DIREITO DA NACIONALIDADE. TORRES, Hélio Darlan Martins¹ MELO, Ariane Marques de²
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- Amélia Martini Rocha
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1 DIREITO DA NACIONALIDADE TORRES, Hélio Darlan Martins¹ MELO, Ariane Marques de² RESUMO Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a determinado Estado; é a qualidade de nacional, o país de nascimento de um indivíduo, a condição própria de cidadão dum país seja por naturalidade ou naturalização. A doutrina difere a nacionalidade em primária ou originária (involuntária) e secundária ou adquirida (voluntária). PALAVRAS-CHAVE: Direito Nacionalidade Naturalização. INTRODUÇÃO 1 Nacionalidade O professor Pedro Lenza define nacionalidade como vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o povo daquele Estado e, consequentemente, contraia direitos e submeta-se a obrigações, trilhando assim os caminhos das normas e dos princípios que norteiam sua conduta na sociedade. E passa a ser detentor da moral e dos bons costumes e, uma vez íntegro e detentor dessa moral, pode gozar plenamente todos os seus direitos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos assegura a toda pessoa o direito a uma nacionalidade e impede a arbitrariedade da sua privação, bem como o impedimento de mudança de nacionalidade. Mas o que é nacionalidade? Conforme nos descreve o Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, nacionalidade é a qualidade de nacional, o país de nascimento de um indivíduo, a
2 condição própria de cidadão dum país seja por naturalidade ou naturalização, que é exatamente a aquisição por estrangeiros dos direitos garantidos aos nacionais. Afirma Lenza que a doutrina difere a nacionalidade em primária ou originária (involuntária), que é imposta de maneira unilateral, independentemente da vontade, da adesão do indivíduo, pelo Estado, no momento em que nasce; e secundária ou adquirida (voluntária), que é aquela que se adquire por vontade própria, depois do nascimento, normalmente pela naturalização, que poderá ser requerida ao Ministério da Justiça. DESENVOLVIMENTO 2 Estrangeiro e brasileiro Quem é estrangeiro? Quem é brasileiro? O dicionário descreve como sendo estrangeiro aquele de nação diferente daquela a que se pertence. Quanto a quem é brasileiro, assim como a nacionalidade, brasileiro está distinto em duas espécies: Nato qualquer pessoa que nascer no território brasileiro, mesmo que seja filho de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; é qualquer pessoa que nascer fora do território brasileiro, desde que sejam estes filhos de mãe ou pai (ou ambos) brasileiros e que estejam a serviço da República Federativa do Brasil (CONSTITUIÇÃO FEDERAL: Art. 12, I, a, b). Naturalizado aquele que, na forma da lei, adquiriram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por 1 (um) ano ininterrupto e idoneidade moral (CONSTITUIÇÃO FEDERAL: Art. 12, II, a), bem como os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL: Art. 12, II, b). 3 Forma de aquisição da nacionalidade
3 Sabemos que um cidadão nascido no território brasileiro, de pais brasileiros ou nascido em território estrangeiro, porém de pais brasileiros a serviço do seu país, é, pelo nosso regime jurídico, brasileiro nato. Mas como ocorre a naturalização de um indivíduo que não nasceu em território brasileiro nem seus pais são brasileiros e que deseja se naturalizar no Brasil? Quanto a esta questão, a própria Constituição Federal de 1988 prevê esse processo e assim o professor Pedro Lenza esclarece: A naturalização depende tanto da manifestação de vontade do interessado como da aprovação estatal, que, através do ato de soberania, de forma discricionária, poderá ou não atender à solicitação do estrangeiro. (LENZA, 2012: 1100) 4 Como requerer a naturalização O Estatuto do Estrangeiro Lei 6.815/80, no Art. 115, caput, assim determina o processo de naturalização: O estrangeiro que pretender a naturalização deverá requerê-la ao Ministro da Justiça, declarando: nome por extenso, naturalidade, nacionalidade, filiação, sexo, estado civil, dia, mês e ano de nascimento, profissão, lugares onde haja residido anteriormente no Brasil e no exterior, se satisfaz ao requisito a que alude o Art. 112, VII do mesmo Estatuto e se deseja ou não traduzir ou adaptar o seu nome à língua portuguesa. Sua concessão é faculdade exclusiva do Poder Executivo, através de Portaria de Naturalização, do Ministério da Justiça, responsável por emissão de um certificado entregue solenemente por um juiz federal. CONCLUSÃO 5 Distinção entre brasileiros natos e naturalizados A Constituição Federal proíbe qualquer forma de distinção entre brasileiros natos e naturalizados, exceto se o naturalizado perder sua nacionalidade mediante o cancelamento da mesma por sentença judicial, conforme regula o Art. 12, 4º, I. Ademais, este mesmo artigo veda terminantemente aos brasileiros naturalizados a possibilidade de assumir os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara Federal, Presidente do
4 Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, carreira diplomática, oficial das Forças Armadas, e Ministro de Estado da Defesa, em seu 3º, I a VII. Assim sendo, pode, naturalmente, o estrangeiro naturalizado ocupar cargos públicos no Brasil. Já ao simplesmente estrangeiro, a posse ou propriedade de bens no Brasil não lhe confere sequer o direito de obter visto de qualquer natureza, ou autorização de permanência no território nacional, como explícito no Art. 6º, caput, do Estatuto do Estrangeiro. Uma vez que a lei não poderá estabelecer distinção, exceto nos casos anteriormente mencionados, como assegurado na Lei Maior, o Estatuto do Estrangeiro nega claramente a extradição* de brasileiros naturalizados, exceto se: I - a aquisição dessa nacionalidade verifica-se após o fato que motivar o pedido; II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou inferior a 1 (um) ano; V - o extraditando estiver a responder a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; VII - o fato constituir crime político; e, VIII - o extraditando houver de responder, no Estado requerente, perante Tribunal ou Juízo de exceção. (ESTATUTO DO ESTRANGEIRO: Art. 77) Colocando assim os brasileiros natos e naturalizados em pé de igualdade tanto nos direitos como nos deveres. De acordo com o referido Estatuto do Estrangeiro, especificamente em seu Art. 88, concedida a extradição, será o fato comunicado, através do Ministério das Relações Exteriores, à Missão Diplomática do Estado requerente, e apenas o STF Supremo Tribunal Federal, que é a mais Alta Corte de Justiça, pode conceder ou negar a extradição. Ainda no tocante à extradição prevista pelo Art. 77, I, da Lei 6.815/1980 poderia ser aplicada aos casos de naturalização voluntária? Sim, desde que o naturalizado não atenda às exigências preestabelecidas neste mesmo artigo, especificamente nos incisos I a VII, sendo que neste último inciso, conforme prevê o 1º, não será impedida a extradição. Já no caso de nacionalidade originária, de modo algum poderá ser aplicada, pois, o Art. 5º, LI da Carta da
5 República assim determina: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. No caso de envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, não importa se o brasileiro naturalizado cometeu o crime antes ou depois da naturalização, tendo sido antes ou depois, ele poderá ser extraditado. NOTAS: *Entrega de um indivíduo feita pelo país onde ele se encontra ao país que, imputando ao mesmo cometimento de infração legal, o reclama para ser submetido a julgamento pelos tribunais deste último ou para cumprir pena que lhe foi imposta. ¹ Aluno do 2º Período de Direito da Universidade Tiradentes Campus Propriá/SE darlan@windowslive.com ² Aluna do 2º Período de Direito da Universidade Tiradentes Campus Propriá/SE arianemelo87@hotmail.com REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição Federal de LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, LEI 6.815/1980. Disponível em: www. Acessado em maio de 2012.
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