Mortalidade em idosos: desenvolvimento e aplicação de uma metodologia para a recuperação da informação sobre a causa básica* 1



Documentos relacionados
Porto Alegre

CAUSAS DE MORBIDADE HOSPITALAR POR DOENÇAS DE INTERNAÇÃO EVITÁVEL EM CRIANÇAS DE 1 A 4 ANOS

Mortalidade e morbidade por câncer de mama feminino na região Sudeste do Brasil (segundo UF s): uma análise para 1998 e 2003 *

Causas de morte 2013

Boletim Epidemiológico

Risco de Morrer em 2012

Introdução. Métodos Resultados

PORTO ALEGRE. Mortalidade por Gerencia Distrital, 2010

A Evolução da Morbidade e Mortalidade por Câncer de Mama entre a População Feminina de Minas Gerais 1995 a 2001 *

Em 2013 perderam-se anos potenciais de vida devido à diabetes mellitus

CAUSAS DE MORTE NO ESTADO DE SÃO PAULO

SIIS - Sistema de Informações de Indicadores Sociais do Estado do Pará Abrangência: Brasil Novo

SIIS - Sistema de Informações de Indicadores Sociais do Estado do Pará Abrangência: Breves

SIIS - Sistema de Informações de Indicadores Sociais do Estado do Pará Abrangência: Palestina do Pará

EDUCAÇÃO. SIIS - Sistema de Informações de Indicadores Sociais do Estado do Pará Abrangência: Salvaterra

SIIS - Sistema de Informações de Indicadores Sociais do Estado do Pará Abrangência: Itaituba

Rendimento Médio Populacional (R$) Total 311,58 Urbana 347,47 Rural 168,26

MORTALIDADE POR TRÊS GRANDES GRUPOS DE CAUSA NO BRASIL

Saúde Brasil Uma Análise da Situação de Saúde. Perfil de Mortalidade do Brasileiro

ID:1772 MORBIMORTALIDADE HOSPITALAR POR DIABETES MELLITUS EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DA BAHIA, BRASIL

SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade. PORTO ALEGRE - Relatório 2007

Rede de Teleassistência de Minas Gerais. Antonio Ribeiro Hospital das Clínicas da UFMG

Saúde da mulher em idade fértil e de crianças com até 5 anos de idade dados da PNDS 2006

Bases de Dados em Saúde

Tendência da mortalidade da população paulista por neoplasias malignas

SIM Sistema de Informação sobre Mortalidade

Políticas de saúde: o Programa de Saúde da Família na Baixada Fluminense *

ACES Vale Sousa Sul. Perfil Local de Saúde Aspectos a destacar

Saúde. reprodutiva: gravidez, assistência. pré-natal, parto. e baixo peso. ao nascer

QUALIDADE DA INFORMAÇÃO DA CAUSA BÁSICA DE MORTE PARA A POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL

Poluição do Ar e a Saúde Respiratória no Município de Duque de Caxias

A EVITABILIDADE DE MORTES POR DOENÇAS CRÔNICAS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS AOS IDOSOS

Mortalidade por Aids no Estado: redução contínua desde 1996

1. OUTROS INDICADORES DEMOGRÁFICOS E DE SAÚDE

Acidentes de transportes passam a ser a principal causa de morte não natural do Estado de São Paulo

POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM

BH- VIVA CRIANÇA AGENDA DE COMPROMISSO COM A SAÚDE INTEGRAL DA CRIANÇA E ADOLESCENTE. Coordenação de Atenção à Criança SMSA-BH 2003

Pesquisa Mensal de Emprego

Impacto do envelhecimento da população brasileira frente à saúde pública

A situação do câncer no Brasil 1

RESPOSTA AOS RECURSOS PROVA - BIÓLOGO, CIRURGIÃO DENTISTA, ENFERMEIRO, FISIOTERAPEUTA,

Pesquisa Mensal de Emprego - PME

Memória de cálculo dos indicadores do Pacto de Atenção Básica 2004

Evolução da Mortalidade no Rio Grande do Sul *

Seminário de Políticas para o trânsito Seguro de Motos Saúde, Processo de Habilitação e Questões Socioeducativas

Tendência da Mortalidade em Idosos na Cidade do Rio de Janeiro 1979 a 2003

Vigilância Epidemiológica da aids e mortalidade

DIABETES MELLITUS NO BRASIL

Rendimento Médio Populacional (R$) Total 288,39 Urbana 309,57 Rural 167,10

Pesquisa Mensal de Emprego PME. Algumas das principais características dos Trabalhadores Domésticos vis a vis a População Ocupada

Indicadores hospitalares

ANÁLISE DA MORTE VIOLENTA SEGUNDO RAÇA /COR

EDUCAÇÃO Total de Escolas no Município Ensino Fundamental Ensino Médio Número de Matrículas Educação Infantil Creche 237

SIIS - Sistema de Informações de Indicadores Sociais do Estado do Pará Abrangência: Ananindeua DEMOGRAFIA População Total 471.

Este capítulo tem como objetivo, tecer algumas considerações. Epidemiologia, Atividade Física e Saúde INTRODUÇÃO

NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS SOBRE A SAÚDE DO HOMEM NO MUNICÍPIO DE CAJAZEIRAS-PB.

