Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia Departamento de Informática Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação



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Transcrição:

Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia Departamento de Informática Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação Projeto de Dissertação de Mestrado Uma Abordagem de Gerenciamento de Projetos de Software para Negócios Móveis Aluno: Sidgley Camargo de Andrade Orientadora: Profa. Dra. Tania Fatima Calvi Tait Maio de 2011 Maringá - Paraná Brasil

Sidgley Camargo de Andrade Uma Abordagem de Gerenciamento de Projetos de Software para Negócios Móveis Projeto de Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da Universidade Estadual de Maringá, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciência da Computação. Orientadora: Profa. Dra. Tania Fatima Calvi Tait Maio de 2011 Maringá - Paraná Brasil

Resumo Com os avanços nas áreas de telecomunicação, computação e miniaturização de computadores o uso de tecnologias móveis pelas organizações fortaleceu-se ao longo dos últimos anos. A tecnologia móvel permite as organizações gerarem novas oportunidades de negócio por meio da condução de transações comerciais com independência espacial e temporal, contudo exige uma abordagem estratégica e específica para gerenciar os projetos móveis e alinhar a tecnologia aplicada ao negócio e no contexto da organização. Este trabalho apresenta uma abordagem de gerenciamento de projetos de software para negócios móveis que apóie os gerentes de projetos na implantação e desenvolvimento de soluções móveis. Palavras-chave: gerenciamento de projetos de software, tecnologia móvel, negócios móveis.

Abstract With advances in the areas of telecommunications, computing and miniaturization of computing, the use of mobile technology within organizations have been increased recent years. Mobile technology allows organizations create new business opportunities by conducting business transactions with independent spatial and temporal, but requires a specific and strategic approach to manage projects and aligns mobile technology used in business and applied in the context of the organization. This work presents an approach of software management project to mobile business that assists the project managers on implementation and development mobile solutions. Keywords: project management software, mobile technology, mobile business.

Lista de Ilustrações Figura 1- Modelo teórico completo do planejamento da adoção de iniciativas móveis na interação entre organização e indivíduo... 19 Figura 2- Transição de empresa móvel 19 Figura 3- Dimensões de pesquisa do roadmap.... 20 Figura 4- Arcabouço da proposta de uma abordagem de GPS para negócios.. 22 Figura 5- Etapas da metodologia de desenvolvimento. 24

Lista de Tabelas Tabela 1- Escopo dos modelos de melhores práticas aplicáveis no GPS. 12 Tabela 2- Escopo dos modelos e normas das melhores práticas que auxiliam no GPS.. 13 Tabela 3- Padrões de comunicação utilizados em infraestruturas móveis.... 15 Tabela 3- Principais dispositivos portáteis encontrados no mercado Checo... 16 Tabela 5- Cenários dos negócios móveis. 17 Tabela 6- Literatura referente aos elementos do arcabouço da proposta. 23

Lista de Abreviaturas 1XRTT Radio Transmission Technology 2G Telefonia Móvel de Segunda Geração 2.5G Telefonia Móvel Intermediária entre a Primeira e Segunda Geração 3G Telefonia Móvel de Terceira Geração B2B Business-to-Business B2C Business-to-Consumer CDMA Code Division Multiple Access CMMI Capability Maturity Model Integration DIN Departamento de Informática CobiT Control Objectives for Information and Related Technology EDGE Enhanced Data rates for GSM Evolution G2I Government-to-Individual GP Gerenciamento de Projeto GPS Gerenciamento de Projeto de Software GPRS General Packet Radio Service GSM Global System for Mobile Communications HSCSD High Speed Circuit-Switched Data ICMC Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação IEC International Electrotechnical Commission IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers ISO International Organization for Standardization M2M Many-to-Many (Mobile Collaboration) MET Mobile Enterprise Transition MPS.BR Melhoria de Processos do Software Brasileiro PC Personal Computer PDA Personal Digital Assistant PMBOK Project Management Body of Knowledge PMI Project Management Institute PRINCE2 Projetct in Controlled Environments PROCAD Programa de Cooperação Acadêmica PUC/RS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul SMS Short Message Service TDMA Time Division Multiple Access TI Tecnologia da Informação UIT International Telecommunication Union UEM Universidade Estadual de Maringá USP Universidade de São Paulo WiMax Worldwide Interoperability for Microwave Access Wi-Fi Wireless fidelity W-CDMA Wideband Code Division Multiple Access WLAN Wireless Local Area Network

Sumário 1 INTRODUÇÃO... 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 11 2.1 GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE... 11 2.1.1 Modelos de Gerenciamento de Projetos de Software... 12 2.1.2 Relação entre os Modelos... 14 2.2 TECNOLOGIAS MÓVEIS... 15 2.3 NEGÓCIOS MÓVEIS... 16 2.4 IMPACTOS CAUSADOS NO INDIVÍDUO DECORRENTE DA ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS MÓVEIS... 17 2.5 TRABALHOS RELACIONADOS... 18 2.5.1 Descrição dos Trabalhos Relacionados... 18 2.5.2 Análise dos Trabalhos Relacionados... 20 3 PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO... 22 3.1 OBJETIVOS... 23 3.2 METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO... 23 3.3 CONTRIBUIÇÕES ESPERADAS... 25 3.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO... 25 3.5 CRONOGRAMA... 25 4 CONCLUSÃO... 27 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 28 6 BIBLIOGRAFIA... 30

