EXPECTATIVA DE AUTOEFICÁCIA PARA TRATAMENTO DE ADULTOS COM AIDS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO BRASIL

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Transcrição:

1 EXPECTATIVA DE AUTOEFICÁCIA PARA TRATAMENTO DE ADULTOS COM AIDS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO BRASIL Érika Eberlline Pacheco dos Santos; Stela Maris de Mello Padoin; Marcelo Ribeiro Primeira; Juliane Dias Aldrighi; Samuel Spiegelberg Züge; Cristiane Cardoso de Paula. INTRODUÇÃO A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) surgiu na década de 80. Desde os primeiros casos de AIDS no Brasil, até dezembro de 2012 foram notificados 656.701 casos da doença. Destes, 94,34% das notificações estão na faixa acima de 20 anos. 1 Durante as três décadas desta epidemia ocorreram diversos avanços no conhecimento da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), assim, destaca-se a constante evolução da Terapia Antirretroviral (TARV), a qual tem a capacidade de controlar a replicação deste vírus dentro da célula. 2 No Brasil, dentre as estratégias implantadas pelo Ministério da Saúde para prevenção de novos casos de infecção e redução dos agravos da epidemia do HIV/AIDS, está a política de distribuição universal e gratuita dos medicamentos antirretrovirais, instituída em 1996, às pessoas que vivem com a doença. Esta política reduziu a morbimortalidade e o número de internações destas pessoas, aumentando a expectativa de vida. 3 Porém, o sucesso dessa estratégia depende da adesão à TARV, a qual envolve diversos aspectos além dos terapêuticos, destacando-se também os psicossociais, onde está inserida a expectativa de autoeficácia. 4-5 Esta expectativa pode ser definida como a convicção de que se pode executar o comportamento necessário para se atingir determinados resultados. 6 Assim, a alta expectativa de autoeficácia é fundamental, e para que ela exista deve-se ter confiança pessoal para tomar medicamentos conforme a prescrição, com a convicção de se conseguir controlar as circunstâncias que possam dificultar o seguimento regular da mesma. 7 Compreende-se então que a autoeficácia está diretamente ligada à questão da adesão à TARV oportunizando a compreensão das habilidades e percepções pessoais e externas, permitindo lidar com as demandas que afetam a vida de forma mais clara, protegendo de forma indireta as pessoas do adoecimento. 8

(2002). 6 Os critérios de inclusão foram: adultos de idade a 20 anos com HIV/AIDS em 2 OBJETIVO Descrever a expectativa de autoeficácia à TARV de adultos com HIV/AIDS atendidos em um hospital universitário da região sul do Brasil. METODOLOGIA Estudo com abordagem quantitativa, do tipo descritiva e de delineamento transversal. A etapa de coleta de dados ocorreu no período de janeiro a junho de 2012, no ambulatório de infectologia do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), no Rio Grande do Sul, Brasil. Foi aplicada a Escala de Expectativa de Autoeficácia para Seguir a Prescrição Antirretroviral (AE), desenvolvida e validada por Leite et al. TARV, cadastrados há pelo menos três meses na Unidade Dispensadora de Medicamentos do HUSM, em acompanhamento no ambulatório. Os critérios de exclusão foram: pacientes com limitação cognitiva e/ou mental, com dificuldade de compreensão e/ou expressão verbal; em regime penitenciário e mulheres em período gravídico-puerperal. Assim, atendiam aos critérios de inclusão 432 pacientes, destes, 179 fizeram parte da amostra. Para a inserção dos dados foi utilizado o programa Epi-info, versão 3.5, com dupla digitação independente. Após, foi realizada a analise descritiva das variáveis da AE, por meio do programa PASW Statistics (Predictive Analytics Software, da SPSS Inc., Chicago - USA) 18.0 for windows. A consistência interna da AE foi avaliada por meio do coeficiente Alpha de Cronbach (0,93), foi realizado também o teste de normalidade da escala por meio do teste Kolmogorov-Smirnov, para verificar a aderência dos dados a distribuição normal. 9-10 Os aspectos éticos e metodológicos foram atendidos de acordo com as Diretrizes estabelecidas na Resolução 196/96 e complementares do Conselho Nacional de Saúde, e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM, CAAE No 0322.0.243.000-11. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado pelos pacientes que aceitaram participar da pesquisa voluntariamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3 Do total de pacientes, 50,8% eram do sexo masculino, 43,0% tinham o ensino fundamental incompleto, 42,5% possuíam de dois a quatro filhos, 48,6% conviviam com esposo/a ou companheiro/a e 65,5% possuíam renda da família de até dois salários mínimos. A consistência interna desta escala foi alta com Coeficiente de alpha de Cronbach (0,93), isso indica que os escores dos 21 itens sugerem medidas confiáveis as variáveis pesquisadas. O valor de Alfa de Cronbach da AE obtido neste estudo foi semelhante ao de outros estudos, onde um avaliou a expectativa de autoeficácia em adultos, e outro em crianças e adolescentes por meio dos pais/cuidadores. Ambos obtiveram valor de 0,96. Isso significa que esta escala contém uma boa consistência interna, possuindo escores com medidas confiáveis, mesmo sendo avaliada em populações de diferentes faixas etárias. 4,6 A AE apresentou escores positivos para seguir a prescrição antirretroviral, onde as respostas concentraram-se nas alternativas com escores mais altos, Acho que vou tomar e Com certeza vou tomar, que tinham valores três e quatro respectivamente. Assim, evidenciou-se por meio do teste de Komogorov-Smirnov que a escala não apresenta aderência a uma distribuição normal, ficando a concentração das respostas a partir do escore 80 da AE. O alto índice de expectativa de autoeficácia para seguir a prescrição antirretroviral foi evidenciado também em outros estudos que utilizaram a AE. 2,5,6 E no que se refere ao teste de normalidade da AE, um estudo que utilizou o mesmo teste também não apresentou distribuição normal. 4 As médias mais altas de resposta da AE foram referentes às situações Se eu estiver em viagem de passeio ou de trabalho (3,93 ± 0,30), onde 93,9% dos pacientes responderam que com certeza tomariam os ARV, e Se eu estiver bem de saúde (3,91 ± 0,40), nesta 94,4% dos pacientes obtiveram a mesma resposta da situação anterior. Essas médias ficaram concentradas em situações que exijam maior planejamento, atenção e organização para tomar os medicamentos, e em situações que diminuem a preocupação ou confiança no mesmo, sendo semelhantes às encontradas em outro estudo que utilizou a escala 6. Desta forma, pode-se dizer que essas situações são provenientes de processos cognitivos, seleção de atividades e ambientes, e processos motivacionais, os quais são ativados pela expectativa de autoeficácia. 7

