Ciências da Saúde DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS EDUCATIVAS NO CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOZES: VIVÊNCIA DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM

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Transcrição:

Ciências da Saúde DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS EDUCATIVAS NO CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOZES: VIVÊNCIA DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM Maria Adelane Monteiro da Silva 1 Mayara Nascimento de Vasconcelos 2 Raimundo Vieira Neto 3 RESUMO Trata-se de um relato de experiência realizada nos meses de agosto e setembro no ano de 2013. Durante essa vivência acadêmica tivemos a oportunidade de estudar sobre várias zoonoses, entre as quais enfatizamos a raiva humana. A partir da análise das fichas de notificação da doença oriundas nas unidades de saúde, verificou-se que as mesmas não eram preenchidas corretamente, e que muitas vacinas antirrábicas eram aplicadas desnecessariamente. Diante disso foi constatada a necessidade de promover ações de educação em saúde com os profissionais da atenção básica quanto à assistência e prevenção dessa doença, a partir do desenvolvimento de tecnologias educativas. Foram desenvolvidas duas tecnologias, que se classificam como leve-dura: o manual Profilaxia e notificação do atendimento antirrábico e o banner Profilaxia da raiva humana, para utilizá-los nas práticas educativas dos profissionais de saúde de todas as unidades de saúde do município. As tecnologias desenvolvidas foram consideradas fundamentais para o serviço de saúde da cidade de Sobral. Palavras-chave: Educação em Saúde. Tecnologia. Enfermagem. 1 Doutora em Enfermagem. Docente do curso de Enfermagem UVA. Sobral-CE. Email: adelanemonteiro@hotmail.com. 2 Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú e Bolsista PIBITI/CNPq. Sobral-CE. 3 Médico veterinário. Coordenador do Centro de Controle de Zoonoses de Sobral- Ce. Essentia, Sobral, vol. 15, n 2, p. 59-65, dez. 2013/maio 2014 59

1 INTRODUÇÃO O Brasil enfrenta atualmente inúmeros problemas de saúde pública; entre eles pode-se citar a raiva humana (RH), que é evidente em países em desenvolvimento, devido à urbanização crescente e desordenada da população e à existência de grandes áreas silvestres e rurais. Assim, a RH acomete populações em áreas menos desenvolvidas em razão dos altos custos de assistência, decorrentes das medidas de controle e de sempre evoluir para a morte. (JESUS; GOMES, 2012). Apesar do convívio quase sempre pacífico entre os seres humanos e o cão, a agressividade canina manifesta-se contra as pessoas muitas vezes influenciada por hábitos culturais ou pelo desconhecimento das bases sociológicas de convivência entre espécies, provocando distúrbios de comportamento. (HENKINS, 202). É importante destacar que os casos de raiva não surgem apenas por agressão canina ou felina, mas também por morcegos, herbívoros e outros animais silvestres. Por isso, existem unidades de saúde pública que têm como atribuição fundamental prevenir e controlar as zoonoses; tais unidades são conhecidas como Centros de Controle de Zoonoses (CCZ). A raiva constitui um importante problema de saúde pública; assim sendo, os CCZ, juntamente com outros serviços de saúde, procuram desenvolver sistemas de vigilância sanitária e epidemiológica no combate à doença. A enfermagem tem na ação educativa um de seus principais eixos norteadores, e esta ação se concretiza nos vários espaços de realização das práticas de enfermagem em geral e especialmente no campo da saúde pública, seja ela desenvolvida em comunidades, serviços de saúde vinculados à atenção básica, escolas, creches, e outros locais. (ACIOLI, 2008). Os profissionais de enfermagem possuem papel imprescindível no que se refere ao combate à raiva, uma vez que os mesmos devem ser capacitados para promover a prevenção da doença, assim como prestar um adequado atendimento e tratamento profilático ao paciente 60 Essentia, Sobral, vol. 15, n 2, p. 59-65, dez. 2013/maio 2014

