Geometria Analítica e Números Complexos DISCIPLINA. Produto escalar. Autores. Cláudio Carlos Dias. Neuza Maria Dantas. aula

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Transcrição:

DISCIPLINA Geometria Analítica e Números Complexos Produto escalar Autores Cláudio Carlos Dias Neuza Maria Dantas aula 11

Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância SEED Ronaldo Motta Universidade Federal do Rio Grande do Norte Reitor José Ivonildo do Rêgo Vice-Reitor Nilsen Carvalho Fernandes de Oliveira Filho Secretária de Educação a Distância Vera Lúcia do Amaral Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Coordenadora da Produção dos Materiais Célia Maria de Araújo Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Projeto Gráfico Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Marcos Aurélio Felipe Revisora das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Revisoras de Língua Portuguesa Janaina Tomaz Capistrano Sandra Cristinne Xavier da Câmara Revisora Tipográfica Nouraide Queiroz Ilustradora Carolina Costa Editoração de Imagens Adauto Harley Carolina Costa Diagramadores Bruno de Souza Melo Adaptação para Módulo Matemático Thaisa Maria Simplício Lemos Pedro Gustavo Dias Diógenes Imagens Utilizadas Banco de Imagens Sedis (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN Fotografias - Adauto Harley MasterClips IMSI MasterClips Collection, 1895 Francisco Blvd, East, San Rafael, CA 94901,USA. MasterFile www.masterfile.com MorgueFile www.morguefile.com Pixel Perfect Digital www.pixelperfectdigital.com FreeImages www.freeimages.co.uk FreeFoto.com www.freefoto.com Free Pictures Photos www.free-pictures-photos.com BigFoto www.bigfoto.com FreeStockPhotos.com www.freestockphotos.com OneOddDude.net www.oneodddude.net Stock.XCHG - www.sxc.hu Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central Zila Mamede Dias, Cláudio Carlos. Geometria analítica e números complexos / Cláudio Carlos Dias, Neuza Maria Dantas. Natal, RN : EDUFRN, 2006. 320 p. : il 1. Geometria analítica plana. 2. Geometria analítica espacial. 3. Números complexos. I. Dantas, Neuza Maria. II. Título. ISBN 978-85-7273-331-1 CDU 514.12 RN/UF/BCZM 2006/88 CDD 516.3 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Apresentação Nesta aula, iremos introduzir a noção de produto escalar para vetores no plano e no espaço, o que vai nos permitir usar métodos algébricos no cálculo de comprimento de vetores, de ângulos entre vetores e da distância entre vetores. Objetivos Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de: trabalhar com produtos escalares a partir de suas propriedades; calcular o produto escalar entre vetores, o ângulo entre vetores e a projeção de um vetor sobre outro vetor; e inferir que essas noções se estendem a espaços de dimensão maior. Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 1

Produto escalar no plano e no espaço Iniciemos considerando um sistema de coordenadas retangulares no plano e u x y e u x y vetores nesse plano. O produto escalar entre u e u é uma operação que associa esse par de vetores ao número real u. u, dado por u. u x x y y. Exemplo 1 Se e, então,. De modo análogo, introduzindo um sistema de coordenadas retangulares no espaço para vetores v x y z e v x y z, definimos o produto escalar entre esses vetores v e v por v v x x y y z z Exemplo 2 Dados e, então,. Listaremos a seguir as propriedades mais importantes satisfeitas pelo produto escalar. Para quaisquer vetores u, v, w no plano ou no espaço e qualquer escalar a, vale P u. vv. u P. au. v au. v P. u. v w u. v u. w P. u. u e u. u se, e somente se, u 2 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos

No intuito de provar essas propriedades, é suficiente considerar os vetores no espaço, pois fazendo suas terceiras coordenadas nulas obteremos a validade das mesmas no plano. Para tanto, sejam ux y z, vx y z e wx y z Temos: u v x x y y z z x x y y z z v. u, o que demonstra P ; au. vax. x ay. y az. z ax x ay y ax x y y z z au. v, logo P ; u. vwx x x y y y z z z x x x x y y y y z z z z (x x y y z z x x y y z z u. vu. w, o que prova P ;, por ser uma soma de quadrados. Por outro lado, se u. u, então,, o que só ocorre quando x y z, isto é, u. É claro que, se u é o vetor nulo, então, uu, o que mostra P. Observe que é o comprimento de u ou a norma de denotada por, visto na aula 9 (Vetores no plano e no espaço tridimensional). Caso u esteja no plano, ou seja, considerando z, fica. Em resumo, mesmo que o vetor u esteja no plano ou no espaço, seu comprimento é dado por. Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 3

