O uso de Mapas Conceituais como instrumento de apoio à aprendizagem da Matemática

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Transcrição:

O uso de Mapas Conceituais como instrumento de apoio à aprendizagem da Matemática Maria Auxiliadora Vilela Paiva 1 Rony Cláudio de Oliveira Freitas 2 Resumo Este artigo apresenta pesquisa realizada com a utilização de Mapas Conceituais no curso de Licenciatura em Matemática da Faculdade CESAT. Os Mapas conceituais foram construídos por meio de elaborações coletivas a partir de experiências práticas em disciplinas teóricas, mas, sobretudo, em atividades que envolvem conceitos matemáticos. Pretende-se, com isto, verificar as interligações mentais que cada aluno faz a partir de suas concepções e com isso facilitar na correção de conceitos mal formulados e organizar as diversas informações absorvidas. O trabalho está sendo realizado com a utilização do computador, especificamente do software CMap Tools, com a finalidade de facilitar, motivar e potencializar a aprendizagem de forma significativa. Palavras-chave: Mapas Conceituais, Educação Matemática, CMap Tools, informática na Educação. 1. Introdução A idéia de utilizar Mapas Conceituais partiu da necessidade de se buscar estratégias de organização de idéias e conceitos a respeito de certo assunto. Esta utilização ocorre basicamente de duas formas: por meio de estruturação do conhecimento construído sobre um certo assunto e pela estruturação do conhecimento de outras pessoas a partir de leituras de artigos. Oferecer recursos para que os estudantes possam explorar e descobrir novas estratégias para o estudo faz parte das necessidades exigidas para o professor atual. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para a área de Matemática, que estão pautados por princípios decorrentes de estudos, pesquisas, práticas e debates desenvolvidos nos últimos anos, enfocam a abordagem de novas metodologias e práticas visando uma aprendizagem significativa, buscando as competências mínimas necessárias para a formação básica. Entre eles destacam-se: (I) a aprendizagem em Matemática está ligada à compreensão, isto é, à apreensão do significado e (II) recursos didáticos como jogos, livros, vídeos, calculadoras, computadores e outros materiais que têm um papel importante no processo de ensino e aprendizagem. A busca desta abordagem diferenciada trouxe a possibilidade de utilizar um recurso informatizado para facilitar a construção de Mapas Conceituais, um instrumento de representação presente em diversas práticas pedagógicas e que agora é incorporada de forma significativa no ensino e aprendizagem da Matemática. A importância dos mapas conceituais reside no fato deles permitirem que os conceitos sejam explicitados e ligados a outros por meio de uma organização hierárquica, podendo assumir a forma de rede, presente na teoria de Ausubel. Na sala de aula ocorre que os professores utilizam vários conceitos implicitamente e, por não explicitálos, não os ligam com outros, dificultando em muito a aprendizagem da Matemática. Os alunos, por sua vez, constroem vários conceitos e, por não explicitarem a organização desses conceitos, não fazem conexões ou não refletem sobre essas conexões, o que acarreta muitas vezes uma visão compartimentada da Matemática e, o que é pior, uma Matemática sem significado. [Paiva, 1999] Neste artigo apresentaremos uma abordagem prática na qual experimentamos uma forma de se trabalhar com Mapas Conceituais no curso de licenciatura em Matemática, de maneira construtiva e significativa, por meio de simulações de algumas estruturas cognitivas e, principalmente, com a possibilidade de 1 Dra. em Educação Matemática. Professora e Coordenadora do curso de Matemática do CESAT. dora.gaz@terra.com.br 2 Mestre em Informática na Educação Matemática. Professor do CESAT. ronyfreitas@terra.com.br 10 SAPIENTIA - CESAT - PIO XII - UNICES <em revista> - nº 4. - Agosto/2005

