Direito Civil Dos Contratos I Prof. Marcio Pereira
Conceito É o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial.
Elementos Constitutivos Capacidade das partes: as partes devem emitir uma vontade válida. Objeto : o objeto contratual deve ser lícito, não contrário à lei. O objeto deverá ser também determinado, ou ao menos determinável, para que a obrigação do devedor tenha sobre o que incidir. Igualmente, a prestação deve ser aferível economicamente.
Elementos Constitutivos Forma: em regra os contratos são firmados pelo simples acordo de vontades, independentemente de qualquer maneira que estas revistam. Podem ser verbais, por escrito, expressos ou mesmo tácitos. Consentimento: é a manifestação voluntaria de vontade. Duas ou mais vontades: é a presença de duas partes manifestando às suas vontades.
Princípios Fundamentais dos Contratos Autonomia da vontade: é a faculdade que têm as pessoas de concluir livremente os seus contratos. Existe a liberdade de contratar e de não contratar, de escolher o contratante. A liberdade de contratar também reflete o poder de as partes fixarem o conteúdo de cada uma das cláusulas do contrato, de acordo com a vontade delas. Princípio da obrigatoriedade: a autonomia da vontade legitima a manifestação das partes, que podem livremente estabelecer suas vontades e, uma vez estabelecidas, o contrato torna-se de obrigatória observância.
Princípios Fundamentais dos Contratos Princípio da boa-fé objetiva: dispõe o Código Civil, em seu art. 422, que os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé, ou seja, agir com lealdade, probidade e confiança recíprocas. Esse princípio é incidente sobre todas as relações jurídicas na sociedade, cláusula geral de observância obrigatória.
Princípios Fundamentais dos Contratos Princípio da função social do contrato: princípio contratual de ordem pública previsto no art. 421 do Código Civil, pelo qual o contrato deve ser necessariamente interpretado e visualizado de acordo com o contexto da sociedade. Pelo princípio da função social do contrato evita-se a conclusão de acordos que venham prejudicar terceiros e mesmo proibir a contratação tendo por objeto determinado bem, em razão dos interesses coletivos.
Formação do Contrato O contrato se forma pelo encontro de duas vontades, a do proponente e aceitante. ATENÇÃO A proposta deve ser séria e precisa, contendo as linhas estruturais do negócio em vista, para que o contrato possa considerar-se perfeito, da manifestação singela e até simbólica daquele a quem é dirigida. Feita a proposta, o policitante estará vinculado a ela, conforme art. 427 do Código Civil.
Formação do Contrato Reconhece, pois, a lei alguns casos em que a proposta deixa de ser obrigatória: a) se a falta de obrigatoriedade resulta de seus próprios termos; b) ou da natureza do negócio; c) ou das circunstâncias do caso (Código Civil, art. 427).
Formação do Contrato Aceitação: somente quando o oblato torna-se aceitante e conjuga a sua vontade com a do proponente, a oferta se transforma em contrato. Pode ela ser expressa, tácita ou ser presumida, quando a conduta do aceitante induz anuência, como se o proponente marca prazo ao oblato para que este declare se aceita e o tempo decorra sem resposta negativa naqueles casos em que se não costuma aceitação expressa (Código Civil, art. 432).
Formação do Contrato Para a formação do contrato, a aceitação tem de ser oportuna. Quando feita fora do prazo, ou contendo modificações, ou restrições aos termos da proposta, não gera contrato, mas importa nova proposta (Código Civil, art. 431). Lugar do contrato: é o local onde ele x foi proposto (Código Civil, art. 435).
Classificação dos Contratos Contratos bilaterais e unilaterais: Unilateral é o contrato que cria obrigações para um só dos contratantes; bilateral, aquele que cria para ambos. No contrato unilateral, há um credor e um devedor; no bilateral, cada uma das partes é credora e reciprocamente devedora da outra.
Classificação dos Contratos Contratos onerosos e gratuitos: são onerosos os contratos em que ambas as partes obtêm vantagens, havendo encargos reciprocamente em benefício uma da outra; gratuitos são os contratos em que apenas uma das partes tem vantagem e a outra suporta sozinha o encargo.
Classificação dos Contratos Contratos comutativos e aleatórios: comutativos são os contratos em que as prestações de ambas as partes são de antemão conhecidas e guardam entre si uma relativa equivalência de valores. São aleatórios os contratos em que a prestação de uma das partes não é precisamente conhecida e suscetível de estimativa prévia, inexistindo equivalência com a da outra parte.
Classificação dos Contratos Contratos típicos, atípicos: um contrato é típico (ou nominado) quando as suas regras disciplinares são deduzidas de maneira precisa nos Códigos ou nas leis. Os contratos atípicos (ou inominados) são aqueles que versam sobre negócios jurídicos não disciplinados pelo Código Civil ou em leis especiais.
Classificação dos Contratos Contratos consensuais, formais e reais: consensuais (ou não solenes) são contratos formados exclusivamente pelo acordo de vontades. Já formais (ou solenes) são aqueles contratos para cuja formação não basta o acordo das partes, exigindo-se a observância de certas formalidades. Os contratos reais são aqueles que a lei exige para sua concretização a entrega da coisa.
Classificação dos Contratos Contratos principais e acessórios: principais são aqueles que existem por si, exercendo sua função e finalidade independentemente de outro. Os acessórios são aqueles que tem sua existência subordinada à do principal.
Classificação dos Contratos Contratos paritários e de adesão: contratos paritários são aqueles que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em situação de igualdade. Os contratos de adesão são aqueles que não resultam da discussão livre entre as partes, mas provêm do fato de uma delas aceitar tacitamente cláusulas e condições previamente estabelecidas pela outra. Tendo em vista a pré-constituição do instrumento contratual, o art. 423 considera nulas as cláusulas de renúncia dos direitos fundamentais do aderente.
Classificação dos Contratos Contratos personalíssimos (intuitu personae) e impessoais: personalíssimos ou intuitu personae, são os contratos celebrados em função das qualidades pessoais de um dos contraentes (ex. qualidades artísticas, culturais, profissionais, idoneidade etc.) sendo motivo determinante para sua conclusão. Os contratos impessoais são aqueles cuja obrigação pode ser cumprida, pelo obrigado ou por terceiro, o importante é que seja cumprido, não importando quem o executa.
QUESTÃO Quanto aos contratos assinale a alternativa incorreta: A) O contrato se forma pelo encontro de duas vontades, a do proponente e aceitante. B) O Princípio da boa-fé objetiva dispõe que os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé, ou seja, agir com lealdade, probidade e confiança recíprocas. C) Contratos cumutativos são os contratos em que a prestação de uma das partes não é precisamente conhecida e suscetível de estimativa prévia, inexistindo equivalência com a da outra parte. D) Os contratos de adesão são aqueles que não resultam da discussão livre entre as partes, mas provêm do fato de uma delas aceitar tacitamente cláusulas e condições previamente estabelecidas pela outra.