Idosos do Município do Recife, Estado de Pernambuco, Brasil: uma análise da morbimortalidade hospitalar

2 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS

26/4/2012. Inquéritos Populacionais Informações em Saúde. Dados de Inquéritos Populacionais. Principais Características. Principais Características

Diminui a mortalidade por Aids no Estado de São Paulo

Redução de Homicídios no Brasil

c Taxas por milhão, ajustadas pela população padrão mundial, Câncer na Criança e no Adolescente no Brasil

Caracterização do território

Caracterização do território

Caracterização do território

Caracterização do território

Caracterização do território

TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE CONSULTORIA ESPECIALIZADA (PESSOA FÍSICA)

INDICADORES SOCIAIS E CLÍNICOS DE IDOSOS EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO

Relatório da Pessoa Idosa

Caracterização do território

Envelhecimento populacional e a composição etária de beneficiários de planos de saúde

Atlas de Mortalidade por Câncer em Alagoas 1996 a 2013

Caracterização do território

Apresentação. Introdução. Francine Leite. Luiz Augusto Carneiro Superintendente Executivo

MORBIDADE E MORTALIDADE POR NEOPLASIAS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

Mortalidade por transtornos mentais e comportamentais e a reforma psiquiátrica no Brasil contemporâneo

2º CONGRESSO PERNAMBUCANO DE MUNICÍPIOS O PACTO DE GESTÃO DO SUS E OS MUNICÍPIOS

CÂNCER DE MAMA Complementar ao documento já disponibilizado em 2007: NEOPLASIAS 2006

PPGHIS/ICHS/UFOP PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO PROGRAMA NA ÓTICA DE SEUS EGRESSOS DO TRIÊNIO

Anuário Estatístico do Município de Belém 2010 C A P Í T U L O 02 CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E SÓCIO-ECONÔMICAS DA POPULAÇÃO

VULNERABILIDADE PARA A MORTE POR HOMICÍDIOS E PRESENÇA DE DROGAS NA OCASIÃO DA OCORRÊNCIA DO ÓBITO 2001 A 2006

18/06/2012 COMPERJ. 6 mil maracanãs de área. US$ 8 bilhões em investimentos. População em 2010 ( ) para 600 mil em 10 anos

R E S O L U Ç Ã O. Esta resolução entra em vigor nesta data, revogando as disposições contrárias. Bragança Paulista, 12 de dezembro de 2012.

3 Metodologia Tipo de pesquisa

Curso de Especialização em MBA EXECUTIVO EM SAÚDE

(Coeficiente de mortalidade infantil)

As principais causas de morte em Portugal de

Óbitos de menores de um ano Porto Alegre

Transcrição:

Mortalidade em idosos: desenvolvimento e aplicação de uma metodologia para a recuperação da informação sobre a causa básica* 1 Angela Maria Cascão (1 ) e Pauline Lorena Kale (2) RESUMO Introdução: Os idosos constituem o segmento populacional que concentra a maior parcela dos óbitos da população e também a maior proporção de causas de morte mal definidas. Objetivo: Desenvolver uma metodologia de recuperação de causas de morte naturais mal definidas em idosos (³60 anos) a partir do relacionamento das bases de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) e avaliar a sua efetividade na qualificação da certificação de causa básica de morte. Métodos: As fontes de dados foram o SIM e o SIH para, respectivamente, óbitos e internações ocorridos no Estado do Rio de Janeiro, 2006. Foram analisados os pares concordantes de causas naturais (capítulo da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde CID10a Revisão) definidas segundo causa básica (CB) e diagnóstico principal (DP) da internação. O grau de concordância percentual foi classificado considerando-se os seguintes intervalos: < 25% = ruim; 25% - 49% = regular; 50% - 74% = bom e 75% = muito bom. Resultados: Foram selecionados 15.807 óbitos de idosos cuja morte ocorreu durante a internação em hospitais do SUS. Houve diferença estaticamente significante (p valor<0,001) entre as médias de idade segundo sexo (mulheres: 77,2 e homens: 74,1 anos). Os quatro primeiros postos de maior freqüência de CB foram doenças do aparelho circulatório (DAC:34,6%), neoplasias (NEO:18,4%), doenças do aparelho respiratório (DAR:15,3%) e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (DENM:10,5%) e de DP: DAC (29,7%), DAR (22,0%), NEO (10,3%) e doenças infecciosas e parasitárias (DIP:9,9%). O total de concordância foi cerca de 48%. A concordância entre as principais CB e DP foi considerada boa para DAC (60,7%), DAR (55,2%), NEO (51,3%) e regular para DENM (26,8%). Dentre as internações com diagnóstico principal DIP, cerca de 19% e 18% tiveram como a causa básica DAR e DAC, respectivamente. Apenas 4,8% dos óbitos por CB mal definidas não tiveram um diagnóstico de internação em outro capítulo da CID. Conclusões: Com a aplicação da metodologia simples proposta, é possível melhorar a informação sobre mortalidade a partir do diagnóstico principal de internação. Padrões de concordância segundo a localização de sua informação (partes I ou II do atestado médico) e o tipo de diagnóstico (principal ou secundário) deverão ser investigados visando maior acurácia do método e confiabilidade das estatísticas de mortalidade visando subsidiar ações de saúde específicas para o idoso e para a população em geral. Palavras-chave: mortalidade; internação; causa de morte; diagnóstico principal; diagnóstico secundário. 1 *Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindóia/SP Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012. (1) Doutoranda Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC/UFRJ) e Servidora da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ). (2) Professora Associada de Epidemiologia do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC/UFRJ) 1

Mortalidade em idosos: desenvolvimento e aplicação de uma metodologia para recuperação da informação sobre causa básica Introdução Angela Maria Cascão e Pauline Lorena Kale O envelhecimento populacional no Brasil teve seu início na década de sessenta do século XX tendo a redução da taxa de fecundidade um papel importante na alteração da estrutura etária (CHAIMOWICZ, 1997). A partir de então, o estrato populacional dos idosos vem crescendo de forma gradual e contínua e em número superior aos demais estratos etários. Em quase trinta anos (1980 a 2009) a população de idosos no Brasil que representava 6,1% da população passou a representar 10,2%, portanto aumentando em torno de 4,0%, no Estado do Rio de Janeiro este aumento foi maior passando de 7,2% para 12,6% respectivamente. (DATASUS, 2010). Em números absolutos, o Brasil já em 1998 era a sexta população mais idosa do mundo. (OMS, 1998) As mudanças demográficas da população ocorrem em conjunto com mudanças nos padrões morbidade, invalidez e morte. As doenças transmissíveis são substituídas, entre as primeiras causas de morte, por doenças não transmissíveis e causas externas e a maior carga de morbi-mortalidade se desloca dos segmentos populacionais mais jovens para os idosos. (CHAIMOWICZ, 1997) Observa-se uma alteração no perfil de mortalidade da população com um aumento expressivo na ocorrência de doenças cardiovasculares, neoplasias e doenças respiratórias. (MELLO JORGE et al,2008). Em 2005, no Brasil, as principais causas de morte em idosos foram doenças do aparelho circulatório (36,5%), neoplasias (16%), doenças do aparelho respiratório (12,6%) e causas mal definidas (11,9%) (MELLO JORGE et al, 2008). Nesse estudo, entre 1996 e 2007, cerca de 77% dos óbitos em idosos ocorreram no domicílio. Os autores apresentam sugestões visando à redução das causas mal definidas como o relacionamento entre bancos de dados (SIM SIH/SUS), contato com o médico que assinou a Declaração de Óbito, análise do prontuário hospitalar e investigação com visita domiciliar e análise de prontuários dos serviços onde o falecido foi atendido. Abreu e colaboradores (2010) avaliaram que entre as capitais brasileiras estudadas, a do o Rio de Janeiro ocupou o maior posto entre as mortes por causas mal definidas (4º lugar) em idosos, independentemente do sexo, situação que não se alterou 2

