Influência da qualidade do leite in natura sobre as características físicoquímicas do leite pasteurizado na indústria de laticínios do CEFET-Bambui.

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Transcrição:

Bambuí/MG - 2008 Influência da qualidade do leite in natura sobre as características físicoquímicas do leite pasteurizado na indústria de laticínios do CEFET-Bambui. Renato Nazaré ALVES (1); Sonia de Oliveira Duque PACIULLI (1); Gaby Patrícia Teran ORTIZ (1); Romilda Aparecida Bastos Monteiro de ARAUJO (1); Renison Vargas TELES (1); Leorges Moraes da FONSECA (2); Maria Silveira COSTA (1)* (1) Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí; (2) Universidade Federal de Minas Gerais. RESUMO O presente trabalho tem como objetivo fornecer informações sobre as características físico-químicas e microbiológicas do leite in natura beneficiado pelo laticínios do CEFET-Bambuí e sua influência na qualidade do leite pasteurizado, comparando os resultados obtidos com a legislação vigente. Foram obtidos leites de duas procedências: fonte A e B. Os resultados encontrados para as características físico-químicas do leite in natura e pasteurizado para duas fontes analisadas encontram-se em conformidade com os padrões estabelecidos pela legislação vigente. As médias obtidas para Acidez, EST, ESD e Proteínas das amostras de leite in natura para fonte A foram maiores (P<0,05) do que as da fonte B. Para os níveis de CCS e CBT, somente a fonte B encontra-se dentro do limite estabelecido pela legislação vigente para o parâmetro de CCS. Observa-se redução nos teores de proteína do leite tanto para a fonte A (P<0,05) quanto para a fonte B(P<0,05) quando o leite sofreu tratamento térmico. Palavras-chave: Qualidade do leite. CCS. CBT. Pasteurização 1. INTRODUÇÃO O leite é um alimento de grande valor nutritivo e de elevado consumo, sendo necessário um controle higiênico-sanitário em toda cadeia produtiva para manter suas características durante seu processamento e sua vida de prateleira. Do ponto de vista tecnológico, a qualidade da matéria prima é um dos maiores entraves ao desenvolvimento da indústria de laticínios do País. De maneira geral o controle de qualidade do leite é baseado nas determinações físico-químicas como acidez, crioscopia, densidade, gordura e sólidos totais (Muller, 2002). Entretanto, os padrões microbiológicos como a Contagem Bacteriana Total (CBT), Contagem de Células Somáticas (CCS) e psicrotróficos, são relevantes, pois afetam o processo e a qualidade do produto final. Em função disto, atualmente as empresas de do setor lácteo, pagam pela qualidade da matériaprima, principalmente em relação aos parâmetros relacionados à CCS e CBT. De acordo com Schälibaum (2001), além da presença de resíduos de antibióticos, há quatro formas que a alta CCS (Contagem de células Somáticas) pode afetar a qualidade do leite processado: alteração na composição do leite; alteração nas propriedades tecnológicas; impacto na qualidade de produtos derivados do leite e impacto econômico no processamento do leite. A importância do controle de qualidade como ferramenta de comercialização cresce à medida que os atributos dos produtos passam a ser afetados, a ponto de permitir a sua diferenciação por parte do consumidor de produtos como leite pasteurizado, queijos, iogurtes e bebidas lácteas. Esses atributos podem ser medidos pelo valor sensorial (sabor, aparência, odor, textura), pelo valor nutricional (composição) e pelo grau de segurança (qualidade microbiológica, presença de resíduos). Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo fornecer informações sobre as características físico-químicas e microbiológicas do leite in natura beneficiado pela indústria de laticínios do Centro Federal de Educação * mariacostabd@yahoo.com.br

Tecnológica de Bambuí (CEFET) e sua influência sobre a qualidade do leite pasteurizado, comparando os resultados obtidos com a legislação vigente. 2. DESENVOLVIMENTO O experimento foi realizado durante o período de Maio a Junho de 2008, na Indústria de Laticínios e no laboratório de Físico-Química do Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí. Para as análises de CCS e CBT as amostras foram enviadas para o Laboratório de Análise de Qualidade do Leite da Escola de Veterinária da UFMG (DTIPOA-EV-UFMG). Foram coletadas, na plataforma de recepção da Indústria de Laticínios do CEFET/Bambuí, trinta (30) amostras de 200 ml de leite in natura proveniente das fontes A e B. Alíquotas de aproximadamente 100 ml de leite cru foram coletadas e acondicionadas em frascos próprios para análise de CCS e CBT. O leite das fontes A e B foram submetidos á pasteurização rápida (75ºC/15 seg), resfriado e envasado. Foram coletadas quinze (15) amostras da fonte A e quinze (15) amostras da fonte B em embalagens de 1000 ml (figura 1) e armazenadas sob refrigeração. Em todas as amostras foram realizadas análises de composição - Acidez Titulável, ph, Teor de Gordura, Densidade, Nitrogênio Total (NT), Proteína Bruta (PB) e Lactose. As análises foram determinadas segundo metodologia descrita por SILVA (1997). Nas amostras de leite pasteurizado também foram realizadas analises de fosfatase e peroxidase. Figura 1: Amostras de leite pasteurizado. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, no qual se considerou as fontes A e B como blocos. Os tratamentos considerados foram constituídos do leite cru e pasteurizado. Realizou-se um número de repetições igual a 15 para cada tratamento (n=15). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Caracterização físico-química e análises de CCS e CBT do leite in natura Os resultados obtidos para leite in natura para fonte A e B, quanto sua caracterização físicoquímica e microbiológica estão apresentados na tabela 1. Tabela 1: Resultados dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos do leite in natura coletado na plataforma de recepção da Unidade de Beneficiamento de Leite do CEFET-BÍ. FONTE A* B* Acidez (ºD) 16,66a ± 0,14 15,80b ± 0,20 ph 6,91a ± 0,05 6,97a ± 0,05 Gordura (%) 3,50a ± 0,10 3,32a ± 0,10 EST (%) 12,58a ± 0,21 11,75b ± 0,15 ESD (%) 8,67a ± 0,06 8,42b ± 0,06 Densidade (g/ml) 30,54a ± 0,42 30,16a ± 0,19 Proteína (%) 3,42a ± 0,08 3,06b ± 0,08 Lactose (%) 4,44a ± 0,30 4,42a ± 0,14 CCS (log x 1000) 2,97a ± 0,085 2,70b ± 0,085 CBT (log x 1000) 2,96a ± 0,18 2,92a ± 0,18 *Resultados relativos à media, desvio padrão de 15 repetições analisados em duplicata para cada leite. Na linha, médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste Tukey a 5%.

