ADMINISTRAÇÃO. Exportação de material termoplástico reciclado. Aline Rodrigues Santos Pesquisadora. Germano Manuel Correa Orientador



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Transcrição:

ADMINISTRAÇÃO Exportação de material termoplástico reciclado Aline Rodrigues Santos Pesquisadora Germano Manuel Correa Orientador Resumo O presente estudo tem como objetivo identificar o potencial de exportação nas empresas recicladoras de termoplástico. Foram utilizados os fundamentos da Logística Reversa como base, que entre outras coisas, trata da viabilização da reutilização de materiais descartados, com enfoque em questões ambientais. Sendo a reciclagem uma alternativa de negócios, que a partir de materiais descartados faz o reprocessamento necessário e reinsere o novo produto no mercado, abordou-se a reciclagem de plásticos por serem derivados do petróleo. A exportação traz benefícios ambientais e econômicos, não só para a empresa, mas também para o país. Foram estabelecidos dois critérios de aceitação no mercado internacional para materiais reciclados: padrão da qualidade e preço competitivo. A partir do estudo de caso, concluiu-se que a empresa pesquisada tem potencial de exportação, pois tem preço competitivo e necessita ajustar o padrão de qualidade estabelecido, para poder exportar. Palavras-chave: Exportação. Termoplástico. Logística reversa. Reciclagem. 7 Abstract: The present study has the objective of identifying the exportation potential in the thermoplastic recycling companies of thermoplastic. It was used the Reverse Logistics concepts as the base reference because, among other things, it deals with the possibility of the discarded materials usage, focusing environmental matters. Being the recycling a business alternative, as of discarded materials makes the necessary reprocessing and inserts again the new product in the market, one approached recycling of plastic for being derived from the oil. The exportation brings environmental and economic benefits, not only for the company, but also for the country. Two criteria of acceptance in the international market were developed: the quality standard and competitive price. As of the case study, one concluded that the researched company has the necessary exportation potential, because it has competitive price and needs to adjust the established quality standard, so that it is able to export. Key words: Export. Recycling. Thermoplastic. Reverse logistics.

Aline Rodrigues Santos 8 1 Introdução Nos dias atuais, em que as questões ambientais têm grande importância, temas como reciclagem e logística reversa passam a ter destaque tanto no meio acadêmico quanto no meio profissional. No Brasil, devido ao contexto econômico, além da reciclagem e da logística reversa, tem grande relevância também a exportação, como meio de alavancagem da economia. Por isso foi escolhido abordar um desses temas, através de estudo de caso em uma empresa de reciclagem de termoplásticos, onde ficou definido o âmbito da pesquisa, para verificar o potencial de exportação de termoplásticos reciclados. Com base no referencial teórico desenvolvido para esta pesquisa, estabeleceu-se como pré-requisitos para exportar o atendimento do padrão internacional de preço e qualidade. O estudo de caso consiste em aprofundar de forma exaustiva um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. O propósito deste estudo de caso é o de proporcionar uma visão global do problema ou identificar possíveis fatores que o influenciem ou são por eles influenciados. Utilizamos na pesquisa uma forma de estudo em que o caso é aquele em que o caso constitui o próprio objeto da pesquisa. A utilização de múltiplas fontes de evidência constitui o principal o principal recurso de que se vale o estudo de caso para conferir significância a seus resultados (YIN, 2001). Um dos maiores problemas na interpretação dos dados no estudo de caso deve-se à falsa sensação de certeza que o próprio pesquisador pode ter sobre suas conclusões. Esse problema pode ocorrer em qualquer outro tipo de pesquisa, mas é muito mais comum neste formato. Convém, portanto, que o pesquisador desenvolva logo no início da pesquisa um quadro de referência teórico com vista a evitar especulações no momento da análise. 2 Logística Reversa Logística Reversa refere-se às atividades associadas à manipulação e ao gerenciamento dos equipamentos, de produtos, de componentes, de matérias primas ou mesmo de sistemas técnicos inteiros a serem recuperados. Serão analisados os pontos principais: por que, como e o quê, apresentando assim os fundamentos da logística reversa; por que as coisas retornam: consideram as forças que induzem as companhias e as instituições a tornarse ativas na logística reversa em um nível elevado e nas razões para fluxos reversos (razões do retorno); o que está sendo retornado: descreve características do produto que é recuperado, os exemplos a atrativos ou compulsórios e da elasticidade, baseados em casos reais; como a logística reversa trabalha na prática: lista os atores e os processos envolvidos (como é recuperado o valor dos produtos). A logística reversa operacionaliza o fluxo físico e as informações correspondentes de bens de consumo descartados pela sociedade, em fim de vida útil ou usados com possibilidade de utilização e resíduos industriais (NAGEL; MEYER, 1999). Seu objetivo estratégico é o de agregar valor a um produto logístico constituído por bens inservíveis ao proprietário original, ou que ainda possuam condições de utilização, por produtos descartados por terem