agredido. Por este motivo, as tecnologias educativas desenvolvidas no período de nossas vivências acadêmicas no CCZ assumem grande importância, considerando que as mesmas são necessárias para subsidiar as ações que serão realizadas nas unidades de atenção básica de saúde com a finalidade de favorecer o aprendizado dos profissionais e a conscientização dos usuários. 2 METODOLOGIA Trata-se de um relato da vivência de um acadêmico de enfermagem no Módulo de Internato II e TCC II no CC, período no qual foram planejadas e desenvolvidas tecnologias educativas para a promoção de educação em saúde. Este tipo de informe é a descrição mais informal e sem o rigor exigido na apresentação de resultados de pesquisa, que dá, muitas vezes, mais vida e significado para leitura do que se fosse um texto analítico.(medeiros, 1997). O estudo efetuou-se no CCZ de Sobral-CE nos meses de agosto e setembro no ano de 2013. Durante essa vivência acadêmica tivemos a oportunidade, juntamente com nosso preceptor de estágio, de estudar sobre várias zoonoses, entre as quais enfatizamos a RH. A partir da análise das fichas de notificação da doença oriundas nas unidades de saúde, verificamos que as mesmas não eram preenchidas corretamente, e que muitas vacinações antirrábicas eram aplicadas desnecessariamente. Diante disso, identificamos a necessidade de promover ações de educação em saúde com os profissionais da atenção básica, quanto à assistência e prevenção dessa doença, por meio do desenvolvimento de tecnologias educativas. A tecnologia está presente em todas as etapas de cuidado de enfermagem, sendo considerada ao mesmo tempo processo e produto. Além disso, a mesma se faz presente na forma como se estabelecem as relações entre os agentes e no modo como se dá o cuidado em saúde, sendo este compreendido como um trabalho vivo em ato.(rocha, 2008). Compreende-se tecnologia como um conjunto de saberes e fazeres relacionado a produtos e materiais que definem terapêuticas e Essentia, Sobral, vol. 15, n 2, p. 59-65, dez. 2013/maio 2014 61

processos de trabalho e se constituem em instrumentos para realizar ações na produção da saúde.( NIETSCHE, 2000). Os tipos de tecnologia das quais os profissionais podem valerse são: tecnologia dura, quando se utiliza instrumentos, normas e equipamentos tecnológicos; tecnologia leve-dura, quando se lança mão de saberes estruturados (teorias, modelos de cuidado, processo de enfermagem); e tecnologias leves, nas quais se visualiza claramente que a implementação do cuidado requer o estabelecimento de relações (vínculo, gestão de serviços e acolhimento). MERHY, 2002). Portanto, as tecnologias que foram desenvolvidas nesse contexto se classificam como leve-dura, uma vez que construímos um manual e um banner, no intuito de utilizá-los nas práticas educativas com os profissionais de saúde de todas as unidades de saúde do município. 3 RESULTADOS Durante os estágios acadêmicos realizados no CCZ de Sobral- CE, iniciamos um período de pesquisas sobre diversas zoonoses, entre as quais enfatizamos a RH. Ali tivemos acesso a fichas de notificação da doença que eram oriundas das unidades de saúde, verificando-se que a maioria dessas fichas era preenchida incorretamente, dificultando a geração dos dados de notificação da zoonose. Outro problema relatado pelo coordenador do CCZ foi o número de vacinas antirrábicas utilizadas nas unidades de saúde sem necessidade. Diante da situação exposta pelo coordenador do CCZ, decidimos, com o auxilio do mesmo, estudar alguma maneira para capacitar os profissionais inseridos na atenção básica quanto ao atendimento antirrábico. Depois de algumas discussões, resolvemos elaborar dois materiais que poderiam ser implementados nas unidades básicas de saúde a partir de uma educação em saúde. Foram elaborados dois materiais (manual e banner), com o auxílio da Secretaria de Saúde município, sendo o primeiro intitulado Profilaxia e Notificação do Atendimento Antirrábico, e o segundo intitulado Profilaxia da Raiva Humana. 62 Essentia, Sobral, vol. 15, n 2, p. 59-65, dez. 2013/maio 2014

