1 MÚLTIPLAS LINGUAGENS: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL I DA REDE MUNICIPAL DE LONDRINA E REGIÃO SANTOS, A. R. B; Instituto Federal do Paraná (IFPR) GAMA, A. F.; Instituto Federal do Paraná (IFPR) FOFONCA, E.; Instituo Federal do Paraná (IFPR) Resumo: Esse trabalho pesquisa como se dá a formação continuada para professores no Ensino Fundamental I da Rede Pública de Educação Municipal de Londrina e região. E, mais especificamente, mapeia as ações de formação inicial e continuada realizadas pelo Núcleo de Educação e pela Prefeitura da região para esses docentes. A partir desse diagnóstico, pretende-se propor possibilidades de formação continuada em Múltiplas Linguagens para os professores da Rede. Essa formação se dará também por meios de cursos de caráter extensionistas - no formato de oficinas - que envolvam temáticas das diversas áreas do conhecimento por meio do uso de Múltiplas Linguagens. As oficinas de formação continuada constituem-se a partir de leituras e discussões sobre como a instituição escolar entende a utilização de Múltiplas Linguagens em sala de aula e constrói, para tanto, espaços de ação e reflexão a respeito desse tema ao estar inserida em uma sociedade midiatizada. O trabalho se divide em duas partes. Na primeira, detém-se a um processo de cunho qualitativo, o qual tem como estratégias metodológicas visitas de campo, aplicação de questionários para os docentes, busca de fontes, registros acerca de realização de formação continuada. Na outra parte, a sugestão e a proposição de possíveis formações, ao longo do ano, que trabalhem o uso das Múltiplas Linguagens no espaço de aprendizagem escolar. Essas formações se darão de forma processual e continuada e os professores da Rede poderão desenvolver, a partir das vivências na formação, outras estratégias teórico-metodológicas possíveis para o ensino com Múltiplas Linguagens no Ensino Fundamental I. Palavras-chave: Formação Continuada. Múltiplas Linguagens. Ensino Fundamental I. 1 INTRODUÇÃO O momento é de adaptação na Educação e com ela um repensar o trabalho com as Múltiplas Linguagens, de forma que estas possam facilitar o processo de ensinoaprendizagem dos estudantes que veem nessas ferramentas um grande atrativo e estímulo para aprender. Segundo Oliveira (2002, p.228) os usos das Múltiplas Linguagens possibilitam às crianças trocar observações, ideias e planos, isto quer dizer que as múltiplas linguagens representam [...] sistemas de representação, 04232
2 estabelecendo diversas possibilidades de recursos de aprendizagem, que integram as funções psicológicas e as transformam. Entenda-se por múltiplas linguagens: atividades de multimodalidade, gêneros textuais, leituras, teatro, história em quadrinhos, grafite, documentário, telejornal, revistas de divulgação científica, blog, uso de imagens, entre outros. Existe um caráter inovador no trabalho com as Múltiplas Linguagens em sala de aula e nas práticas pedagógicas. Conforme Marcuschi (2013, p.8), as práticas escolares, as políticas públicas e as questões de pesquisa próprias para a formação de professores possibilita contextualizar a pertinência entre os muros e para além dos muros da escola. Para Morin (2003), qualquer cultura ou sociedade deve preocupar-se com o conhecimento humano, seus dispositivos, suas enfermidades, suas dificuldades, suas tendências ao erro e à ilusão. Propor uma formação continuada de professores é uma forma de antecipar a responsabilidade e o comprometimento da formação com o saber pedagógico, sobretudo considerando-se os diversos e grandes desafios pelos quais passam a educação na contemporaneidade. Essa constatação, por si só, justifica a relevância da oferta desse tipo de pesquisa/extensão, disponibilizando aos professores novas propostas de trabalho com as Múltiplas Linguagens. 2 FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÚLTIPLAS LINGUAGENS Qualquer discussão sobre o trabalho com Múltiplas Linguagens imediatamente remete a temáticas inerentes a novas práticas de ensino. Entretanto, antes de se falar sobre novas práticas docentes, faz-se necessário pensar o que é ensinar, até mesmo por uma questão conceitual, já que muitos discutem se de fato alguém ensina algo a outro alguém ou se é esse outro alguém que aprende alguma por si só, contando apenas com a interferência daquele primeiro alguém. Entretanto, não se pode diminuir o papel de cada um no processo de ensinoaprendizagem. O estudante aprende algo que é ensinado com o professor e este aprende algo com aquele. A criança quando vai à escola já domina algumas linguagens, aquela que a faz contar histórias, cantar, brincar, jogar com seus colegas. E por este motivo o desafio é muito grande, porque se trabalha com algo que já existe por meio de uma cultura pré-estabelecida. 04233