Exportação de material termoplástico reciclado atingido o fim de vida útil e por resíduos industriais. Estes produtos de pós-consumo poderão se originar de bens duráveis ou descartáveis por canais de reuso, desmanche e reciclagem até a destinação final. Depósitos pagos e as contribuições de caridade são alguns dos incentivos usados por companhias para estimular (seus próprios ou outros) clientes a trazer/enviar de volta bens que gostariam de recuperar (DE BRITO, 2002). A Logística Reversa relaciona-se com os seguintes aspectos do negócio: 1) Proteção ao meio ambiente: uma vez que há aumento de reciclagem e reutilização de produtos, há uma diminuição de resíduos; 2) Diminuição dos custos: retorno de materiais ao ciclo produtivo; 3) Melhora da imagem da empresa perante o mercado: empresas ambientalmente responsáveis, o que representa uma forte publicidade positiva; 4) Relação custo/benefício vantajosa: apesar dos custos com a estruturação de uma logística reversa os benefícios (ambientais, boa imagem no mercado etc.) são positivos; 5) Aumento significativo nos lucros da empresa: uma vez bem estruturada a prática de reutilização de materiais (alumínio, aço, computadores etc.), acarreta na redução de custos de compra de matéria-prima. De acordo com Alcoforado (2002), a logística verde ou ecológica age em conjunto com a logística reversa, no sentido de minimizar o impacto ambiental, não só dos resíduos na esfera da produção e do pós-consumo, mas de todos os impactos ao longo do ciclo de vida dos produtos. 2.1 Reciclagem Uma das soluções que vem ganhando o apoio de grande número das entidades envolvidas com a questão ambiental refere-se ao reaproveitamento de plástico descartado no lixo urbano residencial e comercial. Construído, em sua maior parte, por embalagens descartáveis (sacos, potes, copos, garrafas, brinquedos etc.), representa volume significativo, e sua separação do restante do lixo traz uma série de benefícios à sociedade. Segundo James (1997) os termoplásticos são materiais que podem ser reprocessados várias vezes pelo mesmo ou por outro processo de transformação. Quando submetidos ao aquecimento a temperaturas adequadas, esses plásticos amolecem, fundem e podem ser novamente moldados. Como exemplo podemos citar o PEDB polietileno de baixa densidade, PEAD polietileno de alta densidade, PVC poli (cloreto de vinila), PS poliestireno, PET poli (tereftalato de etileno), PP polipropileno, poliamidas (náilon) e muitos outros. A reciclagem de plástico em três tipos de tecnologia: primária, secundária e terciária. - Primária: é a conversão de resíduos plásticos por tecnologias convencionais de processamento em produtos com características de desempenho equivalentes às daqueles produtos fabricados a partir de resinas virgens; - Secundária: é a conversão de resíduos plásticos de lixo por um processo ou por uma combinação de operações; - Terciária: é a conversão de resíduos plásticos em produtos químicos e combustíveis, por processos 9

Aline Rodrigues Santos 10 termoquímicos (pirólise, conversão catalítica) (CEMPRE, 2004). Pode ser realizada por dois processos: 1) Com a separação dos plásticos por tipo de resina, que contêm as seguintes etapas: - Separação: identificação dos plásticos PEBD, PEAD, PVC, PP, PS, PET, outros; - Regeneração: onde ocorre a trituração, lavagem, secagem, aglutinação, extrusão e granulação; - Pós-tratamento: onde temos a aditivação e a peletização; e - Transformação: aqui temos o novo artefato. 2) Sem a separação das resinas: isso significa o reaproveitamento de misturas de plásticos. A etapa mais crítica do processo é a identificação e a separação dos diversos tipos de plásticos. A mistura indiscriminada de diferentes resinas resultaria em produtos de baixa qualidade e, muitas vezes, inaproveitáveis. As etapas são: - Regeneração: onde ocorre a trituração, lavagem, secagem, aglutinação e em alguns casos aditivação e peletização; e - Transformação: através de extrusão, injeção ou prensagem. Os plásticos provenientes do lixo podem ser comercializados de diversas formas e em diferentes estágios de preparo, dependendo dos sistemas de coleta e separação, do beneficiamento, da disponibilidade de empresas recicladoras na região etc. De forma geral, as empresas que se dedicam à reciclagem ou revenda desse tipo de material preferem adquiri-lo previamente separado e limpo, pois assim, mais facilmente, poderá ser processado. 2.2 Exportação A exportação assume grande relevância para a empresa, pois é o caminho mais eficaz para garantir o seu próprio futuro em um ambiente globalizado cada vez mais competitivo, que exige das empresas brasileiras plena capacitação para enfrentar a concorrência estrangeira, tanto no Brasil como no exterior. Para o Brasil, a atividade exportadora tem também importância estratégica, pois contribui para a geração de renda e emprego, para a entrada das divisas necessárias ao equilíbrio das contas externas e para a promoção do desenvolvimento econômico. (MARINHO; PIRES, 2002). A internacionalização da empresa consiste em sua participação ativa nos mercados externos. Com a eliminação das barreiras que protegiam no passado a indústria nacional, a internacionalização é o caminho natural para que as empresas brasileiras se mantenham competitivas. As empresas podem utilizar as modalidades para realizar exportação. A exportação direta que consiste na operação em que o produto exportado é faturado pelo próprio produtor ao importador; a exportação indireta que é realizada por intermédio de empresas estabelecidas no Brasil, que adquirem produtos para exportá-los, e consórcios de exportação que tratam de associações de empresas, que conjugam esforços e/ou estabelecem uma divisão interna de trabalho, com vistas à redução de custos, aumento da oferta de produtos destinados ao mercado externo e ampliação das exportações. (VASQUEZ, 2002)

