Recursos Minerais: para quê e para quem? Rodrigo Salles P. Santos Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) santosrodrigosp@hotmail.com Seminário Marco Regulatório da Mineração
Roteiro Geologia e Dotação de Recursos Naturais Inserção do Brasil em Redes Extrativas A Rede Global de Produção de Ferro Considerações Finais
Geologia e Dotação de Recursos Naturais
Fonte: MAPSOFWORLD Distribuição Desigual de Recursos Minerais 4
Maldição dos recursos naturais Um dos aspectos surpreendentes do crescimento da economia moderna é que as economias abundantes em recursos naturais, mostraram um crescimento menor do que aquelas sem recursos naturais substanciais (Sachs & Warner, 1997) Como os economistas observaram há séculos, países ricos em recursos naturais não tendem a desenvolver economias altamente diversificadas. [...], a fraca diversificação das exportações [...] exacerba os efeitos econômicos adversos da volatilidade, inclusive o impacto negativo sobre as perspectivas de crescimento (Nash, 2010). 5
Volatilidade de Preços Fonte: Nash; Sinnott; Latorre (2010) 6
A Revolução Industrial Chinesa Fonte: IABr (2010) 7
O Boom das Commodities Fonte: Banco Mundial, 2012 8
Estratégias de Acesso a Recursos Minerais Uma nova estratégia de rede de produção finalmente tomaria a forma de um relançamento do programa de investimento kaihatsu yunyu para apoiar novos projetos minerais no Brasil e no Canadá. Esta objetivou solapar a efetividade das intervenções do Estado australiano ampliando o conjunto de parceiros na extremidade mineradora das redes de recursos, e finalmente restabelecer o controle japonês via promoção da competição internacional entre ofertantes de minério na Austrália, Brasil e Canadá (Wilson, 2013, p. 101) Entre 2000 e 2010, empresas mineradoras e siderúrgicas chinesas investiram em trinta e cinco projetos de minério de ferro no exterior, quase todos após o suporte financeiro estatal tornar-se disponível sob a Política Siderúrgica estabelecida em 2005 (Wilson, 2012, p. 334) 9
Redução de Reservas e Imperativo de Substituição Fonte: McKinsey Global Institute, 2011 10
Evolução dos Requerimentos de Autorização de Pesquisa (1980-2010) Fonte: Corrêa; Carmo (2012)
A Inserção do Brasil em Rede Extrativas
Brasil e dotação de recursos minerais Minério Fonte: DNPM, 2014. Situação Reservas nacionais 2013 % Reservas mundiais Extração brasileira 2013 % Extração mundial Ranking 2013 Nióbio Global player 10,693 Mt. 98,16 73,668 mt. 92,81 1º Ferro Global player 23126 Mt. 13,60 386,27 Mt. 13,1 3º Bauxita Global player 714 Mt. 2,79 32,8 Mt. 12,7 3º Manganês Global player 50029 Mt. 8,84 1,18 Mt. 7,2 5º Estanho Exportador 441,917 mt. 10,04 16,830 mt. 7,14 5º Níquel Exportador 10,371 mt. 13,66 104,829 mt. 4,3 n/d Ouro Exportador 2,4 mt. 4,43 80 t. 2,9 11º Fosfato Importador 315 mt. 0,47 6,715 mt. 3 n/d Cobre Importador 11,145 Mt. 1,62 271 mt. 1,5 n/d Zinco Importador 3,89 mt. 0,75 152 mt. 1,1 n/d Potássio Dependente 12,979 mt. 0,23 311 mt. 0,9 n/d Carvão Dependente 3,232 Mt. 0,00 7,41 Mt. 0,1 n/d 13
Inserção Externa Regressiva Fonte: MDIC, 2013 14
Inserção Externa Regressiva Fonte: MDIC (2014) 15
Inserção Externa Regressiva Fonte: MDIC, 2013 16
Inserção Externa Regressiva 160,00 Participação da Mineração na Balança Comercial (%, 2006-2012) 152,36 140,00 120,00 100,00 80,00 137,01 128,95 60,00 52,79 49,82 40,00 20,00 0,00 25,01 17,51 19,41 14,08 15,95 8,00 9,46 11,54 11,83 4,92 4,30 5,62 4,30 4,27 4,99 4,09 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Exportação Importação Saldo Fonte: Elaborado a partir de dados do IPEA (2014) e IBRAM (2012).
% Reprimarização Econômica 25 Participação da renda mineral no PIB 20 15 10 5 Argentina Bolívia Brasil Colômbia Equador Chile México Peru Venezuela, RB 0 19
A Rede Global de Produção do Ferro
O Circuito Básico da Indústria Extrativa Estimativa de tamanho e características geofísicas Delineamento adicional de depósitos Remoção de recursos do ambiente Transporte Transporte Transporte Remoção de rejeitos Pesquisa Desenvolvimento Extração Processamento Distribuição Consumo Identificação de depósitos de recursos Preparação do local para extração Fundição para produzir concentrados Fonte: Dicken (2011)
O Elo Extrativo Empresa Principais acionistas (Ações ordinárias) Participação no mercado Vale Previ (20%), BNDESPar (13%), Bradespar (11%), Mitsui (10 76% %), FUNCEF (3%), Petros (2%) CSN e Família Steinbruch (51%), BNDESPar (2%) 8% Namisa Samarco Vale (50%), BHP Billiton (50%) 5% Anglo American Mineração Usiminas Ferrous Resources do Brasil Fonte: Milanez; Santos (2013) Anglo American Plc. 4% Sumitomo Corporation (30%), Nippon Steel Corporation 3% (14%), Ternium Investments S.àr.l (11%), CSN (8%), Previ (7%) Fundos de pensão internacionais 1%
O Elo Logístico Ferrovia Concessionária Usos Estrada de Ferro Carajás (EFC) Vale Passageiros, minério de ferro, ferro-gusa, manganês, cobre, combustíveis e carvão. Estrada de Ferro Vitória à Minas (EFVM) Vale MRS Logística CSN e Namisa (37%), Vale e MBR (34%), Usiminas (11%) Passageiros, minério de ferro, carvão e produtos agrícolas. Minérios, produtos siderúrgicos, produtos metalúrgicos, produtos químicos e petroquímicos, papel e celulose, produtos automotivos e contêineres. Fonte: Milanez; Santos (2013)
O Elo Consumidor Consumidores domésticos (30%) ArcelorMittal Gerdau (Família Gerdau 50%; J.P. Morgan, 7%; BNDESPar 6,6%) Usiminas (Nippon Steel 21%; Ternium 16%; CSN 11%; Previ 10%) Consumidores internacionais (70%) China: 52% Japão: 10% Coreia do Sul: 5% Outros: 33% CSN: Família Steinbruch (51%), BNDESPar (2%) TKCSA (ThyssenKrupp 73%; Vale 27%) Fonte: Milanez; Santos (2013)
Considerações Finais inserção externa subordinada fragilidade do crescimento baseado em recursos redução de autonomia e planejamento de políticas extrativas pressão sobre trabalhadores e territórios regressão das matrizes econômica e comercial do Brasil redução de conteúdos tecnológicos e valor desindustrialização reorientação comercial da economia RGP do ferro orientação externa da extração de ferro empresas nacionais e transnacionais extrativas ampliação de poder corporativo na RGP