A energia no centro de cenário geopolítico atual
Em jogo: a) produção - Ucrânia: rota de passagem de 15% dos gás natural importado pela União Europeia - Iraque: campo gigante de Rumaila: BP; campo gigante de Majnum: Shell. Meta: 12 milhões de barris diários em 2017 (nº1 do mundo) - Irã: 2º maior reserva mundial de gás natural, 4ª maior reserva de petróleo - Líbia: produção cai de 900 mil mdb em 2013 p/ 500 mil mbd (de 10% para 3% abastecimento da União Europeia) - - Venezuela: maior reserva mundial de petróleo
b) Controle das rotas de transporte Ucrânia: rota de passagem de 15% dos gás natural importado pela União Europeia Acordo China/Rússia: 38 bilhão de metros cúbicos anuais de gás natural russo para a China durante 30 anos (US$400 bilhões) Esforço dos EUA para impedir a construção do gasoduto South Stream (Rússia/Bulgária)
1985: O contra-choque do petróleo 1973/1984: período de preços altos 1985: Os preços caem a menos da metade: US$ 10 o barril Motivos: - Recessão mundial - Desunião na Opep (Guerra Irã-Iraque): cotas de exportação deixam de ser acatadas - Guerra Fria: Arábia Saudita amplia exportação para cortar fonte de receita da União Soviética
1990s: a ofensiva dos países centrais Contexto internacional: globalização e reformas neoliberais Privatizações totais ou parciais: Rússia, Argentina, Brasil, Venezuela Novos exportadores: Cazaquistão Preços baixos, redução dos investimentos Recessão: crise asiática, crise russa... 1999: petróleo atinge US$ Plano político:militarização da questão energética
2000: a volta do nacionalismo Opep: corte de produção, alta preços Explosão do consumo na China e emergentes EUA/2001: crise energética, política da máxima extração Venezuela: paro petrolero (2002/2003) Invasão do Iraque Disparada dos preços: US$147 em 2008
Cenário atual: liderança dos combustíveis fósseis Previsão do governo/eua: consumo de combustíveis fósseis crescerá 40% até 2035, dos atuais 440 para 615 quatrilhões de BTU Participação dos combustíveis fósseis na matriz energética global cairá de 84% para 79% Renováveis crescerão de 2% para 7% Emissões de carbono crescerão 29%
Então o mundo irá nadar em petróleo? Não. Declínio das reservas convencionais (-6% a.a.) Opção pelo petróleo não convencional : Areias betuminosas (Canadá), petróleo extrapesado (Venezuela), pré-sal (Brasil), extração no Ártico e em águas ultraprofundas (EUA), petróleo do xisto (tight oil EUA) Tecnologias cada vez mais caras Danos ambientais crescentes Pressões ambientalistas (impacto + emissões)
2. A revolução do gás do xisto? De um lado, melhorou a posição dos EUA: - Produção de gás natural cresceu 50% entre 2008 e 2013 - Redução significativa nos custos da energia: preços atuais são 1/3 da Europa e 1/5 do Japão - Do outro lado: custos crescentes na produção do gás do xisto (shale gas)
A questão do petróleo do xisto Reservas estadunidenses superestimadas: capacidade do maior campo (Monterrey) é de apenas 1/3 da que se previa inicialmente Previsões de pico da produção do tight oil (2 mbd) em 2015/2016 e depois, queda Mesmo nas mais otimistas projeções, EUA ainda vão importar de 6 a 7 mdb em 2035 (cerca de 1/3 das suas necessidades)
É possível replicar experiência dos EUA no shale gas? Problemas ambientais: contaminação dos lençois freáticos Moratória ou proibição na maior parte da Europa Necessidade de rede extensa de gasodutos Necessidade de amplas fontes de água
3. Países periféricos devem renunciar à exploração do petróleo? Equador: Parque do Yasuní: 850 milhões de barris Pre-sal: mais de 60 bilhões de barris Produção prevista para 2017: 3,6 mdb (+ de 50% da produção atual) 3 a 5% do PIB e exportações anuais de US$ 50 bilhões (atuais: US$ 200 bilhões) 75% para a educação e 25% para saúde...