4 Já as médias mais baixas da escala ficaram concentradas nas situações Se os remédios estiverem me causando efeito ruim (3,49 ± 0,93), onde 71,5% responderam que com certeza tomariam os ARV e 12,8% que achavam que tomariam os medicamentos. E Se eu estiver com alguém que não quero que saiba que sou portador do vírus da AIDS (3,69 ± 0,75), onde 79,0% responderam que com certeza tomariam os ARV e 14,0% que achavam que tomariam os medicamentos. Assim, estas médias ficaram concentrados nas situações de experiências negativas com os ARV e afetos negativos de outras naturezas. 6 Dessa forma, estados fisiológicos e emocionais afetam o julgamento da capacidade pessoal, o domínio de um determinado desempenho proposto é percebido como uma experiência bem sucedida, pelo fato da pessoa ter sido capaz de perseverar na criação e na execução das ações necessárias superando os obstáculos encontrados. Essa percepção de sucesso é uma das mais efetivas fontes para o desenvolvimento do senso de eficácia. 11 CONCLUSÕES Maiores investimento nas políticas públicas de enfrentamento da epidemia da AIDS com abordagem na adesão ao tratamento antirretroviral são necessários, além de investimentos na promoção, prevenção e recuperação da saúde dos adultos que vivem com HIV/AIDS. Tais investimentos devem ser focados em situações especificas que influenciam diretamente na adesão ao tratamento dessas pessoas. Assim, o início deles deve se dar em capacitações aos profissionais de saúde, melhor preparando-os para que saibam lidar com situações delicadas como a adesão à TARV, para que trabalhem de forma a incentivar as pessoas que vivem com HIV/AIDS no seguimento do tratamento. Dessa forma, se faz necessário conhecer o julgamento próprio dessas pessoas em relação ao cumprimento das prescrições de antirretrovirais, trabalhando suas fragilidades a fim de aumentar os níveis de adesão a TARV. REFERÊNCIAS 1.Brasil. Ministério da Saúde. Departamento Nacional de DST e Aids. Boletim Epidemiológico Aids/DST- Versão preliminar. Brasília, 2012. 2.Torres TL, Camargo BV. Representações sociais da Aids da Terapia Anti-retroviral para pessoas vivendo com HIV. Psicologia: Teoria e Prática. 2008;10(1):64-78.

5 3. Padoin SMM, et al. Fatores associados à não Adesão ao Tratamento Antirretroviral em Adultos acima de 50 Anos que Têm HIV/Aids. J Bras Doenças Sex Transm. 2011; 23(4):194-7. 4. Costa S, et al. Validity and reliability of a self-efficacy expectancy scale for adherence to antiretroviral therapy for parents and carers of children and adolescents with HIV/AIDS. Jornal de Pediatria. 2008; 84(1): 41-6. 5. Faustino QM, Seidl EMF. Intervenção Cognitivo-Comportamental e Adesão ao Tratamento em Pessoas com HIV/Aids. Psicologia: Teoria e Pesquisa. 2010; 26(1):121-130. 6. Leite JCC, Drachler ML, Centeno MO, Pinheiro CAT, Silveira VL. Desenvolvimento de uma Escala de Auto-Eficácia para Adesão ao Tratamento Anti-retroviral. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2002; 15(1):121-133. 7. Bandura A. Self-efficacy: Toward a unifying theory of behavioral change. Psychological Review. 1977;84:191-215. 8. Colbert AM, Sere Ika SM, ERLEN JA. Functional health literacy, medication-taking self-efficacy and adherence to antiretroviral therapy. Journal of Advanced Nursing. 2012; 69(2):295 304. 9. Bisquerra R, Sarriera JC, Martínez F. Introdução à estatística: enfoque informático com o pacote estatístico SPSS. Artmed. Porto Alegre. 2004. 10. Field, A. Descobrindo a estatística usando o SPSS. 2ª Ed: Artmed. Porto Alegre. 2009. 11. Bandura A. Exercise of personal and collective efficacy in changing societies. Em: Bandura A. Self-efficacy in changing societies. Melbourne: Cambridge University Press. 1995:1-45.