COMPORTAMENTO E HÁBITOS VOCAIS PESQUISADOS NA CIDADE DE NITERÓI: UM ESTUDO PILOTO*

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Transcrição:

COMPORTAMENTO E HÁBITOS VOCAIS PESQUISADOS NA CIDADE DE NITERÓI: UM ESTUDO PILOTO* DOMINGOS SÁVIO FERREIRA DE OLIVEIRA, TIAGO ROSA PEREIRA, KARINE RHEIN Resumo: Objetivo: Investigar o grau de conscientização da população de Niterói em relação aos hábitos vocais e divulgar a Campanha Nacional da Voz. Métodos: Participaram da pesquisa doze fonoaudiólogos voluntários, que receberam orientação sobre o teor da Campanha e instruções sobre o material de divulgação. Aplicou-se um questionário específico em 120 pessoas, entre 16 a 78 anos, transeuntes do calçadão da Praia de Icaraí. A pesquisa foi aprovada pelo CEP da Universidade Veiga de Almeida. Resultados: A conscientização da voz como instrumento de trabalho está relacionada ao uso e demanda dos indivíduos. Eles não se reconhecem como profissionais da voz. Usam a voz moderadamente, não manifestam quadros severos de comportamento vocal e não reconhecem sua conduta vocal como abuso ou mau uso da voz. Conclusāo: Os hábitos vocais inadequados não foram associados às desordens vocais, o que mostra a falta de conhecimento sobre hábitos e condutas que podem prejudicar a voz. Palavras-chave: Voz. Disfonia. Campanhas de Saúde. O conceito de qualidade de vida em voz busca entender os problemas vocais que comprometem a comunicação e valorizar parâmetros mais amplos do que apenas o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida (LARRÉ et al.,2011). Definir qualidade de vida é uma tarefa difícil por ser um conceito de ordem subjetiva (GAMPEL; KARSCH; FERREIRA, 2010). A Organização Mundial de Saúde (OMS) a define como a apreciação que o indivíduo faz da sua própria vida, seus valores e suas expectativas. Nesse sentido, qualidade de vida engloba um conjunto multidimensional de fatores de ordem orgânica, fisiológica, mental e social (SPINA et al., 2009). 359

360 Não são raras as alterações de voz desencadeadas por comportamentos e hábitos vocais inadequados. Embora as pesquisas sejam poucas, há fortes indícios que atestam a associação entre o mau uso da voz e as disfonias. Os desajustes vocais como reação ao contexto emocional são frequentes na comunicação, mas não caracterizam um abuso vocal capaz de provocar distúrbios da voz. Contudo, quando esses desajustes tornam-se hábitos, transformam-se em um dos principais fatores para a disfonia funcional primária por falta de conhecimento vocal ou modelo vocal deficiente (EADIE; DOYLE, 2005; BEHLAU, 2004). O impacto auto-relatado na qualidade de vida é percebido de maneira semelhante por homens e mulheres, sendo que indivíduos de 20 a 29 anos percebem-no de maneira diferente das outras faixas etárias, além dos profissionais com grande demanda de voz Professional (EADIE, DOYLE, 2005; BEHLAU, 2004; PUTNOKI et al., 2010 ). As disfonias comportamentais representam alterações do processo de emissão vocal, isto é, da função de fonação. A compreensão de que a disfonia depende do comportamento vocal do sujeito nos remete ao conceito de que a voz é um comportamento adquirido como qualquer outro e, por esta razão, é possível a sua reeducação (EADIE, DOYLE, 2005; BEHLAU, 2004; KASAMA, BRASOLOTTO, 2007). Todo desvio de padrão de um processo fisiológico normal tende a ser compreendido como uma doença. No que se referem à questão da voz, esses desvios apresentam naturezas distintas, relacionadas com problemas pontuais, eventualmente temporários, problemas sociais e culturais (KASAMA; BRASOLOTTO, 2007). Os distúrbios alimentares, como o marasmo e a obesidade, afetam uma parte significativa de pessoas em todo o mundo. A obesidade, além de trazer consequências à saúde (alteração nas taxas de glicose, colesterol e triglicérides, bem