REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE TRANSGÊNICOS: IDENTIFICANDO O NÚCLEO CENTRAL Resumo Matheus de Almeida Carvalho 1 UEPA Sinaida Maria Vasconcelos de Castro 2 UEPA/CESUPA Amylla Cysne Nogueira 3 - UNAMA Grupo de Trabalho: Comunicação e Tecnologia Agencia Financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Intensos debates têm enfatizado a importância do processo de popularização da ciência. Assim utilizando como base a Teoria das Representações Sociais e principalmente a Teoria do Núcleo Central (ABRIC, 1998) a qual afirma que a Representação Social é composta por sistemas de maior e menor estabilidade, foi realizado o estudo aqui apresentado, em que se buscou identificar o Núcleo Central da representação social de transgênicos entre os bolsistas e estagiários do Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPP). O CCPP constituí um espaço de educação não-formal, que atende estudantes da educação básica ao ensino superior, bem como o público em geral, desenvolvendo ações educativas, com o foco voltado para popularização do conhecimento científico. Participaram do estudo 131 estudantes de ensino médio e diversos cursos de graduação. Para obtenção de dados todos os alunos participaram de cinco etapas do processo: 1. Aplicação do Questionário I; 2. Realização de uma ação educativa, constituída por uma apresentação da temática associada ao jogo Trilha Transgênica; 3. Ação educativa através de uma pequena palestra sobre Transgênicos e a situação dos mesmos no Brasil; 4. Dinâmica educativa por meio do jogo Monte seu transgênico; 5. Aplicação do Questionário II. Para análise dos dados coletados foi aplicada a técnica da análise do conteúdo (BARDIN, 1979) aos dados coletados na primeira questão e para a segunda parte da segunda questão (significados) do questionário respondido pelos participantes.ao concluir as analises percebemos, através dos três elementos de maior frequência nos dados da pesquisa (Alimentos, Modificação e Genética), que a Representação Social dos sujeitos está fortemente associada a alimentos modificados geneticamente, revelando uma parcial aproximação dos conceitos postulados cientificamente. 1 Graduando em Ciências Naturais com habilitação em Biologia UEPA. Bolsista PIBIC - CNPq 2 Doutora em Educação PUC - Rio. Professora Adjunta da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Professora do Centro Universitário do Estado do Pará. Líder do Grupo de Pesquisa Ciência, Tecnologia, Meio ambiente e educação não-formal. E-mail: sinaida@uepa.br 3 Graduada em Ciências Naturais com habilitação em Biologia- UEPA. Graduanda em Nutrição - UNAMA ISSN 2176-1396
32030 Palavras-chave: Transgênicos. Representação Social. Núcleo Central. Popularização da Ciência. Introdução As últimas décadas do século XX e esse início do século XXI têm se caracterizado pelos grandes avanços científicos sejam médicos, biológicos ou tecnológicos. A incorporação de tais avanços ao cotidiano da população em geral, vem sendo tema de debate entre a comunidade acadêmica, no que se refere ao processo de apropriação e consequente capacidade de tomada de decisão de forma consciente e crítica acerca do processo de produção e emprego desses recursos. Assim, é possível inferir que temas como Transgenia não estão completamente distantes da população. Por isso, quando nos referimos aos transgênicos, prevemos que não seja o primeiro contato com tal informação. O vocábulo não é incomum, mas, qual o domínio conceitual que os indivíduos têm a respeito de transgênicos? Qual a fonte de informação desses conceitos acumulados? De que maneira esse conhecimento