O DESENVOLVIMENTO DA PERCEPÇÃO DE RISCO PARA JOVENS TRABALHADORES EM UM CURSO ONLINE



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Transcrição:

O DESENVOLVIMENTO DA PERCEPÇÃO DE RISCO PARA JOVENS TRABALHADORES EM UM CURSO ONLINE 2013 Luciano Nadolny Licenciatura em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialização em Gestão Estratégica de Pessoas pelo Centro Universitário Franciscano do Paraná (UNIFAE) E-mail: luciano.nadolny@gmail.com Raphael Hardy Fioravanti Mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialização em Marketing Empresarial pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialização em Educação a Distância pelo SENAC-PR. Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná. Graduação em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Positivo. E-mail: raphael.fioravanti@sesipr.org.br RESUMO Quando pensamos em promover uma cultura de prevenção de acidentes, o desenvolvimento da percepção de risco é uma ferramenta que deve ser levada em conta. Entende-se que o julgamento das características e gravidade que as pessoas fazem sobre um risco é subjetivo. Por isso, a importância de apresentar exemplos, ações práticas e cotidianas capazes de contribuir para o pleno entendimento e prevenção de possíveis acidentes e doenças ocupacionais. A cada ano muitos jovens ingressam cedo no mercado de trabalho para ajudar com o orçamento familiar. Segundo o censo de 2000, cerca de 9 milhões de adolescentes de 15 a 19 anos estavam inseridos no mercado de trabalho. O trabalho precoce, geralmente, promove efeitos negativos no desenvolvimento físico e educacional, impedindo os jovens de dedicar-se a atividades extracurriculares, como atividades sociais, trazendo isolamento dos jovens entre seus pares e familiares, sendo responsável pelo atraso escolar. Para tentar minimizar estes danos, foi desenvolvido o curso a distância Segurança e Saúde para Jovens Trabalhadores - Conhecer para Prevenir! Palavras-chave: Ead, jovens trabalhadores, prevenção de acidentes, segurança do trabalho, comportamento seguro Luciano Nadolny, Raphael Hardy Fioravanti 1 Siga-nos em

1. INTRODUÇÃO A Educação a Distância (EaD) configura-se como uma das mais importantes estratégias para atingir a meta de elevação da escolaridade do trabalhador da indústria, expansão e diversificação de seu conhecimento e é a modalidade que garante acessibilidade a um maior número de alunos com qualidade. Para este curso foi escolhido a Internet como forma midiática de ensino-aprendizagem por, meio de um Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA, promovendo o acesso assíncrono ao conhecimento. A sua escolha pautada pelo perfil do públicoalvo, como também demonstrou-se ser o meio que permite a maior diversidade de formas de apresentação do conteúdo a ser aprendido. A estruturação de um curso a distância possui um investimento inicial significativo que se dilui no decorrer da sua oferta, apresentando um custo per capita muito baixo quando comparado ao ensino presencial. Este curso é uma iniciativa do Projeto de Cooperação Técnica denominado Fortalecimento da Saúde e Segurança do Trabalho para Indústria Brasileira (FSSTIB) entre o Departamento Nacional do Serviço Social da Indústria e o Consórcio Canadense em Saúde e Segurança do Trabalho (CCSST), executado pelo Departamento Regional do SESI do Paraná e tem como objetivo apresentar aos jovens trabalhadores noções básicas de Segurança através de um treinamento interativo. O objetivo do curso é oferecer aos jovens trabalhadores da indústria noções básicas sobre segurança e saúde no trabalho, visando a formação de uma cultura de segurança. Para atingir este objetivo, o curso é dividido em oito módulos, a saber: boas-vindas ao curso, conhecendo as etapas do curso, principais definições sobre segurança e saúde no trabalho, o que diz a lei brasileira sobre segurança e saúde, os principais riscos que o jovens trabalhadores estão expostos, curiosidades sobre fatores que colocam o jovem em exposição ao risco e um último tópico que trata das ações necessárias para se proteger. No caso do curso aqui tratado, optou-se pela estratégia de oferta o curso de forma auto instrucional. Isto significa que o próprio material didático criado conduz o aluno pela temática, proporcionando independência da condução por parte de um tutor. Foram criadas, também, cinco momentos para avaliação parcial, chamados exercícios de passagem, com bancos de questões que ajudam a medir o conhecimento adquirido durante a realização do curso. 2. CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO A disseminação do conceito de comportamento seguro deve ser um dos pilares da intervenção nas empresas, para incentivar o profissional a identificar e controlar os riscos, para Luciano Nadolny, Raphael Hardy Fioravanti 2 Siga-nos em