entre 1996 e 2007. O aumento da proporção de óbitos por causas mal-definidas com o aumento da idade pode ser explicado, entre outros motivos, pela dificuldade de identificação da causa básica que iniciou o processo mórbido, haja vista o complexo encadeamento de causas em pessoas idosas (VASCONCELOS, 1996) e a alta freqüência de co-morbidades nesse estrato etário. (MARTIN et al, 2005). Considerando-se que os idosos constituem o segmento populacional que concentra a maior parcela dos óbitos da população e também a maior proporção de causas de morte mal definidas torna-se imprescindível o desenvolvimento e aplicação de metodologias efetivas e eficientes que visem assegurar maior confiabilidade das estatísticas de mortalidade permitindo o subsídio de ações de saúde específicas para o idoso e para a população em geral. Diversos estudos vêm sendo desenvolvidos objetivando a avaliação da qualidade das informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). O Sistema de Internações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) tem sido uma importante fonte de informação para qualificação do SIM, principalmente em relação à causa básica de morte (CASCÃO et al, 2012; TEIXEIRA et al, 2006; MELO et al, 2004). No estudo de Cascão e colaboradores (2012) foi avaliada a qualidade da certificação das causas múltiplas de morte de 2000 a 2003 em uma coorte especial de indivíduos que sofreram amputação de membros inferiores consequentes ao diabetes mellitus SIH-SUS em 2000 no Estado do Rio de Janeiro. Segundo os autores, a combinação de metodologias de qualificação como o relacionamento de bases de dados e o uso de causas múltiplas de morte por diabetes numa coorte de especial mostrou-se efetiva e eficiente. Melo e colaboradores (2004) analisaram a confiabilidade e validade das informações em relação aos óbitos por infarto agudo do miocárdio (IAM) obtidos pelos sistemas de informações (SIH-SUS e SIM) e por leitura de prontuários hospitalares. Os principais problemas relatados pelos autores foram ausência de emissão da AIH, diagnóstico diferente de IAM no campo diagnóstico principal na AIH e subnotificação da ocorrência de óbito. O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia de recuperação de causas de morte naturais mal definidas em idosos ( 60 anos) a partir do 3

relacionamento das bases de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) e avaliar a sua efetividade na qualificação da certificação de causa básica de morte. Metodologia Este estudo é um subprojeto do estudo denominado Informações em Saúde, desenvolvido pela Faculdade de Saúde Pública da USP com participação de técnicos da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. A fonte de dados de mortalidade foi o SIM e de internações hospitalares, o SIH-SUS para óbitos de indivíduos com mais de 60 anos ocorridos no Estado do Rio de Janeiro em 2006. O banco de dados do presente estudo é resultante do relacionamento das bases de dados de mortalidade e de internações de idosos (óbito). Os pares foram formados a partir da utilização do software RecLink II, que executa o relacionamento probabilístico com rotinas para padronização dos campos comuns a serem empregados no relacionamento. (CAMARGO JR. et al, 2000). A figura 1 apresenta o diagrama do relacionamento das bases de dados e a população de estudo, composta por óbitos de maiores de sessenta aos de idade ocorridos durante a internação hospitalar no Sistema Único de Saúde no Estado do Rio de Janeiro em 200 (óbitos pareados, n=15807). O banco de dados do SIM foi disponibilizado pela Assessoria de Informações em Saúde SVS/SES e da SIH, pelo DATASUS, tendo sido cumpridas todas as exigências quanto ao sigilo das informações de identificação. 4

SIM TOTAL (não fetal) 119.513 SIH/SUS TOTAL (ERJ) 700.804 SIM 60 e + anos 73.323 SIH/SUS 60 e + anos 178.173 SIM Óbitos SUS 40.227 Saída/Óbito 22.563 Saída/Curado Transferido 155.610 Pareados SIM/SIH-SUS 15.807 Figura 1: Diagrama do relacionamento das bases de dados (SIM com SIH-SUS) e a composição da população de estudo (óbitos pareados). As distribuições dos óbitos e internações foram descritas segundo sexo e idade (60 a 69, 70 a 79 e maior ou igual a 80 anos de idade). Foram testadas as diferenças estatísticas entre as médias de idade segundo sexo ao nível de significância de 5%. A mortalidade proporcional e a distribuição das internações segundo diagnóstico principal e diagnóstico secundário por sexo foram analisadas segundo capítulo e grupos de causas da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10ª Revisão (CID 10) e classificadas segundo o posto de frequência em ordem decrescente. Foram analisados os pares concordantes, entre a causa básica natural (SIM) e o tipo de diagnóstico da internação que resultou em morte (SIH-SUS), segundo 5

