O PAPEL DA PRÉ-ESCOLA PARA O INGRESSO NO ENSINO FUNDAMENTAL 1

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Transcrição:

O PAPEL DA PRÉ-ESCOLA PARA O INGRESSO NO ENSINO FUNDAMENTAL 1 Flaviane dos Anjos Santos 2 RESUMO Esse artigo tem como principal objetivo verificar o papel da educação infantil, especialmente a pré-escola, como a preparação da criança de 4 a 5 anos para o ingresso no ensino fundamental, ressaltando a realidade em escolas públicas. Atribuindo então, a esta modalidade dentre as várias funções que ela desempenha a de suporte para o desenvolvimento da criança ao ingressar na vida escolar. Como metodologia utilizou-se a pesquisa bibliográfica que norteou o desenvolvimento e aprofundamento do trabalho, como também a observação das experiências no cotidiano escolar. Dessa forma, verifica-se que a pré-escola não está assumindo a sua função adequadamente, embora possa contribuir para o bom desempenho da criança nos anos iniciais do ensino fundamental. Nota-se a falta de habilidades de muitas crianças ao desenvolver suas tarefas no ensino regular. Na perspectiva de direcionar a educação infantil a um trabalho mais conciso objetivando o desenvolvimento integral do pré-escolar e o seu sucesso ao iniciar a vida escolar propõe-se investir mais na educação, principalmente nesta etapa, oferecendo a qualidade necessária para alcançar tais finalidades. Palavras-chave: Educação Infantil. Pré-Escola. Ensino Fundamental. 1 Trabalho de Conclusão de Curso orientado pela Profa. Msc. Rita de Cássia Dias Leal. 2 Acadêmica concludente do Curso de Pedagogia da Faculdade São Luís de França.

2 INTRODUÇÃO A educação pré-escolar como segunda fase da educação infantil destina-se a crianças com idades entre os 4 a 5 anos, tendo como função pedagógica o desenvolvimento infantil. Suas atividades têm um objetivo significativo concreto hoje para a vida da criança. A pré-escola atende as necessidades da criança no ato de cuidar, educar, estimular e preparar as crianças para a alfabetização, trabalhando os pré-requisitos nos aspectos: psicossociais da criança, criando condições adequadas para o seu desenvolvimento, estimulando à criatividade, a autonomia, a cooperação e a criticidade considerando para isto, a história de vida de cada um, suas experiências e sua individualidade. No entanto, vivemos em um momento de discussão e divergências no que tange a essa fase. Divergência esta, sobre o ato de se respeitar o período preparatório, que dará a criança o suporte necessário para que ela prossiga sem apresentar grandes problemas. Uma criança sem o preparo necessário pode apresentar dificuldades durante a alfabetização. Este artigo visa analisar se as crianças matriculadas na pré-escola vêm sendo preparadas para o ingresso com sucesso ao ensino fundamental, sabe-se que nessa etapa é preciso desenvolver as habilidades cognitivas; treinar a coordenação motora; orientar a criança para reconhecer e copiar letras e números; e, a fim de promover a boa saúde das crianças, ensinando bons hábitos de higiene e boas maneiras. A educação pré-escolar fundamenta a importância de garantir as demais aprendizagens. Além, do lúdico, ela deve ser orientada pelo princípio básico de procurar proporcionar à criança o desenvolvimento da autonomia, isto é, a capacidade de construir as suas próprias regras e meios de ação, que sejam flexíveis e possam ser negociadas com outras pessoas, sejam eles adultos ou crianças. Contudo a pré-escola não é responsável nem irá acabar com os problemas das séries iniciais, mas podem ajudar a amenizar desenvolvendo na criança habilidades de coordenação ampla e fina, sequênciação, equilíbrio, lógica matemática, percepções, devendo trabalhar também, o aspecto psicológico, sócio cultural e o biológico. Dessa forma, a criança ingressará em sua vida escolar com