9 1 Introdução A massificação das tecnologias móveis fortaleceu-se ao longo dos últimos anos e à medida que foram adotadas pelos indivíduos as organizações também começaram a utilizá-las com o objetivo de gerar novas oportunidades e atingir novos negócios (MACHADO; FREITAS, 2009). Com os avanços nas áreas de telecomunicação, computação e miniaturização de computadores o uso da tecnologia móvel tornou-se predominante dentro das organizações como instrumento de apoio aos colaboradores em qualquer hora e local (ALI-HASSAN; et al., 2010; MACHADO; FREITAS, 2009). Segundo Cukierman et al. (2007), as novas tecnologias são reputadas como fontes de mudanças radicais e neste caso constituem um cenário no qual transformam significativamente várias dimensões dos indivíduos. Esse cenário nasce da soma da computação, telecomunicação e tecnologia, e é possibilitada pela conexão móvel. Machado e Freitas (2009) e Unhelkar (2009) sustentam que as tecnologias móveis exigem uma abordagem estratégica para incorporar aos negócios e contribuem para novas linhas de pesquisa. Em suma, negócios móveis designam as formas em que as tecnologias de comunicações móveis e sem fio podem ser aplicadas nas soluções de problemas organizacionais relacionados à mobilidade. Entretanto, para alcançar o sucesso na implantação e no alinhamento estratégico de soluções móveis é necessário uma gerência efetiva e o emprego de abordagens de gerenciamento de projetos específicos para o contexto. No Departamento de Informática (DIN), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), encontra-se em desenvolvimento a pesquisa Um Modelo de Gestão de Projetos de Software sob o Enfoque Sócio-Técnico, na qual a proposta deste trabalho está inserida. O presente trabalho está organizado em cinco capítulos, identificados por meio da seguinte estrutura: o segundo capítulo conduz o leitor a entender os temas relevantes para fundamentação da proposta deste trabalho, bem como a área de gerenciamento de projetos de software e seus modelos consolidados no mercado (seção 2.1). Na seção 2.2, Tecnologias Móveis, são apresentadas as principais tecnologias e dispositivos móveis. Na seção 2.3, Negócios Móveis, são abordados os principais cenários de aplicação das tecnologias móveis pelas organizações. A seção 2.4, Impactos Causados no Indivíduo decorrente da Adoção de Tecnologias Móveis, trata da estrutura do capital social e os benefícios e riscos consequentes

10 da adoção e uso das tecnologias móveis pelos indivíduos. Por seguinte, na seção 2.5, são analisados três trabalhos relacionados com o tema de pesquisa deste trabalho. O terceiro capítulo trata da proposta do trabalho, dos objetivos, da metodologia de desenvolvimento, das contribuições esperadas, do método de avaliação e do cronograma. A conclusão e as referências são apresentadas no quarto e quinto capítulo.

11 2 Revisão Bibliográfica Este capítulo apresenta um estudo sobre os temas relevantes para fundamentação da proposta de uma abordagem de gerenciamento de projetos de software para negócios móveis. Os temas relacionados e que fornecem subsídios para o desenvolvimento da proposta são: gerenciamento de projetos de software; tecnologias móveis; negócios móveis e impactos causados no capital social decorrente da adoção de tecnologias móveis. 2.1 Gerenciamento de Projetos de Software O gerenciamento de um projeto de software (GPS) constitui o processo de tomar decisões que envolvem o uso de recursos, tanto materiais como humanos, para planejar, coordenar, controlar e executar atividades com o objetivo de fornecer um resultado (HUZITA; TAIT, 2006). O GPS surgiu com base no gerenciamento de projeto (GP) de outras áreas já maduras, cujas técnicas foram adaptadas em uma sequência de estágios que envolvem todos os aspectos e questões do processo de desenvolvimento de um projeto software, desde o estabelecimento inicial dos conceitos até o artefato final de programação (TEIXEIRA; CUKIERMAN, 2007; ENAMI, 2006). O processo de desenvolvimento de software é formado por uma série de atividades técnicas e organizacionais que envolvem um conjunto de metodologias de desenvolvimento, tecnologias, e artefatos (HUZITA; TAIT, 2006). No desenvolvimento de software, as atividades podem ser divididas em técnicas e organizacionais. As atividades técnicas envolvem desde as metodologias de desenvolvimento utilizadas até a infra-estrutura de rede adotada para a comunicação. As atividades organizacionais vão desde o atendimento às necessidades da organização, estabelecida em sua missão até o relacionamento com os recursos humanos envolvidos (HUZITA; TAIT, 2006, p. 121). Segundo Enami (2006, p. 55), a área de gerência de projetos de software possui particularidades que dificultam ainda mais o gerenciamento, tais como: mudança da tecnologia, rodízio de pessoal que possui conhecimento específico sobre a tecnologia e a intangibilidade do software. A integração de tecnologia, economia e as relações humanas e materiais em um contexto específico de desenvolvimento de software não é uma tarefa fácil, e exige uma gestão e esforço coordenado de pessoas (CASEY, 2010).