como a hipertensão arterial), também acarreta alterações no rendimento de trabalho e no convívio social (NUNES; PAULA, 2012). Em geral, o mau uso da voz é relacionado às manifestações de comportamentos vocais que distorcem o funcionamento normal e efetivo do aparelho fonatório; um sistema eficiente desempenha suas funções com o mínimo de esforço. Há alguns modos em que o funcionamento suave da voz pode configurar um padrão alterado. Cada ser humano é capaz de produzir voluntariamente diferentes tipos vocais, de maneira eficiente ou não, o que pode ocasionar desvios do comportamento vocal. Assim, múltiplos aspectos podem gerar a disfonia comportamental, desde a postura corporal até as questões ambientais (EADIE, DOYLE, 2005; BEHLAU, 2004; KASAMA, BRASOLOTTO, 2007). Os fonoaudiólogos têm se empenhado em atuar na Semana Nacional da Voz, evento internacionalmente promovido pela categoria, exemplo de ação primária em saúde coletiva, desenvolvida por cada profissional junto à comunidade em que atua. Esta pesquisa se refere à Campanha da Voz promovida pelos autores, realizada na Praia de Icaraí, em Niterói, Rio de Janeiro, ocasião em que se constatou grande adesão da população, motivada pela falta de informações e orientações sobre como utilizar corretamente a voz. Percebe-se, claramente, o interesse da população, que não encontra nos Centros de Saúde um serviço de orientação exclusivo à voz. Por falta de conhecimento e esclarecimentos necessários, muitos achados sintomatológicos são considerados normais por grande parte dos entrevistados. Eles não associam o problema de voz aos hábitos vocais que normalmente utilizam no dia a

dia, podendo expressar-se por vários sintomas, tais como cansaço ou esforço ao falar, rouquidão, pigarro ou tosse persistente, sensação de aperto ou peso na garganta, falhas na voz, falta de ar para falar, afonia, ardência ou queimação na garganta, dentre outros (JARDIM; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2007). Alguns estudos apontam ainda problemas na coluna e problemas emocionais como sintomas de grande incidência nas queixas de voz, caracterizadas, principalmente, pela presença de rouquidão, falha na voz e voz grossa (EADIE, DOYLE, 2005; BEHLAU, 2004; KASAMA, BRASOLOTTO, 2007; (JARDIM; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2007; BICALHO; BEHLAU; OLIVEIRA, 2010; CIPRIANO; FERREIRA, 2011). A pesquisa mostrou que o grito e o falar muito alto foram os hábitos mais relevantes, embora não houvesse associação desses fatos com as alterações de voz relatadas. Entretanto, a literatura menciona o comportamento vocal inadequado e o mau uso da voz como uma das principais causas do desenvolvimento das disfonias organofuncionais (EADIE, DOYLE, 2005; BEHLAU, 2004; CIPRIANO, FERREIRA, 2011). Curiosamente, as alterações identificadas tiveram uma imagem vocal positiva, pois a maioria considerou a voz eficiente e satisfatória. A esse respeito, podemos mencionar as adaptações funcionais que são feitas por interferência da psicodinâmica vocal. Padrões impostos pelo exercício da profissão ou mesmo pela imitação de um perfil vocal sem as condições anatomofisiológicas necessárias para realizá-las, podem contribuir para o desenvolvimento de distúrbios na voz (BEHLAU, 2004; CIPRIANO, FERREIRA, 2011). Mas esse fato não prejudicou o desenvolvimento da Campanha. Após o preenchimento do questionário, todos foram devidamente orientados e convidados a participar das palestras sobre bem estar vocal, que seriam ministradas pelos fonoaudiólogos entrevistadores. A adesão foi significativa, o que comprovou o interesse por conhecimentos relativos à voz e comunicação. Assim, o objetivo foi o de investigar o grau de conscientização da população de Niterói em relação ao comportamento e hábitos vocais e divulgar a Campanha Nacional da