3 maior probabilidade de sucesso. Não esquecendo que, sendo um ser histórico, a criança precisa ser respeitada em suas particularidades, pois cada indivíduo é um ser único. Este período escolar possibilita o indivíduo formar a sua personalidade, adquirir princípios, e estar se formando como sujeito ativo no processo educacional e consequentemente na sociedade. O artigo é desenvolvido a partir de pesquisas bibliográficas e observações realizadas no ambiente escolar, sendo abordados questionamentos para refletir o cotidiano escolar em que a pré-escola está inserida, considerando-se seus objetivos, currículo, o planejamento e a prática aplicada pelos educadores. Para efeito dessa pesquisa foram realizadas: leituras, análises e interpretação de livros e estudo em textos disponibilizados em sites da internet. Além da pesquisa bibliográfica, o estudo considera a experiência da própria autora enquanto professora titular de uma turma de 1º ano do ensino fundamental de uma determinada escola da rede municipal. A prática permitiu analisar o envolvimento professor-aluno, a metodologia aplicada, a preparação das crianças e as habilidades desenvolvidas no processo de alfabetização na educação infantil, em prol da continuidade da escolarização no ensino fundamental. A EDUCAÇÃO INFANTIL: ESPECIFICIDADS E NECESSIDADES DA PRÉ-ESCOLA A proposta da pré-escola veicula necessariamente a concepção sobre a criança. Educar, cuidar e aprender são fundamentos que devem ser considerados de maneira explicita. (BRASIL, 1998, p.19) Afirma Ferreira (1989, p. 146), cuidar significa: [...] imaginar, meditar, cogitar, julgar, supor. Aplicar atenção, o pensamento, a imaginação. Ter cuidado. Fazer os preparativos. Prevenir-se. Ter cuidado consigo mesmo, ou seja, o cuidar busca através, da atenção e da prevenção, meios para que a pessoa sinta-se bem consigo mesma e com os outros. Apresenta, portanto, uma preocupação com os cuidados básicos e necessários a uma vida saudável.

4 Cuidar, no entanto, exige estarmos prevenidos para qualquer imprevisto que possa vir a acontecer com as crianças. Na pré-escola, existe uma preocupação muito grande com os cuidados necessários ao desenvolvimento da criança, afinal ela precisa se alimentar, precisa adquirir hábitos de higiene e precisa de atenção para que não se machuque. A criança necessita ser bem tratada e atendida pelos profissionais, principalmente no que diz respeito aos cuidados indispensáveis para a sua vida, pois eles são fundamentais para o seu desenvolvimento. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção à saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando em consideração as diferentes realidades socioculturais (BRASIL, 1998, p. 25). Nesse sentido, o cuidado apresenta-se de forma mais ampla onde as necessidades das crianças devem ser eixos norteadores do atendimento, pois é por meio da observação que nos educadores poderemos ter uma visão da qualidade desses cuidados tão importantes à qualidade de vida na infância. Com relação ao educar Ferreira (1988, p. 185), coloca que: [...] educar é promover a educação (de alguém); ou a sua própria educação; instruir-se, ou seja, educar trata-se de oferecer educação, promover aprendizagem, proporcionar conhecimentos necessários para a formação pessoal. Então, educar na Educação Infantil é promover o desenvolvimento infantil, a socialização, enfim proporcionar ações pedagógicas que sejam significativas às crianças. Ainda conforme o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser, e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito, confiança, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural (BRASIL, 1998, p. 23).

