Resumo. Introdução. Cândida Chiaparini - UFFS Alíssia Barberini - UFFS

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Transcrição:

PRÁTICAS DE LEITURA DESENVOLVIDAS NA BIBLIOTECA ESCOLAR E NA BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL COM ALUNOS DO PRIMEIRO AO QUINTO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE GAURAMA/ RS Cândida Chiaparini - UFFS Alíssia Barberini - UFFS alissia.b@hotmail.com Resumo A leitura abre muitos horizontes, possibilita criar um riquíssimo vocabulário, além de fazer viajar pelo mundo da imaginação. Uma leitura feita com prazer, além de tudo isso, possibilita o crescimento intelectual do indivíduo. A biblioteca é um local que deve ser explorado por professores e alunos em prol destes benefícios. Este artigo tem por objetivo observar as práticas de leitura desenvolvidas na biblioteca da escola e na biblioteca pública municipal por professores com os alunos de 1º ao 5º ano de uma Escola Municipal de Gaurama/RS. Para isso, foi aplicado um questionário aos professores de primeiro ao quinto ano do ensino fundamental com questões que envolviam assuntos ligados às práticas de leitura realizadas nas bibliotecas com os alunos, como também um questionário para a responsável pela biblioteca pública municipal de Gaurama/RS, com questões sobre as atividades realizadas por professores e pela biblioteca no incentivo à leitura. Constatou-se que os professores e a responsável pela biblioteca consideram importantes as atividades de leitura desenvolvidas nas bibliotecas, mas, no entanto, as atividades são pouco diversificadas. Diante disso, é possível considerar que as práticas de leitura são essenciais em todos os momentos da nossa vida, e a biblioteca deve servir de incentivo a essas práticas, para, de forma articulada, proporcionar aos alunos um amplo acesso aos livros. Palavras-chave: Biblioteca. Prática de leitura. Professores. Introdução As crianças, muito antes de entrarem na escola, já têm um grande conhecimento do mundo. Até mesmo antes de serem alfabetizadas, elas já possuem essa capacidade. A leitura deve entrar na vida da criança muito antes de ela aprender a ler as palavras, pois ela já sabe ler o seu contexto social (FREIRE, 1982). A aprendizagem deve ocorrer de várias maneiras; pensando nisso, devemos proporcionar diversificadas formas de aprendizagem. Isso requer dizer que o conhecimento não advém somente da sala de aula e do professor, há várias maneiras de se aprender. Maneiras lúdicas, jogos simbólicos, passeios dentro e fora do ambiente escolar, além das idas às bibliotecas, tudo isso deve fazer parte do cotidiano escolar das crianças. O mundo da leitura deve ser apresentado à criança de forma atrativa, devendo estabelecer uma visão prazerosa, para que a mesma torne-se um hábito. A leitura desenvolve

2 a capacidade intelectual do indivíduo devendo fazer parte de seu cotidiano e desenvolvendo a criatividade e a sua relação com o meio externo (CARDOSO; PELOZO, 2007, p.2). Partindo destas concepções, este artigo tem como objetivo verificar quais as práticas de leitura desenvolvidas na biblioteca da escola e na biblioteca pública municipal por professores com os alunos de 1º ao 5º ano de uma Escola Municipal de Gaurama/RS. Metodologia Este trabalho consiste em uma pesquisa realizada com professores de 1 ao 5 anos de uma escola municipal de Gaurama-RS. Os dados foram coletados através de questionários respondidos por professores das respectivas turmas e pela responsável pela biblioteca municipal, que constaram de questões ligadas às práticas de leitura que são desenvolvidas com os alunos, na biblioteca pública municipal e na biblioteca escolar. Resultados e Discussão Em vista do objetivo do presente estudo, obteve-se como resultado a participação de seis professores, sendo uma de 1º ano, uma de 2º ano, uma de 3º ano, duas professoras de 4 ano e uma professora que leciona para o 5 ano. Todas demonstraram interesse em participar e frisaram a importância das bibliotecas e a organização de atividades com os alunos envolvendo os livros que a biblioteca compõe. Para incluir fontes interessantes de dados sobre a utilização do espaço da biblioteca para o trabalho, as pesquisadoras propuseram incluir na pesquisa as responsáveis pela biblioteca escolar e pela biblioteca pública municipal. Entretanto, apenas a biblioteca pública municipal possui uma responsável que permanece em tempo integral na biblioteca, tendo a função de cuidar da retirada de livros, organização da biblioteca e o desenvolvimento de atividades de leitura. Utilização da biblioteca nas práticas de leitura realizadas pelos professores Com os questionários respondidos, as pesquisadoras puderam perceber que todos os professores de 1º ao 5º ano são do sexo feminino, o que demonstra o predomínio de professoras, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental. Este fato demonstra como ainda prevalece a concepção de que mulheres são as mais indicadas para os cargos de

3 professoras, sendo que isto não é notório somente em sala de aula, mas também em salas de magistérios ou de cursos de pedagogia, onde a grande maioria dos alunos são mulheres. O questionamento sobre a formação das professoras apresentou como resultado o curso de magistério, registrado por duas professoras; licenciatura em pedagogia, respostas de duas professoras; formação em história, dado de uma professora; pós-graduação, registrado por três professoras e uma professora apresenta mestrado concluído. Quanto à questão sobre a utilização da biblioteca para o desenvolvimento de atividades de leitura, todas as professoras responderam que utilizam este espaço. Desta forma, a utilização da biblioteca pode ser combinada com os alunos para apresentar-se como uma atividade permanente, podendo ser desenvolvida durante o ano letivo inteiro. Sendo que a escola pode ser, às vezes, o único local onde o aluno terá a oportunidade de ter contato com os livros, por esta razão é importante favorecer o acesso ao acervo da biblioteca (BRASIL, 2012). Todas as professoras referiram que a biblioteca que elas mais utilizam é a biblioteca da escola. A biblioteca pública municipal foi citada por uma professora como de uso esporádico; outra referiu que ainda não pôde levar os alunos nesta, pois faz pouco tempo que iniciou os trabalhos com a turma. A professora do 5º ano relata que utiliza a biblioteca da escola, mas [...] sempre orientando os alunos a retirar livros na biblioteca municipal, pois tem obras que na escola não tem. Ao responder com qual frequência os alunos e o professor utilizam a biblioteca, cinco professores responderam que vão à biblioteca uma vez por semana e uma respondeu que, às vezes, vai à biblioteca até duas vezes por semana. Nestes casos, as idas semanais a este espaço referem-se à biblioteca da escola. Assim, Fragoso (2002, p. 124) cita que longe de constituir mero depósito de livros, a biblioteca escolar é um centro ativo de aprendizagem. Nunca deve ser vista como mero apêndice das unidades escolares, mas como núcleo ligado ao pedagógico. A biblioteca não deve ser vista como um lugar que serve apenas para consultas ou pesquisas, ela deve ser entendida como um local de encontro com o conhecimento, com o prazer da leitura e com a informação, sendo promotora de cumprir uma importantíssima função no sistema educacional. O tempo e com que frequência os alunos e professor irão à biblioteca pode ser combinado em sala de aula, mas isso não quer dizer que esta atividade é algo para passar o tempo, ela deve ter uma proposta e também o contato com os livros da biblioteca devem levar

4 à formação de uma ideia positiva em relação aos livros, à leitura e ao espaço da biblioteca. (BRASIL, 2012, p. 12). A pergunta seguinte foi em relação ao tipo de atividade que o professor costuma realizar com os alunos na biblioteca. Duas professoras frisaram que as atividades são desenvolvidas em sala de aula, pois a biblioteca não possui espaço físico. As tarefas realizadas com o apoio dos livros e da biblioteca estão descritas no gráfico a seguir. Gráfico 1 Atividades desenvolvidas na biblioteca com os alunos As respostas a esse questionamento foram diversas, e uma das professoras não descreveu especificamente o que costuma trabalhar na biblioteca ou em sala de aula com os livros, mas demonstra a importância que acredita ter estes tipos de tarefas com a seguinte fala: [...] realizo na sala de aula, procurando incentivar e explorar a criatividade a partir dos textos e livros trabalhados, procuro corrigir tudo em tempo real e deixar que as crianças sempre que possível expressem seus pensamentos e ideias oral e no papel. A partir das atividades citadas, a retirada de livros é o que mais prevalece como tarefa semanal, e principalmente para leitura em casa. Apesar do espaço da biblioteca ser pequeno, como afirmam duas professoras, existe uma diversa gama de trabalhos que podem ser organizados pela própria professora. A biblioteca não existe somente para retirar livros, ela é um espaço onde os alunos possam conhecer os livros, e não somente suas histórias, mas sua capa, desenhos, forma como está disposto o texto; enfim, é interessante que os alunos possam

5 se sentir à vontade neste lugar e que possam ver as imensas oportunidades de atividades que se pode desenvolver com um livro, e não somente a leitura. Almeida, Costa e Pinheiro (2012) referem que as práticas de leitura proporcionam aos alunos uma nova realidade, transformando o conhecimento em uma prática social mais ativa e consciente, aproximando o leitor com o texto de forma significativa. E as atividades de leitura, principalmente na biblioteca, estimulam o ato de gostar de ler e aprender a usar os diferentes tipos de textos no cotidiano do aluno. Outra pergunta realizada às professoras foi quanto aos gêneros textuais que costumam trabalhar com os alunos. Ao analisar suas respostas, pode-se perceber que a maioria das professoras entrevistadas utiliza-se de diversos gêneros nas atividades com os seus alunos, conforme podemos ver no gráfico seguinte. Gráfico 2: Gêneros textuais trabalhados com os alunos Entre os tipos de textos indicados pelas professoras, prevalecem as fábulas, contos, histórias em quadrinhos, embalagens e cartazes como os mais trabalhados com os alunos. Em segundo lugar, aparecem as receitas, poesias, músicas, placas, gráficos e bilhetes, cartas e avisos, e os menos indicados foram os filmes, piadas, imagens e manuais de instruções. Uma das professoras respondeu ao questionamento registrando que os gêneros que ela costuma trabalhar são expressão oral, leitura, procurar palavras conhecidas, e dessa forma, mostrou não ter clareza do que são gêneros textuais. A diversidade de textos está presente no dia a dia dos alunos, fazendo parte da cultura onde eles estão inseridos; portanto, devem ser explorados dentro da sala de aula.

6 Ensinar a escrever textos torna-se uma tarefa muito difícil fora do convívio com textos verdadeiros, com leitores e escritores verdadeiros e com situações de comunicação que os tornem necessários. Fora da escola escrevem-se textos dirigidos a interlocutores de fato. Todo texto pertence a um determinado gênero, com uma forma própria, que se pode aprender. Quando entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um papel modelizador, servindo como fonte de referência, repertório textual, suporte de atividade intertextual. A diversidade textual que existe fora da escola pode e deve estar a serviço da expansão do conhecimento letrado do aluno (BRASIL, 1997, p. 28). Outro questionamento feito às professoras foi se os responsáveis pelas bibliotecas onde eles costumam frequentar realizam alguma atividade com os alunos e quais seriam essas atividades. Foi salientado que na escola não há uma pessoa responsável pela biblioteca, as atividades são feitas pela própria professora da turma, mas existe uma professora da escola que se dispõe esporadicamente a contar histórias para os alunos, é a chamada Senhora Leitura. Ela se veste com roupas e cabelos coloridos e invade as aulas para ler um livro para os alunos. Quanto à responsável pela biblioteca pública municipal, as professoras informaram que ela organiza atividades como hora do conto, piquenique da leitura, teatros e atividades diferenciadas em datas especiais, como na semana do livro, onde foi realizada uma encenação demonstrando a história dos personagens de Monteiro Lobato e após atividade de leitura livre pelas crianças. Uma professora salientou que essas atividades poderiam ser mais exploradas, pois a biblioteca pública dispõe de condições físicas para realizá-las. Tanto as bibliotecas escolares quanto as públicas devem ser exploradas pelos professores com os seus alunos, independente de existir um único responsável que coordene as atividades. Ela deve ser um espaço que privilegie a leitura. Segundo Silva (2005, p. 118), a leitura deve também ser praticada fora dos limites da sala de aula, no sentido de ir consolidando o hábito. Dessa forma, é importante que a escola proporcione o acesso a esses espaços, pois é lá que estão guardados os melhores tesouros os livros. Essa é uma das portas mais importantes para o conhecimento humano. (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 5). Por fim, foi perguntado às professoras se elas acreditavam serem importantes as atividades de leitura no espaço da biblioteca. Todas responderam que sim e destacaram seus motivos para a resposta. Uma professora justificou sua resposta, registrando que no momento que o aluno vai para a biblioteca e escolhe o seu livro, ele está entrando em um

7 mundo novo, de fantasias desafios, cores, realidades... Cada aluno vai tirar desse livro um novo jeito de ver, refletir e aceitar situações. Ao encontro com a afirmação da professora, Abramovich (1997, p. 17), cita que é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, [...]. Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário. Dessa forma, ao ler, a criança sente também todas essas emoções causadas pelo imaginário. Esse mundo de fantasias e sentimentos proporcionados pela história fará com que a criança descubra outras formas de ver o mundo, pois é através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica. (ABRAMOVICH, 1997, p. 17). Outra professora salientou que acredita ser muito importante as atividades de leitura na biblioteca, pois as crianças saem do ambiente da sala de aula para realizar atividades diferentes e dessa forma, são estimuladas a ler, que é um habito indispensável para se tornarem alunos capazes de refletir sobre nossa realidade e, se possível, melhorá-la. As outras professoras justificaram suas respostas considerando que a biblioteca é um lugar de silêncio e de fácil concentração, que possui uma ampla variedade de livros e que o contato com esses livros faz com que as crianças criem o hábito e o gosto pela leitura. Em destaque, uma indicou que o papel do professor é incentivar e motivar, fazer com que o aluno aprenda a gostar, não por obrigação e cobrança, mas por interesse próprio. Só assim faremos de nossos alunos grandes leitores. O papel da escola e principalmente do professor no que se refere às bibliotecas é garantir que todos os alunos tenham acesso aos materiais disponíveis neste espaço e, dessa maneira, possibilitar ao aluno o gosto por frequentar este espaço e adquirir o gosto pela leitura. A leitura deve ser estimulada como um prazer, como uma opção, e não como um pretexto para ser trabalhada em sala de aula (BRASIL, 1997). Dessa forma, segundo Abramovich (1997, p. 162-163), a biblioteca é um centro de descobertas, de silêncio repousante, de provocação para olhar, mexer e encontrar algo de saboroso ou novidadeiro... de possibilidades de sentar numa mesa e ficar por muito tempo virando páginas e páginas de livros raros, não encontráveis em casa. Assim, as bibliotecas (particulares, de classe, escolar e pública) devem servir como um ambiente para práticas de leituras dos alunos e professores, de maneira a se tornar um complemento indispensável à prática escolar.

8 As práticas de leitura desenvolvidas pela biblioteca pública municipal Para poder analisar as práticas de leitura desenvolvidas pela biblioteca pública municipal, foi entrevistada uma responsável pelo ambiente. Esta possui formação em Letras Português/Espanhol e ocupa o cargo de Auxiliar de Biblioteca. Ao responder quanto a frequência dos alunos no estabelecimento, a auxiliar respondeu que há dificuldade quanto ao acesso, pois as escolas municipais encontram-se distantes da biblioteca pública municipal, o que dificulta que as professoras levem os seus alunos até lá. Porém, relatou que, principalmente as professoras do 1º ao 3º ano do ensino fundamental, vão até a biblioteca e levam alguns livros para os seus alunos. Mesmo que as professoras estão interessadas em levar para a sala de aula um material diversificado, destaca-se a importância dele próprio escolher o que vai ler, de poder frequentar a biblioteca, ter acesso aos vários materiais que lá estão dispostos. Muitas vezes, o professor trará para a sala de aula materiais pelo qual seus alunos não se interessarão. Dessa forma, dialogando com Azevedo e Lima (2011), percebe-se o quão importante é deixar à vontade os alunos para a escolha do que vão ler, pois, o que é considerado um livro bom para um, não necessariamente é para o outro: Apesar de existirem inúmeras indicações de livros que são nomeados como apropriados, pelo seu gênero ou autor, para uma determinada idade, não há como saber se os alunos vão ou não gostar da obra, não se pode julgar um livro com o intuito de escolher aqueles que se supõe que os alunos vão gostar. Pois, e se alguns gostarem e outros não? (AZEVEDO e LIMA, 2011. p. 75). Também foi questionado sobre os gêneros textuais mais procurados e trabalhados com os alunos, onde foi respondido que os mais procurados são os clássicos, mas que também há uma grande procura por gibis. Foi perguntado se a biblioteca realiza alguma atividade com os alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, a resposta foi positiva. Foi citado como atividades o Piquenique da Leitura, onde a auxiliar de biblioteca explicou que [...] montamos um piquenique com uma cesta de livros lá fora na grama e eles escolhem um livro e ficam bem à vontade para ler. Outra atividade realizada é a Hora do Conto, onde é passado de sala em sala de aula contando histórias e trabalhando ela de maneira divertida com as crianças. Outro projeto realizado pela biblioteca é na sala de cinema do município, onde as crianças têm a oportunidade de ler a história na biblioteca e assistir o filme da mesma história,

9 o projeto chama-se Projeto Leia o Livro e Assista o Filme. A auxiliar de biblioteca ainda ressaltou a presença de caixas itinerantes de leitura que passam de escola em escola. Oliveira (2008, p.4) afirma que [...] é preciso buscar estratégias que possibilitem ler, no processo de compreender a vida, para dar sentido à existência, uma vez que estamos envolvidos como co-autores na diversidade de textos que circulam. Com isso, podemos destacar a resposta da responsável pela biblioteca quando perguntamos sobre a importância da leitura neste espaço: As crianças precisam de incentivos para criarem o hábito da leitura e terem o prazer de ler, ter atividades prazerosas na biblioteca ajuda a tirar dos alunos a ideia de que leitura é uma atividade que vale nota e também ensiná-los a conhecer um mundo maravilhoso, possível apenas através da imaginação proporcionada por um bom livro. A biblioteca é um local muito importante e que deve ser valorizado e frequentado. Os livros dispostos nas prateleiras devem ser conhecidos pelos professores e manuseados pelas crianças, de maneira a formar bons leitores, que tenham condições de desenvolver um posicionamento crítico. A leitura deve ser feita por prazer e não por obrigação, deve ter significado ao leitor, assim como coloca Abaurre (1997, apud ABRAMOVICH, p. 7), [...] ler não é apenas uma atividade escolar a mais, mecânica e descontextualizada, mas uma atividade de vital, que precisa ser, desde bem cedo, plena de significação. Considerações Finais Com base nos dados coletados neste trabalho, pode-se verificar que as atividades que envolvem práticas de leitura na biblioteca abrangem na maior parte a biblioteca da escola onde foi realizada a pesquisa, sendo que a biblioteca pública municipal é pouco frequentada, pelo menos em momentos de aula. Como as atividades que são organizadas compreendem a biblioteca escolar, e pelo relato de algumas professoras, esta apresenta espaço físico insuficiente para comportar todos os alunos, a visita a biblioteca é introduzida apenas para a troca de livros, de forma semanal. E com relação às tarefas realizadas com os livros, estas abrangem a leitura em casa e em sala de aula, algumas professoras citaram trabalhar com contação de histórias e outras atividades como desenhos, encenações e troca de finais das histórias. Entretanto, as atividades trabalhadas são pouco diversificadas e focam-se principalmente na leitura e interpretação das histórias. Neste sentido, vale ressaltar que

10 existem diversas possibilidades de trabalhar com os livros e especialmente na biblioteca, que é o espaço que deve servir de incentivo às práticas de leitura. Se a biblioteca escolar não apresenta espaço suficiente para que atividades sejam desenvolvidas, existe a biblioteca pública municipal, que conta com uma responsável que pode auxiliar nestas tarefas. Além de que a mesma demonstra grande interesse, disponibilidade e criatividade em construir atividades diversificadas de forma a auxiliar na interação dos alunos com os livros e com a biblioteca. É possível e importante que haja uma articulação entre a biblioteca da escola e a biblioteca pública para assim, proporcionar aos alunos um amplo acesso aos livros. Referências ABAURRE, Maria Bernadete Marques. Prefácio. In: ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997. ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997. ALMEIDA, Waldinéia Ribeiro; COSTA, Wilse Arena da; PINHEIRO, Mariza Inês da Silva. Bibliotecários mirins e a mediação da leitura na biblioteca escolar. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.17, n.2, p.472-490, jul./dez. 2012. AZEVEDO, Heloísa Helena de Oliveira; LIMA, Bárbara Carvalho Marques Toledo. Leitura fruição em sala de aula: subsídio para a formação do leitor. Cadernos da Pedagogia. São Carlos, Ano 5 v. 5 n. 9, 2011, p. 66-79. Disponível em: <http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewfile/312/134>. Acesso em: 18 ago. 2013. BRASIL. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: planejamento e organização da rotina na alfabetização, ano 03, unidade 02.Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional, 2012. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília. 1997. CARDOSO, Giane Carrera; PELOZO, Rita de Cássia Borguetti. A importância da leitura na formação do Indivíduo. Revista científica eletrônica de pedagogia. Ano V Número 09 Janeiro de 2007 Periódicos Semestral. Disponível em: <http://www.revista.inf.br/pedagogia09/pages/artigos/edic09-anov-art03.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2013. FRAGOSO, Graça Maria. Biblioteca na escola. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 7, n. 1, p. 124 131. 2002. FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler em Três Artigos que se Completam. Coleção Polêmicas do Nosso Tempo. Cortez Editora, 1982.

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