Voz. MÉTODO A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Veiga de Almeida sob o número 141/08 e desenvolvida em comemoração à Campanha Nacional da Voz, aderindo aos trabalhos iniciados pelo Conselho Regional de Fonoaudiologia, Primeira Região. O material de campanha foi apresentado às alunas da Especialização em Voz do Núcleo de Estudo da Voz Falada e Cantada (CLINVOZ). Após a apresentação, as fonoaudiólogas integraram-se à pesquisa voluntariamente. O Núcleo de Estudo da Voz foi designado para ser um dos pontos da campanha na cidade de Niterói, obtendo permissão da Prefeitura para armar tenda e disponibilizar mesas e cadeiras utilizadas para distribuição do material, entrevista e orientação. Elaborou-se questionário específico, com base nas literaturas nacional e internacional e na experiência do primeiro autor (Anexo A), contendo 15 perguntas diretas, sendo 11 com escala analógica e 4 com opções objetivas e fechadas. As perguntas foram distribuídas em 4 categorias: psicodinâmica vocal, hábitos vocais, demanda vocal e orientações de bem estar vocal, a fim de facilitar a comparação dos dados e a discussão. 361

Todos os entrevistados foram informados quanto à natureza da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Além do questionário, foram organizadas três palestras sobre bem estar vocal, aprofundando questões mais específicas ao uso profissional da voz, e esclarecendo as dúvidas trazidas pelos ouvintes entrevistados. Os dados foram analisados qualitativamente, reunidos através de cálculos percentuais das respostas obtidas. Os resultados alcançados foram discutidos de acordo com os achados da literatura mais atualizados. RESULTADOS O questionário foi aplicado em 120 pessoas (66 mulheres e 54 homens), na faixa etária entre 16 a 78 anos, com o objetivo de investigar o comportamento e os hábitos vocais. Foram selecionadas 15 questões, abrangendo as seguintes categorias: 1) Psicodinâmica vocal, 2) Hábitos vocais, 3) Demanda vocal e 4) Orientações de bem estar vocal. Uma vez que o questionário foi dividido em quatro categorias, os resultados obtidos foram expostos de forma a mostrar os achados de cada categoria individualmente. A primeira categoria, psicodinâmica vocal, reuniu três itens sobre mensuração qualitativa da voz do indivíduo, baseando-se na autopercepção. O item 1 (53,33%) apresentou maior percentual nas qualificações da graduação entre 6 8, classificando a qualidade vocal como boa. O item 2 (65%) apresentou percentual nas qualificações da graduação entre 9 10, conceituando a importância da voz nas suas atividades de vida diária (Tabela 1). O item 3 (35%) apresentou percentual nas qualificações da graduação entre 9 10, relatando a preocupação com a saúde da voz. Tabela 1: Psicodinâmica Vocal (Itens 1, 2 e 3) 362 Item 0-2 3 5 6 8 9-10 Grau 1 1,67% 19,17% 53,33% 25,83% 2 0% 10,00% 25,00% 65,00% 3** Uma pessoa (0,83%) não respondeu a este item. 12,50% 30,00% 21,67% 35,00% Na segunda categoria foram investigados os hábitos vocais, relacionando os itens 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 14. No item 4, 44,17% dos entrevistados relataram nunca ou raramente ficarem roucos. No item 5, 67% dos entrevistados relataram nunca ou raramente apresentarem problemas para falar em público. No item 6, 58,33% dos entrevistados relataram que as pessoas sempre compreendem o que dizem, ou seja, não mencionam problemas de inteligibilidade na fala (Tabela 2). No item 7, 43,33% dos entrevistados mencionaram que sempre falam alto ou gritam no dia a dia. No item 8, 56,67% dos entrevistados relataram nunca ou raramente ter pigarro, e no item 9, 60,00% dos entrevistados, nunca ou raramente apresentam tosse. No item 10, quando perguntados se sentem incômodo ao falarem por longos períodos, os percentuais foram bastante equilibrados (Tabela 2).

