NÚCLEO DE APOIO À POPULAÇÃO RIBEIRINHA DA AMAZÔNIA



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Transcrição:

RELATÓRIO GERAL ATUAÇÃO 2011

NÚCLEO DE APOIO À POPULAÇÃO RIBEIRINHA DA AMAZÔNIA Presidente: Hamilton Modesto Rigato Vice-Presidente: Marcelo Salazar Secretária: Raquel Rodrigues Santos Tesoureiro: Silvio Eduardo Alvarez Candido Coordenador Geral: Silvio Eduardo Alvarez Candido Coordenadora de Formação: Luize Maximo e Melo Coordenadora Geral de Projetos: Raquel Rodrigues dos Santos Coordenadora Administrativa: Fernanda Veríssimo Soule MISSÃO Propor ações integradas para questões socioambientais da Amazônia brasileira, por meio da mobilização de estudantes e ribeirinhos. VISÃO Estudantes e ribeirinhos engajados em movimento integrado, na busca de soluções para os desafios socioambientais da Amazônia brasileira. A reprodução desse material é autorizada desde que citada a fonte: Núcleo de Apoio à População Ribeirinha da Amazônia (NAPRA). Relatório Geral da Atuação 2011. NAPRA: Campinas, 2011. Fotos: Carolina Margiotte Grohmann, Jacqueline Ruzzene Falcheti, Adriana Zakia Costa, Fernando W. K. Heng Mo, Raquel Rodrigues dos Santos, Rua Nuporanga, 355 13090-713 Campinas SP Fone/fax: 55-19-3032-3882 Site: www.napra.org.br E-mail: administracao@napra.org.b

EQUIPE 2011 CALAMA Profissionais: Iraí Maria de Campos Teixeira (Esp. - Enfermagem) - Coord. de Gestão Liane Kiyomi Suzuki (Esp.- Nutricionista) - Coordenadora Estudantes: Fernando William Ka Heng Mo (Eng. Ambiental/EESC-USP) - Coordenador Ana Paula Keller de Matos (Enfermagem/ UFSCar) Bruno Takashi Yano (Medicina/FAMECA) Cíntia Bimbato de Menezes (Medicina/FAMECA) Daniela Bortoluzo de Lorenzo (Biologia/UFSCar) Euclídes José Nunes Junior (Medicina/FAMECA) Guilherme da Costa Meyer (Gestão Ambiental/EACH-USP) Guyan De Bonis Maciel (Gestão e Análise Ambiental/UFSCar) Jéssica Nathália Dos Reis Varizo (Eng. Civil/EESC-USP) José Aparecido Tristão (Medicina/FAMECA) Lucas Moreira de Souza (Eng. de Produção/UFSCar) Maíra Pilz Fidelis (Relações Internacionais/FACAMP e Ciências Sociais/UNICAMP) Paula Signe Beutel (Terapia Ocupacional/UFSCar) Stephanie Birrer (Gestão Ambiental/EACH-USP) Thalita Tomazi (Psicologia/Mackenzie) NAZARÉ Profissionais: Sílvio Eduardo Alvarez Candido (Ms. - Eng. de Produção) - Coord. de Gestão Priscila Marconi (Eng. Ambiental) - Coordenadora Estudantes: Stela Lourenço Pupim (Medicina / FAMECA) - Coordenadora Priscila Helen Magalhães Bisconsin (Eng. Produção/ UFSCar) Carolina Margiotte Grohmann (Jornalismo/ PUCCAMP) Paula Torres Andrade Firmino (Terapia Ocupacional /UFSCar) Daniel Arrifano Venturi (Gestão Ambiental/ EACH-USP) Marcos Bovo Inácio (Medicina/FAMECA) Joyce Ferreira Mussolini (Psicologia /Mackenzie) Elizabeth Koibuchi Kumoto (Eng. Ambiental /EESC-USP) Renata de Souza Grande (Eng. Produção / UFSCar) Tatiane Canali (Eng. Ambiental / EESC-USP) Marina Ganzarolli (Direito/SanFran-USP) RESEX DO LAGO DO CUNIÃ Profissionais: Raquel Rodrigues dos Santos (Ms. - Biologa) - Coord. Gestão Alexandre Campos Damiani (Biomédico) - Coordenador Sandra Eduarda Rodero do Prado (Ecóloga) 3

Estudantes: Adriana Zakia Costa (Pedagogia/UFSCar) - Coordenadora Caroline Agnelli Bento (Medicina/PUCC) Felipe Oliveira Martins (Enfermagem/UFSCar) Gustavo Nardini Cecchino (Medicina/PUC) João Marcos Rodrigues Dutra (Biotecnologia/UFSCar) Lucas Franco Muniz (Medicina/ FAMECA) Marilia Mori Lopes (Odontologia/ UNIP) Rafael Yosho Tiba (Engenharia Ambiental / EESC-USP) SÃO CARLOS Profissionais: Luize Máximo e Melo (Enfermeira) - Coord. Gestão Thiago Marinho Del Corso (Biólogo) - Coordenador Leonardo de Oliveira Freitas (Músico) Estudantes: Daniel Felipe de Oliveira (Eng. Produção/ EESC USP) - Coordenador Andrew Johnson Pereira de Oliveira (Ciências Socias /UNICAMP) Domitila Shizue Kawakami Gonzaga (Psicologia/UFSCar) Felipe Labaki Pavarino (Medicina/FAMECA) Gabriela Mytie Takayama (Terapia Ocupacional/UFSCar) Jacqueline Ruzzene Falcheti (Música/UFSCar) Juliana Pereira Schnetzler (Eng. Produção/EESC USP) Maira Terra Cunha (Medicina/FAMECA) Pedro Paulo Consul Kassardjian (Eng. Ambiental /EESC- USP) Phelipe Eduardo (Eng. Mecatrônica/EP-USP) Vinícius de Paula Leite (Gestão Ambiental/EACH USP) ESTUDANTES CONVIDADOS Ademir Junior de Souza Pires (História/ UNIR) Carlos Mauricio de Sousa (Matemática/UNIR) Eliaquim Cunha (Ciências Sociais/UNIR) Gustavo Wagner (Ciências Sociais/UNIR) Inaê Nogueira Level (Ciências Sociais/UNIR) Ricardo Bezerra de Moraes (História/ UNIR) Simone Mestre (Ciências Sociais/UNIR) PROFISSIONAIS CONVIDADOS Ananda Catrice Lima da Cunha (Geógrafa/LEO-UNIR) Délio Moraes (Médico/Programa Saúde Sem Fronteiras) Elis Nascimento (Cientista Social/LEO-UNIR) Gustavo Garcia (Psicólogo/LEO-UNIR) Nino Amorim (Antropólogo/LEO-UNIR) Paula Ferreira (Esp.- Dentista) Vital Junior (Dentista) 4

