigatória, repetição desnecessária de palavras ou substituição inadequada, sem se valer dos recursos de substituição oferecidos pela língua. Essa pontuação foi atribuída ao estudante que demonstrou domínio dos recursos coesivos. Analisando-se esse texto, nota-se que o autor limita-se a defender a ideia de que os jogos eletrônicos são um bom passatempo, mas consegue esboçar alguns prós e contras a respeito desse tipo de entretenimento. A favor, ele destaca a questão da sociabilidade com outras pessoas, mas ao mesmo tempo comenta que o convívio com pessoas desconhecidas pode ser perigoso. No entanto, seu texto não desenvolve uma argumentação consistente, atendo-se mais nos aspectos expositivos. Do ponto de vista da Coesão, observa-se a constante repetição de palavras dentro de um mesmo período, quando o estudante poderia ter utilizado outros termos para manter a coesão referencial. Quanto ao Registro, observa-se ainda um número considerável de desvios, dentres os quais se destacam: concordância real no lugar de reais (l. 07) / está no lugar de estão (l. 09); ausência de acentuação varios (l. 13) / carater (l. 23); acentuação indevida tecnólogia (l. 09) / sínucas (l. 15); emprego do z no lugar do s atravéz (l. 19 e 26); segmentação de palavras passa tempo (no lugar de passatempo l. 11 e 27) / vôlei bool (ao invés de voleibol l. 14); uso do por que no lugar do porque l. 11, 16 e 21; marca de oralidade contração da preposição para ( pra l. 28). 34 35

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 8º ANO 9º ANO Analisando-se esse texto, nota-se que com relação à competência I Registro, há desvios escassos que não comprometem sua inteligibilidade. Contudo, os argumentos são rasos e redundantes, resvalando no senso comum e em ideias clichê. Além disso, não há uma defesa de ponto de vista e uma conclusão clara da discussão. Quanto à sintaxe e à coesão, notam-se períodos curtos, sem uma articulação mais complexa, revelando que seu autor ainda possui um repertório limitado de recursos coesivos. Analisando-se esse texto, observa-se um repertório de ideias de seu autor que busca elencar os prós e contras dos jogos eletrônicos, destacando, principalmente, os malefícios dos jogos considerados impróprios para faixa etária a qual a proposta de refere. No entanto, o estudante deixa sua argumentação em aberto por não apesentar uma conclusão. O vocabulário do estudante é relativamente amplo e complexo, mas ainda apresenta dificuldades quanto ao uso da pontuação, pois emprega em diversos momentos o ponto e vírgula quando deveria ter utilizado somente a vírgula ou o ponto final, uma vez que não havia essa interposição direta de ideias. Uma questão que ainda chama a atenção na escrita desse estudante, refere-se à grafia das consoantes J e T, que tanto na versão maiúscula, quanto na minúscula são grafadas da mesma forma e impedem que se avalie se o estudante sabe diferenciá-las ou não. 36 37