3 O trabalho com Múltiplas Linguagens desenho, escrita, música, dança, pintura - deve ser uma forma de complementação do conhecimento em que a criança traz de casa e não uma forma de oposição entre disciplinas. Da mesma forma, o ensino por meio das Múltiplas Linguagens deve privilegiar o desenvolvimento cognitivo do aluno e não apenas os aspectos técnicos no processo de ensino-aprendizagem. Esta problemática, muitas vezes, está no papel do docente, que não está preparado para ultrapassar os limites técnicos do conhecimento. A relevância dessa pesquisa se dá por evidenciar a importância de que as Múltiplas Linguagens têm para o desenvolvimento das habilidades de comunicação em ambiente escolar. Muito também se tem investido para a formação de novos professores para redes públicas de ensino. Por isso pensar em projetos que contribuam com a formação continuada de professores é algo de relevância social, política e cultural. Existe hoje uma demanda muito grande de professores para determinadas áreas, mas existe também a necessidade de investimentos em formação inicial e continuada, aquela que vai dar condições para o professor se atualizar e se aprofundar, tanto em sua área de conhecimento, quanto em suas práticas pedagógicas em sala de aula. O trabalho com Múltiplas Linguagens oportuniza ao docente um olhar amplo sobre o sujeito, criando assim novas possibilidades e desenvolvendo diferentes estratégias no processo de ensino-aprendizagem. 3 CONSIDERAÇÕES O conhecimento é algo que se constrói a partir das experiências vividas, do aprendizado resultante das dificuldades e das conquistas observadas no cotidiano (HACK, 2004). Para que esse conhecimento esteja acoplado às necessidades e demandas sociais torna-se indispensável a avaliação permanente e criativa do processo educacional e seus agentes transformadores. A metodologia desse trabalho é de natureza aplicada e ocorre por meio de uma abordagem qualitativa. As estratégias e técnicas metodológicas adotadas para a execução do trabalho partem de uma reflexão metodológica sobre as práticas docentes, focando o trabalho com Múltiplas Linguagens. Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998, p.147, grifos dos autores) explicam que para este tipo de pesquisa é necessária uma estruturação prévia que parta de um processo de indução a partir do conhecimento que se tem do contexto e das múltiplas 04234
4 realidades sobre o qual o objeto de estudo está ancorado. Quando se trata, porém, da inserção em um estudo localizado a partir de um novo campo científico como é o uso das Múltiplas Linguagens, essa tarefa torna-se ainda mais difícil por ter como foco final a escola e o processo de ensino-aprendizagem, amplo, heterogêneo e dinâmico. Com o objetivo de averiguar de que maneira os professores da Rede Pública de Ensino Ensino Fundamental I - compreendem a importância do trabalho com as Múltiplas Linguagens e construir espaços de ação e reflexão a respeito desse tema é preciso adentrar os muros da escola, quebrando estereótipos e barreiras préestabelecidas. Nessa pesquisa está sendo utilizado um estudo exploratório que, no contexto da descoberta, é de caráter indutivo, e faz uso de diversas técnicas de observação in loco (em sala de aula) e também faz inquérito por meio de entrevista e questionário, com os gestores do Núcleo de Educação e da Secretaria de Educação, diretores e professores que atuam na Rede de Ensino pública municipal da cidade de Londrina e região. A escolha da escola para a realização da formação se dá de modo voluntário, uma vez que envolve a participação dos professores nos demais processos do projeto, participação nas oficinas, observação de aulas e produção dos materiais é de extrema importância em parte da realização da pesquisa, até para que se possa sugestionar as oficinas que serão realizadas no decorrer do ano. Da mesma maneira, pretende-se com essa escolha estabelecer uma visão mais integral da escola pública de ensino fundamental I da cidade de Londrina e região. Esse recorte se faz necessário para que o trabalho não perca seu objeto primordial que é a investigação de como são realizadas as formações continuadas para os professores da Rede. Esses critérios partem da premissa de que o caráter indutivo não se apresenta como algo contrário a uma pesquisa qualitativa, pois como afirmam os autores pesquisadores das ciências sociais Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998, p. 147): qualquer pesquisador, ao escolher determinado campo [...], já o faz com algum objetivo e algumas questões em mente; se é assim, não há porque não explicitá-los, mesmo que sujeitos a reajustes futuros. Os reajustes no objeto de estudo são possíveis, inclusive porque a pesquisa mostrará em seu decorrer que a formação continuada não tem sido uma prática recorrente na região Norte, mais especificamente Londrina e entorno. 04235
5 REFERÊNCIAS ALVES-MAZZOTTI, J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 1. ed. São Paulo: Pioneira, 1998. HACK, J. R. Mediação multimidiática do conhecimento: um repensar do processo comunicacional docente superior. Tese (Doutorado em Comunicação Social). Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo, 2004. MARCUSHI, B. Múltiplas linguagens e suas práticas. In: BUZEN, C.; MENDONÇA, M. Múltiplas linguagens para o Ensino Médio. São Paulo: Parábola Editorial, 2013. MORAN, J. M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, J. M; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2003. OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cotez, 2002. 04236