utilizarmos um experimento para projetar novas situações de aprendizagem, não nos comprometendo com o resultado e sim com o processo, o desenvolvimento e a possibilidade de novas descobertas a partir de desafios que foram lançados e aceitos pelos aprendizes. 2. O que são mapas conceituais A técnica de utilização de mapas conceituais foi criada pelo professor Joseph D. Novak na Universidade de Cornell em 1960. Novak baseou seus estudos nas teorias de David Ausubel que acreditava que o conhecimento prévio tinha grande importância na apreensão de novos conceitos. Para Novak [1977] Aprendizagem significativa envolve a assimilação de novos conceitos e proposição em estruturas cognitivas existentes. Mapas conceituais são mais uma forma criada pelo homem para, a partir de representações gráficas, demonstrar seu sentimento a respeito de certo assunto. Neste caso, especificamente, a idéia é fazer uma representação gráfica do conhecimento sobre certo assunto, de forma simples e de fácil interpretação. Os Mapas conceituais são representações da estrutura conceitual de uma fonte de conhecimentos em forma diagramática e hierárquica [Gaines, 1996]. Sua forma e representação dependem dos conceitos e das relações incluídas, de como os conceitos são representados, relacionados e diferenciados e do critério usado para organizá-los. Esses diagramas procuram refletir a organização conceitual de uma disciplina ou parte de uma disciplina, de um livro, de um artigo, de um experimento de laboratório e da estrutura cognitiva de um indivíduo sobre um dado assunto. [Moreira, 1987]. Em sua essência, provêm representações gráficas de conceitos em um domínio específico de conhecimento, construídos de tal forma que as interações entre os conceitos são evidentes. Os conceitos são conectados por arcos, formando proposições mediante frases simplificadas. O Mapa conceitual mais simples se constituiria de dois nós conectados por um arco representando uma frase simples [Bax e Souza, 2000], por exemplo, quadrado é um retângulo. Figura 1: Exemplo de Mapa Conceitual Simples Os mapas podem tornar-se muito complexos e requererem um bom tempo e muita atenção para sua construção, mas eles são úteis na organização, aprendizagem e demonstração do que se sabe sobre algum tópico particular. A partir de mapas mentais construídos por um grupo, se pode perceber como um determinado conhecimento ocupa lugar na organização geral dos conhecimentos, tendo-se assim uma maior visibilidade das características de cada indivíduo ou de cada grupo. Abaixo, na Figura 2, é apresentado um Mapa Conceitual contendo alguns conceitos que poderão auxiliar no entendimento sobre o assunto e sua relação com o software CMap Tools, o qual será tratado em outro momento deste artigo: Figura 2: Mapa Conceitual SAPIENTIA - CESAT - PIO XII - UNICES <em revista> - nº 4. - Agosto/2005 11

3. Construção de Mapas Conceituais Para Levy [2001], a construção de mapas conceituais e o procurar compartilhá-los com os demais é uma atividade de estímulo ao pensamento reflexivo e a construção social do conhecimento. Dessa forma, pode-se entender que os mapas conceituais, quando bem trabalhados, desde sua construção, reconstrução, passando à apresentação e discussão dos conceitos organizados atuam como instrumentos para negociar significados. A elaboração de mapas é uma atividade criativa na medida que atua como mecanismo heurístico que permite aos alunos construir novas relações e, por conseguinte, novos significados. O mapa é uma forma de categorizar o mundo a partir dos esquemas mentais; sempre respeitando as regras de inclusão de uma categoria dentro da outra, da mais típica a menos típica.. Eles devem ter flexibilidade na modelagem, serem organizados e altamente hierarquizados. [Gil at al, 2001] Segundo GAINES e SHAW [1995], os mapas conceituais podem ser descritos sob diversas perspectivas, conforme o nível de análise considerado: Perspectiva abstrata: os mapas conceituais constituídos por nós ligados por arcos podem ser vistos como hipérgrafos ordenados. Cada nó tem um identificador único e um conteúdo, enquanto as ligações entre nós podem ser direcionadas ou não direcionadas, representados visualmente por linhas entre os nós, com ou sem flechas nas extremidades. Perspectiva de visualização: os mapas conceituais podem ser vistos como diagramas, construídos através do uso de signos. Cada tipo de nó pode determinar (ou ser determinado) pela forma, cor externa ou de preenchimento, enquanto as ligações podem ser identificadas pela espessura da linha, cor ou outras formas de representação. Perspectiva