O manual apresenta como conteúdos a definição da raiva, as formas de transmissão dessa antropozoonose, as formas de prevenção (pré e pós-exposição) e a profilaxia. Por fim, apresenta uma orientação acerca do preenchimento da ficha de notificação para o atendimento antirrábico humano. O banner tem como tema a profilaxia da raiva humana, apresentando o esquema para profilaxia da raiva humana com vacina de cultivo celular, esquema para tratamento profilático antirrábico humano pós-exposição e as formas de prevenção préexposição. Para um melhor direcionamento de nosso trabalho, o coordenador do CCZ entrou em contato com os tutores responsáveis pelas unidades básicas de saúde existentes nos bairros da cidade para apresentar a nossa proposta de trabalho. Após alguns dias tivemos oportunidade de ter dois encontros com os tutores na Escola de Saúde Visconde de Sabóia; o primeiro foi mais um diálogo sobre a nossa proposta e discutimos também a melhor forma como essa educação com os profissionais poderia ser realizada. Nessa ocasião, todos os tutores presentes solicitaram um novo momento em que deveríamos abordar os materiais elaborados, explicando os seus conteúdos e qual aplicabilidade deles nos serviços de saúde. No segundo encontro, visto como o processo de validação das tecnologias, apresentamos a finalidade dos materiais elaborados, explicamos todos os conteúdos, provocando uma discussão entre todos os presentes com relação à alta prevalência de zoonoses e diversas doenças que atingem os seres humanos por causa de animais domésticos que não recebem o cuidado adequado. Os tutores apoiaram a ideia e enfatizaram a necessidade de os profissionais inseridos na Estratégia Saúde da Família educarem seus pacientes quanto à necessidade de cuidar adequadamente de seus animais domésticos. 4 CONCLUSÃO Sabendo-se da importância do CCZ como unidade de saúde pública, conclui-se que é necessária a vivência dentro desse serviço Essentia, Sobral, vol. 15, n 2, p. 59-65, dez. 2013/maio 2014 63

para conhecimento e aprimoramento de competências dos futuros profissionais de enfermagem.. DEVELOPMENT OF EDUCATIONAL TECHNOLOGIES IN THE ZOONOZIS CONTROL CENTER: EXPERIENCE OF NURSING SCHOLARS ABSTRACT It is an experience report that was developed during the months of August and September in 2013. During this academic experience we had the opportunity to study about various zoonosis, with emphasis on the human rabies. From the analysis of the form notification of the disease in the health units, we checked that they were not filled correctly, and that many rabies vaccines were applied unnecessarily. Thus was checked the need to promoting health education actions with health primary care professionals by developing of educational technologies. Two technologies have been developed: the Manual titled Prophylaxis and Notification of Treatment Antirabic and a banner titled Prophylaxis of the Human Rabies in order to be implemented as educational practices with health professionals from all health units of Sobral-Ce. At the end, the technologies were considered fundamental to the health service of the city of Sobral. KEWORDS: Health Education. Technology. Nursing. REFERÊNCIAS ACIOLI, S. A prática educativa como expressão do cuidado em Saúde Pública. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 61, n.1, p. 117-121, jan.-fev. 2008. ENKINS, S.R. et al. Compendium of animal rabies prevention and control. Journal of American Veterinary Medical Association, v.221, n.1, p.44-48, 2002. JESUS, A.G; GOMES, H. Raiva humana: Transmissão a humanos por cães e gatos no município de Balsas-MA. Revista Científica da Faculdade de Balsas, ano 3, n.1, 2012. 64 Essentia, Sobral, vol. 15, n 2, p. 59-65, dez. 2013/maio 2014

MEDEIROS, J.B. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997. MERHY, E.E. Em busca de ferramentas analisadoras das Tecnologias em Saúde: a informação e o dia a dia de um serviço, interrogando e gerindo trabalho em saúde. In: MERHY, E.E.; ONOKO, R. (organizadores). Agir em saúde: um desafio para o público. 2. ed. São Paulo: Hucitec; 2002. p. 113-150. NIETSCHE, E.A. Tecnologia emancipatória: possibilidade para a práxis de enfermagem. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2000. ROCHA, P.K.; PRADO, M.L.; WAL, M.L., CARRARO, T.E. Cuidado e tecnologia: aproximações através do Modelo do Cuidado. Rev. Bras. Enferm., Brasilia, v. 61, n.1, p. 117-121, jan.-fev. 2008. Essentia, Sobral, vol. 15, n 2, p. 59-65, dez. 2013/maio 2014 65