APRESENTAÇÃO. O NAPRA Núcleo de Apoio à População Ribeirinha da Amazônia é uma organização privada sem fins lucrativos que desenvolve projetos nas comunidades do Rio Madeira desde 1993, propondo ações integradas para as questões socioambientais da Amazônia brasileira por meio da mobilização de profissionais, estudantes e ribeirinhos. As atividades são realizadas por uma equipe previamente selecionada e preparada ao longo de 11 meses, composta por profissionais e estudantes de diferentes Universidades, centros de pesquisa e outras entidades. Todos os integrantes do NAPRA são voluntários e o trabalho de campo é executado interdisciplinarmente, tanto pelos profissionais quanto pelos estudantes (devidamente orientados em suas práticas). Além da equipe do NAPRA, os trabalhos envolvem direta e indiretamente os parceiros locais e moradores das comunidades. A atuação em campo, com a equipe completa, ocorre no mês de julho, sendo realizado um monitoramento dos projetos com uma equipe menor, ao longo do ano. As ações são planejadas e sistematizadas com base em diagnósticos, levantamento de necessidades junto às lideranças comunitárias, parceiros locais e relatórios das atividades dos anos anteriores. A organização do trabalho ocorre por meio de reuniões mensais, com todo o grupo, realizadas nas cidades de São Carlos (SP) e Campinas (SP) e através de encontros quinzenais entre os integrantes das diferentes Regionais do NAPRA (Campinas, Catanduva, São Carlos e São Paulo). Para a execução dos projetos, o NAPRA recebe o apoio de diversas instituições privadas e órgãos públicos. Os recursos financeiros captados são provenientes de doações feitas por pessoas físicas, do setor público, de empresas privadas e fundações, variando conforme a necessidade dos projetos. Em 2011, a expedição ocorreu no período de 05 a 28 de julho, atendendo às comunidades de Calama, Nazaré, RESEX do Lago do Cuniã e São Carlos, conforme detalhamento que segue neste documento. 5

LISTA DE SIGLAS ACCPESC - Associação Comunitária das Comunidades Pesqueiras e Extrativistas de São ACS - Agente Comunitário de Saúde AMDISC - Associação de Mulheres de São Carlos AMORASC - Associação dos Moradores de São Carlos ASMOCUN- Associação de Moradores Agroextrativistas do Lago do Cuniã Carlos CASA- Centro de Apoio Sócio-Ambiental CERON - Centrais Elétricas de Rondônia DUKE - Duke University EACH - Escola de Artes, Ciências e Humanidades EESC - Escola de Engenharia de São Carlos EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural EP - Escola Politécnica FACAMP - Faculdades Campinas FAMECA - Faculdade de Medicina de Catanduva FMJ - Faculdade de Medicina de Jundiaí FUNASA - Fundação Nacional de Saúde GPS - Global Position System HA - Hipertensão Arterial ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade LEO - Laboratório de Estudos da Oralidade MAB - Movimento de Atingidos por Barragens MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde PSF - Programa Saúde da Família PUCCAMP - Pontifícia Universidade Católica de Campinas RESEX - Reserva Extrativista SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SLMAMDIC - Faculdades São Leopoldo Mandic SUS - Sistema Único de Saúde UFSCar - Universidade Federal de São Carlos UNESP - Universidade Estadual Paulista UNICAMP - Universidade de Campinas UNIFESP - Universidade Federal Paulista UNIP - Universidade Paulista UNIR - Universidade Federal de Rondônia USP - Universidade de São Paulo 6

SUMÁRIO 1. UM POUCO SOBRE AS COMUNIDADES RIBEIRINHAS... 9 1.1 Calama... 10 1.2 Nazaré... 11 1.3 RESEX do Lago do Cuniã... 11 1.4 São Carlos... 12 2. EQUIPE NAPRA... 12 2.1 Processo de Formação da Equipe NAPRA... 15 3.1. Ação com o lixo em Festejo... 19 3.2. Análise da Água... 20 3.3. Apoio à Associação das Comunidades Pesqueiras e Extrativistas de São Carlos - ACCPESC... 20 3.4. Apoio à Associação de Mulheres de São Carlos - AMDISC... 20 3.5. Apoio à compra da produção local para compor a merenda escolar... 21 3.6. Apoio ao Grupo de Artesanato - Artebioflora... 21 3.7. Apoio ao Grupo da Castanha... 21 3.8. Atenção em Saúde - Medicina e Enfermagem... 22 3.9. Atenção em Saúde - Odontologia... 22 3.10. Cadastro dos Moradores da RESEX do Lago do Cuniã... 23 3.11. Caracterização do Lixo... 23 3.12. Cine-NAPRA... 23 3.13. Comissão de Saneamento Ambiental... 23 3.14. Debate sobre Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau... 24 3.15. Diagnóstico sobre extrativismo... 24 3.16. Doação e organização de medicamentos... 24 3.17. Educação Sexual... 25 3.18. Expressão de mitos e lendas com crianças... 25 3.19. Festa Julina do Lago do Cuniã... 25 3.20. Formação dos professores... 25 3.21. Formação dos profissionais de saúde comunitários... 26 3.22. Fortalecimento do Jornal Boto Rosa... 26 3.23. Gincana educativa com crianças... 27 3.24. Grupo de Gestantes... 27 3.25. Grupo de Idosos... 27 3.26. Grupo de Mulheres... 28 3.27. Horta Coletiva... 28 7

3.28. Incentivo à Leitura... 29 3.29. Incentivo a capacitação das associações com o SENAR... 29 3.30. Inclusão Digital... 29 3.31 Manutenção do Filtro de Água... 30 3.32. Mapeamento da realidade das comunidades... 30 3.33. Oficinas de Ecoturismo de Base Comunitária... 30 3.34. Oficina de Malabares... 31 3.35. Oficina de sabão com óleo usado... 31 3.36. Passeio pela comunidade e sensibilização com as crianças... 31 3.37. Políticas Públicas de Saúde... 32 3.38. Questão da Energia em Cuniã... 32 3.39. Resíduos Sólidos e Políticas Públicas... 32 3.40. Resíduos sólidos, tratamento de água e saúde... 33 3.41. Sarau... 33 3.42. Visitas Domiciliares com os ACS... 34 4. SUGESTÕES PARA A CONTINUIDADE DOS PROJETOS... 34 5. INVESTIMENTO... 36 6. PARCEIROS E APOIO INSTITUCIONAL... 36 ANEXO 1 NÚMERO DE PARTICIPAÇÕES POR ATIVIDADE E COMUNIDADE... 38 8

RELATÓRIO DE ATIVIDADES NAPRA ATUAÇÃO 2011 1. UM POUCO SOBRE AS COMUNIDADES RIBEIRINHAS O foco de atuação do NAPRA é a região norte do Estado de Rondônia, na Bacia Amazônica (Rio Madeira). Essa região soma mais de 40 comunidades com populações bastante variadas. Todas as comunidades atendidas pelo NAPRA estão dentro ou no entorno de Unidades de Conservação (Reserva Extrativista do Lago do Cuniã, Estação Ecológica do Cuniã e Floresta Nacional do Jacundá, também chamado Mosaico de UCs Cuniã- Jacundá). CALAMA CUNIÃ NAZARÉ SÃO CARLOS Figura 1: Mapa da Bacia Amazônica destacando a região de atuação (acima) e do Mosaico Cuniã Jacundá destacando comunidades de Calama, Nazaré, Cuniã e São Carlos, onde o NAPRA atua. 9