da conversação: os mapas conceituais podem ser considerados como uma forma de representação e comunicação do conhecimento através de linguagens visuais, porque estão sujeitos à interpretação por alguma comunidade de referência. Esta interpretação permite o estabelecimento de um paralelo entre a linguagem natural e a linguagem visual - as estruturas gramaticais e suas estruturas adquirem significado segundo são utilizadas em uma determinada comunidade. Várias são as estratégias que podem ser utilizadas na construção de mapas conceituais, dependendo da aplicação e dos objetivos que se desejam atingir, entre os quais podemos citar: Construção a partir de leitura de artigos, livros ou outros Neste tipo de estratégia o que se deseja é modelar o entendimento a respeito de um assunto não necessariamente criado e já incorporado pelo indivíduo. Deseja-se perceber como um certo assunto foi compreendido e como os conceitos percebidos se inter-relacionam. Nesta abordagem podem-se seguir os seguintes passos: Leitura inicial do texto para a compreensão geral do assunto; Releitura destacando-se os conceitos mais importantes; Retirada de palavras ou expressões destacadas e organização na tela do computador ou em uma folha de papel; Conexão entre as palavras ou expressões com verbo ou expressão que caracterizam ação (é importante salientar que estas conexões devem dar significado às palavras ou frases interligadas); Reorganização dos conceitos de forma que as interligações fiquem claras. Construção a partir de conhecimentos prévios Neste tipo de estratégia o que se deseja é fazer uma representação gráfica dos conceitos já incorporados a fim de se verificar como ocorrem as ligações mentais a respeito de certo assunto, se a pessoa consegue interligar os vários conhecimentos adquiridos e dar significado aos vários conceitos e aplicações já estudados. Nesta abordagem podemse seguir os seguintes passos: Relação dos vários conceitos que tem ligação com o assunto em questão; Organização das palavras ou expressões na tela do computador ou em uma folha de papel; Conexão entre as representações dos conceitos com verbo ou expressão que caracterizam ação (é importante salientar que estas conexões devem dar significado às palavras ou frases interligadas); Reorganização dos conceitos de forma que as interligações fiquem claras. Construções cooperativas Esta estratégia pode utilizar os dois itens anteriores, agora como construção grupal, a fim de entender o comportamento do grupo e promover a troca de experiências e aprendizados. Nesta abordagem podem-se seguir os seguintes passos: Discussão prévia a respeito do assunto ou da leitura feita; Cada componente do grupo indica um conceito a ser listado. Esta etapa pode ser repetida quantas vezes for necessário; Seleção das palavras ou expressões a serem aproveitadas com verificação de reincidência; Organização das palavras ou expressões na tela do computador ou em uma folha de papel; Conexão entre as representações dos concei- 12 SAPIENTIA - CESAT - PIO XII - UNICES <em revista> - nº 4. - Agosto/2005

tos com verbo ou expressão que caracterizam ação (é importante salientar que estas conexões devem dar significado aos dois conceitos interligados); Reorganização dos conceitos de forma que as interligações fiquem claras. 4. O Uso dos Mapas Conceituais no Ensino Mapas conceituais têm sido utilizados por várias áreas do conhecimento para traduzir o entendimento acerca dos mais diversos assuntos. Por meio de mapas conceituais, podemos fazer uma espécie de raio X cerebral, mostrando como a construção e as ligações foram feitas internamente, podendo servir para mostrar como o conceito foi formulado, o que pode ajudar na correção de idéias mal elaboradas ou na sua complementação. Os recursos esquemáticos dos mapas conceituais servem para tornar claro aos professores e alunos as relações entre conceitos de um conteúdo aos quais deve ser dada maior ênfase. [NOVAK, 1996: 33] Na área educacional os mapas conceituais podem ser usados pelos professores bem como pelos alunos para desenvolvimento de suas tarefas. Com mapas conceituais o professor é capaz de representar em forma de diagrama as relações hierárquicas entre conceitos. Isto pode ser usado no planejamento de