capítulo da CID 10. Inicialmente foi avaliada a concordância entre a causa básica e o diagnóstico principal. Os registros de morte não concordantes na etapa anterior serão analisados quanto à concordância com o diagnóstico secundário. O grau de concordância percentual será classificado considerando-se os seguintes intervalos de concordância: a) < 25% = ruim; b) de 25% a 49% = regular; c) de 50% a 74% = bom e d) 75% = muito bom (MELLO JORGE, 2010). Quanto às questões éticas do projeto foram seguidas as orientações da Resolução nº 196, norteadora das recomendações do Ministério da Saúde para desenvolvimento de pesquisas em seres humanos (BRASIL, 2003). Ressaltam-se alguns aspectos descritos a seguir: 1- o banco de dados do SIM foi disponibilizado pela Assessoria de Informações CGVS/SVS/SES e da SIH, pelo DATASUS, após solicitação formal à Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde tendo sido cumpridas todas as exigências quanto ao sigilo das informações identificadas. 2 o autor se compromete junto a SES/RJ e DATASUS, que a utilização das bases identificadas se deu somente para o relacionamento das bases. 3 - após o pareamento dos registros a identificação foi desprezada. Sendo assim, as bases de dados que estão sendo analisadas não contem a identificação do falecido e as análises estão sendo realizadas em computadores da instituição, sendo para uso exclusivo do estudo. Resultados A população de estudo é composta por 15.807 óbitos de idosos cuja morte ocorreu durante a internação em hospitais do SUS. Predominaram óbitos na faixa etária de 70 a 79 anos de idade, cerca de 37% (Tabela 1). 6

Tabela 1 Diatribuição dos óbitos maiores de 60 anos relacionados, segundo faixa etária e sexo Estado do Rio de Janeiro - 2006 Faixa Etaria 60-69 70-79 80+ Total Sexo Feminino Masculino Total 1859 2688 4547 40,9% 59,1% 100% (28,8%) 2780 3111 5891 47,2% 52,8% 100% (37,3%) 3240 2129 5369 60,3% 39,7% 100% (34,0%) 7879 7928 15807 49,8% 50,2% 100,0% (%) Total na faixa etária em relação ao total de óbitos FONTE: Base de óbitos relacionadas (SIM/SIH) 2006 A razão de masculinidade dos óbitos foi cerca de um, entretanto, ao considerar-se as faixas etárias, observou-se uma maior freqüência de óbitos do sexo masculino nas faixas etárias de 60 a 69 e 70 a 79 anos, e do sexo feminino entre os óbitos com 80 anos ou mais (razão de masculinidade: 1,4 e 1,1 e 0,65 respectivamente). As diferenças entre as médias de idade segundo sexo (mulheres: 77,2 e homens: 74,1 anos) foram estaticamente significantes (p valor<0,001). Na análise da mortalidade proporcional por causa básica (Capítulos da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde - Décima Revisão CID 10), independentemente do sexo, destacaram-se nos quatro primeiros postos de maior freqüência Doenças do Aparelho Circulatório (cap. IX), Neoplasias (cap. II), Doenças do Aparelho Respiratório (cap. X) e Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas (cap. IV). As demais causas por capítulo da CID apresentaram individualmente percentuais inferiores a 6% sendo (Tabela 2). 7

Tabela 2 Frequencia absoluta (nº), percentual (%) e posto de óbitos relacionados segundo Causa Básica (Capítulos da CID 10ª) e sexo - Estado do Rio de Janeiro - 2006 Capítulos Masculino Posto Feminino Posto Total Posto nº % nº % nº % I - Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias 349 4,4 6º 349 4,4 6º 698 4,4 6º II - Neoplasias 1594 20,1 2º 1310 16,6 2º 2904 18,4 2º III - D.do Sangue e dos Órgãos Hematop.e Alguns Transt.Imunitários 60 0,8 10º 86 1,1 10º 146 0,9 10º IV - Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas 730 9,2 4º 932 11,8 4º 1662 10,5 4º V - Transtornos Mentais e Comportamentais 55 0,7 11º 29 0,4 13º 84 0,5 12º VI - Doenças do Sistema Nervoso 112 1,4 9º 120 1,5 9º 232 1,5 9º VIII - Doenças do Ouvido e da Apófise Mastóide 1 0,0 16º 1 0,0 15º 2 0,0 16º IX - Doenças do Aparelho Circulatório 2641 33,3 1º 2825 35,9 1º 5466 34,6 1º X - Doenças do Aparelho Respiratório 1288 16,2 3º 1136 14,4 3º 2424 15,3 3º XI - Doenças do Aparelho Digestivo 431 5,4 5º 362 4,6 5º 793 5,0 5º XII - Doenças da Pele e do Tecido Subcutâneo 37 0,5 12º 72 0,9 11º 109 0,7 11º XIII - Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo 19 0,2 14º 24 0,3 14º 43 0,3 14º XIV - Doenças do Aparelho Geniturinário 318 4,0 7º 316 4,0 7º 634 4,0 7º XVII - Malformações Congênitas, Deformidades e Anomalias Congênitas 5 0,1 15º 0 0,0 16º 5 0,0 15º XVIII - Sintomas, Sinais e Achados Anor.de Exames Clín.e de Lab.NCOP 31 0,4 13º 34 0,4 12º 65 0,4 13º XX - Causas Externas 257 3,2 8º 283 3,6 8º 540 3,4 8º TOTAL 7928 100,0 7879 100,0 15807 100,0 FONTE: Base de Dados Relacionados (SIM / SIH) Em relação ao Diagnóstico Principal de internação, independentemente do sexo, os quatro primeiros postos de maior frequência são as Doenças do Aparelho Circulatório (cap. IX), Doenças do Aparelho Respiratório (cap. X), as Neoplasias (cap. II), e Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias (cap. I), a única exceção foi em relação ao sexo feminino no 3º posto que é ocupado por Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias (cap. I) e o 4º pelas Neoplasias (cap. II) Tabela 1). Do 5º ao 9º posto tanto para o sexo masculino quanto para o feminino o posicionamento das causas foi idêntico. As demais causas por capítulo da CID apresentaram individualmente percentuais inferiores a 3% sendo (Tabela 3). 8