12 Para mitigar os impactos dessas particularidades é necessária a adoção de modelos e técnicas específicas para gerenciar os projetos de desenvolvimento de software e os projetos de implantação de melhoria de processos de software (SOMMERVILLE, 2007, passim). Diversos modelos são aplicados como referência nos mais diversos segmentos (FERNANDES; ABREU, 2008), tais como setor público e privado, comercial e industrial, todavia cada modelo possui suas características e metodologias que, aplicadas corretamente, contribuem para um gerenciamento que garanta o sucesso do projeto. 2.1.1 Modelos de Gerenciamento de Projetos de Software Uma série de modelos de gestão de projetos e serviços de software foi elaborada nos últimos anos. Alguns desses modelos são originais e outros são derivados e/ou evoluídos de outros modelos (FERNANDES; ABREU, 2008). Segundo Enami (2006), dentre os principais modelos destacam-se o PMI (Project Management Institute), o CMMI (Capability Maturity Model Integration) e a MR-MPS (Modelo de Referência de Melhoria de Processos do Software Brasileiro). Fernandes e Abreu (2008) complementam a lista com os modelos PRINCE2 (Projetct in Controlled Environments) e CobiT (Control Objectives for Information and Related Technology). Segundo Fernandes e Abreu (2008) as normas ISO 9001, ISO/IEC 9126 e ISO/IEC 12207 auxiliam os gerentes de proejtos a obterem dados de um ambiente de desenvolvimento, contribuindo para a gestão dos projetos. Tabela 1 Escopo dos modelos de melhores práticas aplicáveis no GPS. Modelo CobiT PMI PRINCE2 Escopo do Modelo Modelo abrangente aplicável para auditoria e controle de processos de TI, desde o planejamento da tecnologia até a monitoração e auditoria de todos os processos. Base de conhecimento em gestão de projetos (ferramentas e técnicas), maturidade organizacional, gestão de programas, portfólio, configuração e valor. Metodologia de gerenciamento de projetos. Fonte: Fernandes e Abreu (2008), Enami (2006), PMI (2008). Os modelos e normas citados por Fernandes e Abreu (2008) e Enami (2006) são aplicáveis e/ou auxiliam no gerenciamento de projetos de software e possuem aplicabilidade específica conforme necessidade e objetivo do projeto. A Tabela 1 e Tabela 2 descrevem, respectivamente, o escopo de cada modelo e norma.

13 Os modelos descritos auxiliam os gerente de projetos nas atividades de planejamento, de coordenação, e de controle e execução dos projetos de software, entretanto existem gaps 1 que exigem a combinação de modelos e técnicas para definir e manter um gerenciamento efetivo (FERNANDES; ABREU, 2008). Tabela 2 Escopo dos modelos e normas de melhores práticas que auxiliam no GPS. Modelo CMMI ISO 9001, ISO/IEC 9126 e 12207 MR-MPS Escopo do Modelo Desenvolvimento de produtos e projetos de sistemas de software. Sistemas da qualidade, ciclo de vida de software, teste de software, etc. Envolvem processos desde a concepção de um produto ou serviço até sua entrega. Modelo de Referência que define níveis de maturidade que são uma combinação entre processos e sua capacidade. Fonte: Fernandes e Abreu (2008), Enami (2006), PMI (2008). O CMMI (versão 1.2) é um modelo que contém práticas da engenharia de software relacionadas a aspectos gerenciais, organizacionais e técnicos. A execução dessas práticas capacita as organizações a atingir as metas de custo, de cronograma e produtividade, objetivos próximos aos definidos no GP tradicional (ENAMI, 2006). Esse modelo é específico para gerenciamento de projetos de software e possui cinco níveis de maturidade obtidos de forma incremental. A estrutura do modelo CobiT (versão 4.1.) é caracterizada por quatro áreas (Recursos de TI, Processos de TI, Metas de TI e Requisitos de Negócio) integradas que contribuem para o sucesso da entrega de produto e serviço, a partir da perspectiva das necessidades do negócio e focado no controle das atividades e recursos (FERNANDES; ABREU, 2008). Segundo Fernandes e Abreu (2008) o modelo do CobiT é genérico o bastante para representar todos os processos normalmente encontrados nas funções de TI e compreensível tanto para a operação como para os gerentes de negócios. A ISO 9001 estabelece um modelo genérico de gestão de qualidade para ser aplicado em qualquer organização. As organizações que desenvolvem produtos de software e buscam modelos específicos para qualidade podem utilizar a norma ISO/IEC 9126, a qual trata da avaliação do produto de software do ponto de vista das características de qualidade (FERNANDES; ABREU, 2008). 1 Segundo Fernandes e Abreu (2008), no contexto de gerenciamento de projetos de software os gaps encontramse no alinhamento estratégico, na metodologia e na decisão, compromisso, priorização e alocação de recursos. Os gaps ocorrem devido às situações que os modelos de gerenciamento não conseguem prever.