Exportação de material termoplástico reciclado A empresa que deseja exportar deve definir o quê venderá nos mercados estrangeiros. Deve a empresa identificar, dentro de sua linha de produtos, aqueles que atendam às necessidades e preferências dos consumidores dos mercados estrangeiros a serem explorados. Para tanto, é preciso que a empresa reúna a maior quantidade possível de informações sobre o país ou países para os quais deseja exportar. Entre os vários fatores que contribuem para despertar o interesse de consumidores no exterior, podem ser relacionados preço, embalagem, qualidade e assistência técnica. Para definir para onde exportar, as empresas devem levantar informações sobre o(s) país(es) que desejam exportar: dados básicos, econômicos e de comércio exterior, assim como fazer um levantamento sobre relações econômico-comerciais bilaterais, condições de acesso ao mercado, canais de distribuição, sistema tarifário, regulamentações de importações e usos e costumes locais. Uma vez definidos o que exportar e para onde exportar, a empresa depara-se com as exigências legais e administrativas do processo de exportação. Para tanto, é necessário que a empresa realize um planejamento estratégico de exportação, uma vez que para atender a esses requisitos é necessário conhecimento prévio de toda a sistemática de exportação. 2.3 A pesquisa De acordo com a metodologia, foi realizada entrevista em uma empresa do ramo de termoplásticos reciclados. Foi verificada nessa entrevista a falta de conhecimento da empresa sobre os assuntos questionados: estrutura de custos internos para determinação do preço, padrão da qualidade utilizado, e sistemática de exportação, demonstrando que até então não havia uma reflexão sobre tais assuntos. A partir dessa entrevista, constatou-se que a empresa precisa desenvolver e implantar um padrão de qualidade para poder realizar um planejamento estratégico de exportação e por isso, no momento está impossibilitada de exportar. Contudo o preço de seus produtos é competitivo, quando calculamos como preço FOB (Free On Board), que é o padrão negociado no mercado internacional. Constata-se isso comparando o preço interno calculado para FOB, com o preço FOB desses produtos no mercado internacional. Com isso, constatou-se realmente, que é necessário que o produto possua padrões de preço e qualidade internacional para exportar, pois o preço determina a competitividade no mercado internacional e a qualidade é um fator indispensável que deve ser encarada como pré-requisito na exportação. 3 Conclusão Para a exportação é mandatório atender duas condições simultaneamente: preço e qualidade. Estabelecendo como fatores de aceitação no mercado internacional preço competitivo e qualidade internacional, a empresa pesquisada possui preço competitivo frente ao mercado internacional e mesmo precisando estabelecer um padrão de qualidade, se o fizer poderá exportar. Sendo assim, sugere-se que as empresas que desejam iniciar a atividade exportadora estabeleçam um padrão da qualidade, pois é um pré-requisito para a exportação. 11

Aline Rodrigues Santos Bibliografia CAIRNCROSS, F. Meio ambiente: custos e benefícios. São Paulo: Nobel, 1991. CASTRO, José Augusto de. Exportação: aspectos práticos e operacionais. São Paulo: Aduaneiras, 2003. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. JAMES, Barbara. Lixo e reciclagem. 5. ed. São Paulo: Scipione, 1997. MARINHO, Mônica Romero Monteiro; PIRES, Jovelino de Gomes. Comércio exterior: teoria x prática no Brasil. São Paulo: Aduaneiras, 2002. ROCHA, Ângela da (Org.). Gerência de exportação no Brasil. São Paulo: Atlas, 1990. SOBRAL, Helena Ribeira.O meio ambiente e a cidade de São Paulo. São Paulo: Makron Books, 1996. VASQUEZ, José Lopes. Manual de exportação. São Paulo: Atlas, 2002. VASQUEZ, José Lopes. Comércio exterior brasileiro. São Paulo: Atlas, 2001. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 12