No item 14, 41,67% dos entrevistados responderam que têm ou tiveram problemas de voz, sendo que 54% relataram a rouquidão como o mais frequente (Tabela 3). Tabela 2: Hábitos vocais (Itens 4, 5, 6, 7 e 10) Item 0-2 3-5 6-8 9 10 Grau 4 44,17% 19,17% 21,67% 15% 5 41,67% 19,17% 22,50% 16,67% 6 5,83% 7,50% 28,33% 58,33% 7 11,67% 15% 30% 43,33% 10 27,50% 25 % 25,83% 21,67% Tabela 3: Hábitos vocais Problemas de voz especificados (Item 14) Não Especificaram o problema 3 6% Cisto 1 2% CA de Laringe 1 2% Granuloma 1 2% Lesão não especificada 1 2 % Nódulos 3 6 % Por infecção e outros (laringite, faringite, rinite, alergia a medicamentos, falar muito, falar baixo, afonia, instabilidade vocal e grito). 13 26% Rouquidão 27 54% Os itens 12 e 13 foram incluídos na categoria que inquiriu sobre a demanda vocal. Dos 120 entrevistados, 35,83% não utilizam a voz profissionalmente, e 18,33% são profissionais por mais de 20 anos (Tabela 4). E 25,83% utilizam a voz profissionalmente por mais de 6 horas (Tabela 5). Tabela 4: Orientações de bem estar vocal (Item 12) Não Responderam 43 35,83% Responderam menos de 01 ano 5 4,17% Responderam mais de 04 anos 18 15,00% Responderam mais de 06 anos 12 10,00% Responderam mais de 08 anos 8 6,67% Responderam mais de 12 anos 5 4,17% Responderam mais de 15 anos 7 5,83% Responderam mais de 20 anos 22 18,33% 363

Tabela 5: Demanda Vocal (Item13) Não Responderam 24 20% Responderam até 04 horas 26 21,67% Responderam até 06 horas 31 25,83% Responderam até 08 horas 20 16,67% Responderam até 12 horas 8 6,67% Responderam mais de 12 horas 11 9,17% A categoria que investigou as orientações sobre bem estar vocal reuniu os itens 11 e 15. No item 11, mais da metade dos entrevistados (50,83%), mencionou interesse em participar ou receber orientações sobre os cuidados da voz. No item 15, 70,83% relataram não terem recebido orientações fonoaudiológicas sobre o uso da voz e bem estar vocal, até o momento em que tinham sido abordados. DISCUSSÃO 364 A conscientização da voz como instrumento de trabalho está relacionada ao uso e demanda do indivíduo. Em geral, os indivíduos não se reconhecem como profissionais da voz; usam-a moderadamente, não manifestam quadros severos de comportamento vocal e não reconhecem sua conduta vocal como abuso e/ou mau uso da voz. Esses fatos ficaram caracterizados nos itens 2 e 3 porque, apesar de ter sido identificada a importância da voz, desconhecem-se as medidas de bem estar vocal. A qualidade vocal e a demanda de trabalho requerida para exercer a profissão são indispensáveis à classificação das vozes profissionais. Sendo assim, elas são classificadas em: alta qualidade e alta demanda necessárias às vozes artísticas modificadas, como nos atores e cantores; alta qualidade e demanda moderada, caracterizando a voz natural modificada dos jornalistas de rádio e televisão; qualidade moderada e alta demanda, vozes naturais com grande resistência relacionadas aos professores, operadores de telemarketing, religiosos e militares; qualidade e demanda moderadas, vozes naturais e qualidade não crítica relacionadas aos bancários, médicos, advogados e enfermeiros; qualidade baixa e alta demanda, voz natural e qualidade não-crítica relacionadas aos soldadores, mestre de obras e metalúrgicos (BICALHO; BEHLAU; OLIVEIRA, 2010). A investigação sobre hábitos vocais mostrou alguns dados intrigantes, pois grande parte relatou raramente ficar rouco e não ter problemas para falar em público. Apesar de ser a alteração mais frequente de voz, a rouquidão é socialmente aceita em ambos os sexos, caracterizando uma imagem sonora sedutora e sensual (BEHLAU, 2005). Os abusos vocais mais citados foram gritar e falar alto, porém não foi estabelecida a relação com possíveis problemas de voz. Isto pode ser justificado, pois cada profissão apresenta uma demanda vocal. O abuso é um estágio de desenvolvimento para as desordens vocais (BEHLAU, 2004; KASAMA, BRASOLOTTO, 2007; CIPRIANO, FERREIRA, 2011; OLIVEIRA, 1997). O grito frequente poderá provocar o surgimento de um conjunto de sintomas que darão origem aos inúmeros sinais estruturais localizados ao longo das pregas vocais. Do ponto de vista da anatomia e da fisiologia, observa-se tensão das pregas vocais e