14 O modelo ISO/IEC 12207 é orientado para processos do ciclo de vida do software e seu objetivo é criar um modelo que possibilite uma linguagem comum para o desenvolvimento e gerenciamento do software (FERNANDES; ABREU, 2008). O modelo MR-MPS é compatível com o modelo CMMI, todavia voltado para pequenas e médias empresas brasileiras (ENAMI, 2006). O objetivo desse modelo é a melhoria da qualidade dos processos de desenvolvimento de software. Diferente do CMMI, o MR-MPS apresenta sete níveis de maturidade, e cada nível possui suas áreas para análise dos processos fundamentais (aquisição, requisitos, integração, técnicos), os processos organizacionais (gerências, adaptação, análises, melhoria, qualidade) e os processos de apoio (garantida da qualidade, configuração, validação, treinamento). O modelo Processual PMI (quarta edição) aplica o gerenciamento de projetos por meio da integração de gerências. As gerências são compostas por uma série de processos e incluem, dentre outros, escopo, qualidade, cronograma, orçamento, recursos, custos e riscos (PMI, 2008). A complexidade e necessidade de cada projeto definem quais gerências e processos devem ser aplicados. O modelo é caracterizado como genérico e aplicado em todos os tipos de projetos, inclusive de desenvolvimento de software (PMI, 2008; ENAMI, 2006). O modelo PRINCE2 (versão 2005) é uma metodologia baseada nas experiências dos gerentes de projetos e das equipes de projeto, composta por processos, componentes e técnicas. O modelo é composto por oito processos gerenciais distintos, oito componentes para apoiar os processos e três técnicas de gerenciamento, que abrangem todos os tipos de projetos, inclusive de desenvolvimento de software. A PRINCE2 é um padrão usado pelo governo britânico, sendo também reconhecida internacionalmente (FERNANDES; ABREU, 2008). Para Fernandes e Abreu (2008) e Enami (2006), os modelos CMMI, CobiT, ISO, MPS.BR, PMI e PRINCE2 estão consolidados no mercado e devem ser configurados para projetos específicos, ou seja, as etapas e processos devem ser selecionados conforme o domínio do projeto. Entretanto essa configuração exige um esforço do gerente de projetos e em casos específicos à combinação de modelos e técnicas, evoluindo para uma nova abordagem de gerenciamento. 2.1.2 Relação entre os Modelos Fernandes e Abreu (2008) apresentam mapas de cobertura entre o CobiT e os principais modelos de gerenciamento de projetos de software (PMI/PMBOK, CMMI e PRINCE2). Ele assevera a necessidade de definir um baseline sobre o qual se pode analisar comparativamente um modelo com os demais, identificando os gaps de cada um.

15 Dentre os modelo apresentados na seção 2.1.1 o CobitT e a PRINCE2 são os mais abrangentes em termos de processos e técncias de gerenciamento de projetos, e candidatos a baselines para a abordagem de um modelo de gerenciamento de projetos de software para negócios móveis. 2.2 Tecnologias Móveis Telefones celulares evoluíram muito desde as primeiras versões, em que apenas representava versões sem fio de telefones fixos. De fato, os dispositivos móveis tornaram-se computadores multimídia portáteis, ou, mais simplesmente computadores móveis (SANTAELLA, 2007). Com os avanços nas áreas de telecomunicação, computação e miniaturização de computadores, novos produtos tecnológicos foram desenvolvidos e rapidamente tornaram-se HASSAN et al., 2010; COUNTS et al., 2006). Tabela 3 Padrões de comunicação utilizados em infraestruturas móveis. Padrão Descrição Tecnologia 2 2nd Generation (2G) Geração de padrões para telefones móveis que definiu a mudança da comunicação analógica para digital. 2.5G Geração precursora da transição entre as gerações 2G e 3G. A nomenclatura dessa geração não é reconhecida pela UIT. 3rd Generation (3G) Geração de padrões para telefones móveis e serviços de telecomunicação móvel (internet, pacote de dados e vídeo, televisão, serviços multimídia, informações de localização, etc). Bluetooth Padrão global de comunicação sem fio, com um alcance restrito e de baixo consumo de energia, que permite a transmissão de dados entre dispositivos compatíveis com a tecnologia. Wireless Fidelity (Wi-Fi) Conjunto de padrões que permitem estabelecer uma rede local sem fio (também conhecida como WLAN). Worldwide Interoperability for Evolução Wi-Fi que permite atingir maior velocidade e maior área de cobertura. Microwave Access (WiMax) Fonte: Zhu et al. (2009), Unhelkar (2009). CDMA, TDMA e GSM GPRS, EDGE, 1XRTT e HSCSD W-CDMA Frequência de rádio aberta e padronizada. IEEE 802.11 abg IEEE 2005 pontos-chaves para as novas abordagens de comunicação e estratégias de negócio (ALI- 802.16e- 2 A coluna Tecnologia apresenta as principais tecnologias utilizadas e/ou especificações dos padrões.

