Tributos Federais e as Administrações Tributárias Municipais Henrique Jorge Freitas da Silva
Arrecadação Carga Tributária Bruta 2014 e 2015 (R$ bilhões) Componentes 2014 2015 PIB 5.687,31 5.904,33 Arrecadação Tributária Bruta 1.843,86 1.928,18 Carga Tributária Bruta 32,42% 32,66% Arrecadação Federal RFB 95% PGFN 2% MT 3% Arrecadação por Ente Federativo (R$ milhões) Ente 2014 2015 União 1.260.983,20 68,39% 1.316.190,50 68,26% Estados 468.319,34 25,40% 489.103,22 25,37% Municípios 114.557,95 6,21% 122.889,13 6,37% Total 1.843.860,49 100,00% 1.928.182,85 100,00% Fonte: Estudos Tributários - Carga Tributária no Brasil 2015 (Análise por Tributo e Bases de Incidência) Receita Federal CETAD Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros (setembro 2016)
Desde a Constituição de 1891, o Brasil optou pelo modelo de República Federativa. Ao longo de toda a história republicana, a autonomia, em especial a financeira, não foi de fato alcançada pelos entes federados (Estados, Municípios e o Distrito Federal). Diversos foram os governos, porém todos de cunho centralizador. De modo especial os governos de Getúlio Vargas (1937) e, posteriormente, os governos militares.
Somente com o advento da Constituição de 1988, os governos estaduais e municipais passaram a vislumbrar a tão sonhada autonomia financeira, pressuposto basilar do princípio federativo. Apesar de toda força normativa (no sentido material) trazida pela nova Constituição em relação ao princípio federativo, o que notamos, mais uma vez, é a continuidade de governos federais centralizadores.
O sistema tributário é fator determinante na definição da autonomia federativa. Os Estados e Municípios têm sido atingidos nos últimos anos pelas alterações conduzidas pelo Governo Federal na instituição e arrecadação de tributos, alterando o percentual da repartição das receitas tributárias.
Na definição dos percentuais de receitas a serem repartidas pela União com os Estados, Municípios e Distrito Federal, quando da constituinte de 1988, os integrantes da Assembléia Constituinte não chegaram a estes percentuais ao acaso, tomaram como referência a arrecadação de cada um destes impostos à época.
As mais importantes participações dos Estados, Distrito Federal e Municípios na arrecadação federal, previstas na Carta Magna, são: 47% da arrecadação do imposto de renda e do imposto sobre produtos industrializados, Artigo 159, Inciso I; 10% da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, Art. 159, Inciso II, e 29% da arrecadação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE/Combustível), Art.159, Inciso III.
Analisando as informações referentes à arrecadação de impostos e contribuições administrados pela Receita Federal, verificamos, no gráfico a seguir, que no ano de 1988 o valor arrecadado do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados, base da arrecadação federal a ser repartida com Estados, Municípios e Distrito Federal, representou 83% do total arrecadado, enquanto que a arrecadação das contribuições sociais representou apenas 9% desse valor.
Arrecada 玢 o dos tributos administrados pela Receita Federal - 1988 4% 9% 5% 27% II IPI IR IOF 55% CONTRIBUI 钦 ES
Após a promulgação da Constituição de 1988, tendo em vista a nova repartição das receitas tributárias, ao longo dos últimos quinze anos, o Governo Federal privilegiou a criação de novas contribuições sociais (Cofins, CPMF, Cide) e o aumento de alíquotas de contribuições já existentes à época (Pis e Finsocial), em detrimento do aperfeiçoamento da legislação, buscando um aumento de arrecadação dos tributos não sujeitos às regras estabelecidas pela Carta Política para repartição com os demais entes federados.
A política tributária adotada contribuiu para uma diminuição do percentual da arrecadação federal repartida com Estados, Municípios e Distrito Federal, visto que a participação da arrecadação do imposto de renda e do imposto sobre produtos industrializados no total da arrecadação dos tributos administrados pela Receita Federal caiu.