das estruturas próximas a elas. Ressalta-se o forte fechamento glótico, a constrição das pregas ariepiglóticas, o aumento ou diminuição do diâmetro anteroposterior da supraglote, e sempre de acordo com o tipo de som que é produzido. Nota-se, também, a forte tensão das paredes laterais e posterior da faringe e retração lingual durante a realização da voz gritada (OLIVEIRA, 1997). A classificação de acordo com o uso vocal e o impacto da disfonia na carreira profissional estabelece níveis quanto ao uso profissional da voz. Encontram-se, no primeiro nível, os profissionais cuja alteração mínima irá interferir na sua produção vocal; no segundo nível, os profissionais que, com uma alteração moderada, teriam interferência em suas profissões; no terceiro nível, os que não utilizam a voz como instrumento básico de trabalho, mas que, ao ocorrer uma alteração severa, serão privados de exercerem suas atividades; e no quarto nível, estariam os profissionais que, mesmo com uma alteração severa, não terão suas profissões prejudicadas (NEMR et al., 2005). Uma quantidade significativa dos entrevistados, 41,67%, relatou já ter tido problemas de voz. E a rouquidão foi o sintoma mais identificado, confirmando achados de literature (KASAMA; BRASOLOTTO, 2007; NEMR et al., 2005; FORTES et al., 2007; OLIVEIRA, 2004). Na análise acústica a rouquidão coloca em evidência a distorção do traçado dos harmônicos, caracterizada, sobretudo, pela grande concentração de ruído e a inexistência quase total de harmônicos em vários trechos dos segmentos analisados. Há momentos de grande crepitação representados por uma frequência fundamental bastante grave e algumas passagens com qualidade vocal grave e harmônicos fracos com ruídos entre eles, caracterizando, de certa forma, a dificuldade de coaptação das pregas vocais (OLIVEIRA, 2004; BRASIL, 2005). A voz rouca é uma emissão com característica ruidosa, altura e intensidade frequentemente diminuídas. São observados harmônicos em todos os espectrogramas, sendo que nessa voz eles se apresentaram em menor número e com um traçado menos definido, devido à presença de ruído e talvez da variação da f0 (EADIE; DOYLE, 2005; OLIVEIRA, 2004; BRASIL, 2005). Compreender que a disfonia está relacionada às condições de trabalho, é um dos objetivos da Campanha Nacional da Voz. É preciso conscientizar para o uso econômico e produtivo da voz, pois as desordens vocais têm causas multifuncionais (SPINA et al., 2009; KASAMA; BRASOLOTTO, 2007; CIPRIANO, FERREIRA, 2011; FORTES et al., 2007; OLIVEIRA, 2004; ZRAICK et al., 2007; RAMIG; VERDOLINI, 1998). As desordens vocais são caracterizadas por desvios que comprometem a inteligibilidade e a efetividade da comunicação oral, dentre os quais podemos incluir alterações na qualidade vocal, frequência e intensidade da voz, e por desordens no funcionamento laríngeo, respiratório e/ou do trato vocal. Os indivíduos disfônicos consideram que os problemas vocais afetam negativamente o seu funcionamento social e sua estabilidade emocional. A voz reflete características da personalidade do falante e, por este motivo, uma desordem vocal pode ter efeitos devastadores em indivíduos de todas as idades (BEHLAU, 2004; KASAMA, BRASOLOTTO, 2007; ZRAICK et al., 2007; RAMIG, VERDOLINI, 1998). O desenvolvimento da comunicação oral é uma realidade atual, necessária nas relações interpessoais. Afinal, com o advento dos novos meios de comunicação surgiram outras profissões em que a oralidade ganhou maior importância. Assim, a competência linguística é sempre uma possibilidade imanente para a humanidade, capaz de promover 365

