QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MANTEIGAS COMERCIALIZADAS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

Documentos relacionados
Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE IOGURTES COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE MANTEIGAS COMERCIALIZADAS EM VIÇOSA (MG)

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS COMERCIALIZADOS NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE UNAÍ, MG, BRASIL

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA DO LEITE CRU REFRIGERADO INDIVIDUAL E COMUNITÁRIO DE PROPRIEDADES RURAIS DO VALE DO RIO DOCE (MG) 1

ACEITAÇÃO E PREFERÊNCIA DE DERIVADOS LÁCTEOS POR ESTUDANTES DA UNIVIÇOSA/ESUV (MG) 1. Introdução

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇA SUINA COMERCIALIZADA NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANAS DO LEITE CRU REFRIGERADO CAPTADO EM TRÊS LATICÍNIOS DA REGIÃO DA ZONA DA MATA (MG)

TEORES DE GORDURA E PROTEÍNA DO LEITE CRU REFRIGERADO INDIVIDUAL E COMUNITÁRIO DE PROPRIEDADES RURAIS DO VALE DO RIO DOCE (MG) 1

XI Encontro de Iniciação à Docência

Pesquisa de microrganismos indicadores de condições higiênico sanitárias em água de coco

ROTULAGEM NUTRICIONAL DO QUEIJO DE COALHO DE COMERCIALIZADO NO ESTADO DE PERNAMBUCO. Apresentação: Pôster

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE SANDUÍCHES NATURAIS COMERCIALIZADOS EM ARAPONGAS PARANÁ SILVA, M.C; TOLEDO, E

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO DE MANTEIGA COMERCIALIZADO NA FEIRA LIVRE DO MUNICÍPIO DE SOLÂNEA-PB. Apresentação: Pôster

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM QUEIJO MINAS FRESCAL¹

Avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado tipo C produzido na região de Araguaína-TO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO LEITE CRU E DO LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADOS NO OESTE DE SANTA CATARINA

QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE LANCHES COMERCIALIZADOS NO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFPEL, RS

ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA UTILIZADA PARA LAVAGEM E ACONDICIONAMENTO DAS CONCHAS QUE SERVEM SORVETE PALMAS-TO

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS DE MESA TIPO SECA COMERCIALIZADAS EM BELÉM PARÁ

Disciplina: Controle de Qualidade Série: 2ª Turmas: L/N/M/O. Curso: Técnico em Agroindústria. Professora: Roberta M. D.

XI Encontro de Iniciação à Docência

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO COALHO COMERCIALIZADO NA CIDADE LUÍS GOMES/RN.

A QUÍMICA PRESENTE NAS INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS

DETERIORANTES E INDICADORES DE HIGIENE AROMAS

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CARNE BOVINA MOÍDA COMERCIALIZADA EM LIMOEIRO DO NORTE-CE

ADEQUAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO MINAS ARTESANAL PRODUZIDO NA REGIÃO DE UBERLÂNDIA-MG

Área de Atividade/Produto Classe de Ensaio/Descrição do Ensaio Norma e/ou Procedimento

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇAS MISTAS COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS SERVIDAS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UFPEL, CAMPUS CAPÃO DO LEÃO. 1. INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO BACTERIOLÓGICA EM AMOSTRAS DE AÇAÍ NA TIGELA COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE CARUARU PE

AVALIAÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE LINGUIÇAS SUÍNAS DO TIPO FRESCAL COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE PELOTAS-RS

QUALIDADE E INOCUIDADE DO QUEIJO ARTESANAL SERRANO EM SANTA CATARINA

Avaliação da Qualidade Microbiológica de Manteigas Artesanais Comercializadas no Estado de Alagoas

AVALIAÇÃO DA ROTULAGEM DE QUEIJO COALHO COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE GARANHUNS-PE

PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 23, DE 30 DE AGOSTO DE 2012

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO COLONIAL PRODUZIDO NA CIDADE DE TRÊS PASSOS, RS

XI Encontro de Iniciação à Docência

UFPB PRG X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

PERFIL DO CONSUMO DE LEITE E DO QUEIJO FRESCAL NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT

QUANTIFICAÇÃO DE LEVEDURAS EM AMOSTRAS DE QUEIJOS COLONIAIS PRODUZIDOS PELA AGOINDUSTRIA FAMILIAR DA REGIÃO DE TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - BRASIL

ASPECTOS PARA QUALIDADE E HIGIENE DO LEITE CRU BOVINO (Bos taurus) PRODUZIDO EM BANANEIRAS-PB

PALAVRAS-CHAVE Ensino Técnico. Engenharia de Alimentos.