subsidia uma tomada de decisão acerca da produção e uso dos transgênicos? A produção de organismos transgênicos pode ser caracterizada brevemente como a troca de material genético em organismos que não pertençam necessariamente à mesma espécie. A partir do esclarecimento conceitual de transgenia, percebemos a divisão dos cientistas adotando dois lados antagônicos - em defensores e críticos, à produção de transgênicos. Posicionam-se em busca da defesa das vantagens e desvantagens, consequências positivas e negativas de inserção de alimentos transgênicos a nutrição das populações, dentre outros argumentos visando esclarecer tal temática. Tais debates têm enfatizado a importância do processo de popularização da ciência. O processo de popularização de ciência tem sido oportunizado, também, a partir dos espaços de educação não-formal, por diversos motivos. Dentre estes podemos citar a abrangência de faixas etárias da população que transita por tais espaços, difundindo conhecimento de maneira lúdica e dinâmica, e possibilitando aos visitantes uma maior proximidade em relação ao conhecimento. O interesse na vivência do espaço não-formal de educação aumenta à medida que percebemos as vantagens de investigar nesses ambientes, temas capazes de movimentar a população em torno do desenvolvimento do país ou do próprio ambiente regional, tal como a Ciência e Tecnologia (C&T). Esses espaços poderão mostrar-nos diversas perspectivas a
32031 respeito dos conhecimentos empíricos sobre C&T de seus visitantes e o conhecimento que estará sendo mediado e possivelmente adquirido nos espaços do CCPP. Nesse processo, espaços como o CCPP ao favorecerem a aprendizagem de conceitos, teorias e princípios das mais diversas áreas da ciência, podem contribuir para que os indivíduos se tornem capazes de organizar o conhecimento adquirido e possivelmente transmiti-lo a outras pessoas, assim consolidando ou reestruturando as representações sociais dos mais diversos objetos. É nesta premissa que se fundamenta a importância de investigar a Representação Social de transgenia que os indivíduos possuem, associada ao papel dos espaços de educação não formal nesse processo de construção das representações. Assim, motivada pelo nível de esclarecimento que os indivíduos têm a respeito do tema, buscamos como fundamentação teórico-metodológica na Teoria das Representações Sociais, de Serge Moscovici, e a investigação em psicologia social que tal teoria proporciona. No presente trabalho, apresentaremos os resultados de uma das etapas da investigação, aquela em que se buscou identificar o núcleo central das representações sociais de transgênicos dos estudantes de curso de graduação que atuam no CCPP como bolsistas e estagiários, no planejamento e implementação das ações educativas desenvolvidas por esta instituição. Representação Social e Transgenia Bases teóricas das Representações Sociais Embasado em uma visão reducionista e fundamentado em uma perspectiva separatista entre o individual e o social, temos o estudo do individuo realizado pela psicologia e o estudo da sociedade, realizado pela sociologia. O conceito de Representação Social (RS) tem em sua base o teórico Émile Durkheim (2007), abrangendo formas intelectuais que inseriam ciência, religião, mito, tempo, espaço, dentre outras categorias. (ARRUDA, 2002) Para Serge Moscovici (2011, p. 41), Representações, obviamente, não são criadas por um individuo isoladamente. Uma vez criadas, contudo, elas adquirem uma vida própria, circulam, se encontram, se atraem e se repelem e dão oportunidade ao nascimento de novas representações, enquanto velhas morrem.