16 As tecnologias móveis possibilitam a ocorrência de interações entre os envolvidos (pessoas, organizações, clientes, fornecedores, etc.) a qualquer hora e em qualquer lugar. Esse paradigma é possível com a implementação de uma infraestrutura adequada que envolve padrões de comunicação móvel e a utilização de dispositivos portáteis (UNHELKAR, 2009; MACHADO; FREITAS, 2009), incluindo os celulares, smartphones, Personal Digital Assistants (PDAs), palmtops, notebooks e netbooks. A Tabela 2 descreve alguns dos principais padrões difundidos e utilizados em infraestruturas para ambientes móveis. Mohelska (2010) realizou um estudo das tecnologias móveis utilizadas pelas organizações da República Checa. Os dispositivos móveis mais utilizados pelo mercado Checo foram os celulares, PDAs, netbooks e smartphones. A Tabela 3 define, mas não se limita, aos principais dispositivos portáteis encontrados no mercado Checo. Tabela 4 Principais dispositivos portáteis encontrados no mercado Checo. Dispositivo Notebook Netbook PDA Smartphone Tablet PC Definição Computador portátil com os mesmos recursos e funcionalidades dos computadores pessoais. Versão menor dos computadores portáteis modernos (notebooks). Caracterizado pelo baixo consumo de energia, menor valor e peso. Pequeno computador de mão, normalmente controlado por uma caneta e uma tela sensível ao toque (touch screen). Aparelho que oferece recursos avançados, incluindo uma camada de apresentação de aplicativo (interface) que permite a instalação de programas, chamadas telefônicas e de vídeo conferência. Dispositivo em formato de prancheta com recursos limitados comparado aos netbooks e pode ser usado nas atividades pessoais e organizacionais. Fonte: Mohelska (2010), Unhelkar (2009). A implantação de tecnologias móveis pelas organizações exige uma abordagem estratégica para incorporar aos negócios. A tecnologia móvel é uma tecnologia que precisa ser estudada, compreendida e incorporada pelas organizações por meio de estratégicas cuidadosamente interpretadas e pesquisadas, visando prover um valor ao negócio e aos envolvidos (UNHELKAR, 2009). 2.3 Negócios Móveis As tecnologias móveis podem ser usadas de maneira mais significativa se aplicadas como meio de gerar ou renovar os negócios e processos das organizações. A tecnologia móvel é vital no mundo empresarial contemporâneo e possibilita a organização conduzir transações

17 comerciais com independência espacial e temporal, gerando novas oportunidades de negócio e interações em diferentes contextos (UNHELKAR, 2009). A adoção de tecnologias móveis pelas organizações facilita a interação com seus diferentes públicos-alvo, como clientes, colaboradores, fornecedores ou acionistas, obtendo maior agilidade e produtividade (MACHADO; FREITAS, 2009). Segundo Unhelkar (2009), as soluções para negócios móveis (m-business) são aplicadas em diferentes cenários e oportunidades. Apesar de não existir um consenso comum na literatura, alguns cenários são abordados pela maioria dos autores (Tabela 4). Tabela 5 Cenários dos negócios móveis. Cenário B2B B2C G2I M2M Descrição São serviços, normalmente pré-definidos, que ocorrem entre duas entidades através dos meios de comunicação digital. Envolvem organizações ou entidades parcerias que visam padronizar e integrar suas transações com o uso da Internet, Extranet, Intranet ou VPN. Transações bancárias, de estoque e suprimento de produtos são exemplos desse cenário. São serviços de transação entre cliente e organização, disponibilizados com objetivos e meios de acesso específicos. Geralmente esses serviços são processos populares, como realizar pagamentos on-line, realizar pedidos, verificar lista de preço. Indivíduos e organizações podem facilmente realizar determinadas transações com o governo pela Internet. Essa interação facilita e proporciona agilidade para ambos, e é caracterizada por serviços de consultas, e envio e recebimento de dados. São serviços colaborativos entre organizações com a capacidade de transferir ou utilizar a prestação de serviço de outras quando não podem realizar a solicitação. A integração completa e transparente leva à abrangência do negócio móvel. M-Advertisement Propaganda móvel. À medida que uma pessoa anda pela cidade, ela pode solicitar informações sobre restaurantes mais próximos, farmácias ou hotéis, e obter informações de promoções nas lojas que estão no perímetro de alcance do dispositivo móvel. Fonte: Unhelkar (2009). 2.4 Impactos Causados no Indivíduo decorrente da Adoção de Tecnologias Móveis Ali-Hassan et al. (2010) definem o capital social como o conjunto de recursos sociais incorporados nas relações entre diferentes indivíduos e as normas e valores associados a estes recursos. O capital social pode ser analisado por três dimensões: estrutural, relacional e cognitiva. A dimensão estrutural refere-se como a rede de relacionamentos é organizada; a dimensão

18 relacional refere-se aos valores dos relacionamentos, tais como confiança, normas e obrigações; e a dimensão cognitiva consiste na linguagem e no código utilizado para comunicação (ALI-HASSAN et al., 2010). A adoção de tecnologias móveis altera a forma como as pessoas se comunicam e se socializam (COUNTS et al., 2006; SANTAELLA, 2007), impactando nas três dimensões do capital social (ALI-HASSEN et al., 2010). Machado e Freitas (2010) afirmam que a adoção da tecnologia móvel pela organização e o uso como forma de trabalho podem influenciar na disponibilidade, no comportamento e no aprendizado do indivíduo. Entender os benefícios e riscos incorporados em ambientes móveis e o papel da tecnologia móvel no capital social são necessários para compreender a mobilidade e obter o sucesso nos negócios. Unhelkar (2009) refere-se à mobilidade como os aspectos das tecnologias móveis incluindo a rede de relações, a infraestrutura, a segurança, o conteúdo, as aplicações e o uso destas tecnologias para conectar a organização aos clientes, parceiros e trabalhadores, de forma personalizada e independente do local e hora. 2.5 Trabalhos Relacionados Esta seção apresenta três trabalhos relacionados com o tema de pesquisa e constitui a fundamentação para elaborar um modelo de gerenciamento de projeto de software para negócios móveis. Os trabalhos definem, respectivamente, um modelo de planejamento para iniciativas de adoção de tecnologias móveis (MACHADO; FREITAS, 2009), uma metodologia de transição para negócios móveis (UNHELKAR, 2009) e um roteiro para sistematizar e orientar pesquisas relacionadas a negócios móveis (FOUSKAS et al., 2005). 2.5.1 Descrição dos Trabalhos Relacionados Machado e Freitas (2009) propõem em seu trabalho um modelo teórico para o planejamento das iniciativas de adoção de tecnologias móveis visando oferecer aos gestores um instrumento que possa ser utilizado para auxiliar nos projetos de aquisição de tecnologias móveis pelas organizações. O modelo é estruturado a partir de vários aspectos da interação entre organização e indivíduos e abrange o contexto externo, o contexto organizacional, os impactos previstos na organização e no indivíduo, além da interação entre indivíduo e organização (Figura 1). O trabalho também fomenta uma série de estudos futuros, fortalecendo o tema da mobilidade na área científica.