que o empregado tenha condições de analisar e controlar os perigos que envolvem o seu trabalho, e até mesmo novos métodos de trabalho e procedimento. Outros pontos importantes no processo de educação e treinamento sobre segurança e saúde ocupacional dentro das empresas são os treinamentos de integração, treinamentos de segurança, diálogos diários e semanais de segurança e às rotinas da CIPA, que visam à diminuição dos comportamentos inseguros. E para que isto tenha efeito, é necessário fazer a análise do processo de ensino-aprendizado utilizado nas empresas para a transmissão e assimilação dos conceitos de segurança. O SESI está passando por uma nova fase de atuação junto à indústria e à sociedade. Este é um momento de rever e definir estratégias para as ações do SESI, envolvendo as diversas áreas de atuação: Saúde, Lazer, Cultura, Responsabilidade Social e Educação (Educação Básica, Educação Continuada e ações de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais do Sistema), com foco até o ano de 2015, definindo metas e investindo recursos para dar respostas aos programas Educação para a Nova Indústria e Indústria Saudável. SESI Paraná reconhece a Educação A Distância como uma poderosa ferramenta para elevar a competitividade das indústrias paranaenses, provendo cursos de Educação Continuada, sem limites espaciais/temporais, proporcionando o aperfeiçoamento de conhecimentos, da formação profissional, do senso ético e estético e do desenvolvimento de competências afeitas à vida familiar e pessoal do trabalhador da indústria, seus dependentes e a comunidade brasileira. A Educação a Distância é, por definição, o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. Ou seja, os alunos e professores não estão próximos fisicamente, mas estão conectados por meio de alguma tecnologia, que pode ser a Internet, rádio, televisão, CD, telefone, entre outras. Com base em Moore e Kearsley (2007), podemos dizer a Educação a Distância permite: Acesso crescente a oportunidade de treinamento e aprendizagem; Proporcionar atualização das aptidões; Melhorar a redução de custo dos recursos educacionais por meio da escala de atendimento; Apoiar a qualidade das estruturas educacionais já existentes no SESI/PR; Nivelar as desigualdades educacionais existentes entre faixa etárias, regiões ou grupos de trabalho; Atender em grande escala públicos-alvo específicos; Oferecer uma combinação de educação com trabalho, no trabalho e na vida familiar; Luciano Nadolny, Raphael Hardy Fioravanti 3 Siga-nos em

Nas últimas décadas houve evoluções significativas nos processos de comunicação entre os indivíduos que estão mediados pela informática, via a Internet. Houve um crescimento significativo de possibilidade de tecnologias educativas que utilizam plataformas ou ambiente de desenvolvimento do conhecimento on-line. Entre estas múltiplas ferramentas, a mais utilizada é o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Este espaço virtual tem por finalidade proporcionar o acesso ao conhecimento, bem como permitir o relacionamento com os professores e outros alunos, proporcionando à possibilidade de construção de ambientes colaborativos em torno de uma temática, no caso aqui tratado, sobre saúde e segurança em ambientes de trabalho industriais. Segundo o painel IBOPE/NetRatings (2010), 90% dos jovens entre 16 e 24 possuem algum contato com a Internet e podemos configurá-los como Nativos Digitais. Segundo Prensky (2001), os nativos digitais possuem uma forma de se relacionar com o mundo e sociedade totalmente diferentes dos seus professores, que possuem grandes dificuldades de compreender o mundo tecnológico digital contemporâneo. Os nativos digitais não são facilmente seduzidos pelo modelo de ensino tradicional, pois saberem que quando desejarem aprender alguma coisa, existem inúmeras ferramentas disponíveis on-line que podem ajudá-los, de forma rápida e precisa, tendo acesso a informação exata que precisam, sem que para isto tenham que construir um processo árduo de aprendizado. Seu aprendizado se dá pela exploração e não pela absorção. Parece ser consenso e facilmente observável que os jovens de hoje dedicam boa parte do seu tempo assistindo televisão, acessando a Internet e jogando games. Ou seja, os estímulos ao estudo devem ser diferentes, pois as formas de apropriação de relacionamento com o mundo e as pessoas são diferentes. Já James e Diana Oblinger (2005) apresenta uma proposta de classificação daqueles que nasceram após a década de 80. Estes são: Alfabetizados digitais: Possuem baixa compreensão da tecnologia, mas se sentem confortáveis ao utilizarem diversas ferramentas nas quais foram introduzidos. Conseguem correlacionar, imagens, sons e texto, mas são mais visuais. Possuem habilidade de transitar entre o mundo real e virtual com facilidade. Tendem utilizar a Internet como biblioteca de pesquisa, apesar de terem a consciência de que a Web não supre todas as suas necessidades de informação; Conectados: Possuem grande mobilidade e utilizam diversos dispositivos eletrônicos. São aqueles que estão sempre conectados a Internet, de uma forma ou de outra. Imediatos: São os que possuem informações de forma imediata, não têm tempo a perder. São capazes de executar múltiplas tarefas, movendo-se entre elas com Luciano Nadolny, Raphael Hardy Fioravanti 4 Siga-nos em