32032 Para Denise Jodelet (1986 apud CASTRO, 2004), a representação social tem cinco características fundamentais: I. é sempre a representação de um objeto; II. tem um caráter de imagem e a propriedade de poder intercambiar o III. sensível e a ideia, a percepção e o conceito; IV. tem um caráter simbólico e significante; V. tem um caráter de construção e reconstrução; VI. tem um caráter autônomo e criativo. Além disso, dentre diversos elementos de natureza e procedência variadas, Moscovici (1978) estabelece três eixos em que se aportam os componentes de uma representação social, são eles, atitude, informação e imagem. Núcleo Central De acordo com a Teoria do Núcleo Central (ABRIC, 1998) os elementos constitutivos de uma representação social estruturam-se de forma hierarquizada, em torno de um núcleo central, tal hierarquia obedece a um sistema de maior e menor estabilidade. Ao Núcleo central Abric (1994) atribui características como ser: histórica, sociológica e ideologicamente associado e determinado; coletivamente compartilhado; consensual, coerente, consistente e estável. Tais atributos conferem ao núcleo central as funções geradora e organizadora dos elementos que constituem a representação social. A parte mais instável é representada pelo Sistema Periférico, onde estão as evocações que mais facilmente são modificadas. É nesse sistema que há a parte onde a alternância de respostas é mais frequente, portanto, os principais atributos do sistema periférico apresentam como atributos seu caráter mutável, flexível e individualizado. Em função da flexibilidade do sistema periférico que se dá a defesa da centralidade da representação, pois se há a transformação de representação, é por causa da instabilidade dos elementos periféricos, não dos centrais (TOLENTINO e ROSSO, 2014). A teoria possibilita além de estabelecer a estrutura da representação, a posição de cada um dos atributos da imagem. Esta possibilidade existe devido ao forte poder de associação dos elementos do núcleo central em relação aos outros atributos da imagem.
32033 Material e Métodos O campo de estudos das representações sociais está desde as suas origens, associado ao interesse básico sobre as relações entre o pensamento erudito (ciência) e o pensamento popular (representação social). Dessa forma, elegemos como o nosso objeto de pesquisa as representações sociais sobre Transgênicos. Nessa perspectiva optou-se por realizar uma pesquisa descritiva. Esse tipo de pesquisa é caracterizado por Rampazzo (2002) como o tipo de pesquisa em que se observa, registra, analisa e correlaciona fatos e fenômenos do mundo físico e, especialmente, do mundo humano, sem a interferência do pesquisador. Portanto, considera-se pertinente a realização desse tipo de estudo à pesquisa que realizada, uma vez que, além das características mencionadas, a pesquisa descritiva caracteriza-se, também, por possibilitar a busca do conhecimento de situações e relações que ocorrem na vida social (RAMPAZZO, 2002), caso das representações sociais. Dentre as diversas formas que uma pesquisa descritiva pode assumir, optou-se pelo estudo de caso, [...] pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade para examinar aspectos variados de sua vida (RAMPAZZO, 2002, p. 55). A opção pelo estudo de caso se justifica pela possibilidade de abordar com maior profundidade a questão, uma vez que se trabalhará com uma pequena parcela dos sujeitos que compõem a população do estado do Pará, em especial da capital Belém. A pesquisa foi realizada no Centro de Ciências e Planetário do Pará CCPP, localizado na Rodovia Augusto Montenegro, Km 03, s/n, no bairro Nova Marambaia - Belém Pará. Desta forma, almejando o desenvolvimento de ações que utilizando materiais e recursos que priorizem a interatividade entre público visitante e o objeto de conhecimento, tem sido possível obter como resultado o princípio básico para promover o prazer em aprender e fazer ciência, a popularização da ciência. A etapa do estudo relatado no presente artigo teve como sujeitos estudantes de cursos de graduação, que atuam como mediadores durante as visitas e demais ações do Centro de Ciências e Planetário do Pará. O número de sujeitos participantes foi de 131, destes 62 pertenciam ao ensino básico, mais especificamente ensino médio, e 69 foram alunos de cursos de nível superior, que são: Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Biologia, Física, Geografia, Geologia, Matemática, Pedagogia e Química.
