Sexualidade e Câncer de Mama
LÚCIO FLAVO DALRI GINECOLOGIA MASTOLOGIA CIRURGIA PÉLVICA
MÉDICO EM RIO DO SUL - SC PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA REGIONAL DE SC CHEFE DO SERVIÇO DE MASTOLOGIA DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO RIO DE JANEIRO.
Seio é um lugar privilegiado das representações culturais de feminilidade, sexualidade e maternidade
No imaginário social a mama costuma ser associada a atos prazerosos como amamentar, seduzir e acariciar, não combinando com a ideia de ser objeto de intervenção dolorosa ainda que necessário.
Diagnóstico de câncer de mama tem efeito devastador na vida da mulher.
Diagnóstico de câncer de mama tem efeito devastador na vida da mulher.
Medo de morrer é questão principal
Estágios diante da morte e do morrer. Choque - Negação, recusa em aceitar o diagnóstico. Raiva - Frustação, irritação, descarregando os sentimentos na equipe médica. Barganha - Negocia a cura com a equipe médica, amigos e forças divinas. Depressão -Desesperança, ideação suicida, retraimento, retardo psicomotor. Aceitação Morte é inevitável, aceitando a experiência como universal
Buscar tratamento adequado e cura é questão crucial.
Câncer de mama afeta a percepção de sexualidade e da própria imagem corporal. Diagnóstico do câncer de mama confronta com a questão imponderável da finitude e da morte, sendo algumas vezes uma doença letal, trazendo a perca do corpo saudável, sensação de invulnerabilidade e de perda do domínio sobre a própria vida.
O enfrentamento da doença leva na maioria dos casos a um maior sentido na vida e a reestruturação das prioridades.
Câncer é um segredo difícil de ser partilhado, narrado e ouvido, mesmo para a mulher, que culturalmente é mais estimulada a compartilhar, integrar e socializar experiências.
Câncer de mama atualmente não é um vaticínio da morte, tende a ser uma doença crônica e não mais fatal.
Câncer é um mal que mina quotidianamente as energias, começando pela interrupção da menstruação e culminando na morte, roubando a alma de toda mulher. Hipócrates - IV AC
Qualidade de vida Difícil definição pois inclui uma variedade de condições que afetam: percepção do indivíduo. sentimentos comportamentos diários. condição de saúde. intervenções médicas
Mulheres mais jovens tem qualidade inferior e piores. Mulheres mais velhas tem maior resiliência. Mulheres com companheiro fixo apresentam melhores resultados.
Cãncer de mama e seu tratamento Procedimento invasivo que provoca repercussão emocional, danifica a integridade física, a imagem psíquica e a sexualidade com sensação de perda interna alterando a relação do corpo com a mente..
Provoca um trauma psicológico pois a mama é um símbolo corpóreo de feminilidade, com alterações de auto imagem, sentimento de inferioridade e rejeição. Cirurgia provoca sentimentos de vergonha mutilação e sexualmente repulsivas.
A remoção da massa tumoral é frequente, tendo mutilação parcial ou total da mama.
No Brasil 60% diagnósticos são nos estádio 3 e 4, o que provoca um número maior de mastectomias, diminuição das chances de sobrevida e diminuição da qualidade de vida.
Algumas mulheres preferem a morte a remoção da mama, e sua retirada significa a sua morte simbólica. Não é o câncer que mata, mas a rejeição.
Reações ao luto pela morte de uma pessoa querida são semelhantes as reações de outros tipos de perda, perda de um órgão ou uma parte do corpo.
Satisfação maior nas mulheres submetidas a cirurgia conservadora.
Quadrantectomias Apresentam melhor qualidade de vida. Mastectomias Sendo ou não reconstruídas, apresentam muitas vezes ausência de mamilo, alterações de sensibilidade, assimetrias e retalhos provocando outras deformidades, dorso, abdome e glúteo.
Tratamentos agressivos acrescentam anos a vida, mas não vida aos anos.
50% das mulheres sobreviverão após 15 anos devendo ajustar-se as sequelas do tratamento.
Mulheres brasileiras tem um impacto maior na cirurgia mamária para a imagem corporal, somos um país tropical, ficam o ano inteiro com o corpo a mostra..
Após o diagnóstico de câncer de mama: Vida sexual prejudicada pelas alterações corporais e psicológicas trazidas pela doença. Não sentem diferença. Vida sexual melhorou após o câncer
Complicações menopausa precoce perca do libido secura vaginal. calvície temporária, linfedema pós linfadenectomia radical
Sexualmente ativa Média de 6 relações sexuais / mês.
Mulheres com companheiro apresentam melhor domínio psicológico e reações sociais.
Situação marital e idade pesam mais que o próprio câncer nas pacientes sem relação sexual. Ex. viúvas.
Medo da morte muda o relacionamento com o parceiro melhorando em algumas situações o impacto na vida sexual.
1 ano após o diagnóstico quase metade mantinha vida sexual ativa.
Profissionais não estão preparados sobre questões ligadas a sexualidade.
Podemos intervir em vários níveis: Programas de enfrentamento específico no tratamento do câncer. Preparar profissionais da SAÚDE para cuidados específicos e reações emocionais. Apoio psicológico aos familiares.
Dificuldades de médicos e enfermeiros: Não falam e não deixam a paciente perguntar. Falta de orientação e preparo dos profissionais. Idéia pré concebida de que doente não tem vida sexual. Vergonha.
O sofrimento psicológico da mulher que passa por um câncer de mama e ter que acolher um tratamento difícil, transcende ao sofrimento que comporta representações e significados atribuídos a doença ao longo da história e da cultura e adentra as dimensões das propriedades do ser feminino, interferindo nas relações interpessoais, principalmente nas mais íntimas e básicas da mulher.
Considerar estes aspectos na atenção a mulher com câncer de mama é mais que necessário, é indispensável e obrigatório.
OBRIGADO.