19 Figura 1 Modelo teórico completo do planejamento da adoção de iniciativas móveis na interação entre organização e indivíduo (MACHADO; FREITAS, 2009). Unhelkar (2009) propõe uma metodologia formal de transição para as organizações que pretendem adotar tecnologias móveis em seu negócio. A metodologia desenvolvida, denominada de Mobile Enterprise Transition (MET), oferece uma compreensão prática e uma abordagem estratégica de transição de gestão para negócios móveis (Figura 2). A metodologia abrange quatro dimensões, sendo estas, econômica, técnica, processual e social. Aspectos internos e externos que possam impactar no processo de transição também são incorporados no formalismo. Figura 2 Transição de empresa móvel (UNHELKAR, 2009). Fouskas et al. (2005) propõem um roadmap para sistematizar e orientar a pesquisa de negócios móveis em uma perspectiva metodológica e interdisciplinar, envolvendo interessados das áreas acadêmica e comercial.

20 O roteiro foi elaborado em duas fases: investigação preliminar e elaboração do roadmap. Na investigação preliminar, os desafios foram identificados e classificados em nove temáticas; na segunda fase, as informações classificadas foram analisadas e validadas pelos envolvidos (interessados). O resultado é uma descrição dos desafios atuais e futuros encontrados na área de negócios móveis. A Figura 3 apresenta esquematicamente as dimensões de pesquisa abordadas no roadmap e organizadas em quatro dimensões. Figura 3 Dimensões de pesquisa do roadmap (FOUSKAS et al., 2005). 2.5.2 Análise dos Trabalhos Relacionados Machado e Freitas (2009) relatam que a falta de referências sobre os aspectos envolvidos na adoção de tecnologias móveis pelas organizações torna o trabalho relevante para a área, entretanto a pesquisa realizada pelos autores limitou-se a grandes organizações e foi concentrada em apenas uma forma de tecnologia móvel (SMS corporativo). Outro aspecto desse trabalho reside na validação do modelo. Os autores não aplicaram técnicas de validação ou experimentação, propondo a aderência do modelo em casos reais como trabalhos futuros. Por fim, o modelo elaborado não contempla as etapas de gerenciamento e desenvolvimento de projetos de software para negócios móveis (planejamento, coordenação, controle e execução), apenas o planejamento da adoção das tecnologias móveis. A metodologia MET proposta por Unhelkar (2009) é abrangente e compreende quatro dimensões (econômica, técnica, processual e social) que impactam em projetos de adoção de tecnologias móveis pelas organizações e representam temas comuns encontrados na literatura. Um aspecto importante do projeto é aprovação prática da metodologia. No entanto, a

21 percepção de Unhelkar (2009) é a adoção e manutenção de serviços aos negócios móveis, e não uma visão de projetos de software desde a concepção até o suporte e manutenção. O trabalho de Foukas et al. (2005) contribui e estabelece diretrizes para identificar os desafios na adoção e uso das tecnologias móveis aos negócios. Contudo, a área de negócios móveis é dinâmica e alguns dos desafios identificados, tais como infraestrutura, treinamento na tecnologia, políticas e regulamentações devem ser revisados, pois desde a elaboração do roadmap a área de mobilidade evoluiu. Outro aspecto é a abordagem do trabalho de Foukas et al. (2005), que não define questões de projeto e gerenciamento. Inicialmente, para este trabalho destacam-se os desafios e impactos da interação entre organização e indivíduo apresentados pelos autores Machado e Freitas (2009) e Foukas (2005); o contexto externo e organizacional definido pelos autores Machado e Freitas (2009); e as dimensões e a aprovação da metodologia MET (UNHELKAR, 2009).

22 3 Proposta de Dissertação Pesquisas em tecnologias e negócios móveis têm crescido e se tornando uma das áreas multidisciplinares com maior representatividade nos últimos anos (MACHADO; FREITAS, 2009; FOUSKAS et al., 2005). Os desafios encontrados são temas de grande interesse da comunidade acadêmica e comercial e envolvem as áreas técnica, organizacional e cultural. Entretanto, a maior parte dos trabalhos envolve questões e desafios técnicos, organizacionais e culturais de forma individual, e não coletiva, como é tratado nos modelos de gestão de projetos. Modelos e metodologias de gestão de projetos para mobilidade são alvos de pequena parte das pesquisas, deixando vasto espaço para estudos sobre gerenciamento de projetos de software para negócios móveis. Apesar de os modelos de gerenciamento de projetos revisados neste trabalho (Capítulo 2), integrarem aspectos técnico, organizacional e cultural, suas aplicações não são específicas em projetos de software para negócios móveis. Nesse cenário, os gestores ficam muitas vezes à mercê de suas percepções empíricas ou de referências esparsas de mercado e deixam de extrair os melhores resultados dessas tecnologias. (MACHADO; FREITAS, 2009). Até as versões dos modelos estudados, nenhum apresenta de forma clara e objetiva metodologias de adoção e gestão de projetos de desenvolvimento de software para negócios móveis. Nesse contexto, uma abordagem de gerenciamento de projetos de software para negócios móveis é proposta visando definir etapas para subsidiar os gerentes de projeto no planejamento, na coordenação, na cooperação e na execução de projetos de software móveis. A Figura 4 ilustra o arcabouço para atingir a abordagem proposta. Figura 4 Arcabouço da proposta de uma abordagem de GPS para negócios móveis.