consensos e de realizar discursos argumentativos, dentro do qual a voz é uma representante individual e social. A maioria se interessou em participar de grupos de orientação e saúde vocal, considerando a importância do evento, o que corrobora o índice de que 70,83% (item 15) desconhecem ou nunca receberam orientações sobre como preservar o bem estar vocal. Dados preocupantes, vez que, de acordo com estatísticas, o câncer de cabeça e pescoço é considerado um dos principais tumores no Brasil e no mundo. Estima-se que, em 2002, havia 1,6 milhões de pessoas com câncer de cabeça e pescoço em todo o mundo. No mesmo ano, surgiram em torno de 645 mil novos casos da doença e ocorreram cerca de 350 mil mortes. No Brasil, em 2006, apenas a cavidade bucal foi responsável por 13.470 novos casos de câncer (BRASIL, 2005). Além da significativa incidência, mortalidade e custo econômico, o câncer de cabeça e pescoço origina impactos devastadores na qualidade de vida dos pacientes, expostos a tratamentos mutiladores que podem se associar a disfonia, disfagia e desfigurações faciais relevantes, perda funcional e repercussão no relacionamento social (KASAMA, BRASOLOTTO, 2007; BRASIL, 2005). A estatística acima mostra claramente o desconhecimento da função do fonoaudiólogo no contexto social, ainda que, segundo dados da SBFa, o Brasil tenha o segundo maior número de fonoaudiólogos no mundo à razão de um fonoaudiólogo para cada seis mil habitantes, não muito distante dos países desenvolvidos. Mesmo assim, constata-se a pouca participação do fonoaudiólogo no sistema público de saúde por falta de conhecimento das autoridades públicas sobre a importância social da Fonoaudiologia. Entretanto, a adesão da população à Campanha Nacional da Voz mostra o interesse dos indivíduos em relação ao bem estar vocal e à orientação fornecida aos participantes, compreendendo a indicação de hábitos mais saudáveis para o cuidado com a voz e a adaptação do uso da voz à demanda vocal (BRASIL, 2007). Estudos referem que a percepção da qualidade vocal de fonoaudiólogos e não-fonoaudiólogos é diferente, provavelmente devido ao conhecimento prévio dos aspectos teóricos e técnicos sobre a voz, mas também ao valor que cada indivíduo atribui à sua voz e à sua expressividade, em função do contexto social e cultural da sua comunicação oral (BICALHO; BEHLAU; OLIVEIRA, 2010). 366 CONCLUSÃO Os dados apresentados na pesquisa realizada durante a Semana Nacional da Voz evidenciaram o interesse da população sobre os cuidados necessários à manutenção da saúde e prevenção vocal. Os hábitos vocais identificados como inadequados não foram associados as desordens vocais, o que mostra a falta de conhecimento sobre hábitos e condutas que podem prejudicar a voz. A Fonoaudiologia continua desconhecida por muitos profissionais da voz, apesar do grande desenvolvimento científico e reconhecimento internacional construído na última década. A Campanha evidencia a necessidade premente da inserção do fonoaudiólogo no contexto social. BEHAVIOR AND VOCALS HABITS RESEARCHING ON THE POPULATION OF THE NITERÓI CITY: A PILOT STUDY