32034 Para análise dos dados coletados foi aplicada a técnica da análise do conteúdo (BARDIN, 1979) aos dados coletados na primeira questão e para a segunda parte da segunda questão (significados) do questionário respondido pelos participantes. A metodologia de análise de conteúdo também foi empregada para analisar os registros provenientes das coletas sistematicamente realizadas antes e após a aplicação da ação educativa associada ao estudo, os jogos, respectivamente: Trilha Transgênica e Monte Seu Transgênico. Todos os alunos participaram de cinco etapas do processo: 1. Aplicação do Questionário I; 2. Realização de uma ação educativa, constituída por uma apresentação da temática associada ao jogo Trilha Transgênica; 3. Ação educativa através de uma pequena palestra sobre Transgênicos e a situação dos mesmos no Brasil; 4. Dinâmica educativa por meio do jogo Monte seu transgênico; 5. Aplicação do Questionário II. Ao iniciar as atividades foi utilizado como instrumento para coleta de dados um questionário, apresentado por Martins (2002, p.50) como [...] um dos métodos mais comuns nos estudos descritivos, como este. O questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, cujas respostas são formuladas pelo informante sem a assistência ou orientação do investigador (GRESSLER, 1989; RAMPAZZO, 2002). Posteriormente os estudantes foram novamente inqueridos acerca dos Transgênicos, a partir de um segundo questionário (Apêndice B), para que se possa a partir da participação no jogo analisar a contribuição da ação educativa praticada para o processo de educação científica dos sujeitos. As sessões de jogos foram devidamente registradas por meio de fotografias, filmagens e registros sistemáticos no caderno de campo. Para a análise do Núcleo Central foram coletadas todas as palavras evocadas na última questão do primeiro questionário, o que gerou um total de 369 evocações dividas, inicialmente, em 117 categorias de palavras que, posteriormente, foram refinadas e distribuídas em 72 categorias. O novo rearranjo das palavras foi necessário para o melhor desenvolvimento da pesquisa, pois muitas palavras eram sinônimas ou citavam marcas diferentes de produtos similares. Para compor os elementos estruturais da pesquisa, foram ignoradas as evocações iguais a um, o que gerou um descarte de 9,21% e um aproveitamento de 90,79%. Os valores utilizados foram constituídos com auxílio das ferramentas da plataforma Microsoft Office Excel 2007: frequência mínima = 1; frequência máxima = 79; média das frequências = 5,12
32035 (valor arredondado para 5); Ordem Média das Evocações = 2,15. Para o cálculo das ordens médias de evocação em cada categoria foi utilizado o seguinte esquema: Multiplicação da frequência de evocação de cada palavra pelo número de ordem recebido; Somatória dos produtos; Divisão da somatória pelo total de evocações da categoria. Transgênicos: Identificando o Núcleo Central Como Moscovici (2011, p. 46) propõe, as representações sociais devem ser vistas como uma maneira especifica de compreender e comunicar o que nós já sabemos. Desse modo, Denise Jodelet, a principal colaboradora de Moscovici, corrobora tal ideia afirmando que a RS é uma forma de conhecimento socialmente elaborada e partilhada, tendo uma visão prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. (JODELET, 1989, p. 36) No presente estudo a imagem atribuída ao objeto Transgênicos era a de alimentos modificados em laboratório, entre os estudantes da educação básica da primeira etapa da pesquisa e de alimentos e organismos geneticamente modificados, entre os acadêmicos, participantes desta segunda etapa da investigação. A representação dos sujeitos da educação básica pode estar sob a intensa influência das informações veiculadas pela mídia, que associam os processos da engenharia genética principalmente aos alimentos. Entre os universitários a ampliação da imagem, representada pela referência a organismos, e não exclusivamente aos alimentos constituí indicativo de outros elementos de informação, neste