currículos e em seqüenciamento de conteúdos. Além disto, podem constituir-se poderosos auxiliares em suas tarefas rotineiras, tais como: Ensinar um novo tópico: Na construção de mapas conceituais, os conceitos difíceis são clarificados e podem ser arranjados em uma ordem sistemática. O uso de mapas conceituais pode auxiliar os professores a manterem-se mais atentos aos conceitos chaves e relações entre eles. Os mapas podem auxiliá-los a transferir uma imagem geral e clara dos tópicos e suas relações para seus estudantes. Desta forma tornase mais fácil para o estudante não perder ou entender qualquer conceito importante. Reforçar a compreensão: o uso dos mapas conceituais reforça a compreensão e aprendizagem por parte dos alunos. Ele permite a visualização dos conceitos chave e resume suas interrelações. Verificar a aprendizagem e identificar conceitos mal compreendidos: os mapas conceituais também podem auxiliar os professores na reelaboração do processo de ensino. Eles podem verificar o alcance dos objetivos pelos alunos com a identificação dos conceitos mal entendidos e os que estão faltando. Instrumento de Avaliação: a aprendizagem do aluno (alcance dos objetivos, compreensão dos conceitos e suas interligações, etc.) podem ser testadas ou examinadas através da construção de mapas conceituais. Como uma ferramenta de aprendizagem, o mapa conceitual é útil para o estudante, por exemplo, para: Fazer anotações; Resolver problemas; Planejar o estudo e/ou a redação de grandes relatórios; Preparar-se para avaliações; Identificar a integração dos tópicos. 5. Mapas conceituais no ensino da matemática Os mapas conceituais podem ser apresentados pelo professor ao introduzir ou fazer a síntese de um conteúdo, como também pelos alunos para que a compreensão de determinados conceitos seja avaliada e revista. São ferramentas instrucionais valiosas na medida em que ajudam os alunos a refletirem e fazerem conexões entre os conceitos matemáticos. O estudante que constrói mapas conceituais tem a oportunidade de visualizar como ele está relacionando conceitos e que ajustes deve fazer. O mapa conceitual tem sua importância também como instrumento de avaliação da aprendizagem, tendo neste enfoque o papel de promover e avaliar a compreensão da Matemática. [Paiva, 1999] Os mapas conceituais podem ser usados na Matemática como recurso didático, para mostrar relações hierárquicas significativas entre conceitos que estão embebidos no conteúdo de um curso inteiro. Eles são representações concisas das estruturas conceituais que estão sendo ensinadas e, como tal, possivelmente facilitarão a aprendizagem dessas estruturas. O professor ao elaborar um mapa conceitual deve ter em mente a clareza e completeza. Deve também tentar maximizar a necessidade ou motivação cognitiva através do aumento na curiosidade intelectual, usando materiais que captem a atenção do aprendiz, programando as lições de modo a assegurar sucesso na aprendizagem. [Faria, 1995]. A forma mais rica e produtiva de se utilizar Mapas Conceituais no ensino e aprendizagem da Matemática é, sem dúvida, deixando a criação para os alunos. Apesar de os mapas conceituais poderem ser usados para dar uma visão geral prévia do que vai ser estudado, eles devem ser usados preferencialmente quando os aprendizes já tiverem uma certa familiaridade com o assunto. Ademais, deve ficar claro que o mapa conceitual pode ser traçado de várias maneiras e que pode mudar à medida que SAPIENTIA - CESAT - PIO XII - UNICES <em revista> - nº 4. - Agosto/2005 13

novos conceitos vão sendo acrescentados. O processo de construção de um mapa conceitual é uma poderosa estratégia de aprendizagem de natureza gráfica, que motiva o aprender a pensar acerca das relações entre os conceitos. Com ele o professor poderá visualizar como o aluno está concebendo cognitivamente os processos de interligações de conceitos e com isso agir de forma coerente e específica para corrigir ou acrescentar pontos que contribuirão para o acréscimo e melhoria da aprendizagem. 