Tabela 3 Frequencia absoluta (nº), percentual (%) e posto de óbitos relacionados segundo Diagnóstico Principal (Capítulos da CID 10ª) e sexo - Estado do Rio de Janeiro - 2006 Capítulos Masculino Posto Feminino Posto Total Posto nº % nº % nº % I - Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias 759 9,6 4º 813 10,3 3º 1572 9,9 4º II - Neoplasias 860 10,8 3º 772 9,8 4º 1632 10,3 3º III - D.do Sangue e dos Órgãos Hematop.e Alguns Transt.Imunitários 78 1,0 11º 93 1,2 11º 171 1,1 11º IV - Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas 634 8,0 5º 674 8,6 5º 1308 8,3 5º V - Transtornos Mentais e Comportamentais 53 0,7 12º 38 0,5 14º 91 0,6 12º VI - Doenças do Sistema Nervoso 187 2,4 10º 205 2,6 9º 392 2,5 10º VII - Doenças do Olho e Anexos 0 0,0 17º 1 0,0 17º 1 0,0 17º IX - Doenças do Aparelho Circulatório 2286 28,8 1º 2404 30,5 1º 4690 29,7 1º X - Doenças do Aparelho Respiratório 1827 23,0 2º 1657 21,0 2º 3484 22,0 2º XI - Doenças do Aparelho Digestivo 477 6,0 6º 438 5,6 6º 915 5,8 6º XII - Doenças da Pele e do Tecido Subcutâneo 42 0,5 13º 45 0,6 12º 87 0,6 13º XIII - Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo 22 0,3 14º 44 0,6 13º 66 0,4 14º XIV - Doenças do Aparelho Geniturinário 270 3,4 7º 245 3,1 7º 515 3,3 7º XVII - Malformações Congênitas, Deformidades e Anomalias Congênitas 7 0,1 15º 10 0,1 15º 17 0,1 15º XVIII - Sintomas, Sinais e Achados Anor.de Exames Clín.e de Lab.NCOP 199 2,5 9º 203 2,6 10º 402 2,5 9º XIX - Lesões, Envenen.e Alg.Outras Conseq.de Causas Externas 223 2,8 8º 220 2,8 8º 443 2,8 8º XX - Causas Externas 0 0,0 18º 1 0,0 18º 1 0,0 18º XXI - Fatores que Influen.o Est.de Saúde e o Contato com Serv.de Saúde 4 0,1 16º 10 0,1 16º 14 0,1 16º TOTAL 7928 100,0 7879 100,0 15801 100,0 FONTE: Base de Dados Relacionados (SIM / SIH) Retirados 6 registro com causa no Cap. XV (Gravidez, Parto e Puerpério) Em relação ao Diagnóstico Secundário, observou-se que não houve registro de informação em 76,0% dos óbitos (Tabela 4). Quanto aos óbitos que tiveram o diagnóstico secundário informado (24,0%) as doenças do aparelho circulatório (4,9%), as doenças do aparelho respiratório (4,6%) e as causas externas (2,9%) e as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (2,9%) foram os grupos de causas com os maiores percentuais, entretanto é importante ressaltar que em relação as causas externas estas sempre deverão ser como diagnóstico secundário, e as lesões (cap.ix) provocadas pelos acidentes ou violências devem ser informados no campo do diagnóstico secundário. 9

Tabela 4 Frequencia absoluta (nº), percentual (%) e posto de óbitos relacionados segundo Diagnóstico Secundário (Capítulos da CID 10ª) e sexo - Estado do Rio de Janeiro - 2006 Capítulos Masculino Feminino Total Posto Posto nº % nº % nº % Posto I - Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias 80 1,0 8º 72 0,9 8º 152 1,0 8º II - Neoplasias 162 2,0 5º 116 1,5 7º 278 1,8 6º III - D.do Sangue e dos Órgãos Hematop.e Alguns 52 0,7 10º 62 0,8 10º 114 0,7 10º IV - Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas 196 2,5 4º 255 3,2 3º 451 2,9 4º V - Transtornos Mentais e Comportamentais 10 0,1 14º 5 0,1 14º 15 0,1 14º VI - Doenças do Sistema Nervoso 28 0,4 11º 34 0,4 11º 62 0,4 11º VIII - Doenças do Ouvido e da Apófise Mastóide 0 0,0 18º 1 0,0 17º 1 0,0 17º IX - Doenças do Aparelho Circulatório 333 4,2 2º 446 5,7 1º 779 4,9 1º X - Doenças do Aparelho Respiratório 377 4,8 1º 358 4,5 2º 735 4,6 2º XI - Doenças do Aparelho Digestivo 71 0,9 9º 63 0,8 9º 134 0,8 9º XII - Doenças da Pele e do Tecido Subcutâneo 18 0,2 12º 20 0,3 12º 38 0,2 12º XIII - Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo 10 0,1 15º 4 0,1 15º 14 0,1 15º XIV - Doenças do Aparelho Geniturinário 132 1,7 7º 122 1,5 6º 254 1,6 7º XVII - Malformações Congênitas, Deformidades e Anomalias 1 0,0 17º 0 0,0 18º 1 0,0 18º CXVIII êi - Sintomas, Sinais e Achados Anor.de Exames Clín.e de 148 1,9 6º 132 1,7 5º 280 1,8 5º XIX - Lesões, Envenen.e Alg.Outras Conseq.de Causas Externas 11 0,1 13º 10 0,1 13º 21 0,1 13º XX - Causas Externas 231 2,9 3º 225 2,9 4º 456 2,9 3º XXI - Fatores que Influen.o Est.de Saúde e o Contato com 2 0,0 16º 3 0,0 16º 5 0,0 16º S d S úd Não Preenchido 6066 76,5 5951 75,5 12017 76,0 TOTAL 7928 100,0 7879 100,0 15807 100,0 FONTE: Base de Dados Relacionados (SIM / SIH) Os agrupamentos que mais contribuíram para os principais grupos de causas quando observada a causa básica informada no SIM, verificamos 50,0% dos óbitos por Neoplasias se dividem entre os agrupamentos das neoplasias dos Órgãos Digestivos (34,4%) e o dos Órgãos Respiratórios e Intratorácicos (15,5%). Dos óbitos devido a Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas mais de 85,0% destes óbitos foram por Diabetes Mellitus (73,9%) e Desnutrição (15,2%). Os óbitos por Doenças do Aparelho Circulatório concentram-se em dois agrupamentos (63,5%), sendo que as Outras formas de Doença do Coração contribuem com 19,4% e as Doenças Cerebrovasculares com 44,1%. Em relação aos óbitos por Doenças do Aparelho Respiratório, destacam-se os agrupamentos: Influenza e Pneumonia (42,9%) e Doenças Crônicas das vias inferiores (34,6%). (Tabela 5) 10

