VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
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- Maria Luiza Malheiro Weber
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1 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER A Organização Mundial de Saúde (OMS) define violência como o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. A Convenção Interamericana para Prevenir, punir e Erradicar a Violência contra a Mulher considera violência contra a mulher todo ato baseado no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como privada e a violência doméstica contra a mulher é qualquer ação ou conduta cometida por familiares ou pessoas que vivem ou tenham vivido na mesma casa, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher. A violência doméstica, que ocorre neste espaço de relações afetivas, é a mais freqüente contra as mulheres e seu agressor, em geral é (ou foi) o namorado, o marido, o companheiro ou o amante (PRÁ, 2003). O homem sofre a violência nas ruas, nos espaços públicos, em geral praticada por outro homem, a mulher sofre a violência masculina, dentro de casa, no espaço privado. As mulheres que sofrem violência física perpetrada por parceiros íntimos também estão sob risco de violência sexual. A violência sexual pode levar diretamente à gravidez indesejada ou a doenças sexualmente transmissíveis, entre elas, a infecção pelo HIV. Os profissionais de saúde estão em posição estratégica para o diagnóstico e a atuação sobre o problema da violência, em especial a violência contra a mulher.
2 A garantia de atendimento nos serviços de saúde às mulheres que sofrem violência representa parte das medidas a serem adotadas com vistas à redução dos agravos decorrentes deste tipo de violência. O ideal é que todos os profissionais estejam sensibilizados para as questões de violência contra a mulher e violência de gênero, e capacitados para acolher e oferecer suporte às suas principais demandas. A maioria das mulheres em situação de violência ( geralmente não é apenas um episódio isolado ) busca a rede de serviços de saúde (incluído os de urgência /emergência) e freqüentemente não é reconhecida/ identificada e nem registrada nos prontuários, como tal. O que geralmente é abordado /tratado são as conseqüências físicas, psíquicas e sexuais decorrentes dessa violência, atendimento este necessário e inquestionável, no entanto, o reconhecimento da violência que ocasiona estes agravos à saúde das mulheres, pelos serviços de saúde, é imprescindível para o seu efetivo enfrentamento. ALGUNS DADOS Vários estudos revelam que no mundo ao redor de ¼ das mulheres sofreram ou sofrem de violência doméstica. Pesquisa da OMS ( 2000/2001) realizada em SP e PE: São Paulo( município) - Violência doméstica em mulheres de 15 a 49 anos, 27% violência física e 10% sexual e em PE ( interior) -34% violência física e 14% sexual ( OMS, 2002).
3 Cerca de uma em cada cinco brasileiras declara espontaneamente ter sofrido algum tipo de violência. O índice de violência sobe para 43% quando estimuladas pela citação de diferentes formas de agressão (Fundação Perseu Abramo,2002). Pesquisa no Hospital de Urgência/ Emergência de Salvador/BA ( 2001):46% das mulheres entrevistadas sofreram violência. A violência doméstica foi responsável por 80% da violência física e 70% da sexual ( Silva, 2003). 70% dos incidentes de violência contra a mulher ocorreram no lar, praticados por maridos, parceiros ( ex-maridos, ex-parceiros), e 40% desse caracterizam-se por lesões graves ( dados do Banco Mundial). Violência conjugal:agressão psicológica(78,3%), abuso físico (34,4%), sendo 12,9% grave. Inquérito realizado em 15 capitais brasileiras e no Distrito Federal, 2002/2003 ( Cadernos de Saúde Pública,2006). Maridos e companheiros foram os responsáveis por 87% dos casos de violência doméstica contra as mulheres no Brasil. Essa violência começou antes dos 19 anos de idade para 355 dessas mulheres e é uma prática de repetição para 28%. Pesquisa nacional (DataSenado - Senado Federal,2007). VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER TAMBÉM É: Ser humilhada, ofendida por palavras e atitudes; Ouvir que nunca faz nada direito e que não é boa mãe ou trabalhadora; Ser humilhada por seu chefe e isolada do grupo de trabalho sem
4 explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos colegas ; Ser isolada da família, amigos; Ser impedida de trabalhar fora, estudar; Ser acusada de ter amantes; Ser forçada a ter relações sexuais sem camisinha e/ou contra a sua vontade; Ser agredida e ameaçada de morte pelo parceiro. O QUE MANTÉM A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: O medo de reagir à violência sofrida; O silêncio das mulheres agredidas; A ligação afetiva entre a mulher e o agressor; Medo de ser separada dos filhos; Vergonha dos familiares e amigos; O medo de perder o emprego; A dependência emocional e econômica do parceiro com quem vive; A impunidade dos agressores, a transformação da vítima em ré. SINAIS E/OU SINTOMAS PARA A IDENTIFICAÇÃO E/OU SUSPEITA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER PELA EQUIPE DE SAÚDE Queixas indefinidas crônicas, porém vagas, sem nenhuma causa física óbvia; Ferimentos que não parecem corresponder à explicação de como ocorreram; Parceiros que observam ou controlam os movimentos da mulher com
5 muita insistência ou que não se afastam do lado da mulher; Ferimentos físicos durante a gravidez; Demora para iniciar o atendimento pré-natal; Histórico de tentativa ou tendência ao suicídio; Demora em buscar tratamento para ferimentos sofridos; Infecções do trato urinário; Síndrome de irritação crônica do colon; Dor pélvica crônica; Dores generalizadas. É preciso que os profissionais, tanto os dedicados à atenção primária como os do setor de emergências se preparem cada vez melhor para a leitura da violência nos sinais deixados pelas lesões e traumas que chegam aos serviços ou levam a óbitos ( Minayo, 2003).
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