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Transcrição:

1 Introdução No nosso dia-a-dia, estamos a todo momento emitindo opiniões, defendendo ideias. Opinamos em casa, no trabalho, na escola, na rua, em todos os lugares. Opinar, argumentar, persuadir o outro ou ser persuadido faz parte do nosso cotidiano. A construção da cadeia argumentativa pode desencadear semanticamente dois atos singulares: convencer e/ou persuadir. Abreu (2009) nos diz que argumentar é uma arte composta por esses dois atos, sendo certo que convencer está relacionado à construção de algo no plano das ideias, pois quando convencemos alguém, este passa a pensar como nós. Já persuadir compreende a construção no campo das emoções, sensibilizando o outro a agir. Na verdade, argumenta aquele que, gerenciando informação, convence o outro de algo no plano das ideias e, gerenciando relação, persuade-o, no plano das emoções, a fazer algo que deseja ser feito. Esses dois atos, desencadeados semanticamente a partir de recursos linguísticos específicos serão analisados e descritos nesta pesquisa, considerandose como escritores de artigos de opinião negociam a informação, ao atuarem de forma a aproximar o leitor e mudar interações sociais, pensamentos, opiniões ou mesmo ações. Para isso, a presente pesquisa examina as estratégias de posicionamento de escritores de artigos de opinião sob a perspectiva da Linguística Sistêmico- Funcional (Halliday, 1994), abordando as formas de argumentação e posições de atitude utilizadas por intermédio de recursos interpessoais, que desencadeiam no discurso um determinado efeito comunicativo, o que será semanticamente analisado, através de realizações lexicogramaticais, conforme descrito no decorrer deste trabalho. A Linguística Sistêmico-Funcional, a que recorremos como perspectiva teórica por compreender o sistema linguístico como aberto e funcional, tem Halliday (1994) como um de seus principais estudiosos. Para ele, a linguagem é considerada um sistema de opções e escolhas que se encontram disponíveis para o autor de um texto (oral ou escrito), para que o utilize de acordo com os diferentes

14 significados que pretende comunicar em um determinado contexto sócio-cultural. A Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) leva em consideração que as práticas discursivas são concomitantemente sociais, culturais e históricas. Esse sistema de opções fundamenta-se em dimensões que se superpõem: contextual, semântica, lexicogramatical e fonografológica. O campo semântico evidencia os significados ideacional, interpessoal e textual. A Linguística Sistêmico-Funcional, foco de nosso trabalho, concebe a língua como um sistema de troca de significados. Conforme comenta Schlee (2006), este sistema é utilizado para negociação e expressa nosso desejo de influenciar atitudes e comportamentos do outro, de prover informações conhecidas a quem não as tem, de explicar nossas atitudes ou comportamentos, ou mesmo de conseguir com que o outro nos forneça informações. Esses propósitos desencadeados por significados específicos contribuem para a textura linguística, direcionam o discurso e estão relacionados à Metafunção Interpessoal da Linguagem (ver item 3.1.3). Para Thompson (1996), um dos principais objetivos do ato de comunicação é a interação com o outro, para o estabelecimento e a manutenção das relações sociais. E um dos papéis da gramática da oração é o da troca de significados entre os sujeitos da interação. Neste aspecto, as funções essenciais no ato da comunicação entre falante e escritor são dar bens e serviços ou informações e demandar bens e serviços ou informações. Os significados interpessoais podem também envolver a avaliação do escritor e as possibilidades da atitude do leitor em relação ao que é lido, fato que evidencia a negociação do escritor com seu leitor. O estabelecimento de tal negociação no sistema linguístico desdobra-se por meio de determinados significados expressos no discurso. Trata-se de recursos que tornam explícito o posicionamento do falante, tais como a Modalidade; os Finitos Verbais; os Adjuntos de Modo; os Adjuntos de Comentário; a Metáfora Gramatical (Halliday, 1994; Halliday e Matthiessen, 2004); e a Valoração (Martin, 2000; Martin & White, 2005). Segundo Butt et al (1995), cada um desses recursos mapeiam significados simultaneamente e demonstram explicitamente o posicionamento do falante e as redes de argumentação que vão sendo construídas para levar o leitor a aderir à tese do escritor.