5 O educar tem um papel fundamental na Educação Infantil, pois na maioria das vezes vemos as crianças como seres indefesos e inocentes e, até mesmos incapazes, mas isso são formas errôneas de se ver as crianças. Ao contrário do que pensamos, elas são surpreendentes e capazes de ações e atitudes inesperadas pelo adulto; é por meio das capacidades de pensar, agir, sentir das crianças. Outra função muito importante na pré-escola é o brincar, pois a criança necessita de ação, de movimento devendo organizar a energia do aluno de forma produtiva através das atividades, jogos e brincadeiras que envolvam, ao mesmo tempo, ação, aprendizagem e prazer. É através das brincadeiras que a criança irá compreender as pessoas, as situações e as experiências, aprendendo a conhecer a si própria, os outros e o mundo que a cerca. Organizando suas brincadeiras ela irá interagir com os colegas e disso resultará a aprendizagem. Então, podemos analisar que o cuidar, o educar e o brincar têm um papel fundamental, pois é por meio de ações conjuntas entre esses eixos que a criança poderá de forma mais dinâmica e criativa ir estabelecendo relações e associações mais concertas no meio e com os objetos e coisas que estão a sua volta. O espaço físico e uma das grandes necessidades encontradas pelas crianças, por ser um lugar onde possam desenvolver suas múltiplas habilidades e sensações e, a partir de sua riqueza e diversidade, ele desafia permanentemente aqueles que o ocupam. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil assegura: O espaço na Instituição de Educação Infantil deve propiciar condições para que as crianças possam usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto é preciso que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito a modificações propostas pelas crianças e pelos professores em função das ações desenvolvidas (BRASIL, 1998, p. 69). O espaço físico e os materiais são componentes ativos do processo educacional, que auxiliam na aprendizagem, no entanto a melhoria da ação educativa esta relacionada também ao uso que os educadores fazem deles junto às crianças com as quais trabalham. A pré-escola tem a função de preparar a criança para o ingresso com sucesso nas series iniciais. Por isso, é preciso desenvolver as habilidades cognitivas: treinase a coordenação motora; ensina-se a criança para reconhecer e copiar letras e

6 números; e, a fim de promover a boa saúde das crianças, ensinam-se hábitos de higiene e boas maneiras. O PAPEL DO PROFESSOR NA PRÉ-ESCOLA O papel do professor é alcançar o desenvolvimento integral da criança, em todas as suas facetas, contribuindo para que as mesmas alcancem as bases, os fundamentos essenciais que as preparem intelectualmente no plano afetivomotivacional e nas possibilidades regulativas, para iniciarem com êxito a aprendizagem nas condições de vida escolar. Desta forma, os sujeitos mais experientes, ao interagirem com as crianças, estimulam-nas não só na apropriação da linguagem, como também na sua expansão, possibilitando, assim, a elaboração de sentidos particularizados, que dependem da vivência infantil e da obtenção de significados mais objetivos e abrangentes (MARTINS, 2008, p.116). Nesta perspectiva, o educador deverá propiciar situações, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que contribua para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança. Além disso, favorecer o acesso das crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimentos das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estética e ética, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. A educação segue rumo a novos caminhos que vão além da vontade de seguir simplesmente um caminho novo. Ela tem se proposto a possibilitar ao educador, conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências. A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas, emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz de interagir e

7 aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar, podendo aprender nas trocas sociais, com diferentes crianças e adultos cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas. Para se desenvolver, as crianças precisam aprender com os outros com os vínculos que estabelecem. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas, adultos ou crianças, elas também dependem dos recursos de cada criança. A partir dos fundamentos teóricos que orientam a proposta de educação infantil, propusemos formas de organização dos conteúdos e das metodologias de trabalho, apontamos estratégias concretas para a organização do tempo e do espaço, penetrando na dinâmica das práticas escolares (KRAMER, 2003, p.105). Sendo assim o professor deve conduzir o processo de ensino aprendizagem, a partir de teorias e utilização de métodos e práticas pedagógicas, dinâmicas, brincadeiras e avaliações, visando à formação de cidadãos críticos, criativos e sociáveis na construção de valores. O PAPEL DA PRÉ-ESCOLA PARA O INGRESSO NO ENSINO FUNDAMENTAL O papel da pré-escola é o de preparar as crianças para que elas venham formar uma atitude favorável frente ao futuro, motivando-as ao interesse por aprender e por conhecer os fenômenos do mundo que as rodeia. Que a criança aprenda a ter responsabilidade de cumprir suas tarefas, que saiba e aceite trabalhar e compartilhar um trabalho coletivo com seu grupo de companheiros, dentre outras aprendizagens necessárias para poder avançar na sua vida escolar. É importante que sejam construídas condições para que a criança seja capaz de manter-se, um tempo cada vez maior, na realização de uma atividade que requer seu o esforço e atenção, e que seja capaz de compreender e memorizar uma explicação de algo que deve fazer, e depois levá-lo ao plano de sua execução e