Verifica-se que a política tributária e fiscal adotada pelo Governo Federal, após a Constituição de 1988, reduziu praticamente à metade o percentual de recursos da arrecadação federal destinado aos Estados, Municípios e Distrito Federal, contrariando os fins previstos pelo constituinte em fortalecer essas pessoas políticas e garantir a efetividade do Estado federativo.
Essa drástica redução da participação dos demais entes federados no montante arrecadado pela União faz com que, para cumprir suas obrigações constitucionais, passem a depender de repasses voluntários, comprometendo, sobremaneira, a autonomia financeira desses entes menores, interferindo, por um outro viés, na autonomia das ordens políticas parciais, isto é, no pacto federativo. Isso ocorre com a maioria dos municípios brasileiros que sobrevivem, basicamente, das transferências constitucionais.
Sendo assim, a fim de implementar suas políticas públicas, dependem de convênios com outros níveis de governo, o que os submete aos caprichos políticos dos governantes de plantão, tornando imperativo a necessidade de arrecadar os tributos de sua competência, com fortalecimento das suas administração tributárias.
Possibilidades de aumento de arrecadação nos Municípios, de acordo com a legislação atual: 1 ITR Fazendo convênio para assumir a fiscalização, o Município passa a ficar com 100% da arrecadação, contra 50%. 2 Simples Nacional Fiscalização compartilhada entre os três entes (União, Estados e Município) 3 Convênio com a Receita Federal para troca de informações
Sonegação valores 2015 Indicador de Sonegação Estimado 23,2% Sonegação Estimada (R$ Milhões) 452.858 % PIB 7,7% Fonte: Sonegação no Brasil Uma Estimativa do Desvio da Arrecadação do Exercício de 2015 Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional - SINPROFAZ (junho 2016)
Sonegação X Reforma Tributária A grande dificuldade de implementação de uma reforma tributária justa, em um ambiente de crise econômica, esbarra nos objetivo dos envolvidos. Os Governos, Federal, Estaduais e Municipais querem aumentar sua arrecadação e os contribuintes pagar menos tributo, a conta não fecha. Como demonstramos anteriormente, somente com a sonegação deixa-se de arrecadar mais de 400 bilhões de reais por ano, não existindo estudos que mensure a perda com a elisão, nos fatos sem justificativa econômica.
Sonegação X Reforma Tributária Portanto, só com o fortalecimento do Fisco, fornecendo instrumentos e prerrogativas adequadas ao atingimento dos seus objetivos, principalmente de reduzir a sonegação, aumentando a base contributiva e permitindo uma redução individual e geral da carga tributária, será possível fazer uma reforma tributária justa. Termo como sanha arrecadadora, bem como outros assemelhados, dirigidos ao Fisco, não correspondem a verdade, quando analisamos de forma isenta o processo administrativo fiscal no Brasil.
Principais Pontos (Dep. Hauly) - ISS, ICMS, IPI, PIS, Cofins e Salário-Educação serão extintos e será criado um IVA e um Imposto Seletivo monofásico; - Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido serão fundidos em um imposto único; IPTU, ITR, IPVA, ITCMD e ITBI serão mantidos, mas com uniformização de alíquotas; - O INSS do segurado e do empregador (ou equiparado) terão sua alíquotas reduzidas, em decorrência da transformação do IOF em COMFINS (contribuição social sobre operações e movimentações financeiras); - A Receita Federal ficaria com a administração do imposto de renda, imposto seletivo monofásico, contribuições previdenciárias e a COMFINS;
Principais Pontos (Dep. Hauly) - Seria criada uma Super Secretaria dos Estados para administrar o novo IVA, com legislação nacional, com tributação no destino e alíquotas por fora; - A carga tributária seria mantida nos níveis atuais, com partilha mantida nos primeiros 05 anos. O novo critério de partilha, a partir do sexto ano, vigoraria por 15 ou 20 anos; Os Fundos Regionais seriam mantidos.
FIM