23 O arcabouço abrange quatro grandes áreas de pesquisa, sendo estas: gerenciamento de projetos de software; tecnologias móveis; negócios móveis; e aspectos sóciotecnicos. A Tabela 5 apresenta, até o momento do desenvolvimento deste trabalho, as principais referências relacionadas a cada linha de pesquisa. Tabela 6 Literatura referente aos elementos do arcabouço da proposta. Elemento Gerenciamento de Projetos de Software Tecnologias Móveis Negócios Móveis Literatura (CASEY, 2010) (MACHADO; FREITAS, 2009) (PMI, 2008) (FERNANDES; ABREU, 2008) (SOMMERVILLE, 2007) (MARTINS, 2007) (TEIXEIRA; CUKIERMAN, 2007) (ENAMI, 2006) (HUZITA; TAIT, 2006) (ABNT. 2003) (MOHELSKA, 2010) (ALI-HASSAN et al., 2010) (UNHELKAR, 2009) (MACHADO; FREITAS, 2009) (ZHU, 2009) (SANTAELLA, 2007) (COUNTS et al., 2006) (FOUKAS et al., 2005) (MOHELSKA, 2010) (UNHELKAR, 2009) (MACHADO; FREITAS, 2009) (ZHU, 2009) (COUNTS et al., 2006) (FOUKAS et al., 2005) Aspectos Sóciotecnicos (ALI-HASSAN et al., 2010) (MOHELSKA, 2010) (CASEY, 2010) (LUGANO, 2010) (UNHELKAR, 2009) (MACHADO; FREITAS, 2009) (SANTAELLA, 2007) (CUKIERMAN et al., 2007) (COUNTS et al., 2006) (ENAMI, 2006) (FOUKAS et al., 2005) 3.1 Objetivos O objetivo geral do trabalho proposto é elaborar uma abordagem de gerenciamento de projetos de software para negócios móveis. Para alcançar o objetivo geral, é necessário atingir os objetivos específicos, que são: Apresentar material organizado sobre o gerenciamento de projetos de software, as tecnologias móveis, os negócios móveis, os impactos sociotécnicos da tecnologia móvel em relação à adoção e uso organizacional e as tecnologias móveis aplicadas aos negócios móveis. Validar a abordagem do gerenciamento de projetos de software para negócios móveis. 3.2 Metodologia de Desenvolvimento A metodologia de desenvolvimento do trabalho é composta pelas etapas de revisão bibliográfica, estudo de caso, elaboração da abordagem, avaliação da abordagem, redação e defesa. A Figura 5 ilustra as etapas e subetapas da metodologia de desenvolvimento.

24 Revisão Bibliográfica Gerenciamento de projetos de software (GPS) Relação entre os modelos de GPS Tecnologias Móveis Negócios Móveis Influência da tecnologia móvel no capital social PROCAD ICMC/UPS- UEM-PUC/RS Estudo de Caso Empresa de desenvolvimento de software Elaboração da Abordagem Desenvolvimento do modelo proposto Estudo de técnicas de avaliação Avaliação da Abordagem Avaliação da abordagem proposta Empresa de desenvolvimento de software Escrita da dissertação Redação Escrita do artigo Defesa Figura 5 Etapas da metodologia de desenvolvimento. Revisão Bibliográfica: envolve o estudo dos temas sobre gerenciamento de projetos de software, relação entre os modelos de GPS, tecnologias móveis, negócios móveis, influência da tecnologia móvel no capital social, e engenharia de software experimental. Estudo de Caso: trata da missão PROCAD ICMC/USP-UEM-PUC/RS e da parceria com uma empresa de desenvolvimento de software para negócios móveis. A missão PROCAD possibilitará o levantamento dos desafios dos projetos de mobilidade, e a parceria com a empresa contribuirá com o levantamento dos desafios e a avaliação da