Existem comunidades com boa infraestrutura (água tratada, esgoto nas casas e energia elétrica). Porém, parte significativa das localidades ainda não conta com os serviços básicos. As quatro localidades onde o NAPRA atuou em 2011 foram: Calama, Nazaré, RESEX do Lago do Cuniã e São Carlos. Juntas somam um total de 5.240 habitantes aproximadamente, conforme estimativa dos seus respectivos administradores. No Quadro 1 é possível comparar a população de cada uma delas. COMUNIDADE POPULAÇÃO Calama 2.400 Nazaré 640 RESEX do Lago do Cuniã 400 São Carlos 1.800 TOTAL 5.240 QUADRO 1 Número aproximado de habitantes por comunidade A cada ano, o NAPRA busca executar projetos nas mesmas comunidades, visando a continuidade das ações, de forma gradativa e sistemática. Conforme os resultados vão sendo alcançados, a equipe passa também a ampliar o campo de atuação. Em 2011, a atuação compreendeu as seguintes comunidades: 1.1 Calama Figura 2: Uma das ruas de Calama Com uma população aproximada de 2400 habitantes, Calama é distrito rural de Porto Velho desde 1945, possui uma boa infra-estrutura, se comparada a outras comunidades ribeirinhas da região. As edificações públicas como escolas, Unidades de Saúde, igrejas (católica e evangélica) e pousadas são, em sua maioria, de alvenaria. Já as residências na comunidade são de palafita, construídas com madeira retirada da floresta. Muitas destas casas estão em boas condições de moradia, mas ainda há famílias vivendo em casas sem a infraestrutura básica. A comunidade é dividida em 4 bairros, interligados por pontes. No bairro São José estão localizadas a escola estadual e a Unidade de Saúde; no bairro São Francisco ficam a escola municipal, um posto avançado da Unidade de Saúde e o ginásio de esportes; o bairro Tancredo é composto basicamente de residências; no bairro São João estão o Núcleo de Ensino, o clube social, as pousadas e a maior parte dos estabelecimentos Figura 3: Porto de Calama 10

comerciais. A comunidade é atendida por energia elétrica fornecida por três geradores, sendo abastecida por água potável retirada de poços artesianos. Calama também conta com rede de telefonia pública (orelhões) e privada (nas residências, estabelecimentos de serviços e comércio) e com internet na escola estadual. 1.2 Nazaré A comunidade de Nazaré fica no entorno na RESEX do Lago do Cuniã e tem aproximadamente 640 habitantes. Fazem parte da estrutura local uma escola municipal de ensino fundamental, uma Unidade de Saúde da Família, alguns estabelecimentos comerciais, escritório da EMATER-RO, igrejas de diferentes religiões, Associação de Moradores, entre outras entidades. O saneamento básico ainda não beneficia todas as casas e a água de abastecimento não é de boa qualidade, o que tem sido causa de diversas doenças de veiculação hídrica. As casas são, na sua maioria, de madeira. A rede pública de telefonia funciona precariamente (os orelhões instalados na comunidade não operam adequadamente), mas várias famílias possuem telefone particular. Figura 5: Grupo Minhas Raízes Figura 4: Ponte e Igarapé de Nazaré Nazaré é bastante conhecida na região em função da Festa da Melancia, que ocorre anualmente e congrega muitos produtores agrícolas. Também, como parte do patrimônio cultural da comunidade, consta o grupo musical Minhas Raízes, que valoriza a história e a preservação da natureza e dos costumes da região, com produção artística significativa. O igarapé compõe a beleza natural da comunidade e brinda a população com momentos de lazer. A pesca e a agricultura são as principais atividades de trabalho e renda no local. 1.3 RESEX do Lago do Cuniã A Reserva Extrativista do Lago do Cuniã faz parte de uma Unidade de Conservação que abrange uma diversidade de flora e fauna. O lago é bastante rico em peixes, formando também um belíssimo espelho d água, que abriga ainda uma população significativa de jacarés. Por ser uma comunidade extensa, existe uma divisão das casas em torno de cinco Núcleos, que têm características específicas: Pupunhas (com menor infraestrutura), Neves, Silva Lopes e Araújo (dois Núcleos mais centrais e muito próximos, com boa infraestrutura), Araçá (que Figura 6: Casas em Cuniã 11

concentra a produção de farinha) e Bela Palmeira (mais isolado e com menor número de moradores). O Posto de Saúde, a escola (de ensino fundamental e médio), a casa do jacaré, a sede do ICMBio e a sede da Associação de Moradores (ASMOCUN) estão instaladas no Núcleo Silva Lopes e Araújo, prestando serviços a todos os moradores da RESEX, que se deslocam entre os Núcleos por meio de voadeiras e/ou rabetas. As casas são, na sua grande maioria, de madeira. Várias delas já contam com banheiro e água encanada, instalados pela FUNASA. A comunidade recebeu, em 2010, a rede pública de energia elétrica. 1.4 São Carlos São Carlos é um dos maiores distritos rurais de Porto Velho e conta com infraestrutura bastante desenvolvida, em relação às demais comunidades locais. É considerado um pólo de grande influência na região e está localizado no entorno da RESEX do Lago do Cuniã. Possui gerador comunitário com energia 24 horas, telefones públicos e particulares, internet, rede pública com água encanada e uma Unidade de Saúde da Família que é referência para as demais comunidades. O acesso a São Carlos pode ser feito por barco, desde Porto Velho, ou então via terrestre, pela estrada que liga Porto Velho até a boca do Jamari, de onde é possível atravessar a margem de rabeta. Há um grande número de casas mistas (madeira e alvenaria), mas a maioria ainda é de madeira. Boa parte delas possui caixa d água e tem acesso a produtos de tratamento da água, como o hipoclorito, que é distribuído pela Unidade de Saúde local. Em geral, as residências têm banheiro e o esgoto é despejado em fossas construídas de alvenaria. Muitas famílias possuem fogão a gás, geladeira, freezer, sendo que os moradores, de forma geral, consideram boas suas condições de moradia. Figura 9: Unidade Básica de Saúde em São Carlos O lixo seco gerado é, na maioria das vezes, queimado pela população. Em alguns casos é mantido a céu aberto ou jogado no rio. O refugo do lixo pode ser destacado como um problema local. Já o lixo orgânico serve, geralmente, como alimento para os animais de criação. Figura 7: Lago do Cuniã Figura 8: Porto em São Carlos 2. EQUIPE NAPRA Após processo de seleção que ocorreu no período entre setembro e outubro de 2010, foram formadas quatro equipes interdisciplinares, compostas por estudantes e profissionais, de acordo com a demanda dos projetos. Participaram do processo em torno de 201 pessoas, sendo pré-selecionados um total de 131 integrantes. Desse quantitativo, foi feita uma segunda seleção para a execução dos projetos em 12