caso representado pelo ambiente acadêmico que estes alunos frequentam. Seguindo o processo de análise dos resultados obtidos durante o estudo, partiu-se para a identificação do Núcleo Central de tais representações. Nesse processo de identificação do núcleo central foi possível notar a presença dos elementos estáveis e os instáveis da representação social com os valores de frequência maiores ou iguais a cinco e as Ordens Médias de Evocações menores ou iguais a 2,15 para os elementos fixos e frequências inferiores a cinco e as Ordens Médias de Evocações inferiores a 2,15 para os elementos constituintes do sistema periférico. As palavras que não se encaixam totalmente no núcleo central ou no sistema periférico estão classificadas como elementos intermediários. As palavras foram distribuídas na tabela 1:
32036 Tabela 1. Palavras componentes do Núcleo Central. Núcleo Central Elementos Intermediários Palavras Frequência>= 5 OME<= 2,15 Palavras Frequência >= 5 OM > 2,15 Alimentação 79 1,82 Ciência 14 2,35 Modificação 59 1,69 Saúde 10 2,4 Genética 53 1,86 Animais 10 2,6 Laboratório 17 2 Melhoria 5 2,6 Resistência 9 2,11 - - - Manipulação 6 1,66 - - - Artificial 5 1,8 - - - Bactérias 5 1,6 - - - Doença 5 1,8 - - - Indústria 5 1,8 - - - Elementos Intermediários Sistema Periférico Palavras Frequência < 5 OME<= 2,15 Palavras Frequência < 5 OME> 2,15 Plantas 4 1,75 Desenvolvimento 4 2,5 Qualidade 3 2 Economia 3 3 Tóxico 3 2 Consumo 2 3 Agricultura 3 1,6 Corantes 2 2,5 Fortificação 2 2 Estudo 2 3 Organismo 2 2 Travestir 2 2,5 Produto 2 1,5 Maléficos 2 3 Sementes 2 2 Mistura 2 3 Transgenia 2 1,5 Perigoso 2 3 Transmissor 2 1,5 Cientistas 2 3 Vida 2 2 - - - Esporte e Lazer 2 1,5 - - - Fonte: Produção dos autores. A distribuição das expressões evocadas pelos sujeitos nos quatro quadrantes da tabela (figura 1) de acordo com a frequência e ordem média de evocação permite localizar as palavras constituintes do núcleo central da representação social de transgênicos: alimentação, modificação, genética, laboratório, resistência, manipulação, artificial, bactérias, doenças e indústria. Tais elementos, assim como os intermediários e periféricos estão ilustrados na figura 1.
32037 Figura 1. Núcleo Central da Representação Social de Transgênicos entre os visitantes do Centro de Ciências e Planetário do Pará. Fonte: Produção dos autores. A camada mais interna representa os elementos do núcleo central, os elementos estáveis; a camada mais externa contém os elementos mais instáveis, que são do sistema periférico; as camadas intermediárias contêm os elementos que ainda não compõem nenhuma das outras camadas, o que significa que podem criar estabilidade suficiente para serem do Núcleo Central (NC) ou se tornarem instáveis ao ponto de serem do sistema periférico. Com relação às palavras evocadas no NC, percebemos, através dos três elementos de maior frequência nos dados da pesquisa (Alimentos, Modificação e Genética), que a Representação Social dos sujeitos está fortemente associada a alimentos modificados geneticamente, revelando uma parcial aproximação dos conceitos postulados cientificamente, apesar de apresentar-se como uma associação predominantemente restritiva ao adotarem os alimentos como únicos que passam pelos processos e técnicas da engenharia genética. No entanto sabemos que nem todo transgênico é um produto alimentício, como vemos em plantas transgênicas capazes de sintetizar substâncias de interesse farmacêutico ou ainda bactérias geneticamente modificadas capazes de degradar resíduos industriais e lixos tóxicos.
32038 Se pensarmos que as Representações Sociais se estabelecem a partir das informações compartilhadas pelos grupos sociais, que na atualidade sofrem forte influencia dos veículos de comunicação de massa, é possível pressupor que essa relação direta estabelecida entre transgenia e alimentos se deve as imagens e informações por essas mídias. Como pode ser observado na imagem 2, abaixo. Figura 2. Capas de revistas associando alimentos a transgênicos. Fonte: Google Images.