5.1. Construção de Mapas Conceituais no Curso de Licenciatura em Matemática do CESAT conceitos retirados de leituras de textos e assim facilitar na compreensão dos mesmos; e para ajudar na organização dos conceitos matemáticos estudados em disciplinas específicas. A primeira abordagem é feita na disciplina Informática na Educação Matemática estudada no primeiro período do curso. Nesta disciplina os alunos têm o primeiro contato com os mapas via leitura de artigos e também aprendem a utilizar o software Cmap Tools. Eles são levados a produzirem mapas conceituais sobre assuntos relacionados com Informática Educacional, Pedagogia de Projetos e Informática na Educação Matemática. Na Figura 3 é apresentado um mapa conceitual feito por alunos do curso de Matemática a partir da leitura do artigo Informática na Educação: O Computador auxiliando o processo de mudança na escola. Os mapas conceituais foram utilizados pelos alunos com dois fins: para facilitar no esquema de Figura 3: Mapa conceitual construído por alunos com o software Cmap Tools 14 SAPIENTIA - CESAT - PIO XII - UNICES <em revista> - nº 4. - Agosto/2005

A segunda abordagem é a utilização de mapas conceituais para o mapeamento dos conteúdos matemáticos estudados em disciplinas específicas. Mais precisamente, as disciplinas de Fundamentos de Matemática Elementar I e II, Geometria I e II e Práticas Pedagógicas. Nestas disciplinas os alunos são levados a, individualmente ou em grupo, mapear o conhecimento construído a respeito de certo assunto. A seguir é apresentado um mapa conceitual so- CMap Tools e Inspiration Duas ferramentas computacionais interessantes para a construção de Mapas Conceituais são o CMap Tools (http://www.coginst.uwf.edu), uma ferramenta para edição de mapas, desenvolvida pelo Institute for Human and Machine Cognition, e que permite a associação de nós de um mapa a outros mapas, a arquivos de áudio e vídeo, figuras, páginas de texto e páginas Web, além de permitir construções cooperativas. A outra ferramenta é o Software Inspiration (http://www.inspiration.com), uma ferramenta que serve para auxiliar a desenhar conceitos, mapear pensamentos, elaborar diagramas, programar estudos e diversas outras atividades, tudo isso utilizando uma linguagem visual, multimídia, que favorece a criatividade, o pensamento lateral e a produtividade dos usuários, muito interessante para o trabre o conceito de proporcionalidade construído cooperativamente por professor e alunos durante aulas da disciplina Fundamentos de Matemática Elementar I. A construção deste mapa ocorreu a partir de pesquisas feitas por pequenos grupos dos mais diversos conceitos ligados à proporcionalidade, a partir destes estudos foram feitas as interligações entre estes conceitos com participação da turma. Figura 4: Mapa Conceitual sobre Grandezas e Proporcionalidade 6. Construção de mapas conceituais no computador O computador se apresenta neste contexto como uma ferramenta com possibilidades de potencializar o uso e construção de mapas conceituais, de forma individual ou cooperativa, de forma interativa e amigável, facilitando o processo de armazenamento e recuperação de mapas conceituais, facilitando inclusive o reuso de mapas em novas atividades. Sendo assim o computador permite a realização de diversas atividades que envolvam professores e alunos, podendo inclusive gerar gráficos a serem publicados na internet. Apresentaremos dois softwares que podem ser utilizados para construção de Mapas conceituais: SAPIENTIA - CESAT - PIO XII - UNICES <em revista> - nº 4. - Agosto/2005 15

balho com crianças. As Figuras 5 e 6, abaixo, apresentam as telas dos dois softwares CMap Tools e Inspiration, respectivamente. Figura 5: Tela do CMap Tools Figura 6: Tela do Inspiration 16 SAPIENTIA - CESAT - PIO XII - UNICES <em revista> - nº 4. - Agosto/2005

7. Considerações Finais Ao trabalhar com Mapas Conceituais no ensino da Matemática, não se pretende criar uma nova metodologia, o processo exige muita cautela, pois o que não se quer é fazer algo inerte que não contribua no processo de ensino e muito menos que nada acrescentasse às aulas tradicionais, é importante que se vincule a três elementos importantes: o saber fazer, o como fazer e para que fazer da atividade intelectual [Mantoan, Martins e Miskulin, 1998]. A proposta está embasada em conhecimentos anteriores, a partir de práticas de sala de aula e de leituras e discussões com o grupo de professores do CESAT e de profissionais das áreas de