campo, totalizando 58 pessoas, das quais 34 eram do sexo feminino e 24 do sexo masculino. No Quadro 2 é possível comparar o número de profissionais e estudantes, por gênero, em cada comunidade. COMUNIDADE Calama Rio Preto Demarcação Nazaré RESEX Cuniã São Carlos PROFISSIONAIS ESTUDANTES TOTAL FEM MASC FEM MASC FEM MASC 2-8 7 10 7 2 17 17 1 1 10 2 11 3 2 11 14 2 1 5 5 7 6 3 8 13 1 2 5 6 6 8 3 11 14 6 4 28 20 34 24 TOTAL 10 48 58 QUADRO 2 Número de profissionais e estudantes por gênero e comunidade A seleção incluiu 48 estudantes (28 mulheres e 20 homens) das diferentes Regionais do NAPRA (Campinas, Catanduva, São Carlos e São Paulo). Entre os estudantes, 07 já eram membros antigos do NAPRA e 41 ingressaram nesse ano. Em relação aos anos anteriores, aumentou-se a média de participação de estudantes (41 em 2010, 38 em 2009 e 37 em 2008). Por meio dos 48 estudantes selecionados para a equipe de 2010, foram representadas as 07 seguintes universidades/faculdades: Faculdade de Medicina de Catanduva (FAMECA); Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP); Universidade de São Paulo (EACH, EESC, EP e Largo São Francisco); Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR); Universidade Paulista (UNIP); Faculdades Mackenzie; Faculdades Campinas (FACAMP). Os cursos variaram de acordo com a necessidade dos projetos e o pressuposto sistêmico para a interdisciplinaridade. O Quadro 3 permite um comparativo entre os anos de 2010 e 2011, mostrando a distribuição do número de estudantes por curso e a faculdade representada em cada área do conhecimento nas respectivas expedições. Figura 10: Processo Seletivo para entrar no NAPRA (Set. 2010) 13

ÁREA DO CONHECIMENTO UNIVERSIDADES 2011 N ESTUDANTES 2011 TOTAL ESTUDANTES 2011 UNIVERSIDADES 2010 N ESTUDANTES 2010 TOTAL ESTUDANTES 2010 Administração - - - PUCCAMP 1 1 Ciências Exatas - - - EESC -USP 1 1 Ciências Sociais UNICAMP 2 2 UFSCAR 2 2 Economia - - - DUKE 1 1 Enfermagem Engenharia Ambiental Engenharia de Produção UFSCAR 2 FMJ 1 2 - - UFSCAR 1 EESC-USP 6 - - UFSCAR 5 6 EESC-USP 6 6 UFSCAR 4 EESC-USP 1 6 UFSCAR Sorocaba 1 - - EESC - USP 2 Fisioterapia - - - PUCCAMP 1 1 Jornalismo PUCCAMP 1 1 UNESP 2 2 2 7 FAMECA 9 FAMECA 7 Medicina PUCCAMP 2 11 PUCCAMP 2 10 UFSCAR 1 UNIP 2 Odontologia - - 2 SLMANDIC 1 - - PUCCAMP 1 Pedagogia UFSCAR 1 1 UFSCAR 3 UNICAMP 1 2 4 Psicologia MACKENZIE 2 2 UFSCAR 1 1 Relações Internacionais Terapia Ocupacional - - - FACAMP 1 1 UFSCAR 3 3 - - - Biotecnologia UFSCAR 1 1 - - - Direito USP- S.Francisco 1 1 - - - Engenharia Civil UFSCAR 1 1 - - - Engenharia Mecatrônica Gestão Ambiental USP-EP 1 1 - - - USP-EACH 6 UFSCAR 1 6 - - - Música UFSCAR 1 1 - - - Biologia UFSCAR 1 1 - - - TOTAL DE VOLUNTÁRIOS 48 41 QUADRO 3 Comparativo do número de estudantes por faculdade/2011-2010 14

Além dos estudantes das Regionais, a equipe contou também com 7 estudantes convidados da Universidade Federal de Rondônia (UNIR): 4 das Ciências Sociais; 2 da História e 1 da matemática. Quanto aos profissionais, 5 deles já faziam parte da equipe do NAPRA e 5 foram selecionados nesse ano, totalizando 10 pessoas (6 mulheres e 4 homens). A equipe contou, ainda, com outros 07 profissionais convidados (3 mulheres e 4 homens), que colaboraram com as atividades de campo, em diferentes comunidades. Entre 17 os profissionais, 10 eram da área de ciências biológicas e da saúde (ecologia, biologia, medicina, enfermagem, biomedicina, odontologia, nutrição), 5 profissionais das ciências humanas e sociais (psicologia, ciências sociais, música, geografia), 2 da área de exatas (engenharia de produção e engenharia ambiental). A titulação dos profissionais variou conforme Quadro 4. Figura 11: Processo Seletivo para entrar no NAPRA (Set. 2010) TITULAÇÃO NÚMERO DE PROFISSIONAIS Doutorado 2 Mestrado (finalizados e em andamento) 8 Especialização 3 Graduação 4 TOTAL 17 QUADRO 4 Titulação dos profissionais Os projetos foram supervisionados por profissionais da equipe de Gestão do NAPRA, recebendo ainda orientação teórico-técnica por meio da colaboração dos profissionais especialistas que participaram diretamente do trabalho de campo, ou dos que, indiretamente, apoiaram a construção dos projetos durante o processo de formação da equipe. 2.1 Processo de Formação da Equipe NAPRA A preparação da equipe ocorreu de forma sistemática e gradativa, durante as reuniões de trabalho, que antecederam a expedição. Além de contextualizar a realidade do campo para os integrantes, a formação proporcionada pelo NAPRA estimulou os profissionais e estudantes a se engajarem com os princípios defendidos em prol da melhoria da qualidade de vida dos povos da floresta e da conservação da Amazônia. Procurou, ainda, aproximar o fazer científico com os fazeres populares, visando à atuação nas áreas de saúde e saneamento, economia solidária, educação e cultura e organização comunitária. O processo de formação teve como base a perspectiva sistêmica, interdisciplinar e transcultural, com ênfase na contextualização da realidade, nos aspectos teóricos e práticos de cada ação e na integração pessoal da equipe de trabalho. 15