grande agilidade, muitas vezes, de forma simultânea. Respondem rapidamente, mas não dão grande valor a precisão dos dados fornecidos. Experienciais: Aprendem fazendo, não apreciam aprender por meio da orientação. Aprendem melhor por meio da descoberta, explorando por conta própria ou em grupo. Conseguem reter informação melhor e a utilizam de forma criativa e com um alto grau de valoração. Sociais: Ficam em torno de atividades que promovem a interação social. São aqueles que são adeptos das redes sociais como Orkut ou Facebook. Times: São aqueles que gostam de aprender ou trabalhar em grupo. Consideram que os seus colegas são mais confiáveis que os seus professores, os quais dificilmente conseguem reter a sua atenção. Estruturados: São os que se orientam por meio de realizações e, por tanto, preferem saber o que é necessário para atingir o objetivo. Por isso preferem a estrutura a ambiguidade. Envolvidos e experienciais: Se direcionam para a observação, a descoberta indutiva. Costumam a formular hipóteses e descobrir as regras. Frequentemente precisam ser estimulados ao processo de reflexão, pois preferem ficar no mundo das experiências. Visuais e cinestésicos: Preferem ambientes que sejam ricos em imagens. Não apreciam os textos e preferem fazer coisas a pensarem ou escreverem sobre elas. Os que buscam importância: estes estão sempre prontos a se envolverem em atividades comunitárias ou ambientais, acreditando que podem fazer a diferença. Consideramos que estas classificações são de tipos ideais, podendo ter indivíduos que estão presentes em mais de um grupo de classificação. Afinal, estamos todos nos relacionando com diferentes tecnologias: televisão, cinema, computadores, fotografia, games. Somos constantemente estimulados, agora não mais apenas para a leitura, mas também para os aspectos visuais e sonoros da linguagem, exigindo ainda mais a interpretação dos diversos aspectos simbólicos de nossa cultura e de outras. No caso do curso aqui tratado, optou-se pela estratégia de oferta o curso de forma autoinstrucional. Isto significa que o próprio material didático criado conduz o aluno pela temática, proporcionando independência da condução por parte de um tutor. Segundo Teles (2009), o tutor, ou professor on-line possui quatro funções fundamentais. A primeira é a Pedagógica, que diz respeito a tudo aquilo que deve ser feito para apoiar o processo de aprendizagem dos alunos, dando orientações diretas ou utilizando de técnicas para facilitar a aprendizagem. A segunda é o Gerenciamento, que é o zelo com relação às ações do aluno, encorajando-os ao cumprimento das etapas pré-estabelecidas de aprendizagem. A terceira é o Luciano Nadolny, Raphael Hardy Fioravanti 5 Siga-nos em

Suporte Social que exige do orientador a distância a criação de um ambiente de comunicação fácil e favorável para que o estudante não se sinta isolado. A última é o Suporte Técnico, que versa sobre as escolhas técnicas das ferramentas a serem utilizadas, bem como a orientação para o uso das mesmas. Se for assim, a decisão pela criação de um curso auto instrucional não pode deixar de levar em consideração o papel fundamental da tutoria para que o processo de ensino possa ocorrer de forma mais favorável. A preocupação pedagógica em um curso auto-instrucional ocorre muito antes de o curso ser ofertado. Como o próprio conteúdo deve conduzir o aluno pelo conhecimento, sua elaboração deve ter cuidado extremo, levando em consideração as múltiplas possibilidades de interpretação para evitar entendimentos equivocados. Durante o período do curso, o professor/tutor tem um papel fundamental no seu gerenciamento. Ele deve estar atento aos movimentos dos alunos, verificando o número de acessos e tempo percorrido para verificar se o aluno possa estar passando por alguma dificuldade. Se identificadas alguma discrepância, o professor/tutor entre em contato com o aluno para verificar o que pode estar ocorrendo. Isto vem de encontro a sua outra atuação fundamental, que é a criação de um ambiente de fácil comunicação e fazer com que o aluno não se sinta isolado, como também auxilia o mesmo nas tecnologias empregadas neste curso. 3. RESULTADOS O curso está disponível no ambiente virtual de aprendizagem do SESI, chamado SESI Educa, e o período que será avaliado será de janeiro de 2011 à março de 2012, sendo concluído por 161 alunos, de um total de 2988 matriculados e 232 que não concluíram o curso durante o período que o mesmo estava aberto (gráfico 1). A grande maioria dos estudantes era do sexo masculino, com mais de 65 % dos alunos, como mostra o gráfico 2. Ao analisar a origem das matrículas, ou seja, qual era o público que estava cursando o curso, pode-se verificar que a grande marioiria dos concluintes era de pessoas não ligadas às indústrias, denominadas como da comunidade não industrial (76% dos alunos concluintes) e apenas 9% eram alunos oriundas das industrias. (gráfico 3) Outro dado importante que chama a atenção ao se fazer uma análise das características da turma, foi que a idade média dos alunos é 30,4 anos, fugindo do que se entende por jovem. A amplitude das idadades vai de 15 a 50 anos, tendo 77 alunos acima dos 30 anos. Luciano Nadolny, Raphael Hardy Fioravanti 6 Siga-nos em