Dados gerais Maior reserva da América Latina 2ª maior do mundo (incluindo petróleo extrapesado da Bacia do Rio Orenoco) Maior exportador latino-americano Um dos cinco mais fornecedores dos EUA 90% da receita de exportações 50% da arrecadação fiscal 30% do PIB
As origens Produtos coloniais: cacau, café, gado Primeiro campo de petróleo: 1913 Início das exportações: 1918 Contexto: Ditadura de Juan Vicente Gómez (1905-1935)
Uma relação neocolonial Contratos de concessão e a Lei de Hidrocargonetos (1922) elaborados pelos advogadas das empresas petroleiras: Shell e Standard Oil (depois: Jersey/Exxon) Divisão da receita: - 10% (ou menos): royalties (para o Estado) - 90% (ou mais): lucros (para as empresas)
Documento r n Revista World Petroleum escreveu em 1930: Probably nowhere else do oil companies enjoy advantadges equal to or greater than those which the government of Venezuela grants them for the purpose of stimulating operations. t a
O boom da década de 1920 Campos gigantescos no Lago Maracaibo Produção salta de 1,4 milhões de barris por ano (1920) para 137 milhões de barris (1927) - Segundo produtor mundial (depois dos EUA) - 40% dos lucros mundiais da Shell
Condições internas Repressão (Universidade Central de Caracas foi fechada várias vezes...) Mais de 80% das terras nas mãos de latifundiários (Gómez um dos principais) Sólida aliança entre as classes dominantes internas (burguesia comercial, bancária e latifundiária) e as petroleiras estrangeiras População: 3 milhões de habitantes
Coisas começam a mudar Morte de Gómez (1935) abre período de ebulição política. Nova ditadura: López Contreras(até 1941) Movimento democrático, novas lideranças, leis trabalhistas Sucessor: Medina Angarita (eleito pelo voto indireto)
Novos rumos Medina Angarita surpreende: nova Lei do Petróleo (1943) Nacionalização no México (1938): muitos investimentos se deslocam para a Venezuela Royalties aumentam para 16,56 (um em cada seis barris pertence ao Estado) Novos contratos de concessão: 40 anos Obrigação de construir refinarias
Década de 1940 Fornece mais de 60% do petróleo consumido pelas tropas aliadas na 2ª Guerra Mundial Urbanização acelerada Criado o Banco Central da Venezuela 1945: democratização. O escritor Rómulo Gallegos eleito para a presidência (1947). Dois partidos fortes: AD e Copei Novas regras para o petróleo: 50%-50%
Ditadura e modernização 1948: golpe militar leva ao poder o general Perez Jimenez Renda petroleira financia obras faraônicas Construção da infra-estrutura nacional: hidrelétricas, siderurgia, petroquímica Uma ideia: semear o petróleo Mas o que se consolida é capitalismo rentístico
Características do rentismo Principal fonte de renda: exportação de recursos naturais, sem uma contrapartida de esforços produtivos internos Doença holandesa : supervalorização da moeda favorece as importações Empreendedores domésticos com foco no comércio e nos serviços Estado superdimensionado
Um estrutura social específica No topo da pirâmide: executivos e gestores a serviço das transnacionais Patronato (rural e urbano) Elite dirigente: políticos profissionais, altos oficiais militares, tecnocratas etc Classe média (funcionários públicos, profissionais liberais) Classes populares
O pacto de Punto Fijo 1958: queda de Perez Jimenez abre caminho para a democracia Um grande acordo: AD, Copei, URD (União Republicana Democrática) Partilha do poder (e da renda petroleira) Condomínio estatal: repartição de todos os postos do aparelho de Estado Neutralização dos conflitos sociais; repressão
Enquanto isso, na área do petróleo Venezuela é membro fundador da Opep Criada a Corporação Venezuelana do Petróleo Controle estatal dos gás e derivados
Pós-1973: Venezuela saudita Avalanche dos petrodólares financia tudo Remodelação radical da cidade de Caracas Classes média e alta: padrão de 1º Mundo Melhoria geral das condições sociais, ascensão social em escala limitada Tentativa de substituição de importações via financiamento estatal Empréstimos internacionais
1976: a nacionalização 1975: Carlos Andrés Pérez cria a PDVSA 1976: Estatal encampa as 15 concessionárias privadas (entre elas: Exxon, Shell e Mobil) A mesma estrutura administrativa é mantida Aos poucos: PDVSA ganha mais autonomia em relação ao Estado
A virada da maré Década de 1980: declínio dos preços do petróleo 1983: crise da dívida. O presidente Luis Herrera Campins desvaloriza a moeda. Fuga de capitais. Desemprego dispara. 1986: contra-choque petroleiro. Pacto de Punto Fijo entra em crise
O que acontece com a PDVSA? Na crise, funcionários mais graduados buscam desvincular a empresa do Estado. Gestão por critérios privados Objetivo: diminuir a participação estatal nos ingressos petroleiros Estado dentro do Estado Aquisição de empresas no exterior, lucros maquiados em investimentos
A era neoliberal 1989: Carlos Andrés Pérez volta à presidência, com a promessa de volta os bons tempos Faz o contrário: acordo com FMI inclui desvalorização da moeda, aumento dos juros, congelamento de salários, fins dos subsídios aos produtos de primeira necessidade Resposta: o Caracaço: mais de 3 mil mortos
Abertura petroleira Abertura das reservas do país a empresas estrangeiras, em troca de royalties muito baixos (16,7% em média) Redução do pagamento de royalties da PDVSA ao governo: apenas 1% em alguns casos Preparativos para a saída da Opep e para a privatização da PDVSA Contexto: privatização geral das estatais
Um cenário de crise 1989: PIB de 8,1% negativos, inflação de 81% Pobreza: 45% em 1990; fome Fim do sistema de Punto Fijo Quebra de uma imagem do país, ruptura de um padrão de convivência Distância total entre a elite e o povo Corrupção: Impeachment de CAP em 1993 Descrédito geral dos políticos
Surge o chavismo