Parte do processo de formação aconteceu nas Regionais do NAPRA (Campinas, Catanduva, São Carlos e São Paulo), onde os membros reuniram-se para realizar diferentes atividades: apresentação e discussão de vídeos (Sessão Pipoca); debate sobre textos previamente lidos (Roda NAPRA); elaboração e execução de um plano para Divulgação da Causa (oficinas em escolas de ensino médio e fundamental, eventos em universidades, para multiplicação de informações e sensibilização sobre as questões socioambientais); elaboração e execução de um plano para Mobilização de Recursos (realização de campanhas e eventos, resposta a editais, visita a patrocinadores em potencial). A Regional São Carlos sediou, ainda, as Reuniões Gerais do NAPRA, que ocorreram durante um final de semana por mês. Nesses encontros, foram promovidas as seguintes atividades: alinhamento e desenvolvimento do grupo de trabalho; oficinas de elaboração dos projetos de intervenção socioambiental; Figura 12: Reuniões Gerais e Leitura para formação. Assembléias Gerais (Ordinária e Extraordinárias), reuniões administrativas; acompanhamento da gestão dos Coordenadores Regionais; acompanhamento da execução dos planos de Mobilização de Recursos e de Divulgação da Causa. Também nas Reuniões Gerais, foram realizados os eventos do NAPRA Convida, consistindo em palestras e/ou oficinas com profissionais convidados para trabalhar uma temática previamente definida. O Quadro 5 apresenta o conteúdo programático da formação da equipe de 2011, com o detalhamento de cada modalidade. TEMÁTICA Dinâmicas humanas e gestão participativa de projetos DETALHAMENTO NAPRA CONVIDA: Sergio Salazar: Consultoria Décima Visão nas áreas de Liderança, Gestão de Mudanças, Gestão de Pessoas, Aprendizagem Organizacional, Dinâmicas Humanas. Ex-professor de Engenharia na UNICAMP; formação recente nas áreas de Logoterapia e Biologia Cultural. Integrante do Instituto do Aprender Alckmin e do Grupo de Estudos de Dinâmicas Humanas. SESSÃO PIPOCA: Vídeos sobre o microcontexto da região de atuação (São Carlos e Cuniã). RODA NAPRA: Texto: "Caboclos" do livro "O Povo Brasileiro" - Darcy Ribeiro. Relatórios de atuação 2010 do NAPRA. Mapeamento das comunidades produzido pelo NAPRA em 2010. 16

"Desenvolvimento" da comunidade ribeirinha? Uma reflexão sobre a melhoria do trabalho e renda e sua ligação com saúde, educação, cultura e meio ambiente. Trabalhando em grupos, abordando pessoas e coletivos Mobilização e Intervenção Comunitária NAPRA CONVIDA: Silvio Eduardo Alvarez Candido (Consultor da Amazônia Brasil Promoções e Ecodesenvolvimento na área de elaboração e gestão participativa de projetos de base comunitária no Baixo Madeira em Rondônia. Mestrando em Engenharia de Produção na UFSCAR com dissertação realizada com empreendimentos econômicos solidários nas comunidades do Rio Madeira. Atua no NAPRA há 6 anos) Jeferson Straatmann: Engenheiro doutorando em Engenharia de Produção Mecânica pela USP, é consultor pela Décima Visão e conselheiro do NAPRA. Desenvolve uma série de trabalhos em diversas regiões na Amazônia, entre eles: análise tecnológica para geração de energia com produtos da sociobiodiversidade; Planejamento interinstitucional das linhas estratégicas para as cadeias da sociobiodiversidade; Detalhamento dos custos de produção de produtos da sociobiodiversidade; Qualificação do Mercado e Análise das Cadeias de Valor de produtos da sociobiodiversidade; Diagnóstico de viabilidade de Arranjos Produtivos Locais de comercialização de PFNM, entre outros. SESSÃO PIPOCA: Propaganda da Santo Antonio Energia; trechos de "O Chamado do Madeira" e "O que beira a Beira do Madeira" e clipe Minhas Raízes de comemoração de 2 anos da Usina Santo Antonio. RODA NAPRA: Textos: Amazônia, Amazônias. GONÇALVES, Carlos Walter Porto. São Paulo: Contexto, 2001. O processo histórico de ocupação do território de Rondônia e a devastação da floresta. CANDIDO, S. A., 2009. NAPRA CONVIDA: Débora Alcântara: Terapeuta Ocupacional especializada em Residência da Família pela UFSCar. Ex-napriana, possui ampla experiência no trabalho com grupos comunitários. RODA NAPRA: Leituras: A Chegada do Estranho. MARTINS, José de Souza. Modelos de intervenção. SILVEIRA, Andrea. mimeo de circulação interna, 2004. Desenvolvimento comunitário. SILVA, Maria Teresa Ramos & ARNS, Paulo Cesar. BNDES-PNUD, s/d. NAPRA CONVIDA: Iraí C. M. Teixeira: Enfermeira, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar e integrante do Grupo de Pesquisa Práticas Sociais e Processos Educativos. Realiza uma série de trabalhos voltados para educação popular em saúde e promoção dos direitos humanos. Participa do NAPRA há 5 anos em diversos cargos de coordenação. Andrea Mataresi: Psicóloga, mestranda pelo Instituto de Psicologia USP. Ex coordenadora do NAPRA, desenvolve sua dissertação na comunidade de Nazaré no Baixo Madeira com foco no conceito de enraizamento da comunidade frente às mudanças 17

Saúde e qualidade de vida das comunidades Educação Ambiental para a Destinação de Resíduos na nossa realidade e nas comunidades socioambientais que a região vem passando. SESSÃO PIPOCA: Quanto Vale ou é por quilo? de Sérgio Bianchi RODA NAPRA: VALLA, V. V.. A crise de interpretação é nossa: procurando compreender a fala das classes subalternas. Rev. Educação e Realidade. Jul/Dez.1996. Educação Popular - Uma história, um que-fazer. VASCONCELOS, Valéria Oliveira & OLIVEIRA, Maria Waldenez, 2009. Tanzânia: Combatendo a peste. POSTER, Cyril & ZIMMER, Jürgen, 1995. SESSÃO PIPOCA: Documentário sobre as parteiras no Nordeste e o conhecimento popular. RODA NAPRA: Os homens se educam entre si, midiatizados pelo mundo Inserção e atuação de agentes educacionais em comunidades. Estudo crítico dos métodos de ensino NAPRA CONVIDA: Patrícia Silva Leme: RODA NAPRA: "Da Pá Virada: revirando o tema lixo - dinâmicas e vivencias em Educação Ambiental e resíduos sólidos" QUADRO 5 Conteúdo programático da formação de 2011 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS No ano de 2011, as atividades envolveram a população de Calama, Nazaré, RESEX do Lago do Cuniã e São Carlos, sendo que as ações foram organizadas dentro de um cronograma previamente articulado com as lideranças de cada comunidade. Entretanto, ao longo da execução em campo, algumas ações foram remanejadas e outras acrescentadas, para melhor adaptar o plano de trabalho às condições atuais de cada localidade. A equipe do NAPRA ficou instalada em locais também previamente definidos em cada comunidade, permanecendo durante todo o período de atuação. Além das ações planejadas em cada projeto, as equipes interagiram com os comunitários em momentos de lazer e na convivência cotidiana. No último de dia do trabalho de campo todas as equipes foram reunidas em Porto Velho, para avaliar o trabalho realizado e trocar experiências. Os projetos foram organizados visando à contemplar as demandas dessas comunidades, sendo planejadas ações Figura 13: Alojamentos nas comunidades de Cuniã e Nazaré. específicas para cada necessidade. Ou seja, foram elaborados quatro projetos (um por comunidade), com ações 18