Distribuição de alunos matriculados, concluintes e não concluintes Não concluinetes 232 Concluintes 161 Total de matriculados 393 0 100 200 300 400 500 Gráfico 1 Distribuição de alunos matriculados, concluintes e não concluintes. Ao final do curso, o aluno era convidado a participar de uma pesquisa e fazer uma avaliação sobre o curso concluído. De acordo com a avaliação dos resultados, pode-se verificar que houve uma boa aceitação da linguagem e exemplos adotados no curso. Distribuição por sexo 65% 35% feminino masculino N= 161 Gráfico 2 Distribuição por sexo dos alunos concluintes. Outro ponto positivo resaltado pelos estudantes, foram os exemplos utilizados, sempre trazendo coisas do cotidiano e temas atuais. Distribuição por origem das matrículas 9% 1% 14% Func. SESI Comunidade 76% Trabalhador Indústria Gráfico 3 distribuição por origem das matrículas Luciano Nadolny, Raphael Hardy Fioravanti 7 Siga-nos em

4. CONCLUSÕES Apesar do curso não ser obrigatório, não possuir uma divulgação muito extensa, pode-se afirmar que o mesmo obteve uma boa aceitação pelo público, de acordo com a avaliação recebida dos alunos. Se faz necessário um investimento maior para divulgar o curso para os públicos que são considerados alvo, jovens estudantes, estudantes de cursos técnicos e tecnológicos, trabalhadores da indústria, profissionais que já atuam com segurança e saúde nas empresas, para que aja uma maior amplitude dos conceitos prevencionista para que se possa, enfim, diminuir os indicadores de afastamentos e acidentes de trabalho. Se pretendermos prevenir a ocorrência de acidentes, bem como diminuir sua gravidade, devemos salientar a importância de que as pessoas saibam, conheçam e controlem aquilo que lhes pode causar algum problema (os perigos e os riscos) para que possam ter repertório suficiente para trabalhar de uma forma segura e sem prejuízo à saúde, e para dar continuidade à esse processo, cursos destinados a jovens trabalhadores serão sempre um canal importante para melhorar os ambientes de trabalho. Luciano Nadolny, Raphael Hardy Fioravanti 8 Siga-nos em

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLEY, Juliana Zilli. Comportamento Seguro: a psicologia da segurança no trabalho e a educação para a prevenção de doenças e acidentes de trabalho. Curitiba: Editora Sol, 2006. CARVALHO, Fábio Câmara Araújo de & IVANOFF, Gregorio Bittar. Tecnologias que Educam: ensinar e aprender com as tecnologias de informação e comunicação. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. MOORE, Michel & KEARSLEY, Greg. Educação a Distância: uma visão integrada. São Paulo: Thompson Learning, 2007. OBLINGER, James, OBLINGER, Diana. Educating the net generation, CAP. 2. E-book. Disponível em: http://net.educause.edu/ir/library/pdf/pub7101b.pdf. Educade, 2005. PRENSKY, Marc. Digital Natives, Digital Immigrants. Disponível em <http://www.marcprensky.com/writing/prensky%20- %20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part1.pdf>, 2001. TELES, Lucio. A aprendizagem por e-learning. In: LITTO, Fredric Michela & FORMIGA, Manuel Marcos Maciel (orgs.). Educação à distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. Luciano Nadolny, Raphael Hardy Fioravanti 9 Siga-nos em