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO MEL DE ABELHA Apis mellifera DO SERTÃO PARAIBANO

ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA ACIDIFICADA

INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA Nº 30, DE

ENUMERAÇÃO DE MICRORGANISMOS INDICADORES DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA EM QUEIJO COLONIAL

ATIVIDADE DAS ENZIMAS FOSFATASE E PEROXIDASE COMO INSTRUMENTO DE VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA DA PASTEURIZAÇÃO LENTA DE LEITE PREVIAMENTE ENVASADO

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS POLPAS E SUCOS DE FRUTAS, UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Qualidade microbiológica da água de queijarias da microrregião Campo das Vertentes

Controle de qualidade na produção leiteira: Análises Microbiológicas

ANÁLISES DE COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES EM PRODUTOS DERIVADOS LACTEOS E SORVETES

CRITÉRIOS MICROBIOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ALIMENTOS. Denise Hentges

ESCOPO DA ACREDITAÇÃO ABNT NBR ISO/IEC ENSAIO

20/05/2011. Leite de Qualidade. Leite de qualidade

DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ALGUNS ALIMENTOS COMERCIALIZADOS NAS IMEDIAÇÕES DE HOSPITAIS PÚBLICOS EM ARAGUAÍNA, TOCANTINS

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE SORO DE LEITE 1. Alcance

BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

Grupo: Andressa, Carla e Thalita. Sequência lógica de aplicação do sistemas de APPCC

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 26, DE 12 DE JUNHO DE 2007 (*)

Palavras-chave: Análise de água. Qualidade da água. Queijo Canastra.

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS TIPO MINAS FRESCAL FISCALIZADOS E COMERCIALIZADOS NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA

ANÁLISE COMPARATIVA DA POPULAÇÃO VIÁVEL DE BACTÉRIAS LÁTICAS E QUALIDADE HIGIÊNICA INDICATIVA DE TRÊS MARCAS DE LEITES FERMENTADOS

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE MELÃO (Cucumis( melon var. inodorus) MINIMAMENTE PROCESSADO EM FUNÇÃO DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE SALAME TIPO ITALIANO

AVALIAÇÃO DE RÓTULOS DE DIFERENTES MARCAS DE LEITE EM PÓ INTEGRAL COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE GARANHUNS - PE. Apresentação: Pôster

Faculdade Assis Gurgacz FAG Scheila Maiara Dal Posso

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL EM PEQUENAS AGROINDÚSTRIAS DA REGIÃO OESTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA.

ANÁLISE DO TEMPO DE MATURAÇÃO NA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO SERRANO

Creme de leite e Manteiga

Ana Celina T. de A. Aureliano APEVISA Eneida Lacerda APEVISA Geise Maria da Silva Belo Visa Municipal - Recife Lúcia Roberta de Souza Filizola

ATIVIDADE ANTAGONISTA DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

ANEXO REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE NATA

Avaliação da conformidade em rotulagens de queijos de coalho comercializados em estabelecimento varejista no mercado de Maceió-AL

PRESENÇA DE COLIFORMES TERMOTOLERANTES E TOTAIS EM BOMBONS TRUFADOS CASEIROS, VILHENA-RO

PORTARIA Nº 207, DE 31 DE JULHO DE 2014.

BIOCENTER Microbiológica Ltda. Rua Reims, 570 Casa Verde São Paulo/SP CEP: Telefone: (11) / FAX: (11)

Qualidade microbiológica de hortaliças in-natura e processadas, comercializadas no Distrito Federal.