diversificadas, de acordo com as prioridades identificadas no mapeamento da realidade. Sempre que pertinente, as ações foram executadas pelos voluntários com conhecimento específico na área em questão, sendo auxiliados pelos demais integrantes das outras áreas. Dessa forma, as ações foram realizadas por voluntários de mais de uma área. Ao longo do período, houveram 423 participações de famílias nas atividades do NAPRA, principalmente através de visitas domiciliares. Desse montante, 62 na comunidade de Calama, 67 na comunidade de Nazaré, 162 nos Núcleos da RESEX do Lago do Cuniã e 132 em São Carlos. Além do envolvimento das famílias, as atividades oferecidas pelo NAPRA contaram com um total de 2.914 participações individuais, das quais 323 em Calama, 185 em Nazaré, 718 na RESEX do Lago do Cuniã e 1.688 em São Carlos. No Quadro 6 é possível visualizar esses dados comparativamente. No Anexo 1 desse documento consta o detalhamento do número de participações por atividade em cada comunidade. As atividades foram realizadas dentro de um cronograma continuado, ou seja, algumas ocorreram mais de uma vez. Todo o trabalho foi devidamente registrado pelas respectivas equipes, sendo acompanhado por dois Coordenadores de equipe (um profissional e um estudante). COMUNIDADE PESSOAS FAMÍLIAS Calama 323 62 Nazaré 185 67 RESEX do Lago do Cuniã 718 162 São Carlos 1688 132 TOTAL 2.914 423 QUADRO 6 Número de participações por comunidade Embora algumas atividades tenham sido realizadas em mais de uma comunidade, sua operacionalização e resultados variaram de acordo com a realidade de cada localidade, considerando ainda a experiência e habilidades da equipe responsável. Muitos comunitários participaram de mais de uma atividade e, em algumas situações, mais de uma vez na mesma atividade. Na seqüência, estão detalhadas as ações executadas no ano de 2011, sendo também indicada a localidade em que cada uma delas ocorreu. O detalhamento das ações e os resultados da intervenção podem ser consultados nos relatórios semanais, disponíveis no site do NAPRA. 3.1. Ação com o lixo em Festejo Onde: São Carlos A equipe NAPRA realizou, junto com a escola Henrique Dias, ações durante Festa Julina de São Carlos no sentido de sensibilizar os participantes sobre a questão da destinação dos resíduos sólidos. Previamente foram feitas customização e distribuição de lixeiras para o evento, além de composição e apresentação de música referente à temática ambiental para a quadrilha. Também aconteceu uma sessão de cinema sobre lixo e meio ambiente. Durante o evento, montou-se uma 19

barraca de pesca na qual ao invés de se pescar peixes, pescava-se lixo, sendo que a cada lixo retirado do rio um peixe era colocado. Após isso, o pescador deveria classificar o lixo pescado em metal, orgânico, plástico, vidro e papel. Também projetou-se num telão, durante toda a festa, uma apresentação de power point com frases que incentivassem a correta distribuição do lixo durante a quadrilha. 3.2. Análise da Água Onde: RESEX do Lago do Cuniã e Nazaré A análise da água teve o objetivo proporcionar mais informações sobre a condição da água consumida pela população, as quais possam subsidiar ações de melhoria dessa condição. Foi utilizado o EcoKIT para análise dos seguintes parâmetros: cloreto, dureza total, oxigênio dissolvido, amônia indotest, cloro livre ou residual, ferro, ortofosfato, ph e turbidez. Os locais de coleta da amostra foram os pontos onde é coletada a água para consumo. As análises foram feitas com o maior cuidado possível, evitando contaminações e buscando relatar as condições que pudessem modificar o resultado. Também foram coletadas a posição geográfica por GPS dos poços artesianos para averiguar a posição em relação às fossas sépticas para verificar se há a possibilidade de contaminação. 3.3. Apoio à Associação das Comunidades Pesqueiras e Extrativistas de São Carlos - ACCPESC Onde: São Carlos A equipe do NAPRA acompanhou a ACCPESC através de conversas informais com seu presidente e membros uma reunião, com o intuito de identificar demandas para o seu fortalecimento sobre as quais pudesse intervir. Com a reunião, foi possível entender melhor o grupo e muitas informações importantes referentes à comunidade como um todo. Foi confeccionada uma apostila com informações acerca de legislação ambiental, com tópicos solicitados pelos diretores. Também foi solicitado junto a Associação um curso de piscicultura para a mesma, pelo SENAR. A ACCPESC comprometeu-se ainda em intermediar o processo de inserção de agricultura e pesca familiar na merenda escolar, sendo que o NAPRA esclareceu o passo a passo do processo e os documentos necessários. 3.4. Apoio à Associação de Mulheres de São Carlos - AMDISC Onde: São Carlos Realizou-se a reuniões abertas e conversas informais com o intuito de envolver as associadas e buscar mais participantes para a AMDISC, de modo que fossem divididas as responsabilidades da diretoria. Foi apresentada a AMDISC, seu histórico e o seu quadro atual. Foi encaminhada a execução de um projeto aprovado para a construção da sede da Associação com ajuda da administração do distrito e do NAPRA para construção e elaboração de relatório para o financiador. Problematizou-se ainda a busca de parceiros do governo e de organizações da sociedade civil para a associação. Ao longo do mês encaminhou-se ao SENAR o pedido da AMDISC por um curso de pintura em tecidos. 20

3.5. Apoio à compra da produção local para compor a merenda escolar Onde: São Carlos Os membros do NAPRA procuraram as Associações Comunitárias de São Carlos, o MDA, a EMATER e Prefeitura de Porto Velho para buscar informações e dialogar sobre a possibilidade de articular a compra da produção local para a merenda escolar. Foram articulados encontros com a presença do NAPRA, da AMORASC, Escola Henrique Dias e a ACCPESC nos quais foram esclarecidos os procedimentos necessários para a ação. Como encaminhamento, foi divulgado o contato da EMATER, empresa responsável pela emissão de documentos necessários para inclusão no programa, para um agendamento de uma visita à comunidade em agosto. A ação foi conduzida apenas com a ACCPESC, por ser uma associação com menor número de integrantes e por todos poderem ser classificados entre agricultores, pescadores e/ou extrativistas. Quanto a AMORASC, a ação foi cancelada por possuir um número muito grande de associados e os mesmos não serem necessariamente produtores, impedindo a obtenção da documentação necessária. 3.6. Apoio ao Grupo de Artesanato - Artebioflora Onde: São Carlos e RESEX do Lago do Cuniã Figura 14: Grupo Artebioflora e suas jóias O Artebioflora existe desde 2008 com o intuito de aliar a geração de renda com a conservação da floresta, produzindo biojóias requintadas com sobras de madeira e sementes. Foram feitas conversas e reuniões com o grupo para levantamento e atendimento de demandas do mesmo. Os acordos de organização do trabalho foram melhorados, bem como a gestão do fluxo de caixa do empreendimento. Encaminhou-se uma oficina sobre confecção de embalagens de cipó com o SENAR, para beneficiar ainda mais as peças já produzidas. Também elaborou-se em conjunto com as artesãs um catálogo do produtos com fotos e descrição das peças e história do grupo. Por fim, realizaram-se ações para agregar mais mulheres ao grupo. 3.7. Apoio ao Grupo da Castanha Onde: RESEX do Lago do Cuniã e São Carlos O Grupo da Castanha existe desde 2008 com o intuito de comercializar o produto com valor agregado, integrando extrativistas de Cuniã e São Carlos. Foram feitas conversas individuais com membros do grupo para discutir a situação atual do empreendimento e propostas de pauta para uma reunião. Em paralelo foram feitos um estudo da situação financeira do grupo com seu tesoureiro, uma reunião comunitária para obtenção de um espaço para estocar castanha e a reforma do secador solar do grupo. Na reunião dos castanheiros relembrou-se o processo de venda da castanha nos anos anteriores no sentido de esclarecer mal-entendidos e fortalecer a 21