25 abordagem proposta. Técnicas de observação e entrevista serão aplicadas para identificação, coleta e classificação dos dados. Elaboração da Abordagem: compreende a elaboração do modelo proposto a partir da revisão bibliográfica e estudo de caso. Avaliação da Abordagem: verificar se a abordagem satisfaz os objetivos de acordo com a engenharia de software experimental e a aplicação real em uma empresa de desenvolvimento de projetos de software para negócios móveis. Redação: consiste na escrita da dissertação e do artigo. Defesa: defesa da dissertação. 3.3 Contribuições Esperadas As contribuições esperadas após o cumprimento do objetivo geral são: Definição de uma abordagem de gerenciamento de projetos de software para negócios móveis. Indicação de ferramentas e técnicas para apoiar os gerentes de projetos nos projetos de software para negócios móveis. Elaborar material, referente a uma abordagem de gerenciamento de projetos de software para negócios móveis, para os gestores. Contribuir para futuras pesquisas apoiada na definição da abordagem proposta. 3.4 Métodos de Avaliação O trabalho proposto apresenta um estudo exploratório de natureza teórica e prática e será avaliado a partir da aplicação da abordagem proposta em uma empresa de desenvolvimento de software para negócios móveis. Também serão utilizadas as técnicas da engenharia de software experimental. Serão utilizados como referências relacionadas aos métodos de avaliação da abordagem proposta a aplicação dos métodos de Yin (2005) e da engenharia de software experimental (BASILI, et al., 2007). 3.5 Cronograma As etapas que compõem o cronograma de execução da proposta de dissertação são: E1. Revisão Bibliográfica. E2: Estudo de Caso. E3: Elaboração do modelo. E4: Avaliação do modelo.

26 E5: Redação. E6: Defesa. MESES ETAPA 05/11 06/11 07/11 08/11 09/11 10/11 11/11 12/11 01/12 02/12 03/12 E1 E2 E3 E4 E5 E6

27 4 Conclusão Pesquisas realizadas com tecnologias e negócios móveis sustentam a evolução e o dinamismo dessas áreas (UNHELKAR, 2009; MACHADO; FREITAS, 2009; FOUSKAS et al., 2005) comparado ao gerenciamento de projetos de software. A mobilidade abrange todos os aspectos das tecnologias móveis e é fundamental entender que aplicada aos negócios móveis torna-se uma forma de trabalhar e interagir e não apenas uma maneira de usar a tecnologia (UNHELKAR, 2009). As organizações devem tratar a adoção de estratégias de negócios móveis como um projeto de software específico e que necessita de uma gestão nas etapas de planejamento, coordenação, cooperação e execução diferente dos tradicionais. Os modelos de gerenciamento de projetos de software apresentados tratam essa gestão de forma ampla e instigam o desenvolvimento da proposta desse trabalho, pois existe uma lacuna em relação a gestão de projetos para negócios móveis. Uma abordagem de gerenciamento de projetos de software para negócios móveis propõe-se a apoiar os gerentes de projetos na implantação e desenvolvimento de soluções móveis nas organizações.

28 5 Referências Bibliográficas ABNT. NBR ISO/IEC 9126-1 - Engenharia de Software Qualidade de Produto Parte 1: Modelo de Qualidade, Rio de Janeiro, ABNT, 2003. 21p. ALI-HASSAN, H.; NEVO, D.; NEVO, S. Mobile Collaboration: Exploring the Role of Social Capital. ACM SIGMIS Database table of contents archive. ACM, New York, NY, v. 41, 2 ed., p. 9-24, may. 2010. BASILI, V.; ROMBACH, D.; SCHNEIDER, K.; KITCHENHAM, B.; PFAHL, D.; SELBY, R. Empirical Software Engineering Issues. Critical Assessment and Future Directions, Springer-Verlag, 2007. CASEY, V. Virtual software team project management. Journal of the Brazilian Computer Society (SBC), v. 16, 2a ed, p. 1-14. Publisher: Springer, 2010. COUNTS, S.; HOFTE, H. ter; SMITH, I. Mobile Social Software: Realizing Potential, Managing Risks. In: Conference ChairsGary Olson University of Michigan, Ann Arbor, MI. SIGCHI ACM Special Interest Group on Computer-Human Interaction. ACM, New York, NY, p.1703-1706. 2006. CUKIERMAN, H. L.; TEXEIRA, C.; PRIKLADINICKI, R. Um Olhar Sociotécnico sobre a Engenharia de Software. In: Revista de Informática Teórica e Aplicada - RITA. n 2, 2007. Disponível em <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/rita/article/view/rita_v14_n2_p199-219/3547>. Acesso em: 03 ago. 2010. ENAMI, L.; TAIT, T. F. C.; HUZITA, E. H. M. A Project Management Model to a Distributed Software Engineering Environment. In: ICEIS 2006 - International Conference on Enterprise Information Systems, 2006, Papus. Anais do ICEIS 2006, 2006. FERNANDES, A. A.; ABREU, V. F. Implantando a Governança de TI: da estratégia à gestão dos processos e serviços. 2a ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2008. 444 p. FOUSKAS, K. G.; GIAGLIS, G. M.; KOUROUTHANASSIS, P. E.; KARNOUKOS, S.; PITSILLIDES, A.; STYLIANOU, M. A roadmap for research in mobile business. In: International Journal of Mobile Communications (IJMC), v.3, n.4. 2005. HUZITA, E. H. M.; TAITI, T. F. C. Gerenciamento de projetos de Software. In: Katia Felizardo. (Org.). XII Escola Regional de Informatica. Bandeirantes: Faculdade Luiz Meneghel, 2006, v. 1, p. 120-157. MACHADO, C. B.; FREITAS, H. Planejamento de Iniciativas de Adoção de Tecnologias Móveis. Revista GEPROS, ano 4, n. 1, p. 101-115, jan/mar., 2009. Disponível em <http://www.ea.ufrgs.br/professores/hfreitas/files/artigos/2009/2009_gepros_cbm_hf_planeja m_tecn_moveis.pdf >. Acesso em: 30 abr. 2011.

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