Abstract: Objective: This study aimed to investigate the degree of awareness of a population in relation to voice habits and to disseminate the National Voice s Campaign. Method: Twelve volunteers received guidance on the campaign content and instructions. A questionnaire was developed and applied to 120 people aged 16 to 78 years. Result: The awareness of voice as an instrument of work is related to the use and demand. Generally, individuals do not recognize the voice as professionals do. They use the voice moderately, do not manifest severe problems of speech and do not recognize their conduct as vocal abuse and / or misuse of voice. Conclusion: The data demonstrated the interest of the people on the care needed for good health and voice prevention. The voice identified as inadequate habits were not associated with voice disorders, which shows a lack of knowledge about habits and behaviors that can damage the voice. Keywords: Voice. Dysphonia. Health Campaigns. Referências BEHLAU M.(Org.). Voz: O livro do especialista. VI. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. BEHLAU, M.; FEIJÓ, D.; MADÁZIO, G.; REHDER, M.I.; AZEVEDO, R.; FERREI- RA, A. E. Voz profissional: aspectos gerais e atuação fonoaudiológica. In: BEHLAU M. (Org.). Voz: o livro do especialista. V.2. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. p. 287-407. BICALHO A.D.; BEHLAU M.; OLIVEIRA, G. Termos descritivos da própria voz: comparação entre respostas apresentadas por fonoaudiólogos e não-fonoaudiólogos. Rev. CEFAC, v. 12, n. 4, p. 543-50, Jul/Ago 2010. BRASIL, CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Jornal do Conselho Federal de Fonoaudiologia. Brasília Ano VIII n.35, Out/Nov/Dez. 2007 BRASIL. Ministério da Saúde do Brasil, Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2006: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Câncer-INCA, 2005. CIPRIANO F. G.; FERREIRA L. P. Queixas de voz em agentes comunitários de saúde: correlação entre problemas gerais de saúde, hábitos de vida e aspectos vocais. Rev Soc Bras Fonoaudiol., São Paulo, v. 16, n. 2, p. 132-9, Jun. 2011. EADIE T.L.; DOYLE P. C. Classification of dysphonic voice: acoustic and auditoryperceptual measures. J. Voice, v. 19, n. 1, p. 1-14, Mar. 2005. FORTES F. S. G.; IMAMURA R.; TSUJI D. H.; SENNES L. U. Perfil dos profissionais da voz com queixas vocais atendidos em um centro terciário de saúde. Rev Bras Otorrinolaringol., São Paulo, v. 73, n. 1, p. 27-31, Fev. 2007. GAMPEL, D.; KARSCH U. M.; FERREIRA L. P. Percepção de voz e qualidade de vida em idosos professores e não professores. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 6, p. 2907-16, Set. 2010. JARDIM R.; BARRETO S. M.; ASSUNÇÃO A. A. Condições de trabalho, qualidade de vida e disfonia entre docentes. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 10, p. 2439-61, Out. 2007. KASAMA, S. T.; BRASOLOTTO, A. G. Percepção vocal e qualidade de vida. Rev Pró-Fono, Barueri, v. 19, n. 1, p. 19-28, Jan/Abr. 2007. 367

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ANEXO A Questionário para Coleta de Dados Semana Nacional da Voz Nome: Idade: ( ) Profissão: ( ) 1.Como você avalia sua voz? 2.Qual a importância da voz nas suas Atividades de Vida Diária? 3.Quanto você se preocupa com a saúde da sua voz? 4.Você costuma ficar rouco (a)? 5.Você tem problemas para falar em público? 6.As pessoas compreendem o que você fala? 7.Você fala muito alto ou grita muito? 8.Você tem muito pigarro ou tosse? 9.Você tem muita tosse? 10.Você fica com algum incômodo quando fala por longos períodos? 11. Quanto seria interessante participar de grupos de orientação sobre o cuidado e o uso da voz? 12. Há quanto tempo é profissional da voz? 13.Quantas horas utiliza a voz no trabalho (profissionalmente)? 14.Você tem ou teve algum problema de voz? 15.Você já recebeu orientações fonoaudiológicas sobre o uso da voz e saúde vocal? Mais de 4 anos ( ) Mais de 6 anos ( ) Mais de 8 anos ( ) Mais de 12 anos ( ) Mais de 15 anos ( ) Mais de 20 anos ( ) Até 4 horas ( ) Até 6 horas ( )Até 8 horas ( ) Até 12 horas ( )Mais de 12 horas ( ) Sim ( ) Não ( ) Qual? Sim ( ) Não ( ) Qual? 369