8 fazê-lo de forma correta, sentindo-se valorizada por seu esforço e competência. Isto se torna muito importante na vida escolar das crianças, pois elas desenvolverão interesse pela leitura, e gosto por estudar, satisfação por comunicar-se com os demais sujeitos da sala de aula. Incentivar nos pequenos o desenvolvimento de seu pensamento, o domínio de suas ações sensoriais em ações com os objetos do mundo à sua volta, possibilita desenvolvimento que resulta fundamentalmente para todas suas posteriores aquisições e formações cognitivas, motoras, afetivas, intelectuais e sociais. É importante ter consciência que o ensino não deve ter por objetivo o condicionamento das crianças através de bases técnicas com ênfase em aspectos pragmáticos e mecânicos. Sendo assim, o processo educativo que a pré-escola segue em algumas escolas vem sendo esquecidas a necessidade de desenvolver as atividades lúdicas sendo a atividade principal do pré-escolar, não porque ela seja a mais importante ou única, mas porque existem outros fatores que também colaboram para o seu desenvolvimento e permitem à criança a possibilidade de se colocar no lugar do adulto e desenvolver suas ações de forma generalizada, assumindo todas as condutas que essa posição exige, fator essencial para se pensar no processo de desenvolvimento da imaginação, da criatividade e sociabilidade da criança na educação formal. Para Mukhina (1995, p.155) o jogo é atividade principal, não porque a criança de hoje passa a maior parte do tempo se divertindo, o que não deixa de ser verdade, mas porque o jogo dá origem a mudanças qualitativas na psique infantil. Pode-se afirmar que o jogo cria as condições mais favoráveis para a criança se apropriar do mundo de forma a aprender a agir conscientemente, de maneira planejada, criativa e imaginativa, no sentido de valorizar os objetos sociais à sua volta. A etapa pré-escolar pode oferecer ao aluno grandes possibilidades de ampliação de seus conhecimentos culturais, do mundo e das pessoas que o rodeia e por isso valoriza-se esse momento de seu desenvolvimento como essencial para a sua vida e aprendizagens futuras na escola. O pré-escolar começa a estudar brincando. O estudo é para ele uma espécie de jogo dramático com determinadas regras A criança assimila sem se dar conta, os conhecimentos elementares. Para o adulto, o estudo é algo muito diferente do jogo. Influenciada pelo adulto a criança vai mudando de

9 atitude: o estudo passa a ser algo desejado. Ao mesmo tempo, cresce sua capacidade de estudar (MUKHINA, 1995, p.166). As crianças pequenas precisam brincar, necessitam ter acesso a espaços culturais diversificados, bem como ser inseridas em práticas culturais da comunidade. A linguagem escrita deve ser contemplada e sua apropriação se faz no reconhecimento, compreensão e fruição da linguagem utilizada no processo da escrita mediada pelos professores. Atividades de sensibilidade, criatividade, ludicidade e liberdade de expressão, desempenham papel fundamental na vida das crianças. Sua prática demonstra como as várias formas de linguagem, se inter-relacionam e como é pertinente não tomá-las de modo isolado ou disciplinar, mas sim contextualizadas a serviço de significativas aprendizagens na educação infantil. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sendo a criança um ser histórico e social, considera-se que a mesma será o cidadão de amanhã responsável pela construção da sociedade. Torna-se imprescindível preocupar-se com a educação a ela oferecida, pois sem educação não há progresso e sem progresso não há mudança. No atual contexto social, almeja-se formar pessoas críticas e atuantes leitoras. Entretanto, para alcançar este propósito é necessário investir na educação infantil, que tem por objetivo desenvolver a criança integralmente. Por isso, precisamos pensar nesse grande esforço de estimular as crianças para que elas entrem na pré-escola e cheguem ao ensino fundamental com um nível de preparação adequado. Quanto melhor for a pré-escola, mais preparado o aluno entra no 1º ano para prosseguir com o processo de alfabetização.

10 REFERÊNCIAS BRASIL, Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Vol. 1. Brasília: MEC/SEF, 1998. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. KRAMER, Sônia. Com a pré-escola nas mãos. 14. ed. São Paulo: Ática, 2003. MARTINS, João Carlos. Vygotsky e o Papel das interações sociais na sala de aula: reconhecer e desvendar o mundo. 2008. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_28_p111-122_c.pdf. Acesso em: 18 jul. 2011. MUKHINA, Valéria. Psicologia da idade pré-escolar. São Paulo: Martins Fontes, 1995.