SAEMI 2015 Revista Pedagógica Língua Portuguesa - Escrita, Produção de Texto e Ditado - 8 e 9 anos DO Ensino Fundamental SAEMI 2015 AVANÇADO 8º ANO 8,1 10,0 Um escritor avançado é aquele que demonstra excelente domínio da norma padrão, não apresentando ou apresentando pouquíssimos desvios gramaticais leves e de convenções da escrita que não interferem na compreensão textual, pois o mesmo desvio não ocorre em várias partes do texto, o que revela que as exigências da norma padrão foram incorporadas aos seus hábitos linguísticos e os desvios foram eventuais. Desvios mais graves, como a ausência de concordância verbal, excluem a produção textual da pontuação mais alta. Em relação ao tema, ele foi muito bem desenvolvido, explorando os seus principais aspectos. A produção textual contém, ainda, uma argumentação consistente, revelando excelente domínio do tipo textual expositivo-argumentativo, indicando que o texto está estruturado, por exemplo, com: uma introdução, em que a tese a ser defendida é explicitada, argumentos que comprovam a tese, distribuídos em diferentes parágrafos e um parágrafo final com uma conclusão. Além disso, os argumentos defendidos não ficam restritos à reprodução das ideias contidas nos textos motivadores nem a questões do senso comum, porque o estudante seleciona, organiza e relaciona informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto de forma consistente, configurando autoria, em defesa de seu ponto de vista. Explicita a tese, seleciona argumentos que possam comprová-la e elabora conclusão ou proposta que mantenha coerência com a opinião defendida na produção textual. Quanto à Coesão, o estudante articula as partes do texto, sem inadequações na utilização dos recursos coesivos, ou com eventuais desvios de menor gravidade, desde que o mesmo erro não se repita, uma vez que essa pontuação é atribuída ao estudante que demonstra pleno domínio dos recursos coesivos. Um estudante com escrita nesse nível, no 8º ano, ainda apresenta um repertório vocabular e de ideias limitado, em comparação aos estudantes que se encontram na última etapa do Ensino Fundamental e cuja nota se aloca nesse intervalo de pontuação. No exemplo em questão, o estudante consegue elencar o que ele aponta como pontos principais acerca do tema: a evolução gráfica dos jogos, ampliação da interatividade e ferramenta de entretenimento. Além disso, o autor destaca que os jogos eletrônicos podem corroborar para o desenvolvimento do raciocínio lógico dos jovens jogadores, mas também influenciam em seu comportamento, algo que ele deixa vago, sem explicitar se seriam comportamentos positivos ou negativos. Como deixa sua conclusão vaga, a argumentação desenvolvida pelo estudante não se dá de forma plena, mas nada que o impede de ser avaliado nesse nível. Quanto à Coesão, observa-se um repertório basilar, mas sem inadequações. Do ponto de vista do Registro, destacam-se desvios escassos que não comprometem a inteligibilidade textual ou revelem desconhecimento de seu uso. São eles: usando no lugar de usado (l. 14-15); separação silábica incorreta na mudança de linha influê-ncia (l. 16-17). 38 39

SAEMI 2015 Revista Pedagógica 9º ANO Nesse exemplo, observa-se um texto que atende à estrutura prototípica da tipologia textual dissertativo-argumentativa com introdução, desenvolvimento e conclusão. O estudante busca elencar pontos positivos e negativos dos jogos eletrônicos, encerrando sua discussão com uma opinião pessoal direta, colocando-se a favor dos jogos, desde que os mesmos estejam adequados ao público. Os recursos coesivos apresentados pelo autor mostram-se diversos e mais amplos dos que os apresentados na etapa de escolaridade anterior, mesmo se comparado a textos de estudante nesse nível. Observa, nesse texto, o emprego de conectivos para destacar ideias opostas, alternadas e explicativas, por exemplo. No que diz respeito ao Registro, observa-se o emprego equivocado da vírgula antes na linha 15 (... na vida real, Ou muitas... ), quando deveria ter sido empregado o ponto final ou utilizado a letra minúscula na conjunção ou ; e o uso de vírgula antes de letra maiúscula, na linha 11 (... etc, Pode ser ruim...). 40

Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora Marcus Vinicius David Coordenação Geral do CAEd Lina Kátia Mesquita de Oliveira Coordenação da Unidade de Pesquisa Tufi Machado Soares Coordenação de Análises e Publicações Wagner Silveira Rezende Coordenação de Design da Comunicação Rômulo Oliveira de Farias Coordenação de Gestão da Informação Roberta Palácios Carvalho da Cunha e Melo Coordenação de Instrumentos de Avaliação Renato Carnaúba Macedo Coordenação de Medidas Educacionais Wellington Silva Coordenação de Monitoramento e Indicadores Leonardo Augusto Campos Coordenação de Operações de Avaliação Rafael de Oliveira Coordenação de Processamento de Documentos Benito Delage Ficha catalográfica Ipojuca. Secretaria Municipal de Educação. SAEMI 2015/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v. 1 (jan./dez. 2015), Juiz de Fora, 2015 Anual. Conteúdo: Revista Pedagógica - Língua Portuguesa Escrita, Produção de Texto e Ditado 8º e 9º anos do Ensino Fundamental. ISSN 2318-7263 CDU 373.3+373.5:371.26(05)