32039 Entendemos tal associação, que resulta nos três principais elementos do Núcleo Central da Representação Social de transgênicos, a partir do que Herberlê (2005, p. 109) propõe: Quando a ciência, por interface, passa a estar na esfera midiática, é apresentada com os códigos lingüísticos e visuais próprios desta outra esfera, única forma de chegar nesse campo e ser publicizada. Ou seja, cumprindo as suas regras, adotando os signos próprios, num processo de substituição. Por isso, para que haja feedback na informação transmitida pelas mídias (emissor) e a comunicação seja verdadeiramente efetivada, há a necessidade de aproximação entre as informações e a sociedade. Assim, entendemos o motivo das mídias frequentemente associarem transgênicos a alimentos, o NC constatado se relaciona as informações veiculadas. Entretanto, através de análises no sistema periférico (em relação ao NC), percebemos que ainda há um pensamento um pouco distante do conceito científico, porém, por serem menos estáveis, podem ser alterados através de atividades educativas, tais como palestras, oficinas ou ações em ambientes formais ou não formais de educação. Considerações Finais Ao analisar os dados obtidos durante a pesquisa, buscou-se a resposta a seguinte pergunta: Qual o Núcleo Central da Representação Social de transgênicos que os alunos participantes da pesquisa possuem? Revelando-nos elementos acerca dessa representação, o que possibilitou chegar ao núcleo central. Os elementos componentes do núcleo central são principalmente: alimentação, modificação e genética, dentre os periféricos estão economia, cientistas, consumo, dentre outras. Já nos elementos intermediários estão palavras tal como agricultura, qualidade e organismos. Portanto, constatamos que o núcleo central da representação social de transgênicos está pautado em alimentos modificados em laboratório, provavelmente pela intensa influência das informações midiatizadas em que associam os processos da engenharia genética principalmente aos alimentos. Resultado desse processo de aquisição de conhecimento disseminado pelos meios de comunicação de massa, obtivemos a representação social dos sujeitos participantes da pesquisa. Assim percebemos que os resultados obtidos em relação ao núcleo central que os sujeitos apresentam, refletem o processo de ensino que vem se transformando quando temos
32040 como referencial a educação brasileira. Entendemos, portanto que o NC, apresenta-se como um forte aliado ao entendimento e principalmente como precursor de mudanças conceituais que o professor enquanto mediador de conhecimento pode auxiliar a desenvolvê-lo. Além disso, percebemos a partir do NC obtido a necessidade de desenvolver temas transversais, tal como a transgenia, possibilitando ao discente o maior envolvimento com temáticas sociais, culturais e econômicas. A partir da ação educativa, os alunos foram conduzidos a um contato mais aprofundado com informações primordiais para que ocorra um despertar da externalização de suas convicções sobre transgenia. REFERÊNCIAS ABRIC, J. C. Pratiques sociales et représentations. Paris: Presses Universitaires de France, 1994. ABRIC, J. C. A abordagem estrutural das Representações Sociais. In: MOREIRA, A. S. P.; OLIVEIRA, D. C. (Org.). Estudos interdisciplinares de representação social. Goiânia: AB Editora, 1998. ARRUDA, A. Teoria das representações sociais e teoria de gêneros. Cadernos de Pesquisa, n. 117, p. 127 147, novembro, 2002. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979. CASTRO, S. M. V. Representação social de ciência de estudantes do ensino fundamental da rede municipal de Belém. UFPA: 2004. DURKHEIM, É. As Regras do método sociológico. Tradução: Paulo Neves. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. GRESSLER, L. A. Pesquisa educacional. 3.ed. S. Paulo: Loyola, 1989. HEBERLÊ, A. L. O. Significações dos transgênicos na mídia do Rio Grande do Sul. Tese (Doutorado), UNISINOS, 2005. JODELET, D. Représentations sociales: um domaine em expansion. In:. Les Représentations Sociales. Paris: PressesUniversitaires de France, 1989. MARTINS, G. de A. Manual para elaboração de monografia e dissertações.3.ed. S. Paulo: Atlas, 2002. MOSCOVICI, S. A Representação social da psicanálise. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
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