educação matemática e de informática educacional. A atividade pretende fazer com que o estudante possa ser responsável pela sua organização e representação mental, contribuindo para o entendimento e controle de suas atividades cognitivas (metacognição). Os resultados conseguidos até agora são muito proveitosos, pudemos verificar não somente um aumento na motivação ao aprendizado, mas, sobretudo, a possibilidade de se trabalhar vários conceitos matemáticos de forma simultânea e muito mais leve e proveitosa. O computador é uma ferramenta importantíssima, é com ele que as construções podem ser facilitadas, testadas e refeitas até se conseguir o resultado desejado e, com isto, melhorar as possibilidades de construção do conhecimento. É importante ressaltar que a avaliação da experiência a coloca em sintonia com as teorias de Vygostsky [1988], que diz que o desenvolvimento deve ser olhado de maneira prospectiva, isto é, com referência ao que está para acontecer na trajetória de cada um. De acordo com este autor, devem-se procurar os brotos, as flores ou ramos do desenvolvimento e seus rumos em vez de somente seus frutos. 8. Referências Bibliográficas AUSUBEL, David P., NOVAK, Joseph D., and HANESI- AN, Helen. Educational psychology. New York: Holt, Reinhart and Winston, 1978. BAX, M. P.; Souza, R. R. Uma proposta de uso de agentes e mapas conceituais para representação de conhecimentos altamente contextualizados, http:// www.bax.com.br/publis/agentes. Acesso: 5 de janeiro, 2004. FARIA, Wilson de. Mapas conceituais: aplicações ao ensino, currículo e avaliação. São Paulo: EPU - Temas Básicos de educação e ensino, 1995. GAINES, B. R.; Shaw M. L. G. Concept maps as hypermedia components, http://ksi.cpsc.ucalgary.ca/articles/ ConceptMaps/. Acesso: 5 de janeiro de 2004. GAINES, Brian; SHAW, Mildred.; Collaboration through Concept Maps, 1995. Disponível em: http:// ksi.cpsc.ucalgary.ca/articles/cscl95cm/. Acesso: 3 de maio de 2002. GAVA, T. B. S.; MENEZES, C. S.; CURY, D. Aplicações de Mapas Conceituais na educação como ferramenta metacognitiva. SBIE 2001. GIL, G. S.; SILVA, M. B. C. C. C.; RIZZO, R. L.; BRAN- DÃO, S. F. M. A modelagem da representação do conhecimento sob a forma de mapas conceituais, http:// www.pgie.ufrgs.br/alunos_espie/espie/mariab/ public_html/conhecimentoesquemas/trabalhofinal.html. Acesso: 5 de janeiro, 2004. LEVY, Maria Inés Copello. A Questão da representação no ensino de ciências. http://forrester.sf.dfis.furg.br/mea/ remea/anais3/artigo14.htm. Acesso: 2 de Julho de 2001. MANTOAN, M. T. E., MARTINS, M. C.; MISKULIN, R. G. S. Análise microgenética de processos cognitivos em contextos Múltiplos de Resolução de Problemas; In.: Revista Brasileira de Informática na Educação; No. 3; ISSN: 1414-5685; págs. 27-44; setembro, 1998. MOREIRA, M. A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Adaptado e atualizado, em 1997, de um trabalho com o mesmo título publicado em O ENSINO, Revista Galáico Portuguesa de Sócio-Pedagogia e Sócio- Linguística. Pontevedra/Galícia/Espanha e Braga/Portugal, N0 23 a 28: 87-95, 1988. NOVAK, J. D.; D. B. GOWIN. Learning how to learn. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1984, http:/ /uk.cambridge.org/. Acesso: 20 de maio de 2005. NOVAK, Joseph D. A theory of education. Ithaca, N.Y.: Cornell University Press, 1977. PAIVA, Maria Auxiliadora Vilela. Concepções do ensino de geometria: um estudo a partir da prática docente. Rio de Janeiro-RJ. Tese (Doutorado em Educação Matemática). PUC-RJ, 1999. TURNS, J.; ATMAN, C. J.; ADAMS, R. Concept maps for engineering education: a cognitively motivated tool supporting varied assessment functions. IEEE Transactions on Education, http://www.ewh.ieee.org/soc/es/, Vol. 43, N 2, May 2000. Acesso: 20 de maio de 2005. URL 4: http://cmap.coginst.uwf.edu/ - The IHMC Concept Mapping software - Acesso: 1 de Julho de 2003. URL 5: http://www.inspiration.com/ - The Inspiration Software - Acesso: 1 de Julho de 2003. VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988. WHITE; GUNSTONE, How to build Concept Maps, NASA Classroom of the Future Project, 1997. http:// penta.ufrgs.br/edu/telelab/10/concept.htm - Acesso: 5 de 2002. SAPIENTIA - CESAT - PIO XII - UNICES <em revista> - nº 4. - Agosto/2005 17