Exemplo 3 Vamos deduzir a lei do paralelogramo de uma maneira mais fácil da que fizemos na aula 10 (Vetores no plano e no espaço tridimensional) e do que geralmente é encontrado nos livros de Geometria Plana. Num paralelogramo, a soma dos quadrados das diagonais é igual à soma dos quadrados dos seus lados. Solução Representando os lados do paralelogramo pelos vetores u e v, sabemos que suas diagonais são representadas pelos vetores uv e uv. Desse modo, os lados têm comprimento e, enquanto as diagonais têm comprimentos e. Conforme ilustrado a seguir. Figura 1 A lei do paralelogramo: Pelas propriedades do produto escalar, vemos que u. u v. u u. v v. v De modo análogo, uvuvuvuuvv uuvuuvvv Assim,, o que comprova o exemplo 3. 4 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos

Observação 1 Vimos na demonstração anterior que Subtraindo a segunda igualdade da primeira, obtemos ou seja,. Essa é a dita identidade de polarização. Note que ela representa o produto escalar em função da norma. Voltando ao início desta aula, podemos observar que a definição de produto escalar depende do sistema de coordenadas retangulares introduzido no plano ou no espaço. Mas, essa dependência é apenas aparente, como veremos a seguir. Para tanto, precisamos da noção de ângulo entre vetores. Sejam, portanto, u e v vetores no plano com direções distintas e com a mesma origem. De acordo com a figura seguinte, eles determinam dois ângulos e ', cuja soma vale 360. O menor entre esses dois ângulos é dito o ângulo entre u e v. Na Figura 2 a seguir, vê-se que é o ângulo entre u e v. Figura 2 O ângulo entre dois vetores u e v No caso de u e v terem a mesma direção e o mesmo sentido, o ângulo entre eles é 0, se eles têm a mesma direção, e se têm sentidos opostos, o ângulo é 180. Veja a Figura 3. Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 5

Figura 3 a) Dois vetores u e v com ângulos entre eles de 0. b) Dois vetores u e v com ângulos entre eles de 180. Agora, se u e v são vetores no espaço, como se define o ângulo entre eles? A resposta é dada tomando-se o único plano determinado pelas retas que contêm u e v. Assim, a definição do ângulo entre eles se reduz à definição anterior, considerando-se u e v como vetores desse plano. Observação 2 Revendo a Figura 2, observamos que ' fica + ' +, + ' Como ou seja,. Isso diz que o ângulo entre dois vetores varia de 0 a 180. Vamos mostrar agora que o produto escalar entre dois vetores não depende do sistema de coordenadas. De fato, dados os vetores u e v no plano ou no espaço, consideremos o triângulo cujos lados são representados pelos vetores u, v e uv. Representemos por o ângulo entre u e v, conforme ilustrado na Figura 4. Figura 4 A lei dos cosenos: u v u v u v cos 6 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos

Lembre-se de que a lei dos cosenos diz que o quadrado do lado oposto a um ângulo de um triângulo é a soma dos quadrados dos lados adjacentes a esse ângulo menos duas vezes o produto desses dois lados pelo coseno do ângulo entre eles conforme você viu na aula 8 de Geometria Plana e Espacial (Explorando a trigonometria nas formas geométricas). No mesmo triângulo da Figura 4, o lado oposto ao ângulo tem comprimento e os lados adjacentes medem e. Desse modo, usando a lei dos cosenos, obtemos, ou seja,, simplificando, vem. Essa fórmula diz que o produto escalar só depende do comprimento dos vetores e do ângulo entre eles, e não do sistema de coordenadas, como a definição original de produto escalar nos fez acreditar. Observação 3 Da fórmula vem que, e do fato de, a) se u. v, então, cos, logo, é agudo, e reciprocamente; b) se u. v, então, cos, logo, é obtuso, e reciprocamente; c) se u. v, então, cos, logo, é reto, e reciprocamente. Exemplo 4 Dado o vetor u, determine um vetor vab ortogonal a u. Solução Pela observação 3 c), se u e v são ortogonais, devemos ter u. v, ou seja, ab, donde ab e vb, b. Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 7

Isso diz que todos os vetores ortogonais a u são um múltiplo escalar do vetor, ou seja, são colineares com o mesmo. Figura 5 Um vetor v ortogonal a u Exemplo 5 Dados u e v, encontre um vetor wa b c ortogonal a u e ortogonal a v. Solução Pela observação 3 c), devemos ter w. u e w. v, ou seja, A segunda equação diz que cb, o qual, fazendo-se a substituição na primeira equação, fornece ab. Logo, wb b b b. Isso significa que qualquer vetor w ortogonal a u e v é colinear com o vetor. A figura a seguir ilustra essa situação. 8 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos

Figura 6 Um vetor w ortogonal aos vetores u e v A expressão cos diz que, como, conclui-se que a qual é dita a desigualdade de Cauchy-Schwarz. Exemplo 6 Usemos a desigualdade de Cauchy-Schwarz para mostrar que para todo ângulo. Solução Consideremos os vetores u e vcos, sen. Como u. v sen cos, e, sendo obtém-se. Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 9

Atividade 1 Use a desigualdade de Cauchy-Schwarz para concluir que, para todos os números reais x 1, y, z, x, y e z, tem-se Exemplo 7 Vamos determinar a equação da reta r no plano que passa por um ponto fixo P x, y e tem na, b, como um vetor normal (vetor ortogonal à reta). Solução A figura a seguir ilustra essa situação. Figura 7 A reta r que passa por P e é perpendicular a n Seja agora Px, y um ponto qualquer da reta r. Como nab é um vetor ortogonal à mesma, então, o vetor é ortogonal ao vetor n (veja novamente a Figura 7). Isso significa que o produto escalar entre e u é nulo, isto é, n.. 10 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos

Calculando esse produto, ficamos com axx byy, donde axax byby. Fazendo cax by, a equação procurada é axbyc, que é dita a equação normal da reta. Você estudou na aula 4 (Relação entre ângulos internos e externos), de Geometria Plana e Espacial, que a medida de um lado de um triângulo é sempre menor ou igual à soma dos outros dois esta é dita a desigualdade triangular. Vamos olhar essa desigualdade do ponto de vista de vetores, para tanto, representemos os lados de um triângulo pelos vetores u, v e uv, como na Figura 8. Figura 8 A desigualdade triangular: u v u v Desse modo,. Lembrando que qualquer número real é menor ou igual ao seu módulo, temos que. Por sua vez, pela desigualdade de Cauchy-Schwarz, e levando isso à expressão anterior, obtemos. Donde. Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 11

Exercícios 1 Dê exemplos de vetores u, v, w com u, tais que u. vu. w e, no entanto, v w. Isso mostra que a lei do corte não é válida para o produto escalar de vetores. 2 Mostre, usando vetores, que qualquer ângulo inscrito em semicírculos é reto. 3 Mostre que dois vetores u e v são ortogonais se, e somente se,. Isso diz que o Teorema de Pitágoras se aplica apenas ao triângulo retângulo. 4 5 6 Dados os vetores u e v, calcule uv. (uv. Calcule o ângulo entre os vetores e. Dados os vetores u, v e, encontre números a e b tais que avbw seja ortogonal a u. 7 Sejam ux, y, z um vetor não-nulo no espaço; e, os ângulos que u faz com os eixos x, y e z, respectivamente. Mostre que: a) b) c) cos cos cos Nota e são ditos ângulos diretores do vetor u, e cos cos, cos, seus cosenos diretores. 12 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos

Continuando os exercícios 8 Sejam ux e v, encontre o valor de x para que a) u e v sejam ortogonais. b) o ângulo entre u e v seja. 9 Determine pelo menos quatro vetores diferentes ortogonais ao vetor u. Verifique que na realidade existe uma infinidade de tais vetores ortogonais a u. A distância entre dois vetores Dados os vetores u e v no plano ou no espaço, define-se a distância entre u e v como sendo o comprimento do vetor que liga as extremidades de u e v, a saber, o comprimento do vetor u v. Assim, se du, v simboliza a distância entre u e v, tem-se ilustrado na figura a seguir., conforme Figura 9 A distância entre dois vetores u e v Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 13

Observe que, se v, então,. Listaremos a seguir as propriedades que são naturalmente esperadas para uma função distância. Para quaisquer vetores u, v e w valem: D. du v e du, v se, e somente se, uv D. du v dv, u D. du vdu, w dw, v Faremos agora a verificação dessas propriedades. Ora, por ser o comprimento do vetor uv. Por outro lado, se du, v, então, donde u v, logo, uv. E, se uv, então, u v, donde. Isso mostra D. Para D, temos que. Finalmente, como, pela desigualdade triangular e,, vem que, o que prova D. Observação 4 Se ux, y, z e vx, y, z, então du, vdp, Q, em que Px, y, z e Qx, y, z são as extremidades de u e v, respectivamente. Conforme ilustrado na Figura 9. Projeção ortogonal de um vetor sobre outro vetor Como vimos anteriormente, dois vetores ortogonais são caracterizados pelo fato do produto escalar entre eles ser igual a zero. Isso diz que os cálculos simplificam bastante quando estamos lidando com vetores ortogonais. Desse ponto de vista, é lícito perguntar: se w é um vetor fixado e u um vetor qualquer, é possível decompor u como uma soma de um vetor na direção de w com outro na direção ortogonal a w? 14 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos

A figura a seguir sugere que geometricamente isso é possível. Figura 10 Decomposição de um vetor u como soma de um vetor na direção de w com um vetor ortogonal a w A Figura 10 nos mostra que u cw deve ser ortogonal a w, isto é, u cww, o que dá u. w cw. w, ou ainda, donde. Chamamos o vetor cw como sendo a projeção ortogonal de u sobre w e o denominamos por. Desse modo, a componente de u na direção de w é, enquanto é dita a componente ortogonal de w, pois Como u cw u cw), fica, que é a decomposição procurada. Exemplo 8 Vamos encontrar a projeção de u sobre w, sendo u e w. Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 15

Solução Ilustraremos essa situação na figura seguinte. Figura 11 A projeção ortogonal de u sobre w Sendo, temos que u. w...e, logo,, onde. Continuando os exercícios 10 Sejam u e w vetores unitários. Mostre que somente se, u e w são ortogonais ou u w. se, e 11 Se axbyc é a equação de uma reta no plano, mostre que o vetor na, b é ortogonal a essa reta, isto é, é ortogonal a todo vetor sobre a mesma. 16 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos

Continuando os exercícios 12 Use a projeção ortogonal para achar a distância dp, r de um ponto P à reta r de equação axbyc. Compare com a fórmula dada na aula 2 desta disciplina. Resumo Nesta aula, introduzimos a definição de produto escalar entre vetores em função de suas coordenadas. Depois, vimos que essa definição não depende das coordenadas, mas apenas dos comprimentos dos vetores e do ângulo entre eles. Vimos também que a distância entre dois vetores, com a mesma origem, é a mesma que a distância entre os pontos de suas extremidades. Por fim, estudamos uma desigualdade muito importante chamada de Cauchy-Schwarz, a qual diz que o valor absoluto do produto escalar entre dois vetores é menor ou igual ao produto dos comprimentos desses vetores. Auto-avaliação Verifique que a noção de produto escalar estudada nesta aula pode ser estendida para vetores no espaço n-dimensional n {x x x n x i, i n. Comprove que as propriedades que tínhamos antes, bem como os resultados que obtivemos, se mantêm nessa extensão. (Sugestão: se u = x x x n e v = y y y n, defina u. v = x y x y x n y n Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 17

Sugestões para a resolução dos exercícios 1. Considere a seguinte figura: Figura 12 Dois vetores v e w com u. vu. w e v w e conclua que u. vu. w e, no entanto, v w. 2. Use a figura a seguir Figura 13 Um triângulo (retângulo) inscrito num semi-círculo para concluir que uv e uv são ortogonais e daí segue-se a conclusão. Note que, que é igual ao raio do semi-círculo. 3. Desenvolva a expressão usando as propriedades de produto escalar. Lembre-se de que u e v são ortogonais se, e somente se, o produto escalar entre eles é nulo. 4. Determine as coordenadas de uv e u v e aplique a definição de produto escalar. 18 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos

5. Calcule os ângulos e entre u,v e respectivamente, e observe que o ângulo entre u e v é. 6. Para a determinação de a e b imponha a condição u. avbw. 7. Se i ; j, k, observe que é o ângulo entre i e u, é o ângulo entre j e u, e é o ângulo entre k e u. 8. Se é o ângulo entre u e v, lembre-se de que. 9. Se vx, y, z é ortogonal a u, então, u. v, isto é, xyz. Agora, encontre 4 soluções distintas para essa equação. Na verdade, tal equação admite infinitas soluções. 10. Aplique diretamente a fórmula para, dada nesta aula. 11. Se v é um vetor sobre a reta, então, vx x, y y, onde Px, y e Qx, y estão sobre a reta e são, respectivamente, a origem e a extremidade de v. Mostre que n. v, impondo a condição de P e Q, satisfazerem a equação da reta. Para uma melhor compreensão, é conveniente que você faça uma figura ilustrando essa situação. 12. Pelo exercício anterior, o vetor na b é ortogonal à reta. Faça uma figura posicionando n com origem em um ponto Qx, y sobre a reta. Chame e observe que. Veja a Figura 14. Proj S Figura 14 A distância de um ponto P a uma reta r Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos 19

Referências ANTON, Howard; RORRES, Chris. Álgebra linear com aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2001. Anotações 20 Aula 11 Geometria Analítica e Números Complexos