confiança do grupo; discutiu-se a inclusão de novos membros no grupo; foram feitos novos acordos de funcionamento para evitar inadimplências e prejuízos na próxima safra. Também discutiu-se a gestão do secador solar e embaladora para venda de castanha desidratada e elaborou-se e encaminhou-se um projeto para obtenção de recursos para a reforma do espaço de estocagem. 3.8. Atenção em Saúde - Medicina e Enfermagem Onde: RESEX do Lago do Cuniã Figura 15: Grupo da Castanha no futuro armazém. Após planejamento conjunto com o diretor do Posto de Saúde de Cuniã, foram realizadas visitas domiciliares para triagem e agendados atendimentos clínicos. Dessa maneira, a consultas do médico do PSF foram acompanhadas por estudantes do NAPRA e os casos atendidos foram discutidos para elaboração de diagnósticos e problematização das condutas de acordo com o estoque medicamentoso e recursos oferecidos no posto. A equipe NAPRA também acompanhou o Projeto Saúde Sem Fronteiras de maneira pontual. O atendimento pelo conjunto de profissionais (médico, fisioterapeuta e dentista) e estudantes desse projeto se deu através de visitas domiciliares e algumas consultas no posto de saúde. Os procedimentos incluíram: anamnese, exame físico, limpeza e curativo de feridas, discussão de diagnóstico e conduta. 3.9. Atenção em Saúde - Odontologia Onde: Calama e RESEX do Lago do Cuniã Os atendimentos de odontologia foram realizados nas suas respectivas Unidades de Saúde, compreendendo os seguintes procedimentos: anamnese, exame clínico, profilaxia, restauração atraumática (ART), exodontia, aplicação de verniz com flúor e selante de fóssulas e fissuras, sempre que indicados. Além desses procedimentos, foram realizadas atividades de educação em saúde bucal com os alunos das escolas na RESEX do Cuniã, incluindo a escovação supervisionada. Tanto os alunos quanto os pacientes atendidos receberam, ainda, orientação sobre higiene oral e prevenção de problemas relacionados à saúde bucal. Figura 16: Atendimento Odontológico em Cuniã. Figura 17: Educação em higiene bucal com crianças. 22

3.10. Cadastro dos Moradores da RESEX do Lago do Cuniã Onde: RESEX do Lago do Cuniã Em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma equipe do NAPRA realizou a atualização do cadastro de todos os moradores da RESEX do Lago do Cuniã. O cadastro é um documento utilizado pelo órgão governamental para controle dos moradores da RESEX entre outros auxílios na gestão da RESEX. Foi utilizado modelo de cadastro padrão do ICMBio, que inclui informações tais como moradia, renda, propriedade de terra, número de membros na casa, documentação, etc. Todas as casas foram fotografadas e georreferenciadas. Os dados dos cadastros foram entregues em planilha digitalizada ao ICMBio. 3.11. Caracterização do Lixo Onde: São Carlos Foram feitas visitas domiciliares com a intenção de coletar amostras de lixo doméstico para pesagem e caracterização do lixo. Além disso, foi conversado sobre os motivos da caracterização e sobre o abaixo assinado que fortalece o Pré-projeto de Coleta de Resíduos Sólidos do Baixo Rio Madeira. Foi atingido o total de 30 casas e um bar. 3.12. Cine-NAPRA Onde: São Carlos e RESEX do Lago do Cuniã Em ambas localidades foram realizadas sessões de cinema com o objetivo de proporcionar momentos de cultura, reflexão, lazer e interação principalmente para/entre os jovens das comunidades. Algumas sessões foram seguidas de debates com convidados especiais, sobre as temáticas dos curtas e longametragens especialmente selecionados pela equipe NAPRA com ajuda de jovens comunitários: meioambiente, movimentos sociais, saúde, drogadição e cultura regional. Todas a sessões contaram com distribuição de pipoca e foram realizadas na quadra Poliesportiva, em São Carlos e na sede ASMOCUN na RESEX. Em São Carlos, um grupo de jovens da escola ficou de continuar as exibições periódicas em formato de cine-clube. 3.13. Comissão de Saneamento Ambiental Onde: Nazaré Figura 18: Cine-NAPRA em Cuniã e em São Carlos. Em conjunto com a EMATER, a Unidade Básica de Saúde, lideranças comunitárias e demais comunitários interessados foram realizadas reuniões sobre a questão da qualidade da água em Nazaré e foi montada uma Comissão de Saneamento Ambiental a fim de fiscalizar os projetos de melhoria da qualidade de saúde e saneamento do Distrito. Durante as reuniões levantou-se a importância de ter documentos (dados de cobrança, relatórios de saúde, de qualidade de água e ofícios) para cobrar ações do poder público. Em reunião envolvendo todos representantes do distrito de Nazaré e o governo do estado foi colocado que a ausência de água potável é um fator 23