ANÁLISE DE BOLORES E LEVEDURAS EM QUEIJOS TIPO MINAS, PRODUZIDOS ARTESANALMENTE E COMERCIALIZADOS EM FEIRAS LIVRES NA CIDADE DE PELOTAS / RS.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ALFACE (LACTUCA SATIVA) COMERCIALIZADA NA CIDADE DE PARÁ DE MINAS-MG

Avaliação microbiológica do queijo coalho produzido pela agricultura familiar. BATISTA, Samara Claudia Picanço¹; COSTA, Sarah Ferreira das Chagas 2

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO CALDO DE CANA EM FEIRAS LIVRES DO ESTADO DE RONDÔNIA

11/03/2011. Médico Veterinário UFERSA (2001) Dr. Ciências Veterinárias UECE (2006) Professor do Departamentos de Ciências Animais da UFERSA.

PORTARIA Nº 207, DE 31 DE JULHO DE 2014.

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE IOGURTE GREGO PRODUZIDO POR UMA AGROINDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE GUARANI, MG.

PORTARIA Nº 32, DE 14 DE MARÇO DE 2014.

PERFIL MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE LEITE PASTEURIZADO DE ACORDO COM AS ESPECIFICAÇÕES MUNICIPAIS (SIM) E ESTADUAIS (IMA)

Impactos do uso de Produtos Veterinários e de Alimentos para Animais na produção de alimentos seguros

Elaboração de POPs e Manual de Boas Práticas de Fabricação em um supermercado no município de Viçosa 1

BOAS PRÁTICAS DA PRODUÇÃO DE LEITE

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CHÁS INDUSTRIALIZADOS E IN NATURA MICROBIOLOGICAL QUALITY COMPARISON OF INDUSTRIALIZED TEAS AND IN NATURA

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Vigilância Sanitária Estadual Vigilância Sanitária Municipal Laboratório de Saúde Pública

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

ID Área Classe de Ensaios Classe de Matriz Matriz Determinação Técnica Método Tipo de Escopo Situação do ensaio

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO DE COALHO

Transcrição:

531 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MANTEIGAS COMERCIALIZADAS EM VIÇOSA (MG) 1 Natália Mara dos Santos 2 ; Jéssica Pires Ávila Rasmini 2, Isabela de Castro Oliveira 2, Cíntia da Cunha Abreu 2, Eduardo Nogueira Fernandes 2, Adriano França da Cunha 3 Resumo: A qualidade microbiológica da manteiga está diretamente relacionada com a qualidade do leite ou do creme, bem como falhas e má higiene durante o processamento e armazenamento do produto. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica de cinco lotes de cinco marcas de manteigas comercializadas em Viçosa (MG), totalizando 25 amostras. As análises de Coliformes Totais e Termotolerantes, Satphylococcus spp., Bolores e Leveduras foram realizadas de acordo com a Instrução Normativa n 62 do MAPA, exceto para a determinação de Salmonella spp. Todas as amostras apresentaram contagens em conformidade com as legislações do MAPA e ANVISA quanto a Coliformes Termotolerantes e Salmonella spp. As amostras de manteiga não atenderam às legislações quanto às contagens de Coliformes totais (16%), Staphylococcus spp. (16%) e Bolores e Leveduras (12%). É importante que as indústrias tenham controle durante a seleção da matéria prima, processamento e armazenamento de manteigas, a fim de garantir o valor nutritivo e microbiológico do produto ao consumidor. Palavras chave: legislação, manteiga, microrganismos, qualidade. Introdução De acordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) 1 Parte do Trabalho de Conclusão de Curso de Natália Mara dos Santos. 2 Graduandos em Medicina Veterinária FACISA/UNIVIÇOSA.E-mail:nataliamsanto_ veterinaria@hotmail.com;jessicarasmini92@bol.com.br; isabelacastrooliveira@gmail.com; cintiac.abreu@hotmail.com; eduardo_soad@hotmail.com 3 Professor do curso de Medicina Veterinária FACISA/UNIVIÇOSA. E-mail: adrianofcunha@ hotmail.com.br