15 Com o objetivo de estudar recursos linguísticos interpessoais na argumentação, que possibilita o uso da linguagem para estabelecer relações, tomamos o artigo de opinião, um gênero textual argumentativo, como foco de análise de nosso trabalho, já que apresenta a defesa de uma tese ou ponto de vista através de recursos linguísticos e estratégias discursivas utilizadas para tal. Definindo artigo de opinião, Costa (2008) retrata-o como um texto de opinião, dissertativo ou expositivo, que forma um corpo distinto na publicação, seja ele um jornal ou uma revista, e traz a interpretação do autor sobre um fato ou tema variado. Possui estrutura composicional também variada, mas sempre desenvolve de forma explícita ou implícita uma opinião sobre o assunto, com um fecho conclusivo, a partir da argumentação construída. Borgatto (2006) refere-se a esse gênero textual como aquele produzido por profissionais da área jornalística, pessoas de destaque em nossa sociedade ou especialistas de diversas áreas do conhecimento para expressarem suas ideias ou comentar sob um ponto de vista particular os acontecimentos do mundo. O artigo de opinião é, assim, um importante instrumento para o debate de ideias e a participação mais crítica na vida em sociedade, fundamental para a construção da cidadania. Todavia, mais que um meio democrático de exposição de ideias, o artigo de opinião concretiza pensamentos e estabelece interações sociais, dependendo da forma como é depreendido o assunto tratado, ou seja, a partir de como o público-leitor entende e interage com o ponto de vista exposto no artigo. Os recursos linguísticos interpessoais utilizados para isso e a forma como são construídos nesse gênero do discurso jornalístico constituem o foco do trabalho dissertativo aqui desenvolvido, haja vista realizarem a intenção comunicativa do escritor para os fins da arte de argumentar: convencer e persuadir. Estudos atuais da Linguística Sistêmico-Funcional, no tocante à Metafunção Interpessoal, bem como trabalhos anteriores desenvolvidos pela pesquisadora (Santana, 2008) 1 acerca da argumentação reforçam nosso interesse em dar continuidade ao estudo deste tema sob nova perspectiva. Somam-se a isso trabalhos como o de Butt et al (1995), no livro Using Functional Grammar: An Explorer s Guide; Abreu (2009), em A Arte de Argumentar: Gerenciando Razão e 1 Monografia desenvolvida pela autora, intitulada Recursos persuasivos na construção dos textos legislativos.

16 Emoção; e Koch (2006a), em Argumentação e Linguagem, os quais foram fundamentais para o desenvolvimento da presente pesquisa. O objetivo desta dissertação, em termos gerais, é analisar as estratégias argumentativas da produção textual de artigos de opinião, sob a abordagem da Linguística Sistêmico-Funcional. Em termos mais específicos, tencionamos apontar os aspectos linguísticos interpessoais e identificá-los nos artigos de opinião; compreender a função de significados interpessoais que compõem um texto argumentativo; analisar o engajamento estabelecido entre escritor e leitor na produção do gênero textual que serve de corpus para a análise; e identificar estratégias de persuasão e/ou convencimento na construção da argumentação. A partir dos estudos propostos neste trabalho, pretendemos responder às seguintes perguntas de pesquisa: 1) como os autores de artigos de opinião utilizam recursos interpessoais para expressar e influenciar opiniões e pensamentos? 2) Como os autores desse gênero do discurso jornalístico utilizam os recursos interpessoais na argumentação visando à persuasão e/ou ao convencimento? 3) Como as estratégias de argumentação variam de acordo com o veículo jornalístico ou o autor do artigo de opinião? 4) Como são utilizados recursos valorativos para fins argumentativos em artigos de opinião? Para obtermos respostas a tais indagações, partimos da hipótese de que as estratégias discursivas interpessoais são de fundamental importância na construção de textos argumentativos, em especial, de artigos de opinião. Buscamos analisar os recursos linguísticos desencadeadores de significados interpessoais na interação comunicativa estabelecida em artigos de opinião publicados em dois jornais de circulação paga, pois é através da gramática e da identificação de traços lexicogramaticais que podemos fazer análise do discurso e chegar à interpretação dos significados criados nos textos, depreendendo-se, a partir daí, se contribuem para o ato de convencimento e/ou de persuasão. Para compreendermos como recursos interpessoais atuam na construção de significados com fins argumentativos, organizamos esta dissertação em seis capítulos. O capítulo 2 trata da linguagem, argumentação e gênero. Dessa forma, buscamos compreender a importância do ato de argumentar e suas peculiaridades no que tange ao ato de convencer e persuadir, bem como as definições,

17 funcionalidades e especificidades do gênero textual selecionado para análise o artigo de opinião. No capítulo 3, buscando retratar a importância e a pertinência da Linguística Sistêmico-Funcional e das metafunções da linguagem, são apresentados os componentes funcionais daquela que constitui o coração deste trabalho a Metafunção Interpessoal sendo expostas as principais definições e categorias a ela relacionadas, para aplicação prática quando da análise dos artigos. Ainda neste capítulo, apresentamos alguns princípios da Teoria da Valoração, perspectiva que constitui uma ramificação da Metafunção Interpessoal e auxilia no estudo das escolhas lexicais utilizadas para expressar a opinião do escritor, sua avaliação e posicionamento nos textos, destacando-se aí um pequeno grupo de categorias de reações, conhecidas como Atitude, Engajamento e Amplificação. Dentre os recursos atitudinais, os quais são recorrentemente utilizados pelos articulistas, mencionamos o Afeto, o Julgamento e a Apreciação. Posteriormente, reservamos um capítulo para a descrição da metodologia utilizada nesta dissertação, o qual traz, além do tipo de metodologia, o material selecionado como corpus, a caracterização dos sujeitos autores dos artigos, os procedimentos de análise, bem como as categorias de análise. A partir daí, no capítulo 5, procedemos à análise dos artigos selecionados, retirados dos jornais O Globo e Folha de São Paulo, discutindo minuciosamente os recursos linguísticos interpessoais utilizados pelos autores para a redação de seus textos e a intenção comunicativa ali presente. Após esse momento, propusemos uma discussão geral dos resultados da pesquisa. Por fim, no capítulo 6, buscamos encerrar o trabalho, abordando resumidamente os principais tópicos da pesquisa, o que de mais interessante pudemos observar, o que foi descoberto, as contribuições para a área de Estudos da Linguagem e as futuras possibilidades de pesquisa que este trabalho pode desencadear nessa área.