limitante para o desenvolvimento de agroindústrias prometidas pelos projetos de compensação da Usina Santo Antônio. Um dos encaminhamentos importantes foi a construção de ofício e abaixo-assinado validando as cobranças por uma água potável de boa qualidade para o Distrito de Nazaré. Os documentos foram construídos de forma participativa sendo que o NAPRA e a EMATER assumiram o papel de sistematizar e nortear as idéias propostas. 3.14. Debate sobre Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau Onde: Calama Figura 19: Reunião da Comissão de Saneamento. Foi feito um debate com a comunidade com o objetivo de discutir os impactos de grandes empreendimentos nas possibilidades de desenvolvimento do distrito e da região. Inicialmente foi realizada uma apresentação sobre o conceito de desenvolvimento e sustentabilidade. Após essa etapa foi passado o documentário O Que Beira a Beira do Rio Madeira" e na terceira etapa fez-se uma discussão sobre a hidrelétrica simulando uma audiência pública com três grupos (ribeirinhos, governo e empresa) e traçou-se o histórico da implantação das hidrelétricas. O debate encerrou-se com uma discussão sobre os efeitos atuais e futuros e possíveis alternativas, além de tentar analisar qual o modelo de desenvolvimento é interessante para Calama. 3.15. Diagnóstico sobre extrativismo Onde: Nazaré Em parceria com o ICMBio foi feito um levantamento dos extrativistas do distrito de Nazaré e suas áreas de uso dentro e no entorno do distrito. O diagnóstico contou com entrevistas com informantes-chave sobre o extrat, reuniões para construção de mapas em conjunto com os extrativistas sobre suas áreas de uso e visita a essas áreas de uso para georreferenciamento. O ICMBio usará as informações como base para a resolução de questões fundiárias na região do distrito. 3.16. Doação e organização de medicamentos Onde: RESEX do Lago do Cuniã A equipe se organizou para a entrega dos medicamentos ao posto de saúde para facilitar o atendimento já previsto da equipe do PSF (médico, dentista, enfermeira e técnica de laboratório). Os medicamentos foram entregues em caixas para serem contabilizados, separados em lista de acordo com quantidade, nome comercial e do principio ativo, e data de validade. A lista serviu tanto para controle do posto, quanto para consulta da equipe do PSF para prescrição. Alguns exemplares foram organizados na prateleira de medicamentos estabelecida pelo posto. O restante foi mantido nas caixas, que foram etiquetadas para formação de estoque. 24

3.17. Educação Sexual Onde: RESEX do Lago do Cuniã Um encontro para formação em Educação Sexual foi motivado pelos diretores do Posto de Saúde e da Escola comunitários. Foram indicados para a capacitação professores e Agentes Comunitários de Saúde, por serem as novas referências para os jovens da comunidade sobre a questão. A seleção do material e assuntos para a capacitação foi planejada junto com pessoaschave da comunidade, contextualizando o tema de acordo com particularidades do Cuniã. Durante o encontro de formação, optou-se por mesclar a exibição dos materiais audiovisuais (vídeo Adolescência, capítulo da edição do Ministério da Saúde - e site de Sexualidade da UNIFESP) com uma roda de conversa. 3.18. Expressão de mitos e lendas com crianças Onde: RESEX do Lago do Cuniã Trabalhou-se com crianças da escola Francisco Braga a confecção de cartazes baseados em histórias locais como maneira de incentivar essa expressão cultural. Cada grupo de crianças escolheu um espaço para trabalhar (gramado, sala de aula, refeitório etc) e foram questionados sobre histórias da comunidade e da região. Após contarem as suas histórias, representaram-nas em papel Kraft com pinturas, desenhos e colagens. Ao final, cada grupo tirou uma foto com o seu trabalho e os mesmos foram colados em uma sala de aula. Figura 20: Crianças expondo cartaz com histórias. 3.19. Festa Julina do Lago do Cuniã Onde: RESEX do Lago do Cuniã Com a escola Francisco Braga foi organizada a Primeira Festa Julina do Lago do Cuniã. O Grupo NAPRA ajudou na idealização e organização estrutural da festa (obtenção e transporte de materiais, construção dos recintos e decoração da festa) e participou das danças típicas, como a quadrilha comunitária. Infelizmente o evento não aconteceu por falecimento de um comunitário na véspera. 3.20. Formação dos professores Onde: RESEX do Lago do Cuniã Aconteceram encontros com professores da escola Francisco Braga, com a idéia de trabalhar a motivação pelo seu trabalho através da apresentação da abordagem da aprendizagem dialógica (Tertúlia Literária Dialógica). Nos encontros foram feitas contações de histórias e de piadas e rodas de leituras selecionadas seguidas de debates sobre destaques da leitura e reflexões possibilitadas por ela. Durante os encontros, várias das histórias foram digitadas no computador pelos professores, como forma de praticar o uso da máquina. Essa última prática será continuada sob orientação de um professor de fora da comunidade. 25

3.21. Formação dos profissionais de saúde comunitários Onde: Calama, RESEX do Lago do Cuniã e São Carlos Em Calama, a formação com os Agentes Comunitários de Saúde abordou os temas Hipertensão Arterial (HA) e Diabetes, utilizando o método da problematização. O ACS trazia um caso de suas visitas e a partir desse ponto contextualizava-se a Hipertensão Arterial e Diabetes utilizando objetos ilustrativos para demonstrar o funcionamento da doença. A partir dessa demonstração fazia-se uma conversa sobre os grupos de risco de desenvolvimento das doenças e como os ACS podem ajudar a prevení-las nesses grupos. Para ilustrar e concluir o assunto, foi apresentado um vídeo sobre HA. Essa atividade associou o tempo todo a prática das visitas domiciliares com as melhores recomendações do Ministério da Saúde. Em Cuniã, a atividade foi realizada com os Agentes de Endemia e ACS, através da exibição, seguida de debate, da edição completa de filmes do Ministério da Saúde, com temas como: Quem é o Agente; Microáreas de Risco; Mapeamento, Planejamento Familiar; O Adolescente e as Drogas; Velhice Não é Doença; O Deficiente Físico; AIDS; Câncer Uterino e de Mama; Educação Nutricional; Tuberculose e Hanseníase; Vacinação; HA; Diabetes; Saúde Bucal e Participação Comunitária em Saúde. Foram pedidas tarefas práticas aos Agentes, como a realização de um mapa temático da área e a elaboração de um relatório sobre o entendimento dos assuntos ministrados. Por último, foi elaborado em conjunto com um dos Agentes um manual e cartazes de consulta rápida para os funcionários do Posto de Saúde sobre problemas de saúde que atingem amplamente a população da RESEX do Lago do Cuniã, tais como: parasitoses, colesterol, hipertensão arterial sistêmica e diabetes. Em São Carlos, trabalhou-se com os Agentes Comunitários e Enfermeiros de São Carlos, Terra Caída e Bom Será. Foram abordados temas como: o Programa de Saúde da Família, a atuação dos ACS; o SIAB e os Formulários de Notificação; capacitação sobre vacinação e multimistura. Foi também feita uma dinâmica que teve como propósito conhecer o envolvimento dos ACS com o trabalho deles. Foi produzido um DVD contendo todo o material das formações, além de um vídeo informativo sobre a atuação do ACS e o funcionamento da Unidade Básica de Saúde para ser passado na sala de espera com o intuito de minimizar a ansiedade dos pacientes. Figura 21: Turma de profissionais que passaram pela formação: Calama (acima) e Cuniã (à esquerda). 3.22. Fortalecimento do Jornal Boto Rosa Onde: Calama Buscou-se fortalecer a idéia do jornal estimulando e apoiando a equipe já existente e buscando novos jovens para integrá-la. Foram organizadas reuniões que abordaram principalmente o histórico do jornal até então, sua forma de gestão, a importância e função do mesmo em Calama e 26