532 Mariana Saraiva Sousa et al. do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), entende-se por manteiga o produto gorduroso obtido exclusivamente pela bateção e malaxagem, com ou sem modificação biológica de creme pasteurizado derivado exclusivamente do leite. A matéria gorda da manteiga deve ser composta exclusivamente de gordura láctea (MAPA, s.d.). No Brasil, a inspeção da manteiga nas indústrias é de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), uma vez que o leite é um produto de origem animal. No ponto de venda, ou seja, no mercado varejista (padaria, supermercado etc.), a inspeção e o controle da manteiga são realizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Ministério da Saúde. No entanto, de acordo com o artigo 18 da lei 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor), os fornecedores de produtos de consumo respondem solidariamente pela qualidade destes. Desta forma, o fabricante e o ponto de venda respondem pela qualidade do produto oferecido ao consumidor, tendo o produto fabricado ou comercializado que se enquadrar tanto aos parâmetros estabelecidos pelo MAPA, como pela ANVISA. Quanto às características microbiológicas, a manteiga deve ser processada sob critérios de aceitação estabelecidos pelo MAPA. Tais critérios são: Coliformes Totais (n=5, c=2, m=10 NMP/mL, M=100 NMP/mL), Coliformes Termotolerantes (n=5, c=2, m=3 NMP/mL, M=10 NMP/mL), Salmonella spp./25g (n=5, c=0, m=0), Staphylococcus coagulase positiva (n=5, c=1, m=10 UFC/mL, M=100 UFC/mL). O termo NMP significa Número Mais Provável para contagem de coliformes; n, o número de amostras avaliadas em um lote; c, o número de amostras que podem apresentar contagens entre m e M ; m, o limite de contagem mínima; e M, o limite de contagem máxima. De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada n 12 (RDC 12) da ANVISA (BRASIL, 2001), amostras representativas de manteiga coletadas no varejo devem atender os mesmos critérios microbiológicos de aceitação estabelecidos pelo MAPA (MAPA, s.d.). O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade microbiológica de manteigas comercializadas em Viçosa (MG) de acordo com critérios estabelecidos pelo MAPA e ANVISA.

Quantificação de polifenóis totais... 533 Material e Métodos Durante os meses de abril a agosto foram coletadas cinco amostras de lotes diferentes, de cinco marcas de manteigas com sal comercializadas em pontos de vendas da cidade de Viçosa (MG), totalizando 25 amostras. As amostras foram enviadas rapidamente e sob refrigeração para o Laboratório de Química da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde (FACISA-UNIVIÇOSA/ ESUV), onde foram analisadas. A contagem de Coliformes Totais, Coliformes Termotolerantes, Staphylococcus spp., Bolores e Leveduras foi realizada de acordo com a Instrução Normativa n 62 do MAPA (MAPA, s.d.). A detecção de Salmonella spp. foi realizada de acordo com a metodologia descrita segundo Back (2010). Os resultados foram analisados de acordo com os critérios estabelecidos pela legislação específica do produto, ou seja, Portaria n 146 do MAPA (BRASIL, 1996), exceto os resultados de Bolores e Levedura, que foram analisados de acordo com Garcia et al. (2009), que estabelece ausência dos microrganismos. Resultados e Discussão Houve quatro amostras (16%) com contagem de coliformes totais acima de 100NMP/g de manteiga. Isto indica que as condições higiênicas durante o processamento do produto não foram adequadas. Segundo Cardoso et al. (2000), bactérias que pertencem ao grupo coliforme são prejudiciais aos alimentos e sua presença determina inutilidade dos mesmos. A detecção de coliformes totais indica má qualidade da água usada no processo de fabricação, más condições de higiene na linha de processamento dos alimentos e possíveis ocorrências de contaminação após processos térmicos. Tabela 1. Porcentagem de amostras em conformidade e desconformidade com os parâmetros microbiológicos de manteigas comercializadas em Viçosa (MG)

