GRUPO 7.1 MÓDULO 8
Índice Educação, política e cidadania...3 1. Política e democracia...3 2. A Política segundo maquiavel...4 2.1 Relação: meios e fins... 4 2
EDUCAÇÃO, POLÍTICA E CIDADANIA 1. POLÍTICA E DEMOCRACIA Os gregos inventaram a política, inventaram a democracia. Qual o significado desses termos? Na Grécia antiga os políticos (do grego politikós) eram aqueles que cuidavam das coisas da pólis, ou seja, das coisas da cidade, do bem comum. Segundo Jean Pierre Vernant, em As origens do pensamento grego, após a queda do poder micênico pela invasão das tribos dóricas, irá se estruturar paulatinamente, na Grécia antiga, um novo tipo de organização social e política. A cidade deixa de ser organizada em torno de um palácio real e se volta para Ágora, para o espaço público onde se debatem problemas de interesses comuns. Esse quadro urbano define efetivamente um espaço mental; descobre um novo horizonte espiritual. Desde que se centraliza na praça pública, a cidade já é, no sentido pleno do termo, uma pólis (Vernant, 1998, p.40). Políticos eram aqueles que cuidavam da pólis, eram, portanto, os cidadãos. E o que significa ser cidadão? Os cidadãos possuíam isonomia, ou seja, igualdade em participar do poder de decisão, embora apenas uma minoria fosse considerada como tal. Eram considerados cidadãos os nascidos em Atenas, do sexo masculino e que tivessem cumprido o serviço militar, ou seja, cerca de 10% da população, aproximadamente 50 mil homens. Aqueles que não eram cidadãos, portanto, não tinham que se preocupar com o bem comum, eram os idiotes, conforme esclarece Machado: Na Grécia quem não era político, era chamado de idiotes, de onde se originam palavras como idiotas, idiotismo ou idiossincrasia. Aos idiotas cabia apenas preocupar-se consigo mesmos, com a manutenção de sua vida; somente muito tardiamente a palavra passou a designar alguém desligado da realidade, ou mesmo uma patologia. O futuro da pólis era assunto para os políticos (Machado, 2000, p.19). E qual o significado de democracia? A palavra democracia vem do grego démokratía e é formada pela junção de duas palavras: dêmos (povo) e kratía (poder); portanto, significa poder do povo. Significa que o povo, na democracia grega, tinha o poder de decidir, o poder de definir o destino da pólis, da cidade e do bem comum. E quem era o povo na Grécia antiga? Conforme foi exposto anteriormente, o povo eram aqueles considerados cidadãos. Portanto, na democracia grega, os cidadãos tomavam as decisões sobre os interesses coletivos. A democracia grega era uma democracia direta e não uma democracia representativa como a nossa. O que isso significa? Significa que os cidadãos participavam diretamente das decisões discutindo e votando sobre as mesmas. Já na democracia representativa, elegemos representantes como vereadores, prefeitos e deputados para representar os nossos interesses. Atualmente, nas democracias modernas, pelo menos em tese, todos os seus membros são considerados cidadãos. Embora as democracias modernas não sejam diretas, mas sim representativas, os cidadãos são aqueles dotados de direitos e deveres, e devem cuidar do bem público. Pelo menos em tese, a cidadania não se encontra restrita a uma classe social com direitos e privilégios que outras classes não possuem. Não há base legal 3
para isso, uma vez que as constituições dos diversos países incorporaram os direitos básicos do ser humano. Ainda que sejam diferentes como pessoas, todos valem a mesma coisa pelo simples fato de pertencerem à espécie humana. E todos são iguais enquanto cidadãos, uma vez que todos são dotados de direitos e deveres. Aqui se encontra o plano simétrico da igualdade: igualdade no valor enquanto pessoa, e igualdade enquanto cidadãos, uma vez que não é necessária nenhuma formação técnica especial para ser cidadão, ou para ter os direitos humanos. Para ser cidadão é necessário apenas pertencer juridicamente ao país, por nascimento ou naturalização. 2. A POLÍTICA SEGUNDO MAQUIAVEL Nicolau Maquiavel é considerado o fundador da política moderna. É um autor que parte da experiência política do seu tempo. Atuando em cerca de 20 missões diplomáticas no período de 1498 a 1512, revelou-se um grande observador das relações de poder e destacou-se pelo discernimento político que revelava nos relatórios das missões, o que possibilitou, quando viveu no ostracismo, refletir sobre sua atuação na chancelaria e dedicar-se ao estudo dos clássicos, além de compor O Príncipe. Mas Maquiavel recebeu, de muitos, apenas a incompreensão, e vários o tomaram como o próprio satã. O autor de O Príncipe rompe com a política clássica, separando o entrelaçamento entre ética e política. Faz da política uma esfera autônoma. Observa a realidade como é de fato, e não como deveria ser. Por isso, faz uma clara advertência no capítulo XV de O Príncipe: [...] como é meu intento escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas, do que pelo que delas se possa imaginar. E muita gente imaginou repúblicas e principados que nunca se viram nem jamais foram reconhecidos como verdadeiros (Maquiavel, 1979, p.63). Maquiavel não está preocupado com utopias. Observa a realidade nua e crua e explicita tudo aquilo que os homens fazem e não costumam dizer. Se todos os homens fossem bons, isso seria diferente. Mas como a grande maioria é má e desonesta, deve o príncipe agir tendo em mente este fato. Segundo Maquiavel, para garantir a eficácia da ação política, um príncipe deve considerar a lógica real do poder, deve considerar como se vive e não como deveria se viver ; caso contrário, encontrará apenas ruína. Para Chauí, Maquiavel inaugura a ideia de valores políticos medidos pela eficácia prática e pela utilidade social, afastados dos padrões que regulam a moralidade privada dos indivíduos. O ethos político e o ethos moral são diferentes e não há fraqueza política maior do que o moralismo que mascara a lógica real do poder (1997, p.397). 2.1 RELAÇÃO: MEIOS E FINS Costuma-se reduzir o pensamento de Maquiavel à máxima de que os fins justificam os meios, mas suas concepções sobre fins e meios não devem ser vistas de forma simplista e mecânica. Maquiavel defende uma nova moral fundada no julgamento do que é útil à comunidade. Dessa forma, muitas vezes, para realizar o que é útil à comunidade, faz-se necessário o uso da força ou da violência. Maquiavel faz uma distinção entre o bom e o 4
mau governante. O primeiro, isto é, o bom só recorre à violência quando é forçado pela necessidade e tendo como objetivo o bem coletivo. Já o segundo, isto é, o mau governante, praticará a violência gratuitamente e visando aos seus próprios interesses. No capítulo VIII do seu livro, ele diz que existem crueldades mal e bem praticadas. Ou seja: Bem usadas se pode chamar aquelas (se é que se pode dizer bem do mal) que são feitas, de uma só vez, pela necessidade de prover alguém à própria segurança, e depois são postas à margem, transformando-se o mais possível em vantagem para os súditos. Mal usadas são as que, ainda que a princípio sejam poucas, em vez de extinguirem-se, crescem com o tempo (Maquiavel, 1979, p.38). Mais à frente, explica que enquanto as injúrias devem ser praticadas todas de uma só vez, a fim de ofender o menos possível, os benefícios devem ser realizados pouco a pouco, para que sejam mais bem saboreados (1979, p.38). Dessa forma, para Maquiavel, é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mal e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade (1979, p.63),e essa necessidade, para o bom governante, significa o bem da comunidade. 5