Tabela 5 Frequencia absoluta (nº) e Percentual (%) de óbitos relacionados segundo Principais Causas informadas como Causa Básica (Capítulos / Agrupamento da CID 10ª) Estado do Rio de Janeiro - 2006 CAUSA/CAPÍTULO nº % Cap. II Neoplasias 2904 18,4 ** Neoplasia Maligna dos Órgãos Digestivos 1000 34,4 * Neoplasia Maligna dos Órgãos Respiratórios e Intratorácicos 451 15,5 * Demais 1453 50,0 * Cap. IV - Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas 1662 10,5 ** Diabetes Mellitus 1229 73,9 * Denutrição 253 15,2 * Demais 180 10,8 * Cap. IX - Doenças do Aparelho Circulatório 5466 34,6 ** Outras formas de Doença do Coração 1061 19,4 * Doenças Cerebrovasculares 2411 44,1 * Demais 1994 36,5 * Cap. X - Doenças do Aparelho Respiratório 2424 15,3 ** Influenza e Pneumonia 1039 42,9 * Doenças crônicas das vias aéreas inferiores 838 34,6 * Demais 547 22,6 * TOTAL 15807 FONTE: Base de Dados Relacionados (SIM / SIH) (*) Percentual em relação ao Total do Capítulo (**) Percentual em relação ao Total Relacionado Quando observamos os principais grupos de causas informados no SIH como Diagnóstico Principal, para Neoplasias, Doenças do Aparelho Circulatório e Respiratório, apresentam como principais agrupamentos os mesmos observados no SIM (Tabela 6). O agrupamento das doenças bacterianas (88,2%) é o principal dentro do grupo das doenças Infecciosas. 11

Tabela 6 Frequencia absoluta (nº) e Percentual (%) de óbitos relacionados segundo Principais Causas informadas como Diagnóstico Principal (Capítulos / Agrupamento da CID 10ª) Estado do Rio de Janeiro - 2006 CAUSA/CAPÍTULO nº % Cap. I - Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias 1572 9,9 ** Doenças Infecciosas Intestinais 53 3,4 * Outras Doenças Bacterianas 1387 88,2 * Demais 132 8,4 * Cap. II Neoplasias 1632 10,3 ** Neoplasia Maligna dos Órgãos Digestivos 481 29,5 * Neoplasia Maligna dos Órgãos Respiratórios e Intratorácicos 211 12,9 * Demais 940 57,6 * Cap. IX - Doenças do Aparelho Circulatório 4690 29,7 ** Outras formas de Doença do Coração 1478 31,5 * Doenças Cerebrovasculares 1989 42,4 * Demais 1223 26,1 * Cap. X - Doenças do Aparelho Respiratório 3484 22,0 ** Influenza e Pneumonia 1331 38,2 * Outras Doenças do Aparelho Respiratório 1243 35,7 * Demais 910 26,1 * TOTAL 15801 FONTE: Base de Dados Relacionados (SIM / SIH) Retirados 6 registros do Total com causa no Cap. XV (Gravidez, Parto e Puerpério) (*) Percentual em relação ao Total do Capítulo (**) Percentual em relação ao Total Relacionado Entre as causas informadas como Diagnóstico Secundário, o Capítulo IX (Doenças do aparelho circulatório) tem como principal agrupamento as doenças hipertensivas (47,5%); a principal causa informada entre as doenças respiratórias (Capítulo X) encontra-se o agrupamento da influenza/pneumonia que contribui com o maior percentual de casos (48,0%) e no Capítulo XX (Causas Externas) os acidentes apresentam o maior percentual (63,2%) (Tabela 7). 12

Tabela 7 Frequencia absoluta (nº) e Percentual (%) de óbitos relacionados segundo Principais Causas informadas como Diagnóstico Secundário (Capítulos / Agrupamento da CID 10ª) Estado do Rio de Janeiro - 2006 CAUSA/CAPÍTULO nº Cap. IV - Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas 451 11,9 ** Diabetes Mellitus 235 52,1 * Disturbios Metabólicos 118 26,2 * Demais 98 21,7 * Cap. IX - Doenças do Aparelho Circulatório 779 20,6 ** Doenças Hipertensivas 370 47,5 * Doenças Cerebrovasculares 159 20,4 * Demais 250 32,1 * Cap. X - Doenças do Aparelho Respiratório 735 19,4 ** Influenza e Pneumonia 353 48,0 * Outras Doenças do Aparelho Respiratório 233 31,7 * Demais 149 20,3 * Cap. XX Causas Externas 456 12,0 ** Acidentes de Transporte 120 26,3 * Outras Causas Esternas de Lesões acidentais 288 63,2 * Demais 48 10,5 * NÃO PREENCHIDO 12017 76,0 *** TOTAL 15807 % FONTE: Base de Dados Relacionados (SIM / SIH) (*) Percentual em relação ao Total do Capítulo (**) Percentual em relação ao Total de Diagnósticos preenchidos no SIH N= 3790 (População de Estudo) (***) Percentual em relação ao Total Relacionado Entre a Causa Básica (SIM) e o Diagnóstico Principal (SIH) foi encontrada uma concordância regular de 47,9% a nível de Capítulos da CID (Tabela 8), já em relação ao Diagnóstico Secundário a concordância ruim, 11,0% (Tabela 9). 13

Tabela 8 Número de óbitos segundo Capítulos no SIM (CausaBásica) e SIH (Diagnósito Principal) Estado do Rio de Janeiro - 2006 Causa Básica (SIM) Diagnóstico Principal (SIH) I II III IV IX V VI VII X XI XII XIII XIV XIX XVII XVIII XX XXI Total I 252 6 6 69 93 3 6 0 127 50 7 6 27 9 0 34 0 1 698 II 175 1488 51 282 118 6 18 1 394 231 3 6 64 16 3 45 0 3 2904 III 15 1 29 20 23 3 2 0 31 8 1 0 7 2 0 4 0 0 146 IV 182 13 12 473 448 7 39 0 294 34 22 9 78 21 1 29 0 0 1662 IX 301 39 27 190 3320 30 217 0 893 69 26 19 112 68 8 140 0 5 5466 V 10 1 2 17 8 13 8 0 20 2 0 0 1 0 0 2 0 0 84 VI 32 6 3 19 23 6 41 0 82 5 1 1 8 2 0 3 0 0 232 VIII 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 X 284 19 10 128 374 16 35 0 1356 47 7 7 44 29 3 61 1 2 2424 XI 81 39 13 33 62 2 3 0 59 425 2 3 16 14 0 40 0 0 793 XII 39 0 6 12 18 0 1 0 15 4 8 2 0 0 0 4 0 0 109 XIII 8 0 1 0 4 1 1 0 10 1 1 7 4 3 0 2 0 0 43 XIV 139 11 7 40 118 2 8 0 113 24 1 1 145 6 1 17 0 1 634 XVII 0 0 0 0 3 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 5 XVIII 9 3 0 6 11 1 3 0 13 2 1 1 1 2 0 11 0 1 65 XX 44 6 4 19 67 1 9 0 77 12 7 4 8 270 1 10 0 1 540 Total 1572 1632 171 1308 4690 91 392 1 3484 915 87 66 515 443 17 402 1 14 15801 FONTE: Base de Dados Relacionados (SIM / SIH) Retirados 6 registros do Total com causa no Cap. XV (Gravidez, Parto e Puerpério) CID: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Capítulos da CID: I. D.Infecciosas e parasitárias; II. Neoplasias; III. D.Sangue e transtornos imunitários; IV. D.Endócrinas nutricionais e metabólicas; V. Transtornos mentais; VI. D.Sistema nervoso; VII. Doenças do olho; VIII. Doenças do ouvido; IX. D. aparelho circulatório; X. D.Aparelho respiratório; XI. Doenças do aparelho digestivo; XII. D.Pele tecido subcutâneo; XIII.D. Sistema osteomuscular e tecido conjuntivo; XIV. D. Aparelho geniturinário; XVII. Malformação congênita; XVIII. Mal Definidas; XX. Causas externas e XXI. Contato com Serviços de Saúde 14

Tabela 9 Número de óbitos por Capítulos da CID (Causa Básica - SIM) discordantes do Diagnóstico Principal (SIH), segundo Diagnósito Secundário (SIH)* Estado do Rio de Janeiro - 2006 Causa Básica (SIM) Diagnóstico Secundário (SIH) I II III IV IX V VI VIII X XI XII XIII XIV XIX XVIII XX XXI I 12 1 6 19 17 1 0 0 22 6 2 0 6 0 8 9 0 446 II 11 165 22 22 22 0 3 0 37 13 0 0 14 0 19 17 0 1416 III 0 0 9 5 4 0 0 0 4 1 0 0 2 0 2 2 0 117 IV 10 3 6 103 70 0 3 0 40 3 4 0 22 4 24 21 0 1189 IX 15 7 6 55 186 5 19 0 89 10 8 1 41 3 27 70 0 2146 V 0 0 0 4 1 2 2 0 3 1 1 0 1 0 1 0 0 71 VI 2 0 2 8 3 1 6 0 7 0 0 0 2 0 5 2 0 191 VIII 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 X 17 6 5 26 35 0 3 0 130 9 1 2 14 0 12 29 1 1068 XI 8 1 2 4 7 1 0 1 11 30 1 1 4 0 10 14 0 368 XII 1 0 1 6 5 0 1 0 4 1 2 0 0 0 1 0 0 101 XIII 0 0 1 2 2 0 0 0 2 0 0 2 0 0 1 4 0 36 XIV 10 1 6 19 21 1 0 0 20 2 2 1 42 0 6 6 0 489 XVII 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 5 XVIII 1 1 0 3 1 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 2 0 54 XX 2 1 1 3 6 0 1 0 8 3 2 1 2 9 2 274 0 540 Total 89 186 67 279 380 12 39 1 378 80 23 8 150 16 118 451 1 8239 Total FONTE: Base de Dados Relacionados (SIM / SIH) (*) Somente óbitos em que o Diagnóstico Secundário foi preenchido CID: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Capítulos da CID: I. D.Infecciosas e parasitárias; II. Neoplasias; III. D.Sangue e transtornos imunitários; IV. D.Endócrinas nutricionais e metabólicas; V. Transtornos mentais; VI. D.Sistema nervoso; VIII. Doenças do ouvido; IX. D. aparelho circulatório; X. D.Aparelho respiratório; XI. Doenças do aparelho digestivo; XII. D.Pele tecido subcutâneo; XIII.D. Sistema osteomuscular e tecido conjuntivo; XIV. D. Aparelho geniturinário; XVII. Malformação congênita; XVIII. Mal Definidas; XX. Causas externas e XXI. Contato com Serviços de Saúde Discussão A mortalidade em idosos internados em estabelecimentos do SUS no estado do Rio de Janeiro em 2006 apresentou maior frequência entre os homens e com idade inferior quando comparados às mulheres, em concordância com os resultados do estudo em Porto Alegre entre 1999 e 2004 (FREITAS, 2008). O perfil de mortalidade por causas em idosos no presente estudo se assemelhou ao encontrado em outros estudos de mortalidade de base populacional (MELLO JORGE, 2008, LIMA - COSTA et al, 2000). Fazem-se exceções as causas Mal Definidas que em nosso estudo ocuparam a 13 0 posição na frequência decrescente de óbitos ocorridos durante a internação e o quarto lugar no total de óbitos da base populacional do estado em 15

2007 (ABREU et al, 2010) podendo estar refletindo uma melhor certificação da causa de morte entre os óbitos hospitalares de idosos quando comparados aos da base populacional. Os resultados obtidos na população de estudo, mostraram que as três principais Causas Básicas de morte (SIM) e os três principais Diagnósticos Principais das internações que evoluíram para óbito (SIH), a nível de capítulo da CID-10, foram os mesmos, sendo o primeiro posto ocupado pelo Capítulo das Doenças do Aparelho Circulatório. Observou-se, entretanto, uma troca de postos referentes aos Capítulos das Neoplasias e das Doenças do Aparelho Respiratório: segundo e terceiro postos de causas de morte e o contrário como diagnóstico principal. Freitas (2008) apontou a presença de concordância entre as duas principais causas de morte e de diagnóstico principal, Doenças do Aparelho Circulatório e Neoplasias, em idosos de Porto Alegre. Quando se comparam os principais grupos (agrupamentos da CID10ª Revisão) dos três Capítulos de maior frequência de causa de morte e internação do presente estudo, observou-se que não existiam diferenças, para o Capítulo das Doenças do Aparelho Circulatório e as Neoplasias e para as Doenças do Aparelho Respiratório a Influenza e a Pneumonia tem a mesma importância. As concordâncias entre Causa Básica e Diagnóstico Principal e entre Causa Básica e Diagnóstico Secundário foram consideradas regular e ruim, respectivamente. A presença do Diagnóstico Secundário, apenas 24% neste estudo torna-se relevante para aplicação da metodologia proposta na qual para os casos de não concordância entre a Causa Básica de morte e o Diagnóstico Principal, buscar-se-á a concordância com o Diagnóstico Secundário. No estudo de Texeira et al (2006) a partir do relacionamento probabilístico dos bancos do SIM e de internações de uma amostra contemplando não restrita aos idosos, foi possível resgatar uma causa definida, a nível de capítulo da CID 10, entre 16,3% dos óbitos originalmente certificados como causas Mal Definidas. Para o estabelecimento de uma rotina para recuperar a Causa Básica de morte definida entre aqueles óbitos que tiveram certificado originalmente Causas Mal Definidas a partir dos diagnósticos de internação novas análises deverão ser realizadas. Uma etapa 16

subsequente necessária é a avaliação da concordância segundo capítulo da CID 10 e por grupamento de causas. Conclusão Considerando-se o aumento de idosos na população e a frequência de óbitos nessa faixa etária, a qualificação da cerificação das causas de morte na população idosa, torna-se imprescindível para maior confiabilidade das estatísticas de mortalidade e para subsidiar ações de saúde específicas para esse seguimento populacional. Para alcançar uma melhor qualidade das informações sobre mortalidade, principalmente em relação às causas de morte, ainda hoje, é preciso um maior investimento na formação médica no que diz respeito a certificação do óbito, desde a graduação do profissional no sentido de que ao conhecer a importância das informações contidas na Declaração de Óbito possam, também, se identificar como o elo inicial de todos os profissionais que atuam na elaboração das estatísticas de mortalidade. O desenvolvimento de métodos para recuperação das verdadeiras causas de morte, em geral são de alto custo e muito trabalhosos, o método aqui utilizado mostrou-se potencialmente efetivo e eficiente para os serviços onde são processados os dados de mortalidade, possibilitando a qualificação das informações e consequentemente indicadores de mortalidade mais fidedignos. 17

Referências Bibliográficas 1. ABREU, D.M.X; SAKURAI, E; CAMPOS L.N. A evolução da mortalidade por causas mal definidas na população idosa em quatro capitais brasileiras, 1996-2007. R. Bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 75-88, jan./jun. 2010. 2. CAMARGO JR, K; COELI C.M. RecLink: aplicativo para relacionamento de banco de dados implementando o método probabilístico record linkage. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 439 447. 2000. 3. CASCAO, A.M; COSTA, A.J.L; KALE, P.L. Qualidade da informação sobre mortalidade numa coorte de diabéticos - Estado do Rio de Janeiro, 2000 a 2003. Rev. Bras. Epidemiol., São Paulo, v. 15, n. 1, Mar. 2012. 4. CHAIMOWICZ, F. A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI: problemas, projeções e alternativas. Revista de Saúde Pública, 31(2): 184-200, São Paulo, 1997. 5. FREITAS, CN. Internações hospitalares de idosos pelo SUS em Porto Alegre. Monografia. Especialização em Saúde Pública, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008. 6. LIMA E COSTA, MF. GUERRA, HL, BARRETO, SM, GUIMARÃES, RM.Diagnóstico da Situação de Saúde da População Idosa Brasileira: um Estudo da Mortalidade e das Internações Hospitalares Públicas Informe Epidemiológico do SUS; 9(1) : 23-41, 2000. 7. MARTIN, G.B; CARDINI JUNIOR, L; BASTOS, Y.G.L. Aspectos demográficos do processo de envelhecimento populacional em cidade do sul do Brasil. Epidemiologia Serviço Saúde, 14(3): 151-158, 2005. 8. MELO, E.C.P; TRAVASSOS, C; CARVALHO, M.S. Qualidade dos dados sobre óbitos por infarto agudo do miocárdio, Rio de Janeiro. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v 38, n 3, p 385-391 - 2004. 9. MELLO JORGE, M.H.P; LAURENTI, R; LIMA-COSTA, M.F; GOTLIEB, S.L.D; CHIAVEGATTO FILHO, A.D.P. A mortalidade em idosos no Brasil: a questão das causas mal definidas. Epidemiologia Serviços Saúde, 17(4): 271-281 - 2008. 10. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. (OMS). Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 10ª Revisão. São Paulo: Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português/MS/USP/OPAS; 5ª ed.; Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1995. v I, II e III. 18

11. TEIXEIRA, C.L.S; BLOCK, K.V; PINHEIRO, R.S; KLEIN, C.H. Concordância entre as causas de óbito nas declarações de óbito e diagnósticos nas autorizações de internação hospitalar em regiões do Estado do Rio de Janeiro, em 1998, usando relacionamento probabilístico. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v 15, n 2, p 405-410 - 2006. 12. VASCONCELOS, A.M.N. Estatísticas de mortalidade por causas: uma avaliação da qualidade da informação. In: Anais do X Encontro Nacional de Estudos Populacionais [CD-ROM] 1996, Caxambú, Brasil. Caxambu: ABEP; 1996. v.1, p. 151-166. 19