Os resultados encontrados para as características físico-químicas das duas fontes se encontram em conformidade com os padrões estabelecidos pela legislação vigente (BRASIL, 2002). As médias obtidas para Acidez, EST, ESD e Proteínas e nos níveis de CCS das amostras de leite da fonte A foram maiores (P<0,05) de que as encontradas para a fonte B. Segundo Santos e Fonseca (2007) a elevação da CCS no leite (acima de 200.000 cel/ml) indica a ocorrência de mastite. A qual reduz a quantidade de leite produzido pelo animal e causa redução na concentração dos componentes nobres do leite (gordura, caseína e lactose), assim como o aumento das concentrações de sódio, cloro e proteínas do soro. Schutz et al (1990) que observaram interações negativas entre os níveis de gordura e a produção de leite. Lima et al (2006), também verificou um aumento nos teores de gordura à medida que a CCS aumentava, considerando médias até 750.000 células/ml. Concordando com os dados obtidos neste estudo. Em animais com elevados índices de CCS ocorre aumento das proteínas de origem do sangue e concomitante redução na concentração de caseína do leite. Resultando assim em alterações mínimas na concentração de proteína total do leite (SANTOS E FONSECA, 2007). Pela análise dos resultados apresentados na tabela 1 em relação aos níveis de CCS e CBT, somente a fonte B se encontra dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente (BRASIL, 2002) para os níveis de CCS. Estes resultados refletem em sua maioria baixos níveis de higiene durante a ordenha, instalações precárias, manejo inadequado, ausência de controle de qualidade da água entre outros fatores (ANTUNES et al., 2002). 3.2 Comparação das características físicoquímicas do leite in natura em relação ao pasteurizado Os resultados demonstram que após a pasteurização ocorreram alterações nos valores dos parâmetros analisados (tabelas 2 e 3) e estes não apresentam diferenças significativas pelo teste Tukey a 5%, com exceção para os teores de proteína e EST. Os dados obtidos para leite pasteurizado se encontram em conformidade com os padrões estabelecidos pela legislação vigente (BRASIL, 2002). Com relação às provas enzimáticas de fosfatase e peroxidase, os resultados mostram que a pasteurização foi eficiente. Dentro dos parâmetros de qualidade, a proteína do leite é uma das mais importantes, principalmente para a indústria, em decorrência de sua relação com o rendimento industrial. Tabela 2: Resultados das médias das análises físico-químicas do leite in natura e pasteurizado coletado na Unidade de Beneficiamento de Leite do CEFET-BÍ. IN NATURA * FONTE A PASTEURIZADO* Acidez (ºD) 16,66a ± 0,14 16,50a ± 0,80 ph 6,91a ± 0,05 6,87a ± 0,08 Gordura (%) 3,50a ± 0,10 3,45a ± 0,40 EST (%) 12,58a ± 0,21 12,24b ± 0,24 ESD (%) 8,67a ± 0,06 8,69a ± 0,09 Densidade (g/ml) 30,54a ± 0,42 31,27a ± 0,03 Proteína (%) 3,42a ± 0,08 2,92b ± 0,30 Lactose (%) 4,44a ± 0,30 4,55a ± 0,17 Fosfatase (+) (-) Peroxidase (+) (+) *Resultados relativos à media, desvio padrão de 15 repetições analisados em duplicata para cada leite. Na linha, médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste Tukey a 5%.

Embora a quantidade de proteína seja importante para o rendimento industrial, existe também uma preocupação com a qualidade de proteína presente no leite. Observa-se redução nos teores de proteína do leite tanto para a fonte A (P<0,05) quanto para a fonte B(P<0,05) quando o leite sofre tratamento térmico. Estes resultados podem indicar uma ligação direta entre perdas por incrustação e desnaturação de proteínas em trocadores de calor e tubulações, quando o leite de má qualidade é aquecido termicamente. Á medida que a CCS no leite aumenta, ocorre elevação no teor de enzimas, como plasmina e outras proteases oriundas do sangue ou produzidas pelas células de defesa vaca, que hidrolisam porções da caseína podendo deixá-la instável ao aquecimento (PHILPOT, 1998). Além disso, fatores nutricionais correlacionados à época do ano, principalmente nos meses de Março a Agosto geram aumento da incidência de proteína instável (FISCHER et al., 2004). Estes fatores indicam que além da perda do valor nutricional, a matéria prima de má qualidade, gera aumento nos custos da indústria, devido à formação de incrustações nas superfícies dos trocadores de calor, no comprometimento do desempenho térmico, sobrecarga de bombas e aumento da freqüência de limpeza dos equipamentos. Tabela 3: Resultados das médias das análises físico-químicas do leite in natura e pasteurizado coletado na Unidade de Beneficiamento de Leite do CEFET-BÍ. IN NATURA * FONTE B PASTEURIZADO* Acidez (ºD) 15,80b ± 0,20 15,66a ± 0,20 ph 6,97a ± 0,05 6,95a ± 1,00 Gordura (%) 3,32a ± 0,10 3,26a ± 0,10 EST (%) 11,75a ± 0,15 11,69a ± 0,30 ESD (%) 8,42a ± 0,06 8,42a ± 0,40 Densidade (g/ml) 30,16a ± 0,19 30,28a ± 2,70 Proteína (%) 3,06a ± 0,08 2,95b ± 0,10 Lactose (%) 4,42a ± 0,14 4,38a ± 0,20 Fosfatase (+) (-) Peroxidase (+) (+) *Resultados relativos à media, desvio padrão de 15 repetições analisados em duplicata para cada leite. Na linha, médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste Tukey a 5%. 4. CONCLUSÃO Os resultados permitiram verificar que os valores médios da composição físico-químicas do leite in natura e pasteurizado se encontram dentro dos padrões estabelecidos pela legislação. Entretanto, para o parâmetro de CBT as duas fontes se encontram em desacordo com os padrões permitidos pela legislação vigente. Em relação a CCS somente a fonte A atende as exigências legais. Durante o aquecimento, ocorreram perdas dos principais constituintes do leite (EST, Gordura e Proteína). Estes resultados indicam necessidade de medidas que permitam obtenção de leite de melhor qualidade para a indústria e por conseqüência para o consumidor. AGRADECIMENTOS Ao laboratório de Análise de qualidade do leite da Escola de Veterinária da UFMG (LAB-UFMG) por ter possibilitado a realização de análises e ao CEFET-Bambui pelo consentimento da bolsa de Estudos PIBIT.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES. V.C.; SUQUEIRA. JUNIOR. W.M.; VALENTE. P.P.; BARROS. A.P.; et al. Contagem total de microrganismos mesófilos e de psicrotróficos no leite cru e pasteurizado, transportado via latão ou granelizado. Revista do Instituto de Laticínios Candido Tostes. V.57. n.327. p.198-202. 2002. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº51 de 18 de setembro de 2002. Brasília, DF: MAPA, 2002. BRITO, J.R.F; DIAS, J.C. A Qualidade do Leite. Juiz de Fora: EMBRAPA/São Paulo: TORTUGA, 1998. 88p. FISHER, V.; MARQUES, L.T.; ZANELA, M.B.; Ocorrência e caracterização do leite instable não ácido e sua variação entre os meses na região do Rio Grande do Sul. In: ANAIS DA XXXXI REUNIDO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., Campo Grande, MS. 2004. CD-ROM. LIMA, L.L; CASTRO, J.F.;OLIVEIRA, A.M.G.;FONSECA, L.M. da. Avaliação do leite cru produzido na Zona da Mata, Minas Gerais, e captado por estabelecimentos sob inspeção estadual.in: 2º CONGRESSO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO LEITE. 26-27, out. 2006, Goiânia(GO). MULLER, E.E. Qualidade do leite, células somáticas e prevenção da mastite. In: ANAIS DO II SUL LEITE: SIMPÓSIO SOBRE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA LEITEIRA NA REGIÃO SUL DO BRASIL. Maringá: UEM/CCA/DZO NUPEL. 2002. 212p. PHILPOT. W.N. Programas de qualidade do leite no mundo. SIMPOSIO INTERNACIONAL SOBRE QUALIDADE DO LEITE. 1998. Curitiba. Anais, 1998. p.16. SANTOS, M.V. dos; FONSECA, L.F.L. da. Estratégias para controle de Mastite e melhoria da qualidade do leite. Barueri. SP: Manole. 2007. 314p. SCHALIBAUM, M. Impact of CCS on the quality of fluid milk and cheese.national mastitis Council-Annual Meeting Procedings.p.38-46, 2001. SILVA, H.F.da. Físico-Química de Leite e Derivados: Métodos Analíticos. Juiz de Fora: Gráfica e Editora Ltda, 1997. 190p.