534 Mariana Saraiva Sousa et al. Parâmetro N Conformidade Desconformidade N% N% Coliformes Totais* 252184,0 416,0 Coliformes Termotolerantes* 252510 000 Salmonella spp.* 252510 0,000 Staphylococcus spp.* 252184,0 416,0 Bolores e Leveduras** 252288,0 312,0 * Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 1996); Ministério da Saúde (BRASIL, 2001); ** Ausência de Bolores e Leveduras de acordo com Garcia et al. (2009). Não foram detectados coliformes termotolerantes em nenhuma das amostras de manteiga analisadas. Comparando a qualidade microbiológica da manteiga de garrafa artesanal com a manteiga de garrafa industrial no município de Mossoró (RN), Soares et al. (2009) observaram que todas amostras apresentaram-se dentro do padrão permitido. Segundo Cardoso et al. (2000), a detecção de coliformes termotolerantes é indicativo de contaminação fecal e condições higiênico sanitárias inadequadas, visto presumir que a população de coliformes termotolerantes é composta de uma alta proporção de Escherichia coli. Não foi detectado Salmonella spp. em nenhuma das amostras de manteiga avaliadas. Resultado semelhante foi observado por Ambrósio et al. (2001), quando avaliaram a identidade, a qualidade e a estabilidade da manteiga de garrafa na cidade de Recife (PE). Todas as amostras submetidas às análises microbiológicas apresentaram resultados negativos para Salmonella spp. Isto indica segurança dos produtos aos consumidores quanto à gastroenterites causadas pelo agente. Quatro amostras de manteigas (16%) apresentaram contagens de Staphylococcus spp. acima de 100 UFC/mL. De acordo com Ambrósio (2001), Staphylococcus coagulase negativo fazem parte da microbiota humana normal e podem causar infecções em pacientes jovens, idosos e imunodeprimidos. Isto é preocupante, já que não há parâmetros no MAPA e ANVISA para Staphylococcus spp. (MAPA, s.d.; BRASIL, 2001).

Quantificação de polifenóis totais... 535 Não foi detectado Staphylococcus coagulase positivo em nenhuma das amostras avaliadas. Resultado semelhante foi observado por Ambrósio et al. (2001), quando avaliaram manteigas em Recife (PE). Os autores não detectaram Staphylococcus aureus, microrganismo coagulase positivo em nenhum produto e associaram tal resultado ao fato do produto ter elevado teor de lipídios e a baixa atividade de água (Aw), o que torna o meio inóspito ao desenvolvimento do agente. Três amostras de manteiga (12%) apresentaram altas contagens de Bolores e Leveduras. O MAPA e ANVISA não estabelecem parâmetros para tais microrganismos na manteiga, o que é preocupante, pois estes microrganismos podem causar enfermidades em consumidores. A alta contagem de bolores e leveduras indica que as amostras foram processadas sob condições higiênicas inadequadas, o que compromete a qualidade e vida de prateleira do produto, já que bolores e leveduras são potenciais deteriorantes de produtos láticos (GARCIA et al., 2009). Conclusões Todas as amostras de manteiga apresentaram conformidade com a legislação vigente quanto aos teores de coliformes termotolerantes, Salmonella spp. e Staphylococcus coagulase positivo. No entanto, algumas amostras apresentaram desconformidade quanto às contagens de coliformes totais, Staphylococcus spp., Bolores e Leveduras. É importante que as indústrias tenham controle durante a seleção da matéria prima, processamento e armazenamento de manteigas, a fim de garantir o valor nutritivo e microbiológico do produto ao consumidor. Referências Bibliográficas AMBRÓSIO, C.L.B.; GUERRA, N.B.; MANCINI FILHO, J. Características de identidade, qualidade e estabilidade da manteiga de garrafa. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.21, n.3, 2001. BACK, A. Manual de Doenças de Aves. Cascavel: Ed. Integração, 2010. 311p.

536 Mariana Saraiva Sousa et al. BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA, RDC n 12 de 16 de abril de 1999. Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos de Alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, 02 de janeiro de 2001. CARDOSO, A.L.S.P.; TESSARI, E.N.C.; CASTRO, A.G.M.; KANASHIRO, A.M.I.; GAMA, N.M.S.Q. Pesquisa de Coliformes Totais e Coliformes Fecais analisados em ovos comerciais no Laboratório de Patologia Avícola de Descalvado. Arquivos do Instituto Biológico, v.68, n.1, p.19-22, 2001. GARCIA, A.L.B.; ROCHA, L.C.S.; FAUSTINO, M.V.S.; BEZERRA, A.M.S. Aspectos microbiológicos do queijo de manteiga comercializado no município de Currais Novos - RN. In: IV CONGRESSO DE PESQUISA E INOVAÇÃO DA REDE NORTE E NORDESTE DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA. 2009, Anais...Belém, PA, 2009. MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sistema de Consulta à Legislação. s.d. Disponível em: http:// sistemasweb.agricultura.gov.br/sislegis/action/detalhaato. do?method=abrelegislacaofederal&chave=